quinta-feira, junho 08, 2006

Se for verdade, que estranha "moldura" para um desmentido!

Gaiato: director agride criança durante entrevista
2006/06/08 | 12:46
Padre estava a desmentir à Lusa a existência de maus tratos na instituição


O responsável máximo das Casas do Gaiato, padre Acílio Fernandes, deu hoje uma bofetada a uma criança de cinco anos enquanto desmentia à Lusa os maus tratos na instituição que constam de uma acusação do Ministério Público.

O padre Acílio Fernandes, que também foi director da Casa do Gaiato de Setúbal até Julho de 2001, quando foi substituído pelo actual director, Júlio Pereira, deu a bofetada ao menino porque este teimava em aproximar-se do local onde o responsável prestava declarações à agência Lusa.

Depois de o mandar embora por duas ou três vezes, à última tentativa de aproximação da criança, que diz chamar-se Jaime e ter cinco anos, o padre Acílio não hesitou e deu-lhe uma estalada.

«A criança estava aqui à minha volta e [eu] já a tinha mandado embora várias vezes. Ele agora foi-se embora. Não lhe dei um estalo, bati-lhe com a mão para ele se ir embora», justificou-se o director- geral das Casas do Gaiato, esclarecendo que o Jaime é filho de um «gaiato», mas não pertence à instituição.

«Isto não foi um mau trato, foi um bom trato. Não me viu antes agarrá-lo ao colo, acariciá-lo e beijá-lo? Sabe quem faz isso? É um pai. Nós aqui não somos directores, somos pais de família», justificou- se o responsável nacional pelas Casas do Gaiato.

A Lusa contactou o padre Acílio Fernandes para que este reagisse a uma notícia de hoje do Diário de Notícias, segundo a qual o Ministério Público acusou o director da Casa do Gaiato de Setúbal, padre Júlio Pereira, da prática de quatro crimes de maus-tratos a crianças.

O Ministério Público acusou ainda dois funcionários, de 38 e 35 anos, e uma senhora de apoio à instituição, de 66 anos, por ofensas à integridade física das crianças, refere o jornal.

De acordo com o DN, em 2004, uma das vítimas, então com 15 anos, terá sido agredida com chinelos e paus de vassoura partidos ao mesmo tempo que recebia pontapés e chapadas na cabeça.

A esta vítima foi ainda exigido que fizesse 153 flexões depois do jantar e que permanecesse um dia sem comer com a obrigação de se manter em pé e de braços abertos, conta o Diário de Noticias.

Minutos antes de dar bofetada à criança, o padre Acílio negou em declarações à Lusa a existência de maus- tratos em qualquer umas das Casas do Gaiato.

«É mentira. É tudo mentira. Nunca em nenhuma Casa do Gaiato eu ouvi que alguém mandasse fazer flexões aos rapazes. Isto não é nenhuma tropa», sublinhou o padre.

«O levar chapadas na cara é natural se ele disse obscenidades para a senhora, se ofendeu a senhora», sublinhou o padre numa referência à funcionária da instituição que foi acusada de maus-tratos a uma dos «gaiatos» juntamente com o responsável Júlio Pereira.

O padre Acílio Fernandes acusou ainda o Ministério Público de divulgar na comunicação social «coisas que nunca se provaram. Estamos num regime de ditadura do Ministério Público e da Comunicação Social», disse.

O padre Acílio Fernandes foi director da Casa do Gaiato de Setúbal até 2001, quando foi substituído pelo actual director, Júlio Pereira.

29 comentários:

b' disse...

boa tarde,

realmente, será que assim alguém vai acreditar no que diz o senhor padre???

voltamos à velha questão disciplina vs. maus tratos

até onde se deve/pode ir nos correctivos?

penso que umas "nalgadas" aplicadas na altura certa darão bons resultados, em especial quando as crianças ainda são pequenas

agora bofetadas penso que não, são demasiado humilhantes

mas isto sou eu... que sou só teórica

@:)

Fora-de-Lei disse...

Azar ou descuido do padre que deu o estaladão ao puto ??? É tudo muito confuso... é muito difícil tirar conclusões.

PS: por mais que gostasse de ter lá estado, ter-me-ia sido humanamente impossível participar na última jantarada do Murcon. Apraz-me registar que - tal como era expectável - se tratou de um momento muito agradável para todos.

CD disse...

Agora os padres também são pais?
E as mães? São as freiras?
Será que eles sabem que os filhos não vem das cegonhas?

Moon disse...

Boa tarde!

