sexta-feira, junho 09, 2006

E esta infâmia que continua em velocidade de cruzeiro:(.

Violência doméstica: 81 mulheres mortas em quase ano e meio

Oitenta e uma mulheres foram assassinadas pelos companheiros desde o início de 2005 até final de Maio deste ano, revelam dados da Polícia Judiciária a que a agência Lusa teve acesso esta sexta-feira.

De acordo com os registos daquela polícia, 60 mulheres foram mortas em Portugal ao longo do ano de 2005 e 21 já este ano, até 31 de Maio.

A violência doméstica contra as mulheres em Portugal está a preocupar a Amnistia Internacional (AI), que em Maio apresentou um relatório referente a 2005 baseado em números muito inferiores divulgados por Organizações Não-Governamentais portuguesas.

Um trabalho realizado pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, com base em recolha de notícias publicadas nos jornais, referia pelo menos 33 casos mortais ocorridos no ano passado em consequência de violência doméstica.

O documento referia que 29 mulheres tinham sido mortas pelo marido, antigo namorado ou parceiro, e as restantes quatro por outros familiares.

Diário Digital / Lusa

68 comentários:

Mário Santos disse...

:(((((

andorinha disse...

Boa tarde.

E esta é a que chega ao público; depois há ainda a encapotada.:((((((

CêTê disse...

Boa tarde, bom início de fds,

Que bom seria se todos tivessem coragem e cumprissem o dever cívico de denunciar a violência sobre os mais fracos.
Ontem entreguei um relatório na polícia a denunciar um caso de violência sobre menores. Até de porrada o agressor me ameaçou! Pensam que tive medo? Mais velozmente fui fazer o relatório. Quem enfrenta uma mulher com eu de 1, 7e picos mais depressa desanca uma criança, certo? FAÇAM_NO mesmo que sejam suspeitas... alguém há-de apurar a verdade- Não farei parte daqueles que depois da tragédia vão exigir justiça e permaneceram mudos e cegos.
Abraços.

O seu post ajudou sobre o padre

Unknown disse...

... a violência dos homens exercida sobre as mulheres.
... a violência das mulheres exercida sobre os homens.
... a violência exercida sobre as crianças.
... a violência exercida sobre os velhos.
... a violência exercida sobre os deficientes.
... a violência exercida na rua sobre anónimos de forma gratuita.
... a violência sobre os animais porque sim.
... a violência exercida sobre os animais por prazer, pelo espectáculo.
... a violência por razões étnicas, religiosas, politicas.
... a violência exercida pelo poder que se detém.

A violência devia ser estudada por si só, independentemente da vítima ou da forma como se manifesta, penso eu.

Unknown disse...

Ahhh, esqueci-me da violência exercida sobre objectos inertes:
Estátuas, carros, cabines telefónicas, etc., porque apetece, porque dá gozo.

AQUILES disse...

Cê Tê
Em primeiro lugar aplaudo-a. Já várias vezes por aqui venho referindo a culpa colectiva por omissão e demissão em vários domínios.
Como sempre a ignorância, a ileteracia e outras carências estão na base deste problema. E é claro que não estamos a melhorar. Mesmo nada. E não estamos muito longe do Crime da Aldeia Velha. Nem dos miúdos que mataram outro e queimaram o cadáver na Grécia. Tudo isto está interligado. O lema do meu blog é uma frase muito perspicaz de Carl Sagan: «MAIS CEDO OU MAIS TARDE, ESTA MISTURA EXPLOSIVA DE IGNORÂNCIA E DE PODER VAI REBENTAR-NOS NA CARA.»E está rebentando aos poucos.
Também estamos todos a contribuir para isso. O comodismo a que as populações ocidentais aderiram, um sofá e um televisor mais porta blindada e vidros duplos nas janelas permitem que muitas pessoas não tenham de conviver com “realismo a mais”.

E mais uma vez CêTê, o meu aplauso. E a minha solidariedade no gesto.

deeper disse...

:(
Vai ser obrigatório dentro em breve, a violência ser denunciada pelos técnicos de saúde. Deixam de estar abrangidos pelo sigilo profisional, como em outras áreas problemáticas.

Claro que tudo isto trás consequências negativas e/ou positivas.

CêTê disse...

aquiles, obrigada e acredite que se partilhei aqui o secedido não foi para os receber mas para lembrar que temos o devemos de denunciar sem medo casos assim. Ainda me pesa não ter agido noutro caso e de me ter deixado enganar pela conversa do violador. Acho que foi o desejo de não acreditar em tal- e pensar que a menina ficaria melhor em casa do que numa instituição. Não me perdoo por isso muito embora ela tenha sido instruída para se defender e para solicitar ajuda.

Mas mesmo desta vez deveria ter chamado de imediato a polícia, segundo aconselhamento posterior dos agentes, eu deixei passar o tempo suficiente para eles provavelmente camuflarem a "coisa". Por isso se vos acontecer ajam na hora. PEÇAM AJUDA IMEDIATA À AUTORIDADE. Abraços para todos.

CêTê disse...

sucedido

LR disse...

A luta contra isto começa pela batalha da visibilidade.

No dia em que os telejornais e os programas de entretenimento abrirem sis-te-ma-ti-ca-mente (tal como acontece em Espanha, de 1 forma que se percebe não ser casual mas sim política) com 1 notícia de morte em resultado de violência doméstica, a questão passará a não dar tréguas.
E a arrepiar tanto que a inércia será combatida (ao menos em parte).

Claro que estes são os números oficiais, faltam as cifras negras.

Às vezes as olhar para a TVE penso que as pessoas, mesmo sinceramente doridas e envolvidas na tragédia, gostam de falar para as câmaras e mostrar o seu melhor choro convulsivo.
Ora, não era bom aproveitar esta veia deslumbrada pela exposição nos ecrãs para causas que valem a pena?! Em vez de a sublimarem no lixo dos reality shows/genotipo TVI?
Talvez se invertesse a tendência do secretismo e da vergonha....

(com estes números tímhamos telejornais para 80 dias...de facto é pouco, há que denunciar mais...)


