quarta-feira, maio 31, 2006

Últimas da "Futebolândia": o Parecer do Tribunal Constitucional é esperado até ao fim da tarde...

Cavaco Silva aceita decisão dos deputados para mudarem horário por causa do Mundial
O Presidente da República revelou hoje que concorda com a decisão do Parlamento em alterar a agenda no dia 21 de Junho para os deputados poderem assistir ao Portugal-México, do Mundial2006.



ASF
«Não me parece que esteja em causa o regular funcionamento das instituições democráticas», afirmou Cavaco Silva, após ter visitado a base naval do Alfeite.

terça-feira, maio 30, 2006

Depois queixem-se de nós!

Homens cada vez mais parecidos com mulheres
2006/05/30 | 21:38
Diferenças ainda existentes vão atenuar-se.

Os homens estão a assumir comportamentos e interesses cada vez mais parecidos com os das mulheres, conclui um estudo hoje apresentado pela agência Publicis, que sublinha a importância dos novos valores masculinos no marketing e comunicação.

Com base no estudo «O Outro Lado do Homem», a Publicis defende que «muita coisa mudou sobre o que significa "ser homem" na nossa sociedade», sendo que «cada vez mais, homens e mulheres estão próximos no que respeita a obrigações, responsabilidades, direitos e deveres».

Aproximação que deverá tornar-se ainda mais significativa no futuro, já que «tudo indica que as diferenças ainda existentes se irão atenuando».

Os homens actuais têm «diferenças abismais» em relação às gerações dos seus pais ou dos seus avós quer em termos de personalidade, aparência física, vida profissional e familiar e interesses ou hobbies.

O «novo homem», refere a Publicis, tem «evidentes particularidades muito "femininas"», tendo o homem descoberto que «a aceitação do seu lado mais feminino lhe pode proporcionar muito prazer».

Mais «maternais», exigentes, consumistas, vaidosos e sensíveis, os homens adoptam actualmente actividades tradicionalmente consideradas exclusivas das mulheres, tirando prazer das suas novas «funções», adianta o estudo.

Entre essas actividades contam-se o cuidar da imagem, o cozinhar e ir às compras e o cuidar dos filhos.

O estudo «O Outro Lado do Homem» foi feito com base numa análise dos meios de comunicação de massas, nomeadamente imprensa, e resulta da recolha e sistematização dos conteúdos editoriais de artigos publicados entre 2004 e 2005.

A metodologia, designada por «Context Analysis» ou análise de contexto, é praticada a toda a rede mundial da Publicis e parte das premissa que o que os consumidores vão pensar amanhã é, em grande parte, causa e efeito do que vêem, lêem e ouvem hoje nos media.

Para a elaboração do documento foram analisados mais de 30 títulos da imprensa portuguesa com elevados índices de leitura, em áreas como a decoração, beleza/moda, viagens, música, culinária, etc.

Para ser representativo, cada tema tem que estar presente em pelo menos 3 publicações, num período superior a 3 meses.

segunda-feira, maio 29, 2006

Lá vem a nostalgia de resolver tudo por engenharia genética:).

Estudo revela que genes influenciam desejo sexual

O desejo sexual é influenciado por causas genéticas e não psicológicas, como geralmente se julga, segundo um estudo de investigadores israelitas publicado pelo jornal Maariv.
As primeiras conclusões do estudo sugerem que as perturbações do desejo sexual poderiam no futuro ser tratadas por meios genéticos e não pela tradicional via psicológica.

Neste trabalho, dirigido por Richard Abstein, do departamento de Genética Humana da Universidade de Jerusalém, participaram investigadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, do departamento de Psiquiatria da Universidade Ben Gurion de Beersheva e do Hospital Psiquiátrico Herzog.

Segundo os investigadores, o gene que influencia a sexualidade pode ser modificado tanto para reprimir o desejo ou diminuir a actividade sexual, como para aumentar o desejo, mas não especificam as modificações em causa em ambos os casos.

O estudo conclui que apenas 30% das pessoas tem uma mutação genética que intensifica o apetite sexual, carecendo dela as restantes.

Tal mutação seria relativamente nova na história humana, remontando à época do homo sapiens, há cerca de 50.000 anos.

Diário Digital / Lusa

29-05-2006 10:03:26

sábado, maio 27, 2006

Avaliam o quê?: A educação? A forma de vestir? A beleza?

Pais vão avaliar professores
2006/05/27 | 12:32
Ministério da Educação apresenta proposta este sábado.

O Ministério da Educação (ME) quer que os pais passem a participar na avaliação do desempenho dos professores dos filhos, necessária para a progressão na carreira dos docentes, revelou à agência Lusa fonte da tutela.

