É forçoso acreditar nisso
Os jogos dessas estranhas crianças que são as nossas
Brincadeiras simples que lhes transformam os olhos em maravilhas
Repletos de uma febre que os aproxima e os afasta
Do mundo em que sonhamos deixar aos outros o nosso lugar
As brincadeiras de azul e de nuvens
De coisas delicadas e correrias à dimensão de um coração futuro
Que jamais será culpado
Os olhos dessas crianças que são os nossos olhos antigos
Tivemos um encanto como as fadas jamais tiveram.
59 comentários:
Os olhos e os jogos dessas crianças que são os nossos olhos e os nossos jogos antigos - maravilhas em que acredito como nas brincadeiras de azul e de nuvens, feitas sem culpa alguma.
Éluard sabe bem da tristeza das fadas e da riqueza das gentes.
Crianças que já fomos. Adultos que seremos. Há que encontrar a certeza de um novo olhar!
Agradeço-lhe a ideia de trazer este poema que faz sobressair o glorioso 'estado de criança', da que o é hoje, da que o foi ontem e da que o será amanhã. Sempre a mesma criança numa multiplicação própria da geometria fractal da natureza, que reconhecemos em nós, em cada momento, ao observarmos filhos, netos e bisnetos.
Eluard: "Nous Deux" (1951)
Nous deux nous tenant par la main
Nous nous croyons partout chez nous
Sous l'arbre doux sous le ciel noir
Sous tous les toits au coin du feu
Dan la rue vide en plein soleil
Auprès des sages et des fous
Parmi les enfants et les grands
L'amour n'a rien de mystérieux
Nous sommes l'évidence même
Les amoureux se croient chez nous.
De coisas delicadas e correrias à dimensão de um coração futuro
Que jamais será culpado
...e se a culpa foi por nós - humano -,inventada , validada num deus por nós - humanos - criado - não se pode exterminá-la!?!?
m8,
Prefiro o Gedeão que, com a ajuda do Manuel Freire, lhes chamou e fê-los cantar a sua própria ignorância.
O que é nacional é bom. ;)
"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."
Criança, crianças, muitas crianças, n crianças, mas, como diria o miguel:
Não ter ilusões sobre a natureza humana é o melhor elogio que se lhe pode fazer.
# posted by miguel no 'A origem do amor', Abril 20, 2005
"Os olhos dessas crianças que são os nossos olhos antigos"
E como lhes invejo a inocência, como lhes invejo a esperança, como lhes invejo a capacidade de encarar o mundo de frente e de cair e novamente levantar. Uma lágrima ao canto do olho mas um sorriso pela face inteira.
As nossas crianças, que não são as crianças que fomos, irão trilhar outros caminhos de crianças que nos são desconhecidos, e que aceitamos, se nos lembrarmos de que, também, fomos crianças ... e não o seremos, ainda, em tanta coisa?
Bom dia a todos os fiéis comentadores deste maravilhoso blog!
...Vivi muito tempo no mundo das pessoas grandes. Vi-as de bem perto. Não fiquei com muito melhor opinião delas.
Quando encontrava uma que me parecia um poucochinho mais lúcida, fazia-lhe a experiência do meu desenho número 1...
...Foi assim que vivi sempre sozinho, sem ter ninguém com quem falar, mas falar a sério, até ao dia em que, há seis anos, tive uma avaria em pleno deserto do Saara.
...- Por favor... desenha-me uma ovelha!
...- As estrelas são bonitas por causa de uma flor que não se vê...
O maravilhoso de ser adulto é ter vivido a infância
E, pelo andar da carruagem, cada vez mais solitário se sentirá o 'Princípezinho'...
LuisC disse...
O maravilhoso de ser adulto é ter vivido a infância
...esta é uma frase feita q pouco ou nada diz...ou deverá dizer...pqse assim fosse (se assim fôr) determinar-se-ia q quem não viveu a infância - falou-se aqui de Casa Pia,ñ foi? - estaria condenado a viver a idade adulta sem maravilhoso...
...provavelmente, com muitos, será mesmo isso q acontecerá, mas...ñ se lhes condene, assim, o futuro...