OBS: a propósito de isto ser 1 questão cultural e de que toda a violência é condenável, aqui há dias comentava um dos meus filhos que nas telenovelas havia sempre cromos recorrentes e absolutamente risíveis: sumo de laranja às refeições, bandeja com frascos de bebidas alcoólicas servidas a toda a hora,.... E
... pessoas (de qualquer dos extractos sociais normalmente retratados) que invariávelmente, e em caso de grande contrariedade, atiravam loiça para o chão, varriam os objectos das mesas, pontapeavam paredes e portas, etc, etc, etc...
Como se isto fosse normal, como se fosse obrigatório exteriorizar a zanga daquela maneira.

Realmente, aí está: as telenovelas ultimamente são escolhidas para veicular nos seus enredos a pedagogia de certas causas. Alcoolismo, igualdade dos sexos, toxicodependência, segurança rodoviária, eu sei lá...

E então como é?

Cleopatra disse...

"Quanto aos maus tratos a mulheres... quantas chegam ao Tribunal e com grande pena do Juiz dizem que desistem?
Que fazer?
Gritar-lhes que não devem desistir da queixa?
Que hoje foram batidas, amanhã serão mortas?
É uma questão de perfil também.... mas mais de formação cultural.
Ou... estarei enganada?"

Já anteriormente tinha dito isto numa postagem sua.
Sabe Doutor, por vezes eu acho que as mulheres são mais machistas que os homens! Muito mais.!
Elas acham que mulher não deve usar saia curta.
Que a mulher não deve ser bonita, que se é bonita e dá nas vistas é leviana, se gosta de se vestir bem é leviana, se é independente é leviana...
É um pouco aquela história da cotada do macho latino...
Conhecem???Para a maioria das nossas mulheres ainda se deve ser apenas:
Boa Mãe.
Boa esposa.
Exemplar no sentido de que ninguém a não ser o marido, deve olhar para ela...
No sentido de que mulher honrada não tem ouvidos,
No sentido de que - ele bate-me mas é o pai dos meus filhos.
Ele bate-me mas coitado é doente;
Ele bate-me mas precisa tanto de mim!
Ele não "ajuda" a fazer nada mas coitado também não sabe!
Ele chega tarde mas é homem tem muitas responsabilidades, trabalha muito para que eu possa ir às comprar com o cartão de crédito dele.
Ele não me liga mas eu mantenho o estatuto de mulher casada com um grande e famoso empresário ou um conhecido politico.
Ele não me liga peva mas as outras acham-no o máximo!.....
Ele maltrata-me psicologicamente mas eu tenho o estatuto de mulher de um tipo famoso!!


ORA BOLAS!!!
BASTA!!!!!

É uma questão cultural e passa primeiro por nós mulheres!!!

E se não pasa só por aí, tem de passar pela coragenm de paresentar queixa e provavelmente pela natureza do crime...
Ou não será a natureza do crime determinante de certos desfechos?...
Mas isso fica para um outro dia.

Vera_Effigies disse...

A violência doméstica não se verifica apenas nas camadas sociais média baixa.
Muitas mulheres por vergonha, outras por medo, outras por necessidade, outras pela fama outras pelo status sujeitam-se a práticas que nem lembram o diabo. Infelizmente a mulher sofre muitas vezes violações psicológicas que superam as nódoas negras.

O homem que bate em mulher é cobarde. Sabe que não arranja adversário em igualdade de circunstâncias a nível de força física e até em altura. Com estas práticas cobardes sai sempre vencedor para a sua mente acanhada.
Gostava de ver estes "super men" provocar um qualquer transeunte masculino (psicológica ou fisicamente) e sair-se tão bem como o faz com as mulheres... Não o fazem por isso mesmo. Por MEDO por COBARDIA. Com elas, esse risco, quase nunca correm, porque, além do que falei acima, sabem que elas se anulam pelos filhos. E que, eles brutamontes, são os pais desses filhos. Reagir contra as pancadas deles, em casos raros, teria de ser com arma já que a força física superior não é possível. E corriam o risco de deixar os filhos desamparados e órfãos (pai morto e mãe a cumprir pena).
A lei existe mas ninguém cumpre, nem a polícia. Quando se liga á polícia, nesses casos, pura e simplesmente não comparece. Quantas mortes não teriam evitado se o fizessem?... Não o fazem porque, parte deles, são homens e mal formados que usam os mesmos métodos em casa.
Enfim, as perspectivas não são boas e as leis não fazem cabeças. Está por demais enraizado o provérbio "Entre marido e mulher, não metas a colher" agravado pelo "Casa onde não há pão, todos berram ninguém tem razão". As próprias escondem, faltam ao serviço, não recorrem ás urgências, disfarçam com pinturas, quando interpeladas sobre o barulho arranjam desculpas.

Vidas pautadas por humor masculino.
É triste que no feminino não haja força tomara atitude viável e enveredar por uma vida sem pressões e agressão.
O problema não está só no masculino cobarde.
Mas também no feminino submisso e tolo. Alguém ama outro a este ponto?! Os filhos merecem presenciar isso?..
Os últimos não merecem e quem ama respeita.
MJ

Anónimo disse...

Isabel Pietri,

Eu vi o teu blog, o "cabrão" que arranjou uma amante...

Sei porque o apagaste. Tinha um tom exibicionista, mas não tiveste as atenções que pretendias!

andorinha disse...

Cleopatra,
Concordo totalmente com o teu post.
Quantas mulheres aceitam,passivamente, em nome sei lá do quê, toda uma situação de maus tratos?
Como dizes, "é uma questão cultural e passa primeiro por nós mulheres".

Lusco_fusco,
"O problema não está só no masculino cobarde, mas também no feminino submisso e tolo."
Nem mais, como já disse a Cleopatra.
Até quando haverá mulheres que aceitam todas as humilhações?:(

P.S. Como já aqui uma vez disse, lamento profundamente a situação das mulheres vítimas de violência e que por diversos factores ( ignorância, problemas económicos, fragilidades a vários níveis) nada fazem para escapar a ela.
Quanto às que se sujeitam e suportam maus tratos físicos ou psicológicos porque não querem perder o estatuto socio-económico que conquistaram à custa do maridinho, não só não lamento, como só consigo sentir o mais profundo desprezo.
E sei do que falo porque conheço alguns casos assim.

Lamento imenso que algumas mulheres se atribuam tão pouco valor a si próprias.:(

fiury disse...

boa noite

Unknown disse...
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fiury disse...

que aterrador:( e contraditório. agora que as mulheres se vão tornando cada vez mais independentes e mais informadas ...e porquê em portugal? o que não funciona? a proteção legal eficaz e celere?conheci de perto alguns casos e nunca entendi como se sujeitam a si próprias e pior, aos filhos a tanto mal

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

"Conheci de perto alguns casos e nunca entendi como se sujeitam a si próprias e pior, aos filhos a tanto mal", Fiury.