Fico contente que tenha havido mais um são convívio no dia 5 de Junho. É assim mesmo maralhaL, gosto disso!:)))))

Quanto ao tema de hoje, já muito se disse e (infelizmente) não me parece que vá ficar por aqui...:((
Há muito ainda a fazer neste campo. Fico triste por Portugal ser referenciado como um dos países mais negligentes nesta matéria. Mais triste fico quando oiço os representeantes das diversas comissões de menores falarem de desarticulação entre instituições e de desconhecimento de informações vitais para tomada de decisões. Se é do domínio publico que as coisas não funcionam porque é que não se resolvem? Falta de vontade politica ou de sensibilidade?
Causa-me arrepios que, nesta matéria, muitas vezes só se faça alguma coisa quando o pior já aconteceu. O velho problema de "casa assaltada, trancas à porta".
Aposta-se muito pouco em prevenção e os garotos na maioria das vezes estão entregues e ao cuidado do poder -arbitrário- de adultos e tantas vezes, a si próprios...
Triste, muito triste...:(((((

andorinha disse...

Boa tarde.

Mais uma triste notícia neste nosso Portugal. Notícias destas começam, infelizmente a tornar-se banais.:(
E se o padre dá uma chapada ou um estaladão a uma criança à luz do dia isso só sgnifica que para ele isso não são maus tratos.
Pergunto então o que se passará por detrás dos muros?

Fora de lei,
Haverá mais convívios, não foi o último.:)

Vera_Effigies disse...

A agressão física feita nestes moldes "terá sido agredida com chinelos e paus de vassoura partidos ao mesmo tempo que recebia pontapés e chapadas na cabeça." e outros mais sádicos por senhores de batina, eu conheço de perto.
Ao ler isto recuei uns anos e vi: o chicote, a régua de cinco buracos, a régua do quadro, para as aulas de matemática, tantas vezes substituída por ser frágil em costas duras (ou cabeças); a cana da índia e tantos outros instrumentos que vi usar e senti na pele em apenas um ano de colégio de padres.
Fico possessa quando colegas meus, daquele mesmo ano, a quem vi tirar as camisolas para levar de chicote na presença de todos, por imposição do Director carrasco, defendem estas atitudes passadas. Homenageiam o animal como se de ser humano se tratasse. Um deles é hoje padre, deve ter visto pior, mas os outros...
Não percebo!
É só o que posso dizer.

MJ

fiury disse...

já não me choco com quase nada, mas estou chocada com alguns dos vossos comentários. é fácil exercer o poder pela força por pais ou padres.muito mais a seres indefesos.também é mais fácil acreditar nos adultos.de facto o estado, a igreja e nós todos estamos de parabéns pelo modo como tratamos as nossas crianças

Pamina disse...

Boa noite.

Os blogs continuam marados, mas lá consegui entrar.

Se não fosse tão (realmente) triste pareceria anedota.
O comentário da Lusco Fusco comoveu-me. Embora a minha professora da escola primária desse reguadas, felizmente não passei por uma experiência tão extrema. Aquele ano deve ter sido terrível.
Acho muito bem que o Ministério Público investigue (estamos tão habituados à sua inércia) e espero que os culpados não fiquem impunes. Preocupa-me o facto de dois acusados terem 38 e 35 anos. Parece que não se trata de comportamentos apenas da "velha guarda".

Vera_Effigies disse...

Isabel
Sei que não é geral. Isto passou-se noutro tempo. O homem era doente, mas o certo é que os restantes (e eram 12 padres)o seguiam, não com tanta violência. Dois deles eram a nossa salvação em tareias fixadas para o dia a seguir, noites de insónia e medo... Um terror. Tinhamos 12 anos.
Para ter uma ideia:
Um dia enquanto esperavamos o professor de matemática sentados na sala depois do toque, senti vontade de ir ao wc. O medo do director e que o professor viesse na minha ausencia fez-me espreitar a sala de professores que julguei vazia (para ver se me dava tempo) Deparo com o director sentado numa poltrona e a criada, que ele traçava pela cinta, no braço da poltrona. Já não fui. Perdi a vontade, ele viu-me. Havia uma esperança de isso não ter acontecido... Fui para o meu lugar na sala de aula. Calada e cheia de medo. Mas fiquei logo a saber que sim senti dois croques enormes de mão fechada no meu nariz. Lembrar dói. Imagine a dor o sangue e o desespero... Pedi para sair e ir á casa de banho em lágrimas e a resposta seca "Sangree aí!". Não esqueci. Sou católica e perdoar não é fácil.
Apanhei porque vi o que não devia.
Quem vê caras, não vê corações.
MJ

ASPÁSIA disse...

Passo só para desejar boa noite a todos, ando nalgumas tarefas que me têm tomado muito tempo...

Também desejo bon voyage ao Professor e boas languedocadas...:))

Manolo Heredia disse...