Antoine Saint Exupery
«as pessoas têm estrelas que não são as mesmas para todas elas» ... Prefiro esta frase àquelas que são mais recorrentes quando se fala no Petit Prince. Eu ainda consigo ver uma jiboia a digerir um elefante onde alguns, muitos vêem apenas um chapéu.
250 graus a oeste,
Obrigado por se lembrar do meu trabalho por essas escolas. Sabe o mais tristemente divertido? Alguns dos meus colegas sempre me consideraram "um bocadinho" conservador:).
Prof.,
Em toda esta problemática da educação sexual nas escolas, há uma questão que, realmente, me deixar a "viajar na 'mayonnaise'", como dizem os nossos amigos brasileiros:
Acha que o Estado Português tem capacidade, em assegurar a conveniente formação de professores, aplicar um plano onde caibam tratamentos diferenciados de alunos e simultâneamente, controlar eventuais desvios, por parte de docentes?
Seiq ue isto nada tem que ver, directamente, com o que está em discussão mas, gostaria de saber a sua e outras opiniões sobre isto.
Meu caro Portocroft,
Já vi tantos professores a pagarem formação do seu bolso:(. E sem isso, tudo o resto é ficção científica.
Prof.,
Que dizer? Pois... Disse tudo.:(
Meu Caro Júlio
Você é um homem muito romântico, como se diz na nossa terra, com carago!
Gosto mesmo de o ouvir.
um abraço
Joaquim Pedro
As nossas crianças serão certamente diferentes do que nós fomos mas, as brincadeiras e os sonhos serão os mesmos.
"Os olhos dessas crianças que são os nossos olhos antigos" - possamos nós continuar a ver as coisas com esses olhos, pelo menos de vez em quando!
Circe,
Bem vinda, rapariga.:)
Portocroft,
Questão bastante pertinente a tua - "Acha que o Estado tem capacidade em assegurar a conveniente formação de professores e simultaneamente controlar eventuais desvios por parte de docentes?"
Capacidade terá, não sei é se há vontade política para isso.
Há anos que se aborda esta problemática e as coisas continuam na mesma. Haverá esforços isolados aqui ou ali mais à base de boas vontades e carolice do que outra coisa mas, uma política consistente neste campo não vejo.
Aliás, na área mais ampla da educação em geral não vejo uma política consistente em lado nenhum. Deixa-se correr o marfim, diz-se que as escolas têm autonomia crescente e podem, por isso, implementar diferentes projectos. Boa maneira do Estado se demitir das suas responsabilidades...
Quanto a esta área concreta da educação sexual nas escolas, focam-se sempre os eventuais constragimentos da sua implementação ( como será abordada, duma forma transversal, numa só disciplina, leccionada por quem, com peso avaliativo ou não?...)
Comece-se por algum lado e depois avaliem se está a resultar ou não. Agora não começando nunca, como diz o Júlio, continuaremos no domínio da ficção. Quando será uma realidade? Sinceramente, não estou muito optimista.
"...aplicar um plano onde caibam tratamentos diferenciados de alunos..." referes-te a quê?
Diferenciados por faixa etária, claro, agora outra diferenciação não estou a ver qual
Andorinha,
Concordo contigo. Estabeleçam-se os princípios de conduta, a metodologia correcta, organizem-se workshops, linhas de apoio aos professores, avance-se, mas bolas, comecem qualquer coisa. Isto é Portugal, com os seus defeitos mas, também, as suas virtudes.
Portocroft:
"controlar eventuais desvios, por parte de docentes?"
Esses desvios, a existirem, já ocorrem.
Resposta a:
Eluard: "Nous Deux" (1951)
" J'étais si près de toi que j'ai froid auprès des autres "
Andorinha,
Bom. Em Portugal, dado estar há tantos anos fora daí, não sei como as coisas se passam.
Aqui no Reino Unido, as escolas têm autonomia administrativa mas, todas seguem um plano educativo nacional. As escolas, correspondentes a Primária e Secundário (ainda se chamam assim aí?) estão sob a alçada das câmaras municipais. Há uma grande interacção com a comunidade e, há grande sinergia com os serviços médico-sociais. Todas as escolas são avaliadas pelo desempenho dos seus alunos e, pela forma como a própria escola foi gerida.