Porque têm bom senso, Fiury. Não há vida nem liberdade nesse mundo mas [muito menos] para lá desse mundo.

fiury disse...

blah

como deve ter reparado referi-me a casos concretos.são mulheres equilibradas, independentes e que amam e respeitam muito os seus filhos. acabaram por se separar e felizmente nada de mal lhes aconteceu. porque as conheço é que continuo sem entender ( mas gostaria muito, acredite).

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
fiury disse...

blah
por isso perguntei ( e já em termos gerais) o que está mal concretamente. mas perdoe-me: inferno será mais sujeitar os filhos a situações marcantes e muitas vezes com graves consequências futuras.
às que nos lêm:uma mensagem de esperança e de coragem( por elas e pelos filhos!)
boa noite
durmam bem

thorazine disse...

Isabel Pietri,

" E agora estou a pensar: não reclamei. Claro que não reclamei - eles representam a autoridade!!! :-( "

Até que ponto acha que a "autoridade" tem autoridade para julgar o que uma pessoa lhe diz é verdade ou não. Que eu saiba, quem faz isso são os juízes. Os polícias, a maioria, não sabe quais são os seus limites de autoridade ou não. Se ninguém fizer nada é que continua tudo na mesma. Apesar de ser uma profissão ingrata neste país não invalida que possam "abusar".

Muitas vezes, só por eu ter cara de miúdo já me falavam com arrogância como se à partida por ser "jovem" já estava a cometer uma infracção. Mas como quem não deve não teme, sempre os tentei por da risca para lá!

Em relação à violência, a minha opinião ja foi dita por aqui. É preciso perder o medo de denunciar.

noiseformind disse...

O género, e não a raça, como tantas vezes tentámos compreensivelmente assertivar, é a verdadeira clivagem sociológica. John Kennon cantava Woman Is The World Nigger e não m'espanta nada. E não mudou nada. Nos EUA há mais de 10 anos que os homens negros (piores classificados em termos raciais no âmbito masculino) ultrapassaram o rendimento médio da mulher branca, que não foi escrava (oficial!!!!!!!!) do homem branco. Joanne Hoven Stohs é clara ao abordar as questões de igualdade vs rendimento. Em agregados familiares em que a mulher contribui para uma maior percentagem do rendimento do agregado os níveis de violêcia são muito mais baixos. Porém, a divisão de tarefas domésticas não é igualmente satisfatória e equitativa. Quanto maior é o rendimento do agregado mais insatisfeita fica a mulher com essa divisão dessemelhante. A solução natural é a mulher-a-dias, mas mesmo assim as tarefas restantes fazem com que a percentagem de divisão se mantenha em muitos dos casos.

Que dizer da mulher portuguesa de classe média? Muito pouco, apenas o bastante. Tem um rendimento médio de 76% do do marido. Isto percentualmente, claro, dado o acesso das mulheres ao trabalho liberal estes nros parecem-me indicar apenas uma outra realidade, a quantidade de mulheres que abandona a profissão depois do casamento ou da progenitura dos filhos.

Reparem que estes assassinatos dão-se grosso modo em condições distintas. Há os maridos, normalmente numa faixa etária mais elevada e mormente associados os justificativos à infidelidade. E depois há o ex-companheiro (namorado ou vivendo em união de facto), normalmente associado a uma faixa etária mais baixa. E muitas vezes nem sequer há filhos para justificar tamanho rancor ou preocupação com a ex-companheira. Ou seja, há uma geração que de raíz ainda não consegue lidar com a afectividade em termos de negação.

O "és minha", a pata por cima dos ombros, os reparos ao vestir à medida que a relação vai avançando, são muitos sinais de neurose obsessiva que as mulheres preferem ignorar em virtude de uma formação construtiva que não acontece de facto. Espera-se que a relação melhore em virtude do "amor", que normalmente é feito na base de cedência ás mulheres. Se até na longínqua (para os portugueses) Dinamarca as redes afectivas das mulheres são afectadas quase no dobro da medida em que são as dos parceiros...!!!

Tudo isto cria o "caldeirão" onde depois há espaço para a agressão. E, muito bem dizido ; ) pela Angie: as mulheres são as primeiras a usarem de crítica mordaz em relação a qq sinal de autonomia afectiva das próprias mulheres. As mulheres são as primeiras a afirmar que esta ou aquela "não merece" o marido que tem.

Se adicionarmos a isto a ideia geral e a pressão geral da sociedade para que a mulher acarrete com as "despesas" emocionais das famílias dando-se aos rapazes a educação do "principezinho louco" e a forma como a sua auto-estima é desde tenra idade atiçada e anexada pela publicidade a comportamentos de consumo e a estériotipos, temos todos os ingredientes, Malta... todos os ingredientes para a violência, para ela ser calada, para ela continuar, para ela ser amplificada e atingir a violência de cruzeiro que o Boss referiu ; ((((((((((((

Mas pronto. Espanha está aqui ao lado ; )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

noiseformind disse...

"E corriam o risco de deixar os filhos desamparados e órfãos (pai morto e mãe a cumprir pena)."

De reparar que as atenuantes em relação ao homícidio do homem por parte da mulher espancada anos e anos a fio raramente são tomados em conta. Os homens chegam ao ponto de justificar a qualidade dos preparos gastronómicos da mulher como justificativo de "momento de raiva" mas depois as mulheres são vistas como assassinos frios por usarem meios que exigem grande premeditação.
Como se pode ler no já "famoso" acordo em que o indivíduo foi absolvido pelo Supremo pq a mulher vestia roupas impróprias e saia à rua sem dizer nada:

"II - Por mais abrupta que seja ou tivesse sido a intervenção do agressor, jamais se pode equiparar, para efeitos de capacidade de dissimulação do meio e correspondente inconsciência de necessidade de defesa da vítima, essa utilização com a de um outro que, pelo seu carácter dissimulado, oculto, subreptício, enganador, assuma características análogas às do veneno, a ponto de, como regra, a vítima nem sequer suspeitar que está já a ser atingida."

