quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Pedir desculpa à sociedade? Por escrito? No telejornal das 20? Se ela recusar é condenada por desobediência?

"Os médicos é que deviam ir para a cadeia"
malacó
Daniel Serrão diz desconhecer situações objectivas em que mulher não pode ter o filho
Helena NorteMédico, especialista em ética da vida e conselheiro do Papa, Daniel Serrão defende o Não no referendo de dia 11. As mulheres são vítimas e precisam de apoio. Não de cadeia. Os profissionais de saúde que fazem abortos é que deviam ser presos.A mulher deve ser punida, mas não com cadeia. Mas a penalização na lei deve continuar porque aborto é um "acto mau". Os militantes do Não devem apoiar as grávidas em dificuldades. E comparar o aborto a terrorismo, como fez Bento XVI, é uma forma de chamar a atenção para a gravidade da questão.JNPor que é que a vida intra-uterina até às dez semanas deve ser mais defendida do que a decisão de uma mulher?Daniel SerrãoNinguém é dono da vida. Nem da sua, muito menos, de outra. E o que está em causa é a vida da criança. Não a vida da mãe. Se houver um conflito entre a vida da mãe e do feto, cabe à mulher decidir. Então, deve mandar-se para a prisão uma mulher que aborte?Claro que não. O aborto não é um acto bom, não deve ser permitido, excepto nas situações já previstas na lei. Mas não deve ser punido com prisão. Aliás, não é a mulher que mata o filho. É o médico, a enfermeira ou quem lhe faz o abortamento. Os médicos é que devem ir para a cadeia?É evidente. Com a actual lei, praticar aborto é crime, logo, o médico que o faz deve ir para a cadeia. Se a lei mudar, já não comete um crime. Mas, do ponto de vista médico, deve continuar a ser censurado - pelos próprios órgãos representativos ou pela sociedade -, porque não se trata de um acto médico.O Código Deontológico dos médicos deve mudar se a lei sobre interrupção voluntária da gravidez for alterada?O Código devia cobrir as situações previstas na lei, que constituem uma intervenção médica, para tratar uma situação clínica, em que a destruição do feto é um efeito colateral. Se o Sim ganhar, devia ser feito um referendo à classe para perguntar se está de acordo que os médicos façam uma intervenção que, embora legal, não é um acto médico.Mas o que está em causa, neste referendo, não é a penalização dos médicos mas, sim, das mulheres. Não é uma hipocrisia manter a penalização se concorda que não devem ir para a prisão?Não. O que está em causa, neste referendo, é perguntar à sociedade se considera bem que uma mulher saudável, com uma gravidez normal e um feto normal, possa destruir o filho. Deve haver punição, mas não concordo que seja uma pena de prisão. A mulher que pratica o aborto precisa de apoio, tudo o que evite a que ela volte a estar numa situação de gravidez indesejada. Está a falar de apoio, mas defende a punição. Qual seria a punição justa?A sociedade devia definir uma punição. Para mim, seria suficiente chamar a mulher, fazer-lhe um discurso que a obrigasse a ponderar. Bastava que pedisse desculpa à sociedade para arrumar o assunto. Olho para a mulher como uma vítima.Sabendo-se que a penalização da mulher não evita a prática do aborto, por que deve impedir-se que seja realizado em estabelecimentos de saúde autorizados e em condições que assegurem a saúde da mulher?O Governo e o Parlamento não sabem o que fazer. Por isso, estão a fazer uma pergunta que se desvia das questões de ética e confunde com pormenores jurídicos e assistenciais. O que devia perguntar-se era se a mulher pode ou não destruir livremente a vida. Se é antes ou depois de um certo prazo, ou em que tipo de estabelecimento, não é o fundamental.E perpetua-se aborto clandestino?Uma grávida sem doença, que deseja ser abortada, quer manter a clandestinidade no sentido de confidencialidade.O que um apoiante do não deve fazer a uma mulher que objectivamente não tenha condições para ter um filho?Não conheço essas situações. Se não tem dinheiro, um apoiante do Não deve arranjar-lhe apoios. Se é um problema social, cabe à sociedade dar-lhe uma solução. As unidades de saúde deviam ter redes de apoio para a encaminhar.Isso é o ideal, mas não existe.A solução é fazer com que exista. Não é o aborto. Mas, claro, para muitas é um encargo difícil de suportar. Por isso, voto Não com muito sofrimento. No entanto, a esmagadora maioria dos casos não é de mulheres pobres. São mulheres das classes média e alta que não querem ter filhos. Como médico, considera válido que a mulher interrompa a gravidez se a sua saúde psicológica estiver em risco?Se os graves problemas psíquicos forem devidamente atestados por médicos, depois de uma avaliação ponderada, claro que sim. Se a mulher tem, em relação à gravidez, uma resposta anormal do ponto de vista psíquico - que até a pode levar ao suicídio - e a única forma de tratar esse problema é o abortamento, é um acto médico que já está contemplado na lei.Em Espanha, a interpretação que é feita sobre a saúde psicológica é diferente e aceita-se que a mulher interrompa a gravidez quando esse motivo é alegado.Acredito que a maioria dos atestados é falsa. Em Badajoz, há uma clínica com um psiquiatra que passa atestados sem ver as mulheres que abortam. É conselheiro do Papa para as questões da vida. Como comenta as recentes declarações de Bento XVI que comparou o aborto a terrorismo, do cardeal de Lisboa que o classificou de "violência contra a paz" ou do bispo de Miranda-Bragança que o equiparou à pena de morte?Como membro da Academia Pontifícia para a Vida, a minha defesa é pela vida - é um argumento biológico. Os responsáveis da Igreja que citou usam, para a defesa da posição católica, comparações com situações em que esse direito não é comparado.Acha aceitável esse tipo de argumento quando se deveria reflectir com tranquilidade sobre esta matéria?Trata-se de um problema gravíssimo. Deve inquietar. Mas as comparações não são argumentos. Visam apenas chamar a atenção para a gravidade do problema. O terrorismo ataca quem não se pode defender nem sabe que vai ser atacado. O feto não pode defender-se nem sabe que vai ser atacado.Então, a mulher que faz aborto é terrorista?Não, a mulher é vítima desta situação. Admitindo que só o faz em desespero, em caso de extrema necessidade, ela é quem merece mais desculpa.