Segundo a proposta de alteração do Estatuto da Carreira Docente (ECD) que o Ministério apresenta hoje à comunicação social e aos sindicatos, cada encarregado de educação individualmente vai fazer uma avaliação do trabalho dos professores que dão aulas aos seus filhos, uma apreciação que será depois tida em conta, juntamente com outros factores, para a subida de escalão por parte dos docentes.

A proposta da tutela prevê ainda que os professores tenham de prestar provas para subir na carreira, que passará a dividir-se em dois graus ou categorias, independentemente dos dez escalões em que está actualmente organizada.

«Um professor poderá candidatar-se a passar para o grau mais elevado de pois de um certo número de anos de serviço, tendo para isso de prestar provas», disse à Lusa a mesma fonte do ME, escusando-se a adiantar pormenores sobre o tipo de provas a realizar.

A intenção do ME é fazer depender a progressão na carreira docente do mérito dos professores, aferido através de vários mecanismos de avaliação do desempenho.

Actualmente, o ECD faz depender a subida de escalão do tempo de serviço, da frequência de acções de formação contínua e de um processo de avaliação do trabalho do professor efectuado pelos órgãos de gestão da escola em que lecciona.

A legislação em vigor, que será agora revista no âmbito de uma negociação entre a tutela e os sindicatos do sector, determina que os professores têm de apresentar um relatório crítico da actividade por si desenvolvida no período de tempo de serviço a que se reporta, um documento que é depois avaliado qualitativamente pelo conselho pedagógico da escola, com as menções de Não Satisfaz, Satisfaz, Bom ou Muito Bom.

Belo ponto de partida para a discussão.

"A sociedade contemporânea, individualista e céptica, resiste à intromissão do Estado na cama (e na morte) de cada um. Empurrar a direita portuguesa para essa cruzada serviria apenas para a desfazer e dar à esquerda a causa que lhe falta"
Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 27-5-2006

sexta-feira, maio 26, 2006

O "desporto" no seu melhor:(.

Duzentos ciclistas clientes da rede de doping desmantelada em Espanha
25.05.2006 - 20h32 Duarte Ladeiras, PUBLICO.PT

A Guarda Civil espanhola confiscou documentos com nomes de 200 ciclistas, durante as rusgas efectuadas na terça-feira, relativas ao desmantelamento de um esquema de doping, que levou à detenção, até agora, de cinco pessoas, entre as quais Manolo Saiz, director desportivo da Liberty Seguros-Würth, equipa do português Sérgio Paulinho, vice-campeão olímpico.
Eufeminiano Fuentes (ginecologista e médico desportivo de várias figuras do pelotão e ex-clínico da Kelme e da ONCE) e José Luis Merino Batres (hematologista e ex-gerente de um laboratório de análises clínicas de Madrid) eram alegadamente os cérebros do esquema de dopagem através de autotransfusão sanguínea. Saiz, que foi detido na posse de 60 mil euros, em notas de euro e franco suíço, e outro dos detidos, José Ignacio Labarta (director-adjunto da equipa Comunidad Valenciana) são suspeitos de terem contratado os serviços de Fuentes e Merino Batres. Alberto León, ex-corredor de bicicleta de montanha, também sob detenção, era o alegado transportador de bolsas de sangue e substâncias dopantes.

O médico desportivo e o hematologista tinham como clientes centenas de ciclistas de elite, espanhóis e de outros países, e até desportistas de outras modalidades. Segundo fontes citadas pela rádio Cadena Ser, um deles Jan Ullrich, vencedor da Volta à França de 1997 e candidato ao triunfo este ano. O alemão terá sido orientado durante anos pelo médico Luigi Ceccini, próximo de Fuentes, mas actualmente era o próprio Fuentes a cumprir essa função. Ullrich desmentiu a notícia: “Nunca trabalhei com Fuentes”, disse, no “site” da sua equipa, a T-Mobile.

De acordo com o jornal “El País”, a investigação começou em Fevereiro, na sequência de várias denúncias, confirmadas quando os agentes da Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil encontraram bolsas de sangue vazias e seringas nos quartos de hotel onde estiveram supostos clientes de Fuentes e Merino Batres. Descobriram posteriormente dois apartamentos onde o médico desportivo e o hematologista efectuavam a recolha de sangue dos ciclistas. Câmaras de vigilância instaladas à porta desses apartamentos permitiram identificar vários corredores de renome.

