quarta-feira, novembro 23, 2005

A imaginação no Poder!

Mundo



CIA inventou nova definição para «tortura», diz jornal
As técnicas de interrogatório da CIA em centros de detenção secretos espalhados pelo mundo contradizem a garantia dada pelo director da Agência de que a tortura não é usada, escreve hoje o Washington Post.

«Director para a tortura» é o título de um artigo do jornal em que se acusa a CIA de ter inventado uma nova definição para a palavra «tortura», de modo a negar que submete os prisioneiros a maus-tratos.
O diário norte-americano cita o director da CIA, Porter J.Goss, que, esta semana, em entrevista ao jornal USA Today, garantiu que a «Agência não tortura».
«Usamos capacidades legais para recolher informações vitais, e fazemo-lo numa variedade de formas inovadoras e únicas«, todas elas legais e nenhuma das quais é tortura», disse o director da CIA.
Porter Goss não descreveu qualquer das «inovadoras» técnicas de interrogatório e a CIA não permitiu que as prisões secretas fossem visitadas pela Cruz Vermelha Internacional, ou por qualquer outra organização, refere o Washington Post.
«Mas algumas pessoas que trabalham para Goss forneceram à estação de televisão norte-americana ABC News uma lista de "técnicas avançadas de interrogatório", por considerarem que o público necessitava de saber qual a orientação escolhida pela Agência», assinala o jornal.
Graças a essa lista - adianta - é possível comparar as palavras de Goss com a realidade.
«As primeiras três técnicas relatadas à ABC envolvem abanar ou bater nos prisioneiros de forma a causar-lhes medo e dor. A quarta consiste em obrigar o prisioneiro a manter-se de pé, algemado, com os pés agrilhoados, durante 40 horas», descreve o Posto.
«Segue-se - segundo o jornal - a cela fria: os prisioneiros ficam nus numa cela arrefecida e são periodicamente molhados com água fria».
O Washington Post menciona ainda a técnica da «tábua». Segundo a informação fornecida à ABC, o prisioneiro é atado a uma tábua inclinada, com os pés erguidos acima da cabeça.
«O rosto do prisioneiro - lê-se - é então envolto em celofane, sobre o qual é vertida água. Isto provoca o pânico no prisioneiro que sente que se está a afogar, apelando quase de imediato para o fim da tortura».
Segundo o jornal, a ABC, citando as suas fontes, indicou que agentes da CIA que se submeteram a esta prática «aguentaram uma média de 14 segundos antes de cederem».
«Não serão estas técnicas "tortura", como garante Goss?», interroga o Washington Post.
«De facto, vários destes métodos foram utilizados em regimes repressivos do mundo e condenados pelo Departamento de Estado norte-americano no seu relatório anual de Direitos Humanos», lembra o jornal.
Na opinião do Post, ao insistir em que estas práticas não são métodos de tortura, Goss introduz um paradoxo. «Se um piloto norte-americano for capturado no Médio Oriente, depois espancado, detido numa cela fria e sujeito a afogamento simulado, será que Goss dirá que ele não foi torturado? Serão estas técnicas "legais"?», questiona.
Em 1994, o Senado norte-americano ratificou a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Punições Desumanas e Degradantes e, ao fazê-lo, definiu como «cruel, desumana ou degradante» qualquer prática que possa violar a quinta, oitava ou décima quarta emendas da Constituição dos Estados Unidos.
No entanto, segundo o Post, a administração recorre a uma lacuna na lei e argumenta que, dado a Constituição não se aplicar a estrangeiros fora dos Estados Unidos, a CIA pode usar estes métodos com prisioneiros estrangeiros detidos em território que não seja norte-americano.
Poucos peritos em leis, fora da administração, concordam que esta lacuna legal exista, observa o jornal.
Diário Digital / Lusa

38 comentários:

noiseformind disse...

Alguém quer fígado com cebolada e arroz de feijão?

noiseformind disse...

Estas são, quanto a mim, questões de pormenor na questão muito mais geral do verdadeiro Império em que se tornou a América. Os países europeus indignam-se, mas não muito para não permitirem a escalada. O que os jornalistas vão acabar por conseguir com esta palhaçada é os seus próprios governos assumirem a sua colaboração com os EUA nestas matérias. assumir a menoridade da Europa, esse é o grande tabu subjacente a toda esta guerra de fotografias granulosas e desfocadas...

Anónimo disse...

Questão rápida, antes do resto.