P.S. O Professor Daniel Serrão é um velho amigo dos Machado Vaz. Escolhi a sua sugestão por isso mesmo - tenho a certeza de que é sentida e bem intencionada e não traduz qualquer oportunismo eleitoral de última hora.

44 comentários:

a disse...

estou chocada! claro que é um problema grave, mas n é comparável ao terrorismo!

blogico disse...

"Ninguém é dono da vida. Nem da sua..."

Choca-me mais esta frase. Ainda posso compreender quem separe a vida da mãe da do feto, agora que uma pessoa não é dona da própria vida penso que já é uma afirmação excessivamente autoritária.

andorinha disse...

Boa noite.

A sugestão até pode ser bem intencionada, mas não faz muito sentido, verdade seja dita.

"Bastava que pedisse desculpa à sociedade para arrumar o assunto."

Mas isto significa concretamente o quê, alguém me explica?
Tenho imensa dificuldade em compreender que as pessoas não se apercebam que estas sugestões são impraticáveis...e descabidas.

Pamina disse...

Boa noite.

Assustam-me muito quaisquer sugestões de castigos que consistam, ou dos quais façam parte, o arrependimento e expiação públicos e que remetem inevitavelmente, pelo menos no meu imaginário, para o "Directorium Inquisitorum".

Moon disse...

Olá, boa noite!:)

Professor, acabei de o ver/ouvir no Youtube!
Ficarei muito feliz se os meus filhos algum dia tiverem o privilégio de ter professores como o Senhor.
Resumindo: falou de tudo. E lembrou o mais importante: que o referendo não "acaba" no dia 11. É necessário, e eu acrescentaria urgente, regulamentar uma lei que não serve a ninguém. É bom lembrar que as leis são feitas por pessoas para pessoas! E uma lei que não serve às pessoas não pode ser de maneira nenhuma uma boa lei.
Num Estado de direito democrático as leis devem ser aplicadas e cumpridas, não "contornadas", sob pena de descrédito das instituições. Como se explica a um jovem que vive num país em que há leis a sério e leis assim-assim?!
Esperemos que Portugal tenha aprendido alguma coisa neste debate de ideias e que a discussão não se esgote mesmo no próximo dia 11. Esperemos também que com o referendo se iniciem (ou re-iniciem) novos debates, designadamente, sobre a necessidade da educação sexual. Esperemos...