Ou seja. Matar com uma caçadeira não é tão "dissimulado, oculto, subreptício, enganador," como envenenar. Parece-me óbvio que em tribunal o assassinato por parte de uma mulher é sempre julgado de forma muito mais impremissiva.

Já nem falo na violação! Vejam a forma como esta sentença lida com a culpa do arguido:

Por um lado, fica provado que,

v) Ao agir da forma descrita, queria o arguido manter relações sexuais de cópula completa com a ofendida, contra a sua vontade, recorrendo à sua superioridade física, e usando para o efeito a sua força e agressões, o que só não conseguiu em virtude daquela se lhe ter oposto e ter conseguido fugir.

x) O arguido agiu livre e conscientemente, sabendo que a sua conduta era proibida e punida por Lei.

z) As lesões provocadas causaram à ofendida dores e incómodos.

k) A ocorrência descrita deixou-a vexada, humilhada e causou-lhe medo e vergonha, ferindo a sua dignidade e pudor.

w) Passou a ter medo de andar sozinha, durante a noite, com receio de voltar ser vítima de factos idênticos.

y) Necessitou de acompanhamento médico no Centro de Saúde de Cascais e acompanhamento semanal na APAV.

Porém... no entanto...

"Os nºs 1 e 2 citados indicam-nos os elementos a atender nesse juízo de prognose:

- A personalidade do réu;

- As suas condições de vida;

- A conduta anterior e posterior ao facto punível; e

- As circunstâncias do facto punível.

Isto é, todas as circunstâncias que tornam possível uma conclusão sobre a conduta futura do réu, atendendo somente às razões da prevenção especial.

E sendo essa conclusão favorável, o tribunal decidirá se a simples censura do facto e a ameaça da pena bastarão para satisfazer as finalidades da punição, caso em que fixará o período de suspensão.

Neste sentido tem entendido este Supremo Tribunal: «o tribunal afirma a prognose social favorável em que assenta o instituto da suspensão da execução da pena, se conclui que a simples censura do facto e a ameaça da prisão realizam de forma adequada e suficiente as finalidades da punição, devendo, para tal, atender à personalidade do agente; às condições da sua vida, à sua conduta anterior e posterior ao crime e às circunstâncias deste. Só deve decretar a suspensão da execução quando concluir, face a esses elementos que essa é a medida adequada a afastar o delinquente da criminalidade» (Ac. de 11-01-2001, proc. n.º 3095/00-5).


Como se viu, o arguido tinha à data dos factos 20 anos, apresenta somente uma condenação em 28.04.01 pelo crime de condução ilegal em pena de multa, teve uma infância atribulada, abandonado pelo pai que só recentemente reencontrou, encontra-se socialmente inserido, trabalhador e goza de boa reputação entre todos os que o conhecem, mormente a vizinhança. Vive com a mãe, o padrasto e uma companheira de quem tem um filho com 5 meses de idade; possui o 6º ano de escolaridade; aufere em média cerca de 400 € mensais como ajudante de padeiro.

Negou os factos. E este Supremo Tribunal de Justiça tem doutrinado que, por via de regra, não será possível formar o juízo de prognose favorável de que se falou, em relação a arguido, não primário, na ausência de confissão aberta onde possam ser encontradas razões da sua conduta e sem arrependimento sincero em que ele pode demonstrar que rejeita o mal praticado por forma a convencer que não voltará a delinquir se vier a ser confrontado com situação idêntica [Ac de 4-5-94, proc. n.º 46183].

Mas também já decidiu que «nada impõe a aceitação pelo agente da própria culpa como condição indispensável à suspensão. Certo que ela abonará um prognóstico sobre a vontade de regeneração e a desnecessidade do efectivo sofrimento da pena para a reprovação; mas sem dúvida também que a sua falta não impede tal prognóstico» (Ac. de 21-2-85, proc. n.º 37636), desde que as circunstâncias do caso permitam, apesar disso, a formulação desse juízo de prognose favorável.

Ora não se pode esquecer a juventude do arguido que tem trabalho certo, está inserido social e familiarmente, o que permitiu ao Tribunal recorrido concluir que a simples censura do facto e a ameaça da prisão pode realizar de forma adequada e suficiente as finalidades da punição, juízo que não merece censura por parte deste Supremo Tribunal de Justiça."

REPAREM NESTA FRASE FINAL:

"Ora não se pode esquecer a juventude do arguido que tem trabalho certo, está inserido social e familiarmente, o que permitiu ao Tribunal recorrido concluir que a simples censura do facto e a ameaça da prisão pode realizar de forma adequada e suficiente as finalidades da punição, juízo que não merece censura por parte deste Supremo Tribunal de Justiça."

TOTALMENTE LAPIDAR. A acção não deixa de ser gravosa, mas não se vai estragar a vida a um jovem por causa de uma violaçãozita e uns pontapés e murros numa mulher... Nã...



"A lei existe mas ninguém cumpre, nem a polícia. Quando se liga á polícia, nesses casos, pura e simplesmente não comparece."

Lá está, é crime público! Mas quando eu liguei por causa das agressões de um homem a uma mulher aqui na vizinhança disseram-me "e consegue convencer a mulher vir aqui apresentar queixa à esquadra? Não? Então não podemos fazer nada, amigo..."


"Vidas pautadas por humor masculino."

Repara, Lusco, que nas anedotas de Loiras há quase sempre agora uma Morena. Que percentagem de mulheres fica coberta pelo simples epítono capilar? 90 e tais por cento... digo eu ; ((((((((((

Unknown disse...

«[...] não sei se reclamaria. Porquê? Porque vivo numa cidade pequena onde só há uma esquadra de polícia. Porque, lamento mas é mesmo assim, posso precisar deles em situações futuras e não tenho suficiente confiança nas instituições deste país para me dar ao luxo de reclamar num caso destes.

Decerto é mesmo por razões semelhantes a esta que mulheres abusadas por homens não reclamam...»

Leio todos estes comentários e [como atento sempre ao pormenor] parece-me que o que ressalta de todos eles é a FALTA DE CONFIANÇA NO RECEPTOR DA QUEIXA e a noção de que no final o acusado sairá impune e o acusador vexado e alvo a descoberto da vingança do acusado.

Unknown disse...

Um exemplo exemplo exemplo do que aqui se diz foi o caso Margarida Marante que nem por ser formada em Direito e uma jornalista vertical e idónea era ouvida nos seus apelos de protecção... uma cabra arrogante, claro, deviam dizer os policias uns para os outros enquanto encolhiam os ombros.