Fala-se dos EUA, alguém acredita que na Europa, Ásia, África, etc (se houver) não haja tortura?
Quando digo tortura é tortura mesmo e não coação.
Os EUA são a medida padrão aceite em todas as medidas de actuação? (tecnológica, moral, cidadania, etc?).
Ao criticá-los estamos a criticar(mo-nos)?

Nuno disse...

Os EUA infelizmente estão numa posição onde lhes é permitido fazer o que lhes apetece e com o apoio dos seus ditos amigos, a europa também beneficia destas práticas deixando o trabalho sujo para a américa por isso mesmo não tem coragem para denunciar e abdicar destas práticas. Ou seja, somos todos muito correctos e amigos da lei até ao dia que um grande problema nos bate à porta, aí impera sempre uma espécie de justiça popular consoante a dimensão da causa e dos monstros!

Anónimo disse...

Conclusão: Somos todos otários. É dizerem-nos que não é tortura e a gente acredita... Dois pesos e duas medidas. Hipocrisia que não acaba. O mundo, dito, civilizado está realmente em crise profunda. E os EUA não são os únicos culpados do estado a que as coisas chegaram... Nem apenas os grandes líderes. Somos todos culpados, pela nossa indiferença, pela nossa negligência, pelo nosso grande egoísmo. Mea culpa.

papu disse...

Arrepiante...
Em qualquer lugar do mundo, a gravidade é a mesma. A dor é a mesma. O medo é o mesmo. A tortura é a mesma.
E a hipocrisia também.

Anónimo disse...

O governo Norte americano está nos antipodas daquilo que proclama perante o mundo, ele é terrorista, de acordo com o conceito que cunhou de terrorismo, ele recusa-se a fazer parte do Tribunal Penal Internacional, e vem defender perante o mundo com um ar cândido, que face à sua lei fundamental não comete tortura nos seus detidos ou prisioneiros.
Noise, eu não vejo a Europa numa menoridade em relação à América do Norte, até por que essa Nação foi criado por europeus, e não saindo da Europa, que deve uma Dinamarca, uma Noruega, ou uma Suécia, em relação à Nação norte Americana? Inferioridade, menoridade? Não, antes pelo contrário. E quando falamos de Europa, é bom que saibamos do que estamos a falar, pois, existe no espaço europeu, Países todos diferentes, pois,é bom que não caiamos no erro, que caímos quando nos reportamos a África, pois não existe África, existe por exemplo, Angola , Moçambique, Guiné, São Tomé, etc.

Um abraço ao professor e aos demais murcons.

PS: Em relação aos posts anteriores que deram comentários abundantes, tenho como certo para mim, que a opção sexual de cada ser humano é incompatível com qualquer discussão polémica, ou seja, quer a homosexualidade quer a heterosexualidade, têm a mesma legitimidade, e portanto não são para mim discutíveis.

Lobo das Estepes

A Menina da Lua disse...

Que a tortura existia e existe, todos nós sabemos. Ela é um meio fácil e inerente à prática da violência e principalmente quando esta tem fins supostamente "justificáveis". A hipocrisia de quem hoje utiliza a violência é que nem todos a conhecem, até porque me parece ser uma realidade histórica muito recente.. Esta nova realidade caracteriza-se por uma hipocrisia praticada por aqueles que à falta de argumentos sustentáveis, fingem aceitar valores que a justifiquem, avançando para a mentira e assumindo-a em total impunidade. Claro que esta impunidade é conseguida à força daquilo que os humanos sempre conheceram em todos os tempos e que é o Poder...
Concretamente e em relação à tortura em si, é curioso notar o empenhamento da criatividade humana ao seu serviço, assim como todo o investimento tecnológico em geral que tem levado à construção do material bélico que hoje existe e que tambem pela primeira vez na História, consegue acabar não só com toda a civilização mas com o próprio Planeta.

Anónimo disse...

O comentário do Andromito define com clareza uma das vertentes deste problema. A outra vertente é a usual de todos os tempos, ou seja o domínio. A humanidade sempre faz caminho tentando dominar, por segmentos, claro. Mas dominam uns e sofrem outros. Não há vazios de poder. Se não manda um manda outro país. Se um governo não manda, manda alguém, uma corporação, um lobye, um potentado económico. Para o exercicio do poder, as regras da democracia teórica nunca são usadas. Para se exercer o poder, os que o exercem, entendem que qualquer método serve. Como as pessoas se iludem com as aparências, e se deixam adormecer na forma por comodismo, de vez em quando são acordadas com estas notícias, e até se espantam. Não são novidade. São o dia a dia de todos os séculos

Vera_Effigies disse...