Moon disse...

P.S. O Noise portou-se bem na maquilhagem!:)
Mas ficam as saudades do charme daquele cabelo maravilhoso do final de Dezembro passado...:)))))

Moon disse...

Quanto ao 'post' de hoje, passo...
Alego justo impedimento!:) Estou ensonada e tem tantas linhas... Ui....

fiury disse...

"Por isso, voto Não com muito sofrimento. No entanto, a esmagadora maioria dos casos não é de mulheres pobres. São mulheres das classes média e alta que não querem ter filhos."

Júlio
serão as mulheres que viu sofrer ao longo de 30 anos amostra siginificativa?

Temo também que ao votar sim apenas venha a proteger uma minoria de mulheres, que seja pelo motivo que for, tendo agido com total responsabilidade e informação a nivél de contracepção nada as move a seguir com a gravidez.
Temo também que o numero de abortos aumente e que todos os esforços para uma educação sexual séria e despenalizadora do sexo e da contracepção(desde cedo, já que estamos em segundo nas grávidas jovens)passe ao lado da tomada de medidas de publicidade sedutora e dirigida ao público alvo e distribuição gratuita de contraceptivos.
Uma sugestão: no ensino básico ( do primeiro ciclo !,sim do primeiro ciclo!)brinquemos e ensinemos matemática com preservativos e caixas de pilulas.nestas idades eles apanham tudo...elas existem não existem?!são uma realidade não são?! talvez consigamos melhores resultados a matemática, menos doenças e menos abortos.muitos pais preferirão a realidade do aborto clandestino ou o descanso da clininica privada, porque mostrar a pilula é empurrar a filha para as relações sexuais.
combata-se a irresponsabilidade de muitas mulheres que facilitam!
ainda tinha esperança que a retirada do crucifixo fosse para embelezar a sala com um boneco chamado preservativo, em nome de muitos crucificados que nem para sofrer podem viver,(entenda-se a vida à luz da filosofia, da psicologia, da religião, do direito penal ou doque nos apetecer).

Marx disse...

Testemunhei, recentemente, numa missa, que o nome do Prof. Serrão, anda a ser citado nas homilias. Ser médico do Papa dar-lhe-à o vedetismo que a ocasião exige.

Acho encantadora a ideia de pôr os adeptos do Não a financiar nascimentos para evitar abortos...

Paulo disse...

Um “post” interessante, mas com alguns pormenores criticáveis pelo meio…

Migmaia disse...

Boa Noite,

Com todo o respeito e consideração pelo Prof. Daniel Serrão, desconhecia-lhe tão ilustre título que, no caso, lhe retira a isenção necessária na abordagem do assunto. Quanto a algumas excentricidades proferidas, penso que farão também parte do carácter, aliás herdado pelo filho na defesa de outras causas, como a cruzada azul por exemplo (não estou certo, mas penso que o Manel Serrão fará parte de um painel que, inclui o ilustre Prof. JMV, e debate o mundo da bola no Porto Canal). E tal Pai tal filho na defesa das causas. Neste caso, eu não concordo com o Prof. Serrão. Entendo que tem uma perspectiva demasiado extremista em determinadas considerações. Já mais votaria não pela maioria dos argumentos apresentados. Há no entanto uma questão que está implícita no título do post e que me parece muito pertinente. A dos Médicos. Em caso de vitória no Sim, penso que a classe sofrerá um forte abalo. Haverá muitos objectores de consciência, e ao Estado não restará alternativa. Terá que financiar clínicas privadas…e só de pensar fico enjoado. Em vez de se investir na educação e na prevenção, a solução será gastar não sei quanto mais na “emergência”.

Paulo disse...