No total, a UCO efectuou buscas a seis locais e encontrou muito mais do que apenas listagens de ciclistas. De acordo com a edição de hoje do “El País”, numa das casas usadas por Fuentes foram apreendidas mil doses de anabolizantes e hormona de crescimento, uma centena de bolsas de sangue, cada uma com 450 mililitros, documentos com informações sobre práticas dopantes e planos de tratamentos de ciclistas. Noutro apartamento ligado ao médico, foi encontrada mais uma centena de bolsas com sangue, plasma, embalagens de eritropoietina e de hormona de crescimento, ambas importadas da China, duas malas de viagem com anabolizantes e equipamento usado em manipulação sanguínea, como máquinas congeladoras e centrifugadores (separam os vários elementos do sangue).

Denúncia e colaboração da UCI

Após o cruzamento de dados, entre os códigos e senhas escritos nas bolsas de sangue e os documentos com os nomes dos ciclistas os titulares da investigação pretendem entregar os resultados à União Ciclista Internacional (UCI), para se puder punir desportivamente os implicados.

Aliás, o próprio organismo internacional emitiu um comunicado nesta quinta-feira, citado pela AFP, afirmando que “as investigações não constituem uma completa surpresa”: “A UCI já tinha expressado, em várias ocasiões, ao governo espanhol e à Agência Mundial Antidopagem as suas preocupações em matéria de alegadas práticas de dopagem sanguíneas em Espanha, pedindo ao mesmo tempo ajuda a estas instâncias, tendo em conta as suas possibilidades de investigação limitadas. (...) A UCI está preparada para colaborar plenamente nas investigações com as autoridades espanholas”.

À Reuters, o presidente da federação, Pat McQuaid, garantiu firmeza: “As pessoas que forem consideradas culpadas serão punidas. Se é verdade que 200 ciclistas estão envolvidos, não teremos problemas em tomar medidas disciplinares”.

Liberty cancela patrocínio

Também nesta quinta-feira, a Liberty Seguros anunciou a rescisão do contrato de patrocínio da equipa dirigida por Saiz. “As implicações da detenção de Manolo Saiz são altamente preocupantes: prejudicam o nosso nome e o nome do ciclista. Notificámos a Active Bay, proprietária da equipa, que cancelámos o nosso acordo de patrocínios”, anunciou a seguradora no seu “site” espanhol, lembrando que, já em Novembro do ano passado, aquando da penalização de Roberto Heras (suspenso dois anos e desapossado da sua quarta vitória na Volta à Espanha, por doping com eritropoietina), tinha reforçado “as cláusulas para conseguir um dos contratos de patrocínio mais rigorosos em matéria antidopagem”.

Uma decisão que não irá ter consequência no patrocínio da equipa portuguesa LA Alumínios-Liberty, segundo afirmou hoje à Lusa o administrador da seguradora em Portugal, José António Sousa. Segundo este responsável, a empresa no território luso funciona de forma independente em relação à espanhola (a Liberty é uma multinacional norte-americana) e o contrato com a formação de ciclismo portuguesa não está risco. Aliás, para Vítor Paulo Branco, director desportivo da LA Alumínios-Liberty, nem faz sentido relacionar o escândalo espanhol com a equipa lusa.

quinta-feira, maio 25, 2006

Breves.

Há em Rui Costa uma candura desarmante que o torna consensual - até os meus amigos portistas e sportinguistas simpatizam com o rapaz, embora lhe desejem derrotas semana após semana:).


Ontem um de vocês tomava "o meu partido" contra a severidade do alter-ego em bold de O Tempo dos Espelhos. Apesar de enternecido com o comentário, não posso deixar de defender o meliante. Esse outro, na minha opinião, esconde mal a sua própria lamechice e uma solidariedade que sobrevive à crítica mais corrosiva. Mas o leitor é como o cliente - tem sempre razão!

Triste quadro.

Relatório - amnistia internacional envergonha o país
Violência doméstica matou 33 mulheres em Portugal


Jorge Godinho

O relatório da Amnistia Internacional volta a acusar Portugal pelos maus tratos às mulheres
Os números do relatório da Amnistia Internacional (AI) referentes a 2005 não enganam: a violência doméstica é uma realidade que envergonha Portugal aos olhos do Mundo. O documento refere 33 mulheres mortas por esse motivo, das quais 29 foram vítimas às mãos dos maridos, de antigos namorados ou parceiros. Estes valores foram confirmados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).

Apesar de reconhecer o mérito das medidas tomadas em Portugal desde 1990, o relatório considera os resultados “muito graves”. Refira-se que no projecto do novo Código Penal a violência doméstica passa a ser um crime autónomo, punido com pena de prisão de um a cinco anos.