No que toca à educação sexual, e curricula, o melhor é seguires este LINK. Está em Inglês... but that shouldn't be a problem for you, right my dear? ;)
"...aplicar um plano onde caibam tratamentos diferenciados de alunos..."
Andorinha,
Acabei por esquecer a resposta a isso. Refiro-me ao facto de nem todas as crianças, mesmo com a mesma idade, estarem no mesmo nível psico... e, também às diferenciações regionais.
Claro, TsuP, é isso.
Portocroft,
Vou seguir o link, obrigada.
Why should that be a problem? I teach English, remember? :)
Mas não respondeste à minha pergunta.:(
Portocroft,
Vejo agora que já respondeste.
Continuo a não me entender com esta "discrepância" temporal entre os comments.:)
Depois isto fica uma conversa de surdos ou de malucos.:)
Mas então nova pergunta: o que têm as diferenciações regionais a ver com isto?
Andorinha,
Escrevi: shouldn't. ;)
Se calhar, a aceitação do padrão de Lisboa ou Porto não é aceite em locais mais recônditos. Digo eu de que. ;)
Mas as crianças, Senhor?
Lindo o Poema. Venha Paul Éluard poesia muita toda sempre para alimentar almas sedentas.
Em véspera de fim de semana, soube bem lê-la. Saboreá-la-ei. Obrigada por ma terem recordado.
Fiquem bem
mantenhas
O que é "Educação Sexual"?
Como se educa sexualmente uma criança?
Numa escola, numa turma, existem por exemplo 30 alunos das mais diversas origens sociais, étnicas, religiosas, etc, etc.; como ensinar sexologia nessa turma?
Como educar (o que é educar?) uma criança sobre a masturbação? É dizer-lhe que faz bem à próstata pois quanto mais se masturbar mais probabilidades ela tem de não vir a degenerar em cancer?
Como ensinar uma miúda de 12 anos a masturbar-se? Dizendo como deve fazer deslizar os dedos e utilizar um gel para melhor lubrificação?
Como ensinar a criança para que quando for ter a sua primeira experiência sexual (coito, por exemplo) o faça desta ou daquela forma?
Será que "fazer amor" é a mesma coisa que juntar um b e á para dar bá ou juntar 2 mais 2 para dar 4?
Será que ensinar a manipulação aos mamilos é a mesma coisa que dizer que não se deve comer com as mãos mas sim com faca e garfo?
Será?
Será?
Penso que não.
Penso que não é possível "educar" a sexualidade às crianças.
A sexualidade, o sexo (razão base e patente para a preservação da espécie) é inato; nasce com o bebé e vem nos génes; é um instinto animal e ele se vai "formando" por ele mesmo.
-
Eu não sou contra a educação
Eu não sou contra essa hipótese
Eu aceito essa possibilidade
Mas
o que é que eu vou ensinar?
Significa que:
Nós,
nós que nunca tivemos aulas de educação sexual
Nós,
nós a quem sempre nos esconderam e fizeram tabú do sexo
Nós
até ao dia de hoje não
fomos capazes de saber fazer amor?
Será?
Será
que todos nós somos "monstros sexuais", activos prejudiciais pais e avós dos nossos filhos e dos nossos netos,
porque
nunca ninguém nos ensinou?
E
se nunca ninguém nos ensinou
como foi possível até hoje
a humanidade ter sobrevivido?
O que vou eu
ensinar às crianças se não aprendi?
Como vou eu criar um programa de ensino de educação sexual se eu nunca tive esse programa?
O que vou eu ensinar a essas crianças? Unicamente o que sei?
Que mais sei eu para além do que sei?
Não fui eu que aprendi a caminhar?
Não fui eu que assumi o risco?
Alguém me disse como manipular o meu sexo?
Alguém me disse como introduzir um pénis numa vagina?
Alguém me disse o que fazer?
Não.
Fui aprendendo e inventando.
Descobrindo.