Migmaia (5:01 AM)
Apoiado…

Cristina Gomes da Silva disse...

Sorry! alguém me explica de que é que as mulheres devem pedir desculpa?????? Nenhuma mulher fica grávida sózinha. Nestas situações é que gostava mesmo de poder exercer algum autoritarismo (não autoridade) e obrigar os senhores deputados a assumirem as suas responsabilidades e a votarem a alteração da Lei na sua sede própria. Mas coragem é coisa que não abunda por paragens de S. Bento. Estou estou muito mal disposta com esta hiprocrisia que vejo grassar por todo o lado a propósito de muita coisa.

Manolo Heredia disse...

Para mim é simples:
Os homens, como as outras espécies animais, estão constantemente a lutar pela sobrevivência. Têm como principal tarefa, inscrita no código genético, a luta pela sobrevivência. É uma luta que pertence à sua natureza.
Na selva os bichos (aí incluído o bicho-homem) estão sobretudo preocupados com a sobrevivência física – procura de alimentos, defesa relativamente aos predadores, às doenças e às agressões do Ambiente -.
Nos homens vivendo em sociedade, os factores que influenciam a sobrevivência são menos palpáveis, são mais complexos. Incluem estratégias mentais de previsão do futuro que os fazem tomar decisões que visam a sobrevivência por antecipação.
Por exemplo, eu sei que estudar é importante para mais tarde ser admitido num bom emprego (aquele que me proporciona melhores meios de sobrevivência). Por isso faço uma coisa que não gosto muito, que até posso detestar, mas que sei que é importante para a minha sobrevivência de amanhã – estudo -.
As mulheres desejam abortar devido exactamente a este mecanismo: como medida de antecipação à sobrevivência. É assim desde que existe sociedade. Ou estaremos esquecidos que já no Velho Egipto se faziam abortos?
Desejar abortar e fazer abortos são coisas naturais. As leis que penalizam o aborto são inúteis, como são inúteis como todas as leis que pretendem emparedar as leis da Natureza.

Mário Santos disse...

O Papa não comparou o aborto ao terrorismo. Elencou uma série de causas que atentam contra a paz (entre as quais também a fome) e o aborto figurou entre elas, como o terrorismo. Não há nenhuma intenção no texto de as hierarquizar ou equiparar. É feita uma distinção entre causas violentas, onde é enquadrado o terrorismo e causas silenciosas onde são enquadrados o aborto, a fome e a eutanásia.

Regressando ao tema, enquanto que nos dias de hoje, toda a gente tem a consciência de que um aborto é uma coisa má, só a realizar em casos extremos, como será daqui a 10 anos, se o sim ganhar. As leis têm efeito pedagógico também e a mensagem que vai passar, se ganhar o sim, é que é uma coisa normal.

Gosto, no entanto, da lei alemã pois parece combater tanto o aborto legal quanto o clandestino, sem condenar as mulheres nem sujeitá-las a situações humilhantes. Já a sugestão do Prof. Daniel Serrão me parece impraticável e, francamente, humilhante.

Outra questão que me tem tocado é ver desvalorizado totalmente a concepção da vida humana que têm as pessoas afectas a uma religião. Penso que estamos a partir de um princípio anti-democrático que é dizer que as visões do Homem das pessoas religiosas são, à partida, piores que as das pessoas sem religião.

Era bom que neste caso conseguíssemos pensar numa solução que fosse aceitável para uma larga maioria dos portuguese, sem dividir a sociedade ao meio.

Klatuu o embuçado disse...

Depois de ganharmos no referendo... será que não nos dão um bónus por termos de aturar tanto idiota?

Klatuu o embuçado disse...

Você ouviu os montes de merda do PNR?... também são a favor das criancinhas... desde que não nasçam deficientes e sejam branquinhas, claro!
E aquela pobre cretina com visíveis sangues mouros, herança de bairro lisboeta, que defende purezas de raça????
FILHOS DA PUTA!!

Klatuu o embuçado disse...

P. S. Mas tenha calma professor... preserve a sua máquina que pulsa o sangue... não queremos perdê-lo! ;)

antimurcon disse...