Atena disse...

A polícia e a GNR bão estão preparadas para receber estas queixas. Muitas vezes recebem-nas com um sorriso entre dentes. E quando a queixosa exige e pressiona para que a queixa siga para tribunal, a juíza emite um comunicado a arquivar o processo por falta de provas mais evidentes da agressão. Isto sucedeu com uma familiar minha que foi agradida pelo ex-marido de quem está separada há 10 anos.
Bons sonhos!

Anónimo disse...

Eu gosto é da Isabel Pietri...

;-)

Yulunga, nah, àguas passadas (,e cara de cão!)

:-(((

LR disse...

Falta de confiança nos receptores da queixa:
- claro, sabemos que a desigualdade de forças começa (ou continua...) logo aí.
Mas há que ter 1 pequena esperança. A PSP, que é a força policial de "1ª instância" (no sentido de que está mais à mão e é a quem se apresenta a 1ª queixa)também está a mudar muito.
Não só nas qualificações e padrões de formação com que chegam à vida prática, mas sobretudo PORQUE VAI TENDO CADA VEZ MAIS MULHERES.
Pode ainda não se notar muito, mas a seu tempo a cultura de "audição" destes casos mudará forçosamente para melhor.

Unknown disse...

E sabendo-se como as mulheres se protegem umas às outras...

LR disse...

Pois, as mulheres são as piores inimigas de si próprias, já sabemos.
Mas isso tb é 1 coisa que se combate, começando por nós próprias: - E qual de nós é que pode sinceramente afirmar que nunca sentiu o impulso atávico da "deslealdadezita" e da falta de solidariedade perante outra mulher? A consciência disso e a correcção da atitude é que é importante, e fundamental na nossa geração. É sinal de que já combatemos os instintos (nada + do que complexos), e não reconhecemos utilidade prática nas velhas armas da concorrência.
Mas se em vez de mudar mesmo a atitude, o dissermos constantemente, estamos a dar "acreditação" à lenda, perpetuamos o estigma e não saimos disto!
Para mim, as clássicas formas de competição negativa entre as mulheres são típicas de um estatuto de menoridade, que tivémos durante eras. Guerras e escaramuças de quem disputa preferências perante os que tomam as decisões em seu lugar: sempre os homens.
Mas se a coisa ainda é endémica, apesar de tudo já nos fomos habituando a disputar-nos em terreno leal: mérito contra mérito, etc.
Por mim, sou optimista neste particular.
Acho que a chegada das mulheres ao poder as vai tornando mais racionais e não tenho dúvidas que a compreensão destes casos, por exemplo, sofrerá melhorias, porque quem ouve descodifica muito mais rapidamente.

Unknown disse...

Eu acrescentaria ainda que, no caso de ex-casais desavindos, desde que o homem não bata nos filhos e esteja garantido, sem falhas por parte da mulher, o turno das quartas-feiras e os fins de semana alternados do dito com as crianças isso da violência do homem sobre a mulher é um fait-diver. [Se, por acaso, acabarem por dar um tiro na mãe das crianças, helás, correu mal. A gaja devia ser uma cabra arrogante].

APC disse...

Yulunga: haverá "violência por si só"? ;-)

APC disse...

Bolas, mente calma,
deste-lhe com alma!

Muito bem... Mesmo! :-)

Unknown disse...

Cleopatra
"Quanto aos maus tratos a mulheres... quantas chegam ao Tribunal e com grande pena do Juiz dizem que desistem?
Que fazer?
Gritar-lhes que não devem desistir da queixa?

Olha eu dava-lhes porrada para que falassem. :-)

Isabel Petri
Risinho de canto de boca, a perguntar se tinha sido mesmo só isso, se não o conhecia de lado nenhum, etc. etc.
Meu Deus, onde já ouvi isso. Temos de facto uma polícia, pelo menos a mais antiga, com uma falta de formação e de sentido tacto incrível.
Basta estar-se atento e ver como se abordam as pessoas quando são chamados em situações de desacato: Chegam com as suas grandes barrigas empinadas, mãozitas atrás das costas, pernitas meio abertas e com passos em que mandam os pezitos para os lados, dirigem-se quase sempre a um homem e inevitavelmente perguntam: Atão chefe, que se passa aqui? Quando um agente de autoridade se dirige assim a uma pessoa está tudo dito ou não?

Xelim
Yulunga, nah, àguas passadas (,e cara de cão!)
Não percebi.

Unknown disse...

apc
Não tenho a certeza.
Como sempre estes temas têm as respostas certas dadas por estudiosos nas diversas matérias.
Não tenho a certeza, mas tenho a minha opinião mesmo leiga no assunto.
Todos temos as nossas teorias sobre as coisas. Eu penso que sim.
Para ver se me entendes: eu penso que um homem, por ex., violento quando chega a casa todo ressabiado e com vontade de molhar a sopa fá-lo na mulher, mas se esta não estiver fá-lo-á no filho, ou no cão, ou na mobília. Isto se entretanto já não o fez na rua com um estranho que sem querer chocou com ele na rua inadvertidamente.
Não sei até que ponto é a fragilidade e a passividade das vitimas que lhes permite exercer essa violência ou se a violência que têm se exerce na vitima que tiverem à mão.
Consegui-me explicar?

Unknown disse...

Ah, outra coisa em que não acredito é na teoria de que as pessoas são violentas porque na infância lhes foi exercida a elas violência. Para mim são desculpas.
Existem centenas ou mesmo milhares, sei lá, de casos em que no seio de uma família numerosa todas as crianças, sem excepção, foram vítimas de violência doméstica e, no entanto após terem crescido com amigos comuns e dentro de parâmetros comportamentais e sociais idênticos só uma dessas pessoas é violenta.
O meio onde se cresce pode ter algum peso, mas eu penso que a agressividade é sobretudo uma questão de um gene mal formado, ou de uma alteração na parte cerebral que regula a agressividade. O que regula realmente a agressividade já me ultrapassa.
Sem saber explicar muito bem porquê a não ser desta forma, acho que se as pessoas têm consciência e capacidade de raciocinar, de se controlarem minimamente, considero que sofrem de uma deformação sem no entanto considerar que sejam doentes.

Rui Diniz Monteiro disse...