Há sempre a supremacia de um Estado em cada época histórica. Nada é definitivo e a tendência é para mudar. Todos se impuseram pela força mais ou menos visível, USA não poderia ser diferente. Não estaremos num período de transição histórica?... O medo é revelador disso mesmo usando as armas do inimigo.
OS USA são hoje um país cheio de falhas governamentais e de posições mundiais muito dúbias...
Como em tudo na vida os fracos não se impondo pela razão fazem-no pela força.
MJ

Anónimo disse...

Se até os SS permitiam visitas de observadores (encenando campos 'limpos') porque se admite que a CIA não deixe que as suas prisões sejam visitadas pela Cruz Vermelha Internacional, ou por qualquer outra organização?

Anónimo disse...

Isto é uma porra... Eu sou, por princípio contra qualquer forma de tortura ou sevícia. Mas - por exemplo - se a tortura fosse a única forma de fazer com que aquela mãe e aquele tio do Algarve dissessem o que fizeram à miúda, eu seria capaz de concordar.

Mas isto é como a pena de morte. Por princípio, deve-se ser contra porque depois nunca mais acabam os precedentes e as excepções.

Anónimo disse...

Prof JMV,

A linguagem é dinânica e os conceitos estão em permanente evolução(((((((((. A palavra tortura não é excepção. Pelo que leio, o director da CIA criou uma definição mais "exigente" de tortura...Talvez não seja imaginação, mas apenas criatividade no uso das palavras...

LR disse...

Se há domínio em que o estado de direito se torna difícil de “controlar” pelo cidadão é este, precisamente, que respeita à actividade das instituições ligadas à segurança interna e ao combate à criminalidade.
Existe uma espécie de efeito “biombo”, atrás do qual se escondem aqueles funcionários que, em teoria, são os guardiães da nossa santa paz civil e nos defendem do sub- mundo inimaginável do crime. Mas não é por acaso que, desconfiadamente, suspeitamos sempre que atrás do dito biombo se insinuam, em contra luz sugestiva... não propriamente pudicas e apetecíveis senhoras...mas as práticas justamente mais impudentes que associamos a esta espécie de esquadrão da nossa boa ordem social.

Mas aí surge o dilema e lá desenterramos da cova o velho Rousseau...
-Como conciliar a aceitação de que o velho “contrato social” nos obriga a transferir para estas instâncias a nossa protecção, abdicando nós em troca de algumas prerrogativas (entre as quais o controlo directo dos meios), e a suspeita de que em nosso nome podem cometer-se abusos que transcendem em muito a tal parcela de livre auto-protecção que neles delegámos?

Não podemos puerilmente acreditar que “é com vinagre que se apanham moscas”...
Nem tão pouco acreditar que para esta zona sensível do papel dos Estados se possa reclamar a plena transparência de actuação, se a opacidade for um dos garantes da sua eficiência...
Onde começa o abuso? Quem controla a proporcionalidade dos meios utilizados?
Difícil...

É claro que qualquer um se arrepia ao inteirar-se dos “novos métodos de interrogatório” aqui listados.
Pura tortura, é evidente!
Aquela técnica que põe as pessoas de pé durante 40 horas só me lembrou a velha tortura usada pela PIDE a que chamavam “estátua”, que ouvi descrever na 1ª pessoa a algumas a ela sujeitas (presos políticos, claro).
De revolver o estômago com indignação.

Mas...e se pensarem naqueles tipos que mandaram ao ar as twin towers no “nine-eleven”? Ou nos que mandaram pelos ares o comboio na estação de Madrid, ceifando centenas e centenas de vidas inocentes?
Não reclamaríamos das tais instâncias que actuassem com eficiência e sem perdão, perante gente de tal calibre? Não invocaríamos logo, logo, o nosso direito a ser protegidos?
E, nesse caso, que métodos aconselharíamos? Panos quentes? Vinagre? A carta dos direitos humanos au complet?
Difícil.

Seja como for, se o Senado norte-americano «ratificou a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Punições Desumanas e Degradantes e, ao fazê-lo, definiu como «cruel, desumana ou degradante» qualquer prática que possa violar a quinta, oitava ou décima quarta emendas da Constituição dos Estados Unidos», não vejo como se possa argumentar com a suposta lacuna da lei para não aplicar a convenção quando se trate de prisioneiros estrangeiros detidos em território que não seja norte-americano.