Ó Júlio, és o maior professor deste país, maior psiquiatra, dos melhores médicos. Se n fosses tu!... nem sei como n tás no grandes portugueses ao lado do afonso henriques, do camoes e do fernando pessoa.

E o melhor escritor contemporâneo. Aliás, note-se este trecho de literatura profunda:
"Eis-nos aqui. Domingo de Sol, passeio junto ao mar, esses olhos azuis que o desejo nublava fitam-me transparentes, agressivos de tão risonhos, «como estás?». Como estou? e tu que achas, vendo-te assim acompanhada? Ele tem bom aspecto, sorriso franco, nada indica o ciúme de paixão mal resolvida da tua parte; sente-se seguro. Esqueceste-me. Pior! Já és minha amiga. Pronto, querida, vou ser políticamente correcto, «bem»."

Meu Deus, temos nobel da literatura, senhor professor!
Onde é que aprendeu a escrever tão bem?

sofialisboa disse...

venho aqui muitas poucas vezes e são raras os meus comentários, mas hoje não resisto. o raciocinio é brilhante, a escrita simples e sobretudo elucidativa. os meus parabéns por ser mais uma voz do "sim" que fala bem e ainda por cima escreve também. sofia

peciscas disse...

Tenho (julgo eu) uma enorme capacidade de tolerância perante as opiniões dos outros, mesmo que as considere disparatadas.
E, não há dúvida de que, à medida que a campanha se aproxima do fim , os defensores do não, estão nitidamente a perder as estribeiras.
Enredam-se numa teia de contradições e de pseudo-respostas, talvez porque, cada vez mais, sentem tremer a solidez dos seus argumentos.
Então, essa de a mulher que abortou "pedir desculpa à sociedade" arrisca-se a ganhar o Nobel.
Já agora, com o devido respeito pelo Professor Serrão, gostaria que ele nos esclarecesse por que meios a mulher deveria expressar esse pedido de desculpas.
Através de publicidade paga em jornais? Usando um megafone numa artéria concorrida? Ou convicando uma conferência de imprensa para passar nos telejornais?
Com franqueza! Depois daquilo por que passa uma mulher que recorre ao aborto, em termos físicos, psicológicos e penais (estes que esses militantes querem manter) ainda se iria sujeitar a mulher a mais um vexame, e este público? Quem pensa deste modo, não entende nada do que se está a pssar à sua volta.

andorinha disse...

Boa tarde.

Uma mulher nos limites da paciência e tolerância...:)

Klatuu,
Essa do bónus não é mal pensada:)
Quanto aos do PNR não ouvi, felizmente.

Peciscas,
Assino por baixo.
Só acrescento: Pedoai-lhes, Senhor, porque eles não sabem o que dizem!

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

Uma Curiosidade...

Razão apontada para votar NÃO, num dos blocos da campanha na Antena1 - "O que é moderno é votar NÃO; até em vários países da Europa, se fomenta a natalidade financeiramente. Na Alemanha, por exemplo, por cada nascimento o Estado paga 25000 Euros à família."

E cá em Portugal, quanto se paga? (pergunto eu)

A minha empregada doméstica tem um filho e queria ter outro, mas já me tem dito "não posso, não temos posses para isso"...

Vou dizer-lhe que emigre para a Alemanha, apesar de ficar sem uma boa empregada...


Boa tarde.

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

ANTIMURCON

"Onde é que aprendeu a escrever tão bem?" (sic)

Naturalmente na mesma escola onde o amigo aprendeu... mas pelo menos o Júlio põe acentos e escreve nomes próprios com maiúscula!

E o amigo quando lançar o seu próximo livro não se esqueça de nos avisar...

Fora-de-Lei disse...

Agora já consigo perceber como é que o Manuel Serrão se safou... ;-)

DarkViolet disse...

Antena 1 - sexta feira - 9:30 - Faculdade de Direito do Porto - Antena aberta - Aborto

APC disse...