Deixem a criança aprender por ela mesma; descobrir o corpo e fazer experiências.
Digam-lhe apenas aquilo que já sabem que não deve ser feito; digam-lhes para não irem por ali porque podem escorregar e partir a cabeça; mas não lhe digam por "onde" ir.
Digam apenas o que não deve ser feito.
MAS
mesmo assim
mesmo dizendo o que não deve ser feito
mas
mesmo dizendo qual o caminho a não ser caminhado
não será errado coartar a descoberta?
Quem está habilitado a educar sexualmente uma criança?
Quem está habilitado a formar educadores sexuais?
Quem está, em matéria de sexo, acima de qualquer suspeita?
Quem vai fazer o programa?
Padres?
Médicos?
Sexólogos?
Psicólogos?
E, porque não um Matemático?
E, porque não um Físico?
E, porque não um Químico?
E, porque não um Zé Ninguém?
Não sou contra a educação.
Não sou contra o sexo (bem pelo contrário).
Mas
o que vou eu ensinar?
Educação Sexual
será idêntico a
Educação Física?
Educação de Religião e Moral como nos anos Salazaristas? (LOL)
Deixem-me rir.
Ensinem o que sabem, sim; mas enquanto que para toda a gente no Mundo um Garfo é um garfo e uma laranja é uma laranja e que 2 mais 2 são 4 e que a molécula disto com a molécula daquilo dá aqueloutro,
um pénis de uma criança de 10 anos não é igual ao pénis do seu colega de carteira,
uma vagina de uma miúda de 12 anos pode estar mais desenvolvida que uma de 14,
o clitóris A, B ou C é de diferente estimulação em D, E ou F
etc etc
o amor desenvolve-se
descobre-se
pelo conhecimento do próprio corpo e por aí em diante
pela descoberta
pelo êrro
pelo sucesso
pelo prazer
pelo desgosto
pela esperança
Como vou eu educar uma criança a fazer amor? Sem primeiro a deixar ela aprender por ela mesmo?
Que lhe vou dizer?
Ler manuais indiferenciados?
Lenga lenga como a tabuada?
Lembram-se os cotas de termos aprendido a tabuada a cantar?
Hoje, as crianças não cantam a tabuada: usam uma calculadora!
Pede-se sempre o Éluard . "Je suis né por te connaître, pour te nommer, LIBERTÉ"
tsup,
Por isso mesmo. Mas, um plano desta magnitude, teria que ter esses 'casos específicos' em consideração. Até para não os acobertar.
...o problema é capaz de estar aí,no nome: 'educação sexual', hummmm...
...lembram-se do q acontece(u) com a disc. de 'Formação Cívica'?, pois...
Digam-lhe apenas aquilo que já sabem que não deve ser feito(...)
...mas esse é, exactamente, um dos grandes problemas: 'quem diz o quê' ... q ñ deve ser feito!?...o Prof por certo dirá uma coisa mt diferente da prof de educação moral e religiosa e, no entanto, ambos sabem o q ñ deve ser feito, cada um segundo a sua ideia e vivência...
...no meu entender a questão ñ está no ensinar as criancinhas a fazerem sexo!,descanse-se os pais e mães hipócritas q, em casa e à mais pequena pergunta, mandam as ditas criancinhas ficarem caladas "ou levam uma galheta!"; descanse-se tb. um outro tipo de pais q se acham mt mais capazes q qq professorzeco, mas depois o tempo é pouco para ganhar para todos os carros e casas e trapinhos e férias mais os ginásios q se precisam frequentar e copo q se precisa ir tomar...; entretanto descanse-se tb. alguns profs q barafustam q "ñ faltava mais nada, já tenho q educar os meus, qt mais os dos outros, com o ordenado q o ministério me paga, era o q faltava!"... e com isto anda-se há anos a tentar fazer qq coisa, ou será antes a fingir q se tenta....?!?...sem sair da cêpa torta...
...há quem pense q já se fez alguma coisa, eu tenho dúvidas com o crescente nr de adolescentes grávidas...