Pela minha própria experiência, e admitindo as sempre existentes excepções, uma pessoa resolve as suas disputas de forma violenta se foi assim que aprendeu, na infância e no seu próprio corpo, que era assim que elas se resolviam. E a violência pode ser dirigida para os outros (esta é a mais visível) ou para si próprio.
Quanto a todas as violências que Yulunga lista, só me apetece dizer: cada vez me revejo menos como pertencente a este país em que a cobardia se tornou regra... até chocantemente entre os mais novos!

thorazine disse...

yulunga,
Acho que Jung defendia que todo o ser humano partilhava de têndências violentas e tendências pacifistas e que no desenvolver da personalidade ia-se reprimindo um e dando espaço para outro. O que não invalidad que a qualquer momento, por qualquer circunstância a parte violenta reprimidade se demonstre! Não sei se é exactamente assim, mas algué ha-de explicar melhor! :))

Ana disse...

E 81 não será um número que amanhã, depois, daqui a 23 dia se irá perder gradualmente nas nosssas memórias... infelizmente a ideia de que o casamento é sagrado, ainda as diferenças de poder eco´nómico entre os sexos, enfim, continuarão a marcar pontos nesta barbárie que se impõe.
Daqui a 6 anos ainda se lembrarão quantos golos marcou a selecção no mundial, mas destas mulheres... ? Onde ficará a memória destas mulheres?
Entristeço-me :(

Cleopatra disse...

Ops!!!
gostei de tudo o que li!!
Até acabei por gostar do que escrevi à pressa, a correr, a fugir...

Gostava que algumas das "minhas ofendidas" e alguns dos "meus arguidos" de crimes de maus tratos a conjuge, vos podessem ler.
Talvez aprendessem que vivem num mundo enorme, onde muita gente pensa de forma diferente da deles...
E talvez isso desse força a umas e travasse os outros!!
Bjs

Unknown disse...

Rui
E esqueci-me de outra.
Violência contra a natureza. O exemplo dos fogos é para mim violência exercida de uma outra forma.
Bem... mas há tantas, não é?
Não saiamos daqui.

Thorazine
Mas sem duvida.
Somos racionais, mas temos a nossa componente animal, selvagem e instintiva.
O post do Dr. fala de uma violência consciente, logo uma violência má, depois temos a outra a que é instintiva e que em seres ditos equilibrados pode saltar sim. Já me sucedeu a mim e sucede-me sempre que vejo uma injustiça; torno-me agressiva e o que faço ou digo sai de forma incontrolada. Não são essas situações esporádicas e extraordinárias que faz de mim uma pessoa violenta, pois não o sou.

A Menina da Lua disse...

Boa tarde a todos!

Em termos muitos gerais, parece-me que o que está na base da violência doméstica é o sentido ou sentimento de posse que leva essencialmente os homens com niveis de agressividade e falta de maturidade emocional a terem atitudes primárias de agressividade, exercendo-a com toda a impunidade...

Relacionamento onde não está garantida a autonomia pessoal de cada um, pode empurrar as pessoas (principalmente as mulheres) para situações que as levam a permanecer dependentes não só económica mas tambem afectivamnete dos maridos. Estes desequilíbrios podem gerar esquemas perversos de posse onde a mulher não está completamente desresponsabilizada, que levam à prepotencia e à agressividade.

Os contextos como: a pobreza e a ausência de meios de confortabilidade nem sempre são razões para essa agressividade pois ela encontra-se em todas as classes sociais.

Contudo parece-me que a situação em Portugal é de tal ordem grave que para alem de ser considerado crime público, deveriam ser tomadas medidas de choque muito repressivas para fazer acordar mentalidades que ainda funcionam em modelos sociais muito tradicionais e de forte cariz machista...

Unknown disse...

Thorazine
No meu ultimo comentário até parece que sou tontinha ao dizer: logo, uma violência má. Até parece que existe alguma boa. Talvez devesse ter dito: logo, uma violência de contornos assumidamente maus.
Mas eu acho que me percebeste.

thorazine disse...

Yulunga,
Sim, percebi o que queria dizer. Mas acho que a violência existe no ser humano e isso não têm de ser bom nem mau e se ela existe é porque têm ou teve um papel para a nossa existência tal como a conhecemos. Aliás, António Damásio diz que a violência assim como o racismo foram fortes componentes para hoje possuirmos a genética que temos.A violência ao ser reprimida não está a ser controlada. Agora, o necessário é arranjar métodos eficazes para a controlar e dissipar! Para mim é correr, andar de bicicleta ou qlq outra coisa que me canse. Obviamente que descarregar noutros ser humano ou noutro ser vivo não é a meesmo o melhor caminho! Acho que não podemos pedir aos humanos para deixarem de serem humanos, ou seja, pedir ao animal que deixe de ser animal. Só podemos pedir (ou exigir) que controle a sua faceta violenta pois nesta sociedade é incompativel!

Segundo, não sei se o seu nick é devido à música de "Dead can dance", mas se for é muito boa escolha musical. Então o som das baleias nessa música até provocam arrepios. Se não for, tente ouvir que vale bem a pena! :)))

Manolo Heredia disse...

Ele alivia-se na mulher de muitas maneiras. O sexo e as tarefas caseiras são só os alívios mais "soft". A seguir vem a agressão verbal, a agressão física, o assassinato.
As mulheres que se dão ao respeito de não aceitar os alívios "soft" raramente são vítimas do alívio "hard".

thorazine disse...

Vou transcrever para aqui um excerto do livro do António Damásio, para quem não leu:

" ..Estou a pensar nas reacções que levam a preconceitos raciais e culturais e que se baseiam em emoções sociais cujo valoe evolucionário residia no detectar de diferenças em outros indivíduos - porque essas diferenças eram indicadoras de perigos possíveis - e no promover de agressão e retraimento. Este tipo de reacções deverá ter produzido resultados extremamente úteis numa sociedade tribal, mas não é nem útil nem aceitavel no mundo actual. É evidente que é importante saber que os nossos cérebros continuam equipados com a maquinaria biológica que nos leva a reagir de um modo ancestral, ineficaz e inaceitavel, em certas circunstâncias. Precisamos de estar alerta para esse facto e apreender a controlar essas reacções individualmente na sociedade em que vivemos. "

António Damásio in Ao encontro de Espinosa

Acho que aqui se aplica o mesmo à violência. Isto não é nenhum facto que atenue a culpa do agressor, pois a convivência social, só por si, é um controlo de reacções e emoções.

andorinha disse...