Para já, é comummente aceite que há 1 ‘’coisa’’ chamada ‘‘princípios gerais de direito internacional’’ cuja força jurídica é superior a qualquer Constituição (p. ex: a DUDH).

E depois, o destinatário directo e imediato da norma de proibição aqui falada não é o cidadão, mas o estado norte-americano.
O que está vedado é a ‘’prática’’ (e não a sujeição passiva).
Portanto, quem está obrigado a obedecer é o estado, é a sua administração (quem pratica, o sujeito ‘’activo’’ da tortura) onde quer que esteja e quem quer seja o torturado.
É a qualidade do agente da tortura que interessa.
Ora, fora ou dentro dos USA, a administração actua na qualidade de norte-americana, sendo-lhe aplicáveis as normas que a regem em condições normais.
Parece-me...

JFC disse...

olha, n vale a pena tar sempre a pensar nas desgraças do mundo! de vez em quando é preciso dançar! queres vir a Ibiza? tamos a organizar a viagem! aquilo é mt giruuuuuuuuuuuuuu!

bjs

Anónimo disse...

Angie
Pois parece. Mas o que parece não manda.
"Manda quem pode e obedece quem deve". O mundo não é regido pelas regras democraticas. É regido pela concretização dos objectivos determinados pelos INTERESSES em cena, em cada momento. Esta é que é a realidade. O resto são idealismos.

naoseiquenome usar disse...

Até este este serviço de inteligência está parcialmente privatizado e politizado, por grupos, que o próprio governo americano não consegue reformar.
E assim vai o mundo...

A Menina da Lua disse...

Passarinha

Estar sempre a pensar nas desgraças do mundo! claro que não...nem pensar!....
Mas devemos estar conscientes e atentos para entendermos e sabermos a maneira e o momento adequado para intervir quando necessário...

Manolo Heredia disse...

O ideal é que todas as revoluções fossem de cravos, todas as guerras de bombardeamentos cirurgicos, etc. Não fizessem doer...

Será que nas prisões sunitas os xiitas são mais bem tratados.
Deixemo-nos de lirismos. Guerra é guerra, é tortura, é horror.

Manolo Heredia disse...

O Prof., com esta dos EUA deixou passar a notícia + bombástica da manhã: O papa proibiu o acesso ao sacerdócio a homosexuais!

Anónimo disse...

Este eufemismo da "tortura" inventado pela CIA (e concomitantemente pela governação que o permite) faz-me lembrar o "par de safanões a tempo" com que o Oliveira Salazar definia as torturas, sevícias e assassinatos perpretados pela nossa Polícia Política, PIDE-DGS. Ainda bem professor que aqui traz estes candentes assuntos e não nos ficamos só por historietas da líbido.Há mais mundo para além dos acasalamentos, sejam eles quais forem.

Matilde

andorinha disse...

Boa noite.

Tortura? Nem pensar...
"Técnicas avançadas de interrogatório"! Realmente imaginação não lhes falta.
Violações dos direitos humanos existem nos mais diversos locais do planeta, infelizmente.
O comentário sintético da papu diz tudo - em qualquer lugar do mundo a gravidade, a dor e o medo são os mesmos e a tortura e a hipocrisia também.

Pamina disse...

Boa tarde,

Identifico-me com as posições do Fora de lei (5.15) e da Angie (6.11).
Começando pela última parte do comentário dela, relativamente à questão legal, também penso que a análise que ela faz da situação é a correcta.
Quanto aos nossos sentimentos ao lermos uma notícia deste género é que realmente as coisas se complicam. É tortura? Claro que é. Devemos admiti-la em certos casos? Também sou contra a pena de morte e, claro, contra a tortura, mas pus-me a imaginar uma situação na qual haja a certeza que um determinado indivíduo, preso pela polícia/serviço secreto, possui de certeza dados concretos sobre a localização de uma bomba que, se explodir, causará a morte a milhares de inocentes. Claro que ele não irá revelar este local, apenas pelos lindos olhos dos investigadores. O que é que se faz? Vai-se contra um princípio que deverá ser sagrado ou deixa-se explodir a bomba? Eu não sei, e não gostaria de estar na posição de ter que tomar uma decisão destas, pois é um terrível dilema, mas acho que concordo com o Fora de lei. Se se começa a fazer excepções, onde é que se acaba?

LR disse...