João Lázaro, secretário-geral da APAV, disse ao CM que os dados apresentados pela AI confirmam os valores revelados pela associação em Fevereiro passado – quatro em cada cinco vítimas de crimes registados pela APAV são mulheres: “Saúda-se o facto de a Amnistia Internacional considerar estes crimes como um atentado aos direitos humanos. Os dados agora revelados só validam o retrato efectuado e as tendências que as organizações como a nossa já conhecem.”

Sobre o perfil do agressor, os dados da APAV indicam que, em 98 por cento dos casos registados, é conhecido da vítima, mantendo com ela uma relação afectiva ou familiar. Das 14 371 pessoas que recorreram à APAV no ano passado, mais de 12 600 eram mulheres, isto é, 88 por cento.

POLÍCIAS SOB SUSPEITA

Outro facto apontado pela AI prende-se com o uso da força pelas autoridades policiais portuguesas. No relatório, apresentado ontem em Londres, considera-se insuficiente a formação dos agentes em Portugal no que diz respeito ao uso da força e das armas de fogo.

Neste particular, é relatada a morte de, pelo menos, três pessoas em resultado do uso da “força letal” por parte da Polícia.

A Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) anunciou ontem a instauração de processos disciplinares a um oficial da PSP e a militares da GNR suspeitos de envolvimento nos casos de violência policial referidos pela AI.

A Direcção Nacional da PSP negou que “tenha existido qualquer agressão”. As acusações de falta de formação dos agentes são também refutadas: “O que vem referido [pela AI] não corresponde à verdade pois, além da formação inicial, 84 por cento do efectivo tem formação pelo menos uma vez por ano”.

Ao fim da noite.

Maria,
Suicidária jantarada com gente minha. Regresso a casa. Cyrano de Bergerac no Hollywood. E esta sensação, velha de trinta anos, de vegetar, quando comparado com este magnífico louco:(.

quarta-feira, maio 24, 2006

Isto é gralha das oposições leónicas e dragónicas!!!! Mercado quê?:)))))).

Fernando Santos: «Os grandes nomes dificilmente poderão sair do Benfica»
[ 2006/05/24 | 17:28 ] Redacção MaisFutebolLinks relacionados:
Notícias Benfica Fernando Santos quer manter no Benfica os grandes nomes. Simão serviu de exemplo para aquilo que o novo treinador encarnado pensa como valores que o clube não pode perder se quer uma equipa ganhador.

«O Benfica vai manter todos os grandes jogadores», afirmou Fernando Santos esta tarde à entrada para mais um almoço com os responsáveis encarnados. «Por isso, os grandes jogadores dificilmente poderão sair do Benfica», explicou.

Quanto a contratações, Fernando Santos volta a não querer falar de nomes. «Há um rigor no Benfica, mas é claro que para termos os jogadores que são bons faremos um esforço para os adquirir», apontou. «Estou preparado para construir uma equipa para ganhar.»

Nos últimos dias têm surgido nomes de jogadores gregos como potenciais aquisições dos encarnados. «O mercado negro não é preferencial. É normal surgirem nomes de jogadores gregos, tal como quando fui para a Grécia todos os dias surgiam nomes de jogadores portugueses que queria levar. Há, de facto, bons jogadores no campeonato grego que poderiam interessar ao Benfica, mas não passa por aí de maneira nenhuma.»

Fernando Santos espera contar com um plantel que terá no máximo 25 jogadores. O técnico garante que já tem ideia da equipa que quer. «Sabemos o que queremos. O que existe em termos de estratégia para o plantel está definido. Mais do que falar de nomes, o mais importante é sabermos o que queremos. Tenho de fazer as contas com os que vão sair e os que podem entrar. Tenho trabalhado e falado com as pessoas que estiveram com estes jogadores no ano passado. Vou ver vídeos e depois decidir. Mas alguns dos jogadores que estiveram emprestados vão fazer a pré-época.»

De notar o tipo de bebidas e a paridade sexual aos 18.