Boa tarde.

Mais umas achegas para a conversa.

Mentecalma (3.28)
Devias estar muito exaltada qundo escreveste isso!:)))))))))
Tanto radicalismo...
Inverter as coisas e passar a mulher a "mandar" no homem?
Não gostaria de viver num mundo assim, mas sim num mundo em que homens e mulheres se respeitem e comportem como seres humanos iguais em direitos e deveres.

Yulunga (6.00)
Não concordo contigo.:)
Não acho que seja indiferente para um "animal" desses bater no filho, no cão, na mobília ou na mulher.
Dá-lhe muito mais gozo bater na mulher; assim demonstra quem tem o poder. A mulher é inferior, está ali para o servir e para levar pancada quando a vida lá fora lhe correu mal e ele não pode descarregar em mais ninguém.
E se for preciso, ainda se gaba aos amigos.:(

andorinha disse...

Thorazine(9.27)
Penso que estás a confundir violência e agressividade, miúdo.:)
São coisas diferentes.
Ninguém vai correr, andar de bicicleta ou ao ginásio para dissipar os seus ímpetos violentos.

A agressividade pode levar à violência, mas há pessoas agressivas que nunca são violentas.

thorazine disse...

Andorinha,
sim, talvez tenhas razão. A violência pode ser entendida como já o consumar de uma tendência agressiva. Talvez agressividade é um termo melhor para definir a "tendência para a agressividade"! Obrigadinho pela achega.. :)

Em relação ao que disseste sobre a importância no ego do homem, faz parte na cultura! Só a simples tradição do pedir a mão da noiva ao pai desta soa logo a transmissão de "posse", tal qual um objecto em que se têm de falar com o antigo dono. É cultura. A cultura dominadora (, não sei se chegaste a ler o texto que postei sobre isto lá para trás!!)

A minha avó, pelo que ela conta, teve que bater o pé logo uma semana após o casamento pois o meu avô já questionava as suas idas ao cabeleireiro. E obviamente, não pode trabalhar nem tirar a carta, por nem o pai dela nem o meu avô se sujeitavam a andar no "lugar do morto"! Situações caricatas mas que representam a educação chamada "tradicional"!

Já agora, beijinhos para ti Andorinha! Já à algum tempo não mandavamos umas postas de pescada.. :)))))

Unknown disse...

Thorazine
O meu nick vem daí sim. O meu grupo de eleição. Se fores ao meu profile perceberás o quanto gosto dele. Ok, exagerei uma "beca" :-)

Andorinha
E eu já sabia que não estarias de acordo comigo :-)

thorazine disse...

LOL

Enganei-me outra vez, falta aqui um botãozinho "edit"!

ERRATA: onde se lê "tendência para a agressividade" deverá lêr-se "tendência para a violência"! :)

Unknown disse...

Thorazine
Pessoalmente dissipo a violência colocando música alta e dançando; também me sabe bem encher o peito de ar e gritar; correr e praticar algum desporto. No dia-a-dia cabe-nos controlar a agressividade, mas há situações extremas que nos surgem assim do nada em que a resposta ao estimulo é quase simultânea, e aí nada a fazer.

thorazine disse...

Yulunga,
muitos bons gostos! hehe

Vi por lá o baraka! Não sei se conhece o resto do conjunto de filmes "non-verbal" a que ele pertence! Não vou falar em nenhum por são todos excelentes, cada um foca aspectos com a sua importância! www.spiritofbaraka.com/

Se já conhecer, fica para quem não conhece! Recomendo vivamente! :)))

andorinha disse...

Thorazine,
Não tens nada que agradecer, miúdo:)
Isso só demonstra que és inteligente, pois estás receptivo a aprender com os mais velhos. Loooooooooooooool

Claro que li o texto que postaste lá para trás. Sou uma tipa bem mandada.:)
Esta nossa cultura que nos "lixa"...

Beijinhos retribuídos, miúdo.
Fica bem:)

Unknown disse...

Andorinha
Numa coisa concordo contigo: agressividade e violência não são a mesma coisa. Mas aqui nas conversetas acabam por se misturar um pouco. Claro que não dissipo a violência mas sim a agressividade. Mas como isto não pretende ser um fórum de especialistas, e aí sim a diferenciação de termos seria obrigatória, mas sim uma discussão entre quem gosta de partilhar opiniões a coisa não é grave e todos nos percebemos mais ou menos bem.

andorinha disse...

Yulunga,
Claro que todos nos entendemos, não pus isso em questão, apenas dei a minha opinião sem me armar em especialista.
Já me estás a provocar? Loooooooooool

thorazine disse...

Andorinha,
faço por manter o meu ego intacto quando tenho de admitir erros ou enganos. Ou mesmo que me afecte, faço por ter consciência disso e ver como uma coisa não muito grave! Acho que não é inteligência, é mesmo bom senso!

Ah..e os mais velhos também aprendem com os mais novos, mas esta discussão também já é velha! hehe! Ou há mesmo um dia no percurso da vida em que sabemos que apartir dali só podemos ensinar? hehe

Unknown disse...

O comodismo e o medo (medo sim, pk as pessoas, e muitas, ainda tem medo) de denunciar, levam a k estes numeros subam cada vez mais. A violência sobre todas as formas deve ser denunciada, e nunca camuflada, enfrentemos os "cornos" do boi e demos cabo dos agressores.

andorinha disse...

Thorazine,
Palavras muito ajuizadas para um miúdo de 19 anos!!!!!!
Claro que os mais velhos também aprendem com os mais novos.
"...um dia no percurso da vida em que sabemos que a partir dali só podemos ensinar?"
Ai, ai, miúdo, tás-me a provocar novamente? Looooooooooool

Unknown disse...

Olha lá ó passarinha da primavera, essa coisa de apenas dares a tua opinião sem te armares em especialista era para mim?
Se era, acertaste na mouche!
É que das minhas teorias, erradas ou não, a especialista sou eu.
Bem sei que tenho uma forma de falar em que parece que imponho a minha opinião, mas se tenho alguma tenho que a defender com unhas e dentes.
Faz dois anos fiz um post sobre a SIDA e dei uma opinião que há muito defendo. Lembraste do programa que vimos a semana passada?
Só veio reforçar a minha mania de defender as minhas opiniões até à exaustão.
;-)

Unknown disse...