Quem pregou idealismos?!!!!
Eu não, de certeza.
Não terás percebido bem.
Falei de pragmática.
Rousseau, topas?
Ninguém de menos lírico!!!
Liberdade condicionada ao que não podemos garntir por nós próprios.
Realismo e objectividade.
Eu eu disse tb.''difícil.
Difícil o equilíbrio.
Difícil o compromisso entre o mundo que julgamos ''governar'' e o que se tem (?) de deixar fazer em prole desse controlo.
TER DE FAZER.
Topas?
Lirismo?!
Nááá....

Anónimo disse...

Amigo Manolo,

Se não fica "despromovido" perante os "azuis" por ser aludido por um nick preto, quero partilhar consigo o seguinte:
Não é verdade que o sacramento da "Ordem", ministrado aos sacerdotes católicos, impõe a castidade completa?
Então porque se abriria excepções para outras práticasa sexuais?
Sou católica baptizada, mas não praticante, o que não me inibe de conhecer bas tante bem a Cultura Católica e Bíblica. Logo, acho uma decisão totalmente coerente. Assim o Vaticano, o fosse noutras matérias. Claro que do legislado à realidade, vai um grande fosso.

Matilde

Anónimo disse...

Os Americanos deviam abandonar estas vítimas nas capitais da Europa que por elas se esvaiem em pranto...

Pamina disse...

Na sequência do meu comentário anterior, a propósito deste tema, ocorreu-me ainda o seguinte:

Quando era miúda passei algumas férias de Verão numa localidade onde todos os anos era organizada uma récita para arranjar fundos para obras de caridade. Nesta récita de amadores eram representados pequenos quadros ou sketches. No Verão dos meus 13/14 anos, um deles girava à volta do terrível dilema de um pai. Um ferroviário e a filha adolescente viviam num pequeno apeadeiro isolado. Certa noite, bandidos invadiram-lhes a casa e, sob a ameaça de matarem a filha, queriam que o ferroviário mudasse as agulhas para fazer descarrilar um comboio que iria passar por ali (já não me lembro para roubarem o quê). O sketch em si consiste na conversa do pai com estes bandidos e acaba, naturalmente, com a sua decisão. O pai ainda agarra na alavanca das agulhas, mas não tem coragem de a puxar, condenando assim a filha. No fim, ouve-se o barulho do comboio a passar em segurança, apagam-se as luzes e ouve-se, nesse preciso momento, também um tiro.
Na altura, a história impressionou-me. Perguntei-me qual teria sido a minha decisão, sem chegar a qualquer conclusão. Ainda hoje não sei como reagiria numa situação semelhante.
Extrapolando para o tema, ao torturar um prisioneiro, mesmo um terrorista, estamos não só a violar os seus direitos, mas também os direitos de todos nós. Estamos também a "perder-nos" no sentido moral. O Sr. Bush gosta muito de metáforas religiosas e fala no "eixo do mal". Eu diria que cruzar esta linha é fazer um pacto com o Diabo. Mas, como reagiria eu se soubesse que a vida de um ente querido, juntamente com centenas de outras, poderia ter sido salva se tivessem sido torturados 1, 2, 3, 10 membros de uma organização terrorista? Provavelmente insurgir-me-ia contra as autoridades. Em comparação com a história do comboio, afinal estes terroristas não são inocentes e nem sequer se fala em matá-los, só torturá-los um bocadinho…Que fazer com a alavanca?

Anónimo disse...

Princípios são princípios e não se mudam por conveniências, por mais urgentes que pareçam. E se essas capitais não tivessem mandado carne para canhão, para Iraques, Afeganistões e por aí? Podiam delxar os prisioneiros, coitados...Se tivessemos nascido lá, eramos como eles.

Anónimo disse...

Pasmo com estas mentalidades "domésticas"! A minha alavanca, aminha criança, a historinha de teatro de provincia, etc. É por isso que não gostam de anónimos. Porque eles estão à vontade para não ser simpáticos com lérias pessoais. Não leram, no Público, um artigo do Eduardo Lourenço sobre o que significa e como se gerou o conceito de "terrorismo"?(Na senda de um Colóquio na Gulbenkian, sobre o tema). Que alibis históricos e sociológicos encobre? Para além de efectivamente ser uma prática hedionda. MAS, PORQUÊ?
Não duvido que JMV tem o actualizado e profundo conhecimento para discutir/descodificar estes "mistérios". Que não para resolvê-los. Senão seria Deus, alá, Jeová e Buda ao mesmo tempo

Anónimo disse...