Para JMV:
Também notei o comentário da 250 graus oeste. O meu filho frequentou uma escola onde em 1991/92 uma colaboradora sua efectuou uma sessão com os alunos. Claro que fui 100% a favor e apreciei o vosso esforço.
Gostaria agora de fazer um desabafo que não tem propriamente a ver com o post de hoje, mas que se insere no assunto "crianças", neste caso crianças antes de o serem.
Como deve saber, os professores não podem justificar uma falta a um exame ou reunião de avaliação com um atestado de doença de um familiar. Acabei de saber o seguinte caso que sucedeu com um professor duma escola da minha zona:
A mulher deu entrada na maternidade de madrugada e ele tinha reuniões de avaliação desde as 8/9 da manhã. O médico não quis passar um atestado no nome dele, o que é correcto, pois ele não estava doente. Teve, assim, que deixar a mulher sozinha. Passou a manhã toda a telefonar para a maternidade e só quando a criança nasceu é que se pôde ir embora, pois agora já tinha direito a pedir a licença de paternidade. Está a ver isto? Imagine o que sentirá um casal nesta situação, especialmente se optou por um parto psico-profilático. Depois de andar 2 meses a fazer exercícios, de repente, o pai não pode estar presente.
Felizmente, hoje em dia, cada vez mais homens querem viver este momento. Depois vem o legislador e desincentiva.
Parece que o senhor anda mesmo "a pregar no deserto".
Para a Andorinha:
Não achas esta de bradar aos céus? Já sucedeu com algum colega teu?
Depois da criança nascer já pode pôr os 2 diazinhos da praxe, mas durante o parto não, porque ainda não é pai. Se faltar e a criança só nascer no dia seguinte, ou lhe passam um atestado falso ou fica com uma falta injustificada e, como sabes, só se podem dar 2 faltas injustificadas durante a carreira.
Nota para quem não é professor: está-se APENAS a falar de faltas a exames e reuniões de avaliação. Claro que nos outros dias as regras são diferentes.
Já depois de ter deixado o meu cometário anterior, estive a ler o que por áí se dizia sobre a Educação Sexual nas escolas.
Condordo com algumas das coisas que são ditas e não concordo nada com outras.
Então com o extenso comentário anónimo que acabo de ler mesmo acima...
A descoberta que se faz do sexo com experiências,do tipo tentativa e erro é cada vez menos o caminho a apontar. É que, neste caso, o erro é, muitas vezes irremediável. E não se aprendem comportamentos sexuais propriamente do mesmo modo como se aprende Matemática ou a andar de bicicleta.
Para o erro, em Matemática (com o qual se pode aprender e muito), há a borracha para apagar; para o sexo, a borracha,quando muito, pode ser para prevenir o erro...
Para o erro na bicicleta, há o betadine.
Mas, para a gravidez indesejada? E para as DST?
E, já agora, comentando... alguns comentários anteriores sempre quero dizer que, apesar do sistema educativo monolítico e rígido que é o nosso, ainda há alguns corredores de liberdade que nós, professores ainda podemos explorar (e muitas vezes não queremos ou não sabemos percorrer...),
Nessa coisa que existe no Ensino Básico chamada Área de Projecto, podem fazer-se coisas. Modestamente, se calhar com alguns erros de percurso, eu e uma colega , estamos a trabalhar num projecto, envolvendo crianças entre os 11 e os 13 anos, em que estas são levadas a investigar, discutir, reunir informação, sobre questões relacionadas com a sexualidade.
É claro que não vão, para já, abordar problemáticas que o(a) comentador(a) anónimo(a) disse serem essenciais, tais como técnicas de masturbação... Porque, nesta área, também existem etapas e degraus de aprendizagem que têm a ver com os níveis etários diferenciados.
Portanto, concluindo, e como diz um provérbio chinês, também aqui "mais vale acender uma vela pequenina do que lamentar a escuridão!"
Bom...Após alguma pesquisa, consegui encontrar o que procurava. Para todos os docentes que visitam o blogue, que tenham bom comando da língua Inglesa e que tenham interesse em saber quais são linhas com que se cozem os vossos colegas no Reino Unido, baixem o Sex and Relationship
Education Guidance, em formato pdf.