E com tanta coisa de nós mulheres dizermos que somos mais fraquitas, que reconhecemos alguma dependência, e porque se toleram cenas pelo bem-estar económico, e a pensar nos filhos, e frito e cozido, e mais coisas deste género, também nos damos um bocadinho "à morte".

thorazine disse...

Andorinha,
O juizo também têm idade própria para se poder usufruir dele? hehe

Nepia, não estou a provocar nada, era só uma pergunta! Gosto bastante de "velhos atentos", que não querem deixar de aprender! O meu avô é que tratou pela internet do IRS da minha mãe e das minhas tias! Só têm a quarta classe, porque um primo dele trabalhava num cinema e ele em vez de ir às aulas passava os dias a ver filmes! Sou catraio, mas já reparei que muita da "escola" não está realmente na escola, mas sim na vontade de aprender, de saber e de perguntar! :)


yulunga,
eu também tenho essa impressão, que muitas mulheres por elas já se metem "ao colinho" dos maridos, no "ele é que sabe", "ele é que trata disso" mas por outro lado ficam magoadas quando são postas de parte em certos assuntos. Mas isso também seja inconsciênte e seja o reflexo dos valores que lhe foram incutidos! Mas como já foi dito, a educação também não é desculpa para tudo pois há muitos casos de educação completamente "tradicional" que não provoca forçosamente uma visão distorcida da mulher! É complexo q.b.!

thorazine disse...

Bem!!!

Isto agora com depósito de videos da RTP dá para rever os programas perdidos! Encontrei a reportagem sobre "Violência nas escolas" que à umas semanas vi na rtp2. Acho que a permissão dada pelos professores impotentes é um visto para o futuro neste rapazolas! Acho que só mesmo com polícias na escola..

Para quem quiser ver: mms://195.245.176.20/rtpfiles/videos/ocas/violencianasescolas20060530.wmv

thorazine disse...

O link em cima ficou incompleto! Basta ter fazer copy/paste disto no explorer : mms://195.245.176.20/rtpfiles/videos/ocas/violencianasescolas20060530.wmv

:)

Su disse...

a violencia é tão complicada...que ainda existe ..e muita....culpa nossa? ehehe detesto palavras soltas, sem nexo.....apoios? ....
há coisas que só quem passa ....infelizmente muitas passam e não há modo de fugir..por razões várias...e não estou falando de gente com formação, estou falando de gente....

jocas maradas

Anónimo disse...

Boa noite,
Sempre achei que a primeira coisa que faria numa situação de violência doméstica seria no minimo, reagir de igual forma, e logo de seguida dirigir-me à policia.
Não fiz nada disso.
Fiquei parada a olhar para o nada e a pensar no que tinha acabado de acontecer e no que provavelmente estaria a começar. Seria uma vez sem exemplo? Nunca é. A unica coisa necessária é permitir que aconteça uma vez e desculpar. É abrir caminho para as seguintes que cada vez vão levar menos tempo a acontecer. O que é que me fez ficar? Não sei e ainda hoje não consigo responder!A unica vez que reagi, foi talvez uma das piores pra mim, porque de facto a força fisica masculina faz toda a diferença, mas foi curioso (pensando agora friamente) ver medo na cara dele, exactamente o mesmo que eu demonstrava e de facto era isso que lhe dava força, porque naquele momento em que reagi, senti-me forte, alta, rápida, mais tudo que ele...
Demorou a voltar a acontecer e entretanto engravidei. Ao contrário de muitas mulheres sempre afirmei que nunca iria ficar com ele pelo meu filho, pelo contrário, o meu filho seria o motivo para sair daquilo. E consegui! Infelizmente não o consegui sozinha, não desfazendo a ajuda que recebi, mas pelo facto de não ter tido força para o fazer sozinha. Precisei literalmente de ajuda fisica, e posso dizer que não há nada mais deprimente do que ver um homem que acabou de espancar a mulher, a implorar que não lhe batessem, como eu implorava, e a chorar desorientado qual criança de 3 anos.....
Foi de certeza a cena mais triste da minha vida, mas foi a unica forma que me tirou daquela relação.
No entanto, não deixo de perceber a dificuldade de algumas mulheres em terem uma atitude:
1º - a pior vertente da violência doméstica é a psicológica, é aquela que ao contrário duma chapada que dói e depois passa, é o minimizar o outro, fazê-lo crer que dificilmente arranja melhor, que não vale nada, etc, etc. É deitar abaixo a auto-estima! Como é que se deixa chegar a este ponto? Muitas vezes a violência e a pressão psicológica são exercidas de forma tão subtil que basta haver da parte de quem é agredido uma ponta de insegurança, sei lá, qualquer coisa para achar que tudo aquilo é verdade! Mais tarde, no meu caso, foi espantoso descobrir o quanto gostava de mim própria e concluo que parte tudo daqui: AUTO-ESTIMA
2º - O nosso sistema judicial não funciona! Naquele dia, eram à volta de 10 agentes policiais em minha casa, que me viram, que ouviram da boca dele o que se tinha passado, a quem eu apresentei queixa e que o deixaram ir embora, assim....para onde ele quisesse ir! Não foi para longe porque não quis, porque ninguém o deteu!! “Pequeno pormenor”: havia uma arma em casa, que eu sempre fui contra, que era ilegal, e que apenas não foi utilizada por ele, provavelmente por falta de lembrança. Entretanto, começaram as ameaças, agora não só dirigidas a mim, mas às pessoas envolvidas incluindo o meu filho! Retirei a queixa. Por medo, simplesmente por medo, muito mesmo! Sinceramente, não me arrependo, nem me orgulho, porque já lá vão quase 4 anos e ainda aguardo uma decisão do tribunal se retirou ou não a queixa, se vamos a julgamento, qualquer coisa!!!! Não sou de achar que já não vale a pena acreditar, mas ninguém me garante, ninguém me assegura que mantenho uma queixa e que amanhã, daqui a um mês, um ano, o que seja, não tenho um louco a apontar-me uma arma a mim e ao meu filho, porque simplesmente a justiça não se mexe! Não espero nada com isto, espero ajudar alguém na mesma situação e não deixo de aconselhar a denunciarem. SEMPRE! Se não tiverem coragem, peçam a alguém que o faça, mas não se deixem ficar...