Estás muito preocupado com a tortura meu paneleiro de merda. Tortura é o que tu fazes quando arrebentas com o cu dos toxicoddependentes. Já pensaste se eles sofrem??????

Anónimo disse...

Com tortura ou sem tortura eu acho que o maior flagelo da humanidade é a estupidez.

Anónimo disse...

It's hard to find a more appropriate representation of the zeitgeist of Europe at the moment. The bien pensants -- and the simply anti-American -- have raised a storm about the prison conditions of a group of men who fought for an organization that dedicates itself to killing innocents. At the same time, they ignore, or deny, the existence of the men and women behind bars in Cuba not for acts of violence, but for the crime of speaking their minds about the foulness of the Castro regime.

Would it be because the al Qaeda gang is subject to untold mistreatments, while the Cuban political prisoners enjoy some Caribbean version of summer camp? Hardly.

According to the testimonials from the Cuban prisoners themselves, they are subjected to physical and mental torture routinely, and often must endure steamy stand-up cells with only ravenous rats for companions. Visits by relatives are not allowed, while the medication sent to the prisoners is often confiscated. The al Qaeda prisoners, on the other hand, get three square meals, a Quran, time to pray five times a day and exercise. The food rations, freedom of religion and attention to leisure would be envied by Cubans -- in and out of prison.

The al Qaeda prisoners have also benefited from visits by representatives of the International Red Cross. Since 1989 this organization has demanded that Castro open his jails to its monitors, but to no avail -- he thumbs his nose. Why shouldn't he? He's been Cuba's dictator for the past 44 years and he's the toast of the European left, in government and opposition. The Europeans are telling him he's doing nothing wrong.

We could write at length here about heart-wrenching individual cases of Cubans who have suffered untold indignities for doing what men and women everywhere should have a right to do. But anyone interested can simply go to the Web sites of Amnesty International, Americas Watch, the Center for a Free Cuba or the U.N. Commission on Human Rights.

The point of this exercise is simply to expose the rank hypocrisy of those who've just discovered there are prisons in Cuba.

amok_she disse...

PS: Em relação aos posts anteriores que deram comentários abundantes, tenho como certo para mim, que a opção sexual de cada ser humano é incompatível com qualquer discussão polémica, ou seja, quer a homosexualidade quer a heterosexualidade, têm a mesma legitimidade, e portanto não são para mim discutíveis.

Lobo das Estepes

4:01 PM


Ora aqui está algo que algumas mentes 'iluminadas', deste espaço, já deviam ter percebido há muito...se fossem, realmente, iluminadas...no real sentido da palavra!:->

Anónimo disse...

Evidências Etimológicas

Homo - prefixo grego, significa o mesmo, o semelhante.
Hetero- prefixo grego - o dissemelhante.
Logo é desejável que se estabeleçam relações com o dissemelhante. Nisso se baseia a "economia" e o progresso das comunidades, a evolução, segundo leis cósmicas. Claro que me refiro a milhares de anos e não ao parzinho da esquina.
As "mentes iluminadas" têm profundidade de Conhecimento para discutirem tudo. Só o rústico de Santa Comba Dão é que não discutia Deus, a Pátria (do Minho a Timor(o que deu um belo resultado) e a Família (nada de divórcios e filhos bastardos à fartazana).
Claro que os blogs são simplistas. Mas não se armem em mais do que isso.

amok_she disse...

amok_her disse...

Evidências Etimológicas
(...)


...isso é falta de imaginação, ou... homenagem!????!:->

_Stardust_ disse...

Que horror... como é que isto continua a ser possível??? :/

Anónimo disse...

Afinal onde é que os americanos defendem os direitos do homem?
Nada me admira de um povo que tem a pena de morte...
Está tudo dito...Convem saber que americano não é nenhuma raça mas a ra´lé de muitas...

Anónimo disse...

Por isso que, no referendo realizado no Brasil sobre A 'PROIBIÇÃO DO COMERCIO DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO' votei pela "NÃO PROIBIÇÃO", que foi a opção vencedora, uma arma pode não defender minha pátria de uma possível agressão americana, mas pode providenciar alguns corpos dos deles para que sintam a mesma dor que provocam em outros povos. Infelizmente alguns povos só aprendem a livrar-se de sue péssimos lideres com a dor...foi a ssim com a alemanhã e com o japão...há de ser com os americanos!!!
ERIVALDO MELO