O miúdo de 4 anos que se escapa da mão da mãe e atravessa a rua a correr deve levar 2 estalos na cara ao mesmo tempo que ouve a repreensão para não voltar a repetrir o acto.
O "estalo", aqui, não é uma punição física, tem a função de aumentar o dramatismo da proibição, para chamar a atenção física de que se trata de um ensinamento importante para a sobrevivência da criança.
É um disparate abolir pura e simplesmente este tipo de acto físico, pois não põe em risco a integridade física da criança e, usado de uma forma adequada não é humilhante, antes pelo contrário.

Manuel Reis disse...

Ficamos muito admirados com a situação em que o país se encontra, mas eu acho que não temos que nos admirar. Basta ver exemplos destes.
Isto define o nivel cultural, social e de personalidade do país que todos somos, que temos.
Continuamos a preocupar-nos com as coisas menos importantes da vida, com aquilo que apenas nos dá satisfação material e que dura tão pouco tempo.
Estamos a falar apenas deste caso que por acaso se passou por aqui, mas convenhamos que noutros lados acontece a mesma coisa.
será que estamos a ir na direcção certa?

lobices disse...

...faço minhas estas palavras da lusco-fusco:
Ao ler isto recuei uns anos e vi: o chicote, a régua de cinco buracos, a régua do quadro, para as aulas de matemática, tantas vezes substituída por ser frágil em costas duras (ou cabeças); a cana da índia e tantos outros instrumentos que vi usar e senti na pele em apenas um ano de colégio de padres.
Fico possessa quando colegas meus, daquele mesmo ano, a quem vi tirar as camisolas para levar de chicote na presença de todos, por imposição do Director carrasco, defendem estas atitudes passadas. Homenageiam o animal como se de ser humano se tratasse. Um deles é hoje padre, deve ter visto pior, mas os outros...
Não percebo!

indigente andrajoso disse...

então já não se pode dar palmadinhas de amor?

que será com as camaras desligadas?

que parvoice...

Elsa disse...

Por acaso, guardo com fervor os registos na Bíblia acerda dos valentes sopapos que Cristo aplicava aos pecadores.
Redimem e curam.

Mário Santos disse...

1º o esquema de ter 'O Amor É' em podcast é fantástico, já tenho o ouvido em dia!

2º não vejo justificação para dar bofetadas (e não me parece nada bom trato), embora daí aos pontapés vá uma diferença. Até agora temos conseguido educar os nossos filhos sem bofetadas e para já acho que não nos estamos a sair mal.

Luís Monteiro disse...

É obvio que o limite das bofetadas deve ser o da ética e do bom senso, isto é, se de facto o que aconteceu foi exactamente assim então o director errou. Mas o que leva a tds a acreditar 100% no DN? E dps esta psicose nacional de só dar atenção às instituições faz parecer que nas familias é que se está bem. Na verdade em numeros absolutos quem enche as urgências são os queridos tios, tias, pais, mães, avôs e avós.

LR disse...

Ninguém duvida que nestas instituições falte gente verdadeiramente preparada.
Não são pedagogos,e talvez devessem ser. Talvez, não. Deviam mesmo.
Mas será que são "sociedades secretas de maus tratos infantis", como às vezes parecem insinuar os agentes da comunicação social?

Que alternativas há no nosso país para os miúdos de rua, senão estas pessoas inseridas em instituições vocacionadas para a inclusão?
A sociedade civil apresenta alternativas?
Temo que em Portugal não...

O facto é que evidentemente que não deveria haver abusos.
Mas estes miúdos não são casos fáceis.
Se não entrassem ali...estou 100% convencida que mais cedo ou mais tarde quem os acolheria intra muros eram... as nossas prisões.
E aí, os maus tratos são de bola vermelha.

thorazine disse...

Acho que o problema está mesmo ai angie.

Estes senhores que têm o "frête" de ficar com os "restos" da sociedade vêem, como recompensa talvez inconsciênte, o descarregar as fustrações ou mesmo explorar sentimentos de poder nestas crianças. Ainda para mais para um homem de deus, que tanto acumula!

Em vez de tanto investimento nos estádios ou tantas outras coisas, devia-se tratar dos humanos, das crianças que não têm quem lhes mostre o verdadeiro amor. Eles vão ser os homens consoante a educação que têm, logo, não há mesmo dúvida que talvez a culpa nem seja tanto deles se algum dia virarem para um mau caminho.

Realmente revolta-me estas situações. Imagino sempre um "Monsieur Mathieu" dos filme "Les coristes" como o S. Sebastião dos Gaiatos. :))

thorazine disse...

manolo heredia,
eu, que ainda tenho 19 anos posso-lhe garantir que nunca precisei de levar uns "tabefes" da minha mãe para sentir o poder do seu arregalar de olhos ou mesmo só na forma de como entoa o meu nome.

Não é preciso violência para os cães de Pavlov salivarem, basta o som de um campainha! :)

moonlover disse...