E ainda falam por aí os psicólogos e outros profissionais de coisas que não fazem falta nenhuma e só complicam - num mundo que se quer procriador, a bem da sobrevivência desta espécie animal - na importância do "ninho mental", a alucinação parental própria de quem espera um filho que foi desejado e concebido para ser amado.
Puf!... Vãs demagogias; coisa de pseudo-intelectualóide!
A lógica é esta: engravidaste sem querer, não foi? Não tens nem condições nem a mínima vontade de ser mãe e de proteger, cuidar, educar, amar, pois não? Mas vais ser castigada, ah vais, vais. Porque ninguém mandou andar a fazer coisinhas que toda a gente sabe que só servem para fazer bebés (ou não sabias disso, agora que a educação sexual é para todos?). Ninguém te pede que gostes da ideia, ou do filho. Vais tê-lo e aguentar-te à bronca, à laia de castigo, percebes?; que é para veres como elas mordem. Não se pode ter tudo na vida, e a cada qual, o que merece. Uns são pais por genuína vontade, e outros porque precisam ser severamente castigados. Não me digas agora que a escolha não foi tua. Se o pequeno que aí vem sofre ou não com isso, é o que menos me importa. Porque, afinal, a gente quer é rejuvenescer o país. E mau-mau, é impedir um nascimento; não uma vida desafectada e triste e existencialmente desperdiçada.
Por isso, ele terá que ser parido (faz de conta de tás feliz, vá lá!) e depois baptizado. Chamar-se-á "Azarete", que é assim um nome que vai de bem com a vida, como o Gazela, o vinho.

APC disse...

PS - Não sei porquê, mas sinto que é capaz de ser melhor eu estragar a piadinha esclarecendo, desde já, que o post anterior foi feito com ironia!?! :-S

Fora-de-Lei disse...

Klatuu o embuçado 1:40 PM

Mas que merda é essa de "sangue mouro" e de "herança de bairro lisboeta" ? Afinal quem é o mais cretino ? Tasse mesmo a ver não tasse ?!

Paulo disse...

Isto às vezes, já está a ficar "feio"… Será da aproximação da data do referendo, tanto nervosismo?
Tal como já disse no "post" anterior: "Argumentos, são argumentos e cada um tem os seus, mesmo que diferentes dos dos outros… Mal vão as coisas quando para se defender uma posição se passa a basear essa defesa no insulto e no desprezo pelas ideias dos outros… Porque é sinal de que não se tem mais argumentos…" para além de se estar a perder a razão…

thorazine disse...

FDL,
É nó mínimo irónico! É o mesmo facto do Hitler ter sangue judeu! MAs tens razão no que dizes ao klatuu..não se combate a xenofobia apontando falhas no pedigree! ;))

andorinha disse...

Fora de lei (9.35)
Eu também li isso e não me senti afectada; e também tenho "sangue mouro" e "herança de bairro lisboeta"...

Há coisas que a pessoa escreve no calor do momento...e o que eu acho é que os ânimos andam muito exaltados:)

Thora (10.39)
"...não se combate a xenofobia apontando falhas no pedigree! ;))
Também concordo, acho é que não é preciso tanta irritação.

Paulo,
Vê se deixas de falar com Vacas Loucas...ou ainda ficas contaminado:))))))

Paulo disse...

Thorazine (10.39)
Assino em baixo (em quase tudo :-) )…

Andorinha (10:52 PM)
Podes crer… Até já estou "de pelos eriçados"…

Migmaia disse...

Boa noite,

E eu? Já confundo o Prof. Marcelo com o "nuosso" emplastro…

E o referendo cada vez faz menos sentido. Tenho muito respeito pelo Prof. JMV, entendo que tem uma opinião formada por uma experiência de 30 anos a ouvir Mulheres. Daí o seu SIM convicto, mas sereno. Por isso, e para mim, dos poucos que conseguem ser persuasores. Ao Contrário do Prof. Daniel Serrão, espanta a caça no apelo ao Não.
Contudo, as recentes declarações de ilustres membros do nosso governo, esclarecem o estado da Nação: “nos últimos 8 anos nada se fez para alterar a actual lei, (…) e temos agora a oportunidade”. Pergunto o que andam estes Senhores a fazer, para nos virem agora pedir para decidir (que sim) por eles. Palavra que me revolta! E sei que a solução não pode passar por abster-me, como tem sido a tendência colectiva até ao momento.

andorinha disse...