Para o anónimo/a das 6:03 PM, é capaz de responder a muitas das dúvidas expressas.
Anónimo, calma.
Eu também não gosto da palavra "educação". Prefiro a de "informação", associada ao debate.
Lembro-me de, na tenra juventude, ter uma ideia errada sobre muita coisa, mesmo muita.
- Eu não fui, mas posso assumir a responsabilidade!:)
Cinderela
Eles são duas crianças
a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros,
ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira
passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados
e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos outro dia,
como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo:
'O meu nome é Pedro e o teu qual é?'
Ela corou um pouquinho
e respondeu baixinho: 'Sou a cinderela'.
Quando a noite o envolveu
ele adormeceu e sonhou com ela...
Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias
a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua,
no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu,
encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada
ninguém deu por nada, ele até chorou...
Então ...
E agora, nos recreios,
dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda,
tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses momentos,
houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela:
'Sabes Cinderela, eu gosto de ti...'
Carlos Paião
:):):):):)
Bons sonhos!
Muito a propósito este poema de Eluard. Gosto de pensar que eu, adulta, tenho os olhos dessa criança que são os meus olhos antigos, mas ainda olho e sonho muitas vezes o mundo e a vida com esses olhos (de criança).
Pamina,
Claro que o caso que relatas é de bradar aos céus!
Pessoalmente não tenho conhecimento de que algo de semelhante se tenha passado com algum colega meu, mas neste país já nada me espanta!
Ajcm,
Totalmente de acordo, colega:)
...o meu desejo de um BOM FIM DE SEMANA para todos; mesmo com esta chuvita...
...e
...que, amanhã... ganhe o que mais merecer ganhar!...
...
crazy
o poema de pé quebrado não ajuda nada à necessidade de protagonismo.
Exiba-se mais um bocadinho linda menina, mas com jeitinho.
Bom dia J.Lobices, bem aparecido.
Até para a semana.
"As brincadeiras de azul e de nuvens"... Qual será então a linguagem desse tempo que não morre?
Bom tarde Professor e maralhal.
Estava agora a reler o seu post sem as "correrias" que nos perseguem durante a semana e dou comigo a pensar que, os olhos das crianças não são toldados pelo que quer que seja e olham-nos nos olhos com uma atenção brincalhona como se perscrutassem aquilo que nos vai na alma.
Quando é que começámos a perder essa capacidade e esse "encanto"?
Acredito que muitos adultos ainda a mantenham e por isso são tão sedutores e joviais.
Bom fim de semana
Acredito que muitos adultos ainda a mantenham e por isso são tão sedutores e joviais.
Maite,
Estava a pensar em mim, não é? ;)))))))))))))))))))))))
O que é "Educação Sexual"?
Como se educa sexualmente uma criança?"
Anónimo,
Educação sexual tem a ver com o facto de elas aprenderem princípios básicos sobre como se concebe, como funciona o corpo...
Honestamente n desejaria um filho meu a aprender como se deve ou não masturbar!
Que aprenda a poder perguntar sobre isso já é muito bom.
Saber que no seu crescimento sexual podem existir "bébés" envolvidos ou sida ou outras doenças... aí já me parece muito bem...
Porque os garotos no meu tempo, e já lá vai esse tempo, já jogavam ao "bate pé" - beijinho na face, na testa, na boca... É próprio deles explorarem.
Explicar que existe estômago, esófago... blá blá blá... não me parece que tenha a ver com credo, cor ou diferenças sociais.
E não se ensina ninguém a fazer bolos na aula...
Eu sou o Anónimo das 8.03 PM de ontem dia 20.
- Ninguém percebeu o que eu escrevi.
- É que ninguém (mas mesmo ninguém) tem capacidade para educar sexualmente quem quer que seja, quanto mais uma criança.
- Se um determinado género de Pais não concebe a hipótese de falar sobre sexo com os seus filhos, como pode aceitar que um estranho, mesmo professor, possa falar de sexo com esses seus filhos? Que lhes está esse Professor a ensinar?
Mas que "raio" de educação sexual é aquela que vai para além (ou está aquém) do que para mim é o correcto?