è realmente impressionante que ainda se tente encontrar explicação para os actos descritos na acusação!
não existe nenhuma razão para conseguir o que quer que seja através da violência!
o padre ainda teve o azar de perder a paciência em frente ás camaras...

APC disse...

Também li essa notícia pla manhã e até achei uma coincidência curiosa o facto de eu ter falado telefonicamente com esse senhor (que tem "pronunxia") há coisa de pouco mais de um mês; uma conversa algo sui generis, na medida em que me contou que foi um dos primeiros aluno (o 28º, de uma turma única, então, se não me engano) do ISPA, onde estudei.
Enfim, deixo-vos esta banalidade, que de pouco serve, na falta de melhor.
Bem hajam! :-)

Vera_Effigies disse...

O relato que fiz era de um colégio mensalmente pago a preço de ouro pelos nossos pais. Basta ler o que acontece e aconteceu no Colégio D. Diogo de Sousa em Braga, também este pago a peso de ouro...
Eu, padres bons, só conheci excepções :))))

fiury disse...

ainda a propósito de crianças em instituições:

http://jpn.icicom.up.pt/2006/06/05/nova_base_de_dados_para_agilizar_processo_de_adopcao.html

não será um pau de dois bicos?
crianças diferentes(por deficiência) não serão sinalizadas mesmo aos organismos oficiais. sabe-se que no topo das prioridades dos candidatos a adoptantes vem "menina branca até 1 ano", em portugal. sabe-se também que a maioria dos candidatos a adoptantes são casais com problemas de infertilidade, que "naturalmente" preferem crianças que se aproximam do filho que imaginariam ter. é uma opção que temos de respeitar. quanto às outras ( a grande maioria)não são procuradas pelas mais diversas razões. são essas que ficam a sofrer ( com padres e outros) anos a fio, sem que nunca cheguem os pais. as condições de apoio às familias que os podiam acolher são nulas.(falo de casais, pessoas solteiras, divorciadas ou em união de facto, hetero ou homosexuais)que, já com filhos ou não, podem enriquecer a familia ao adoptar uma criança já mais velha,com cancro, sida ou outra doença ou deficiência. estas representam uma maioria e é nelas que temos que começar a pensar!

Anónimo disse...

Manolo Herédia said...
O miúdo de 4 anos que se escapa da mão da mãe e atravessa a rua a correr deve levar 2 estalos na cara ao mesmo tempo que ouve a repreensão para não voltar a repetrir o acto.
O "estalo", aqui, não é uma punição física, tem a função de aumentar o dramatismo da proibição, para chamar a atenção física de que se trata de um ensinamento importante para a sobrevivência da criança.
É um disparate abolir pura e simplesmente este tipo de acto físico, pois não põe em risco a integridade física da criança e, usado de uma forma adequada não é humilhante, antes pelo contrário.
Manolo Herédia

Thorazine said...
manolo heredia,
eu, que ainda tenho 19 anos posso-lhe garantir que nunca precisei de levar uns "tabefes" da minha mãe para sentir o poder do seu arregalar de olhos ou mesmo só na forma de como entoa o meu nome.

Não é preciso violência para os cães de Pavlov salivarem, basta o som de um campainha! :)
Thorazine


Thorazine,
Concordo em ABSOLUTO com o que diz. É exclusivamente assim que tenho educado a minha filha - com arregalar de olhos e nome entoado - e estou muito satisfeita com o resultado. Já lá vão dez anos e nem um só levantar de mão foi preciso até hoje. E é educadíssima :)

Anónimo disse...

O estalo é absolutamente humilhante. Não conheço quem leve um estalo e alguma vez perdoe a quem lho deu.

Rui Diniz Monteiro disse...

Seria de rir, se não fosse trágico, ver pessoas a defender castigos e retiradas de privilégios para os outros, mas nunca para si próprias.
Ainda estou à espera de ver alguém, que defende agressões físicas para as crianças, pugnar que elas sejam aplicadas a si próprio sempre que fizer algo de perigoso e contra as regras estabelecidas: por exemplo, sempre que exceder o limite de velocidade na estrada!

thorazine disse...

BlahBlahBlah,
eu ainda não tenho filhos (e nem acho que tenha para já), mas espero na altura de os educar auinda ter isto bem presente! Acho que está intrínseco e é como andar de bicicleta!

rui,
foi exactamente o que eu pensei. Imaginei logo um carcereiro do Sr. Padre a dar-lhe amor à hora do almoço mas logo a seguir mandar-lhe uns "tabefes", metê-lo a esfregar o chão e a fazer 150 flexões até o almoço sair todo outra vez. Talvez ele fosse obrigado a alargar o seu conceito de violência! :)

Unknown disse...

Esperemos k n seja mais um caso... e k fike MAIS UMA VEZ no eskecimento, e as crianças continuem a viver no inferno