Ambiente influencia mais o sucesso do que os genes
2006/01/19
Especialista evocou os exemplos de Albert Einstein e da maratonista Rosa Mota para provar tese
O investigador Manuel Sobrinho Simões afirmou hoje, perante uma plateia de centenas de jovens, que as histórias de sucesso se devem muito mais ao ambiente do que as genes.
"A nossa evolução enquanto seres vivos é fundamentalmente resultado não dos nossos genes mas do nosso treino, educação e trabalho", disse Sobrinho Simões numa conferência organizada pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar d a Universidade de Coimbra.
Falando para cerca de oito centenas de finalistas do ensino secundário, aquele professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto evocou os exemplos de Albert Einstein e da maratonista Rosa Mota para vincar que "as histórias de sucesso são muito mais por causa do ambiente do que dos genes".
"Se alguns de vós, os privilegiados, acham que têm umas características genéticas especiais, ou trabalham muito ou estão lixados", advertiu num dos vários momentos em que causou o riso da audiência.
Sobrinho Simões lembrou também um grupo de jovens do programa Ciência Viva, com quem trabalhou há dez anos, e que actualmente são profissionais de sucesso.
"São histórias de sucesso, não porque tinham um gene do sucesso mas por que trabalharam", sublinhou o director do Instituto de Patologia e Imunologia Mo lecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).
Na conferência, intitulada "Genes e Ambiente: do Super-homem ao Popeye" , o investigador salientou também que "a grande maioria das doenças se devem, não a alterações genéticas mas ao estilo de vida" e que a influência do ambiente começa "muito cedo", ainda no período de gestação.
Segundo Sobrinho Simões, "em todas as doenças civilizacionais, como o cancro, a obesidade, a depressão, a SIDA e a tuberculose, há factores de susceptibilidade genética" mas prevalecem causas relacionadas com a alimentação, sedentarismo e stress profissional.
Já durante o período de resposta às perguntas da audiência, o docente, galardoado com o Prémio Pessoa, disse desconhecer qual a quota-parte do ambiente e dos genes nos génios precoces e ainda na homossexualidade.
A conferência foi a primeira do ciclo de colóquios "Despertar para a Ci ência", que conta com o patrocínio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Fundação Calouste Gulbenkian.
PortugalDiário.
20 comentários:
Pois!
Há tempos li um artigo da Science et Vie, se não me engano,que falava exactamente disso relativamente à inteligência e quantificava inclusive essa variação; segundo o artigo baseado em estudos diversificados,a inteligência e o resultado dela, podia ser potenciada no indivíduo cerca de 30% a mais ou a menos relativamente ao seu potencial genético. Sendo assim a educação, recursos, ambiente afectivo, alimentação e factores ambientais etc. determina aquilo que cada indívíduo pode vir a ser pela positiva ou negativa.
Todas estas conclusões têm sido apercebidas duma forma mais ou menos empírica através dos tempos mas é curioso notar que com os meios de investigação neurológica, psicológica e sociológica, etc. se possa chegar a essas conclusões...
http://luminosidadesaoentardecer.blogspot.com/
Esta ideia do Darwin foi mesmo uma ideia perigosa. 150 anos depois da "Origem das Espécies" ainda há pessoas (professores!) que lidam mal com essa parte da ciência!
O que ele devia ter ensinado àqueles 800 alunos era que nós transportamos uma herança genética que condiciona a forma como assimilamos a cultura.
Isso significa que as pessoa que melhor se adaptam socialmente neste mundo são aquelas cujo conjunto (genes) + (ambiente-de-aprendizagem) propiciaram uma rápida e correcta assimilação de como se deviam comportar para se "dar bem" neste mundo.
O mesmo se pode dizer sobre "dar mal".
É um disparate dizer que, como tudo se consegue com trabalho, os genes não têm nada a ver.
E a motivação para esse trabalho? por que razão uns têm e outros não? Porque o que interessa é o "mix" genes+memes, e a aquisição de determinado perfil dos segundos está condicionada ao perfil dos primeiros.
Era a isso que se referia Almada Negreiros na "Cena do ódio" quando lamentava não poder ser mais que o esperma do pai! Ele e Fernado Pessoa têm a obra profundamente marcada pelo Darwinismo, pois foram capazes de perceber que isso era ciência e os tabus da religião e da moral tinham os dias contados (pelo menos na forma que eram conhecidos).