Quem é que tem o "direito" de educar sexualmente o meu "filho" se essa educação estiver "fora" dos meus cânones sexuais?
Quem tem o "direito" de inventar um Programa de Educação Sexual para as Escolas?
Que formação sexual têm esses educadores?
Que "tipo" de programa é esse?
O que é que vão ensinar que eu, pai ou avô, ou mãe ou tia, não possa eu ensinar à minha criança?
Que Parlamento vai legislar sobre que Programa de Educação Sexual?
Quem são "eles"?
Que "tipo" de formação ou informação têm eles para ditarem o que deve ser dito nas aulas de Educação Sexual?
Mas quem tem a veleidade de pensar que aquilo que eu aprendi e fiz ao loongo da minha vida é igual ao que tu fizeste?
E que, portanto, possa ser generalizado num certo Programa de Educação Sexual?
O que é a Educação Sexual?
Que vamos "dizer" ou "demosntrar" aos miúdos?
Que diferenças devem existir no Programa para rapazes e que diferenças devem existir no programa para raparigas?
Como educar sexualmente um rapaz sobre os problemas específicos de uma rapariga? E vice-versa?
O problema não está em educar; o problema está em que NÃO existe a possibilidade de constituir um Programa de Educação Sexual.
Não se pode educar a sexualidade.
A sexualidade é individual.
É única de ser para ser.
É própria para cada um.
É de cada um.
Porque a sociedade sexual existe porque a individualidade sexual existe.
Se
educarmos sexualmente todos pelo mesmo diapasão
vamos ter um grupo de jovens a funcionar de igual modo e a interagirem uns com os outros de modo idêntico. Onde restará, pois, a capacidade individual da diferenciação?
Onde cabe, numa Educação Sexual, o "Amor"?
A descoberta?
A individualidade?
A possibilidade de opção?
- Como estais todos enganados, aqueles que pensam que é viável uma Educação Sexual Indiferenciada; um Manual Para Todos os Géneros; um Tratado; ou, talvez: A Arte de bem Cavalgar Toda a Sela!
Não se iludam.
Educar sexualidade é impossivel.
Mostrar, repito, os maus caminhos é um dever. Dizer qual o caminho a seguir é um ERRO!
Pensem bem na opção.
Rectifico: sou o anónimo das 6.03 e não 8.o3.
Boa tarde Júlio (wherever you are) e maralhal.
Lobices,
...e que esse seja o Benfica.:)))
Portocroft,
Não sejas tão convencido, não te fica nada bem.:)))
E diz-me uma coisa - os anónimos serão todos estúpidos?
Depois nós é que não percebemos...
Andorinha,
O pior é que não sou mesmo absolutamente nada. Daí que... ;)
Anónimo da 1:37 PM,
Creio que as suas preocupações são legítimas. Estão na linha de todos os tabus e absurdos judaico-cristãos que, ainda, minam o mundo ocidental. Mas, vá lá... há quem ainda não deixe um médico observar a mulher senão pelo reflexo dum espelho. Você, comparativamente, até que está bem evoluído/a.;)
Para o anónimo das 6:03 de ontem e das 12:46 de hoje, só mais uma pequena achega: também te achas no direito de decidir que tipo de Matemática (p.explo) autorizas que ensinem ao teu filho?
Como tu não podes intervir nisso, concluis que não deve haver Educação Matemática nas escolas?
E não me repondas que são coisas muito diferentes pois essa tal Educação Matemática é decisiva para a formação da pessoa!
E podes chegar a um beco sem saída pois, se calhar, vai ser muito difícil encontrares uma escola que, nas várias áreas de formação corresponda integralmente a todos os teu "cânones educativos".
Não pensas que pode haver gente que possui uma preparação que tu não tens e em que tenhas de confiar? E não é isso que acontece, quando, por exemplo, vais ao médico?
Para: ajcm das 5.36 PM:
Vamos por partes.
Primeiro: a matemática é uma ciência exacta e tanto ensina que 2 + 2 são 4 aqui, ali e acolá e para toda a gente.