Migmaia,
Se o referendo faz sentido ou não, não é agora a altura de o discutir.
Abstenção?
Queres que os outros decidam por ti?:)

Até amanhã, malta:)

Migmaia disse...

Andorinha,

Não sou eu que me tenho abstido. Tem sido os eleitores Portugueses. Sugiro uma retrospectiva dos actos eleitorais nos últimos 8 anos.

Indepentemente do resultado do próximo Domingo, creio que o destino está traçado. Deixa andar, à boa maneira portuguesa. Os políticos, e mormente esta maioria, aguardaram 8 anos para fazer alguma coisa: demitirem-se das suas funções e passarem-nos a bola. OK. Eu sou contra a penalização da Mulher, por isso digo sim à alteração da lei. Também sou contra a Mulher decidir sozinha, e já não falo só do progenitor. Falo duma sociedade em que tem de haver uma responsabilidade pelos actos. Directos e indirectos. E não vejo na pergunta do referendo, onde diz que vamos ajudar (em particular as Mulheres), a prevenir uma situação que, será a maior penalização que Ela pode sofrer. Não será por deixar de ser crime que, muitas (receio que ainda mais) Mulheres, irão deixar de sofrer. Quem as vai ajudar? Concretamente e no terreno, apenas as clínicas espanholas. Ainda não ouvi como o SNS irá lidar com o assunto, e sinceramente, parece-me que esse vai ser o problema imediato, pós 11-02. Será que foi alguém do não que escolheu o dia?

BoaS NoiteS!

Unknown disse...

Bom dia!

Agradeço que seja tornado público, aqui, o programa "O Amor É" proibido hoje, 9/02/2007, na RDP1!.
Obrigado

Cristina Gomes da Silva disse...

A ser verdade o que o João diz no comentário anterior, a "coisa" é grave. Ontem qdo os ouvi de uma forma tão clara a dizer que iam votar Sim no domingo, pensei com os meus botões que se calhar havia gente que não gostaria de tanta honestidade e frontalidade juntas. Hoje sintonizei a Antena 1 à hora do costume e ouvi com muito prazer o Sérgio Godinho e pensei "hoje, cheguei atrasada e não os ouvi". Mas se é censura não está nada bem e evoco então a Trova do Vento que Passa, que tem um Não que, nestes tempos, poderia ser confundido com outros, mas não é, só serve para dizer Não à cobardia e à dissimulação e Não à hipocrisia.

Anónimo disse...

Bom dia Júlio,
Estou indignado pelo que sucedeu hoje com a transmissão do seu programa: puro acto de censura! É indigno de um orgão de comunicação do Estado uma atitude desta natureza. "O Amor é" segundo julgo perceber é um programa de autor e como tal veicula as opiniões do autor, não as da estação de rádio que o transmite. Por essa ordem de ideias a RTP não é isenta porque transmite o programa de Marcelo Rebelo de Sousa, onde já foram expressas opiniões sobre a pergunta a referendar.
Isenção é permitir a todos a liberdade de expressão.
Espero ouvi-lo na próxima semana!

João Pedro Coimbra

Alice disse...

Confirmo a informação do João: o que ouvi há pouco na rádio foi António Macedo lendo um comunicado da direcção da RDP, proibindo a emissão de hoje de o amor é, por ter claramente um conteúdo não neutral sobre a questão do referendo... (o que contraria a política de neutralidade da estação!). é triste mas também de um imenso ridículo, se pensarmos bem...

Alice disse...

um apelo
escrevam aqui, mas chateiem também a direcção da RDP - aí é que é preciso "bater".
ou tudo continuará igual neste reinozinho à beira mar plantado!

Cristina Gomes da Silva disse...

Logo de seguida tentei contactar o Provedor do ouvinte mas nem ele está contactável. Se conseguirem chatear digam como e onde.

me disse...

...cádê a liberdade de expressão, o programa não é de autor? - deuses!
...medo!..medo!...medo!

Su disse...

é por tudo isto que vou acabar sendo mulher bomba.........:))))))

jocas maradas pelos vistos terroristas