Tive conhecimento mas não pude assistir ;[[[...
Mas eu também acho que o Ambiente é determinante! Mas o Ambiente é determinante porque muda a quimica celular! Mas enquanto a engenharia genética não for o que se teme/deseja que venha a ser... a pre-disposiçao; a susceptibilidade; a herança... ainda são um "destino" a não desprezar~ ou então seriamos outra vez Lamarkistas! Mas concordo que ás vezes parece a discussão do "ovo e da galinha". São interfluentes e pronto! Mas que os estudos de gémeos "verdadeiros" criados em ambientes familiares diferentes, sem que tivessem por exemplo sido expostos aos efeitos do álcool- ambiente fetal, apresentam tendências convergentes de consumo de alcool quando há casos na respectiva biológica dá que pensar!
E pronto não vou estar para aqui a debitar ... (o que estou a escrever está a sair sem reflexão, ok? Como se estivesse a conversar. Não liguem. Mas que me estou a roer de inveja estou. Isto de morar fora do centros centros do Mundo chateia que me farta!)Bj- vou acabar de preparar aulinhas... Tenham todos uma boa noite ;]
Ainda a propósito do tema- a respeito da SIDA: a importância dos genes é tão tão tão importante que por exemplo a engenharia genética poderá (eu na ciência tenho "fé" ;]) tornar o(s) actual vírus inofensivos! Bastará mudar os genes que programam o tipo de membrana dos "chefes" imunitários.
"Manel dixit:)."?
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Esperemos então por mais noticias que gentilmente fará o favor de nós transmitir.
Como leiga na matéria sempre pensei que os genes fossem tão ou mais importantes que os factores ambientais.
Mas isto são boas notícias - significa que com trabalho e treino qualquer um de nós consegue chegar ao topo. Loooooooooool
Falando a sério, é óbvio que os factores ambientais são importantes, mas não determinam tudo; penso que o potencial genético de cada um é altamente responsável pelo maior ou menor sucesso que se obtem ao longo da vida.
Por hoje vou ficar por aqui, já que amanhã tenho aulas cedo.:(
Neste, como em temas que necessitam de conhecimentos e praxis adequados ... limito-me a procriar.
Bom Dia
Aproveito para deixar aqui um convite a visitarem o Blog Oficial da Opus Gay(http://www.opusgay.org/).
O Blog chama-se Opus Gayta e está alojado em http://opusgayassociation.blogspot.com/
O Opus Gayta tem por objectivos o apoio e defesa dos direitos humanos, o
apoio à Cidadania,ao Estado democrático laico e republicano, o respeito
pela Diversidade, e pela Liberdade, e o apoio a nível individual e
colectivo, das minorias sexuais, e étnicas e de intervenção social,
laboral, política, ecológica e no domínio da Saúde, sobre os problemas
que afectam em geral a Sociedade e especificamente os que dizem respeito
às minorias referidas.
Poderão ouvir em streaming o programa "Vidas Alternativas":
Vidas Alternativas: um programa de rádio semanal, muito pouco católico, para todos os protestantes sexuais, dirigido desde 2000 à comunidade gay portuguesa.Podendo ser ouvindo online em qualquer parte do mundo.O V.A continua a ter a duraçao de 1 hora, e terá uma abertura maior relativamente aos seus conteudos, para interessar a um publico mais vasto,e particularmente jovem.A pagina do "Vidas Alternativas está alojada em : http://www.opusgay.org/Vidas%20Alternativas.htm
Todos os sábados um novo programa online!!!
Obrigado e desculpem a publicidade.
(...)
"Mais um dia, ainda um mês, com sorte um ano..."
Meu querido Bicho, não me perguntes... não te massacres quando acontecerá... sei que acontecerá. Eu sei que tu sabes. Também.
Ai se o sucesso dependesse mais dos genes do que do ambiente envolvente... Olhem, por exemplo, Santana Lopes não passaria de um mero empregado de mercearia e Jerónimo de Sousa seria hoje o senhor engenheiro.
vivi na pele a experiência de que o meio influencia o modo. até aos vinte anos fui educada e vivi num determinado meio, tendo tido como consequência uma determinada conduta de vida. Depois afastei-me completamente e vivi dez anos noutro meio totalmente diferente. vi, vivi novas pessoas, ideias e culturas e alterei o meu comportamento em relação a uma série de coisas. depois, outro corte radical em termos de ambiente. agora tento criar o meu meio dentro dos meios existentes. no entanto não deixo de lamentar o facto de ter perdido tantos anos para chegar até aqui.
apesar de todas estas alterações, há algo, talvez a minha essência que não mudou, apenas amadureceu.