Segundo: a Matemática que ensinam às minhas crianças (já não as tenho, já sou muito gera) é uma educação baseada em cânones idènticos para toda a gente.
-
Portanto, não podes colocar a minha dúvida nesses parâmetros; aliás, até nem parece teu, fazeres essa alusão!
- a minha dúvida está e baseia-se em que não existe POSSIBILIDADE prática de fazeres do SEXO um Ciência exacta a qual podes ensinar, educando! Ou seja, podes educar uma criança a aprender como escrever mas nunca a podes educar como se deve masturbar!
- Acho que isto é simples e claro.
Como vais EDUCAR as crianças a terem comportamentos sexuais e de sexualidade que são tão intrinsecamente do foro íntimo de cada pessoa?
Como vais EDUCAR uma criança sobre uma coisa que se vai DESENVOLVER com ela e não por aquilo que lhe ensinas?
Uma coisa é dizer: Yes quer dizer sim; 5 vezes 5 são 25, porque assim será para o resto da sua vida
Outra coisa é dizer: que se deve fazer desta e daquela maneira em matéria de relações sexuais quando estas nascem primeiro pelo estímulo cerebral do líbido, passando para um desejo que necessita de estimulação que leve finalmente a um orgasmo
ISTO não se EDUCA
Isto faz parte do foro íntimo, físico e psicológico de cada um
- Daí que eu diga que se deve dizer quis os caminhos que não devem ser percorrido mas nunca ninguém terá o direito de EDUCAR a criança a seguir um caminho! (Porque este não existe - existe sim o caminho e o percurso de cada ser humano)
AJCM
Discordo exactamente do seu comentário.;) Desculpe que lhe diga mas, você está exactamente, portanto, completamente inexacto.;)))) O que faz falta é renegar as ciências (e tudo o resto) que for inexacto.;)
Portanto, exactamente por isso, renego os seus comentários. ;))))))))))))))))))))
(isto, transitoriamente e até que, com exatidão nos consiga provar que os seus raciocínios são, completamente, exactos) ;)))))
Sebastião Salgado sobre a exposição
«Quis provocar um debate sobre o estado do planeta. Esta globalização de que tanto se fala não são apenas cifras. Também são pessoas que estão sendo globalizadas. Deixaram-me fotografá-las, tenho a responsabilidade de mostrar estas imagens da maneira mais ampla possível. É uma exposição global».
“Êxodos” está divida em cinco grandes áreas temáticas:
- Migrantes e refugiados: o instinto da sobrevivência: onde se mostram os sonhos de mexicanos, marroquinos, vietnamitas, russos e muitos outros, que partem das suas cidades em busca de uma vida melhor;
- A tragédia africana: um continente à deriva: onde se mostra o sofrimento de quem viveu o genocídio do Ruanda, os dramas do Zaire e toda a política étnica da África Central;
- América Latina: êxodo rural, desordem urbana: fotografias marcadas pela pobreza das dezenas de milhões de camponeses que migraram para áreas urbanas;
- Ásia: a nova face urbana do mundo: onde se retrata o perfil urbano que a Ásia ganhou com a fuga à pobreza rural. Do Cairo a Xangai, de Istambul a Jacarta, de Bombaim a Manila, a migração criou mega-cidades;
- Crianças de hoje, homens e mulheres do novo século: secção composta exclusivamente por retratos fotográficos de crianças com menos de 15 anos, tirados no Afeganistão, Angola, Bósnia, Brasil, Burundi, Croácia, Hong-Kong, Índia, Indonésia, Iraque, Moçambique, Paquistão, Ruanda, Sul do Sudão, Turquia, Vietname e Zaire. É uma verdadeira amostra de homens e mulheres do amanhã; retratos directos e simples, de dignidade e dor.
Paralelamente, com a inauguração da exposição, Portugal associou-se também, através da chancela da Editorial Caminho, ao lançamento mundial de dois livros do fotógrafo brasileiro.
Trata-se do livro “Êxodus”, de 432 páginas e do livro “Retratos”, de 112 páginas, que contêm imagens de crianças refugiadas. Ambos constituem uma verdadeira memória da exposição patente no Pavilhão de Portugal.
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