Oh... mas isso é um clássico Ju. Filho de rico rico é, filho de ministro é presidente de entidade pública nomeado por um colega de governo e tal. Que é que a inteligência tem a ver com sucesso? E em último caso pode-se sempre ser companheiro de tardes em Elvas de algumas figuras públicas. É subida garantida na vida ; )
lool.. concordo, este Anonymous tem de certeza bons genes!
Elizabeth
Ola noise,sempre em forma .Concordo plenamente com o que escreveu.
Elizabeth
Se há por aqui alguém que nasceu - por volta dos anos 60 - numa zona pobre de Lisboa (vulgo bairros populares), desafio-os a lembrarem-se dos vossos amigos de infância e a fazer uma inventariação do sucesso desses amigos...
Quando eu faço essa avaliação, chego à conclusão que até as "honrosas excepções" nunca atingiram o pleno sucesso, quanto mais não fosse pelo rótulo de "região demarcada" que transportam consigo uma vida inteira.
Os genes são importantes, mas sem ambiente ninguém lá vai. Em contrapartida, desde que se tenha ambiente, os genes são pormenores de somenos importância.
Talvez esta constatação me / nos permite concluir porque neste país não se aposta verdadeiramente na Educação.
Fora-de-lei,
me/nos permita, me/nos permita, meu caro. Hoje calhou-me a fascina (não é erro, é mesmo a gozar com os do fascio)ortográfio/gramática ; )))))))))))))))))
Mas acho que mais engraçado é irmos ver se os que têm mais sucesso são os que têm mais estudos ou os que têm melhores famelgas. Acho que irás encontrar um cocktail explosivo. Os que têm melhores famílias normalmente juntam a isso uma melhor educação e melhores saídas profissionais. Mas que isso não seja desculpa, mas que isso não seja desculpa para lutarmos a nossa luta e almejarmos o nosso combate ; ))))) detesto desculpas, especialmente quando há desculpas para haver desculpas, parece-me um comodismo nasciturno ; ))))
Noise,
Metes moral em tudo!
Os meninos de boas famílias, como os outros meninos, lutam pela sobrevivência. De posse dos seus genes e de posse da cultura que foram capazes de assimilar (aí incluido o maior acesso à educação, mas também ao preconceito e às tentações preversas dos meninos de boas famílas (preversas no sentido de contrárias ás boas práticas da sobrevivência)).
Ora, a gente sabe que, com tantas pipas de vinho tu hás-de ser um desses! lol :)
Olá,
Apesar do tom irónico e por vezes do medo disfarçado pelo sarcasmo utilizado em alguns comentários considero este Tema bastante importante e deveria ser mais "conversado" para esclarecer os "erros" culturais que também fazem parte deste crescimento enquanto seres humanos e que esquecemos tantas vezes.
Já alguém referiu a potencialização como nas doenças que apenas comprovam uma "percentagem" de hipótese, acredito que a "sorte", a inteligência, a esperteza, etc são apenas factores trabalhados no seu contexto. Quer isso dizer que talvez uns tenham mais facilidade por várias razões (o contexto individual) mas todos nós somos "livros em aberto" nas hipóteses dependendo da forma como se escreve ou reescreve essa história. A sorte e a inteligência não deveria estar condicionada a meia dúzia de áreas de acção, não deveria ser um resultado de um padrão qualificado pelos desejos de alguns mas deveria ser observada na necessidade individual e pela forma como se altera e evolui individualmente no seu contexto. Sinto ainda alguma tristeza que no séc. XXI as pessoas ainda sintam necessidade de criar rótulos de sucesso pessoal, que a sua felicidade seja representada pela sorte genética, como acredito que enquanto esta sociedade observar esta sorte individual através de normas fixas muito dificilmente se entenderá e conseguirá respeitar o valor humano individual.
Serei "eu" ou nós todos frutos de uma sociedade mais evoluídos e mais inteligentes que alguém que viva numa aldeia ou numa tribo afastado da civilização dita moderna?
Um abraço forte a todos e Obrigado pelo excelente Tema.
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