Metade dos jovens com 13 anos já bebe, 25% escolhe as brancas

Quase metade dos adolescentes portugueses com 13 anos consome bebidas alcoólicas e um em cada quatro prefere bebidas destiladas à cerveja ou ao vinho, revela um estudo divulgado hoje num colóquio sobre toxicodependência.
A dependência do álcool foi um dos temas abordados hoje no XIX Encontro das Taipas, que decorre desde segunda-feira em Lisboa, durante o qual a coordenadora nacional dos estudos em meio escolar, Fernanda Feijão, apresentou pela primeira vez os dados, referentes a 2003, de um trabalho sobre consumo de álcool e adolescência.
De acordo com este estudo, 47% dos jovens no ensino público com 13 anos já tinham consumido bebidas alcoólicas, uma tendência mais acentuada nos rapazes (53%) do que nas raparigas (42%).
A percentagem de jovens que bebem bebidas alcoólicas vai aumentando com a idade, sendo já superior a 60% nos 14 anos, a 70% nos 15 anos, a 80% nos 16 e acima dos 90% a partir dos 17 anos.
O estudo revela ainda que 30% dos adolescentes de 13 anos tinham consumido bebidas alcoólicas nos 30 dias anteriores ao inquérito, um número que aumenta também com a idade, chegando aos 68% na casa dos 18 anos.
Quanto às bebidas de escolha, Fernanda Feijão chamou a atenção para o facto de entre os jovens com 13 anos haver já uma prevalência de consumo das destiladas sobre as outras, nomeadamente a cerveja.
Assim, 22% destes adolescentes escolhem as bebidas destiladas, com pouca distinção entre rapazes e raparigas, ao passo que apenas 12% optam pela cerveja e 8% preferem o vinho, sendo que a maioria destes é do sexo masculino.
Nas idades mais avançadas, e até aos 18 anos, a tendência é a mesma, sempre com preferência pelas bebidas destiladas, seguindo-se a cerveja e finalmente o vinho.
No que respeita aos «consumos mais intensos» (cinco ou mais bebidas de seguida) nos últimos 30 dias, a especialista alertou para o facto de se verificarem em 7% dos alunos de 13 anos e de nos 18 rondar já os 30%.
As bebedeiras também começam cedo, revela o estudo, indicando que aos 13 anos, 7% dos jovens já se tinha embebedado e que 2% o tinham feito nos últimos 30 dias.
Aqui também a tendência é crescente, e sempre mais acentuada entre os rapazes, com metade dos jovens de 18 anos a reconhecer que apanha bebedeiras e 20% a assumir que se tinha embriagado no último mês.
Assim, aos 13 anos, 6% dos rapazes embebedaram-se de uma a duas vezes e 2% de três a cinco. Nas raparigas da mesma idade estas percentagens são de quatro e 1%, respectivamente.
Aos 18 anos esta percentagem (para uma a duas bebedeiras) ronda os 18% em ambos os sexos.
Diário Digital / Lusa
23-05-2006 14:47:00

terça-feira, maio 23, 2006

Não sabe???????? Em contrapartida, a colega debita certezas:((((.

Homossexuais continuam sem poder dar sangue



Fernanda Câncio

Amédica disse-me que os

homossexuais têm uma relação promíscua e que não valia a pena eu dizer que tenho um parceiro há mais de seis meses, porque isso é muito difícil. Também me disse que o sexo anal é muito duro, o que não acontece entre homens e mulheres. Não serviu de nada eu dizer que uso sempre preservativo." Tiago tem 18 anos e tentou dar sangue na semana passada, no Hospital de Santo António, no Porto. Não chegou sequer à fase da colheita: o facto de ter respondido afirmativamente à pergunta "Se é homem, teve sexo com homens?" determinou a sua exclusão.

Uma exclusão cujo fim foi anunciado em Março, ao DN, pelo presidente do Instituto Português de Sangue (IPS), Almeida Gonçalves: "A tendência actual é para uma igualdade de critérios para todas as orientações sexuais, há uma recapitulação em termos internacionais sobre a matéria." Especificando que a decisão nesse sentido havia sido tomada no final de 2005 e que havia já "mandado retirar" da página de Internet do IPS o "aviso" da exclusão da dádiva dos "homens que têm sexo com homens", Almeida Gonçalves admitiu mesmo que hoje, em Portugal e em quase todo o mundo, a principal via de transmissão de uma infecção como o HIV/sida é a do sexo heterossexual, entre mulheres e homens.

Esta alteração de perspectiva, no entanto, não passou ainda à prática. Um facto que o grupo parlamentar de Os Verdes denunciou recentemente, num requerimento ao ministro da Saúde solicitando esclarecimentos sobre os critérios em vigor para a selecção de dadores. Heloísa Apolónia, a deputada que assinou o requerimento, diz ter recebido uma queixa de um homossexual que tentou dar sangue e viu a dádiva recusada. "Fomos ao site do IPS e no manual que lá estava para técnicos de saúde continuava a exclusão dos homens que têm sexo com homens. Ou seja, a informação para os dadores mudou mas a para quem faz a selecção continua igual."

Após este requerimento de Os Verdes - o segundo que fazem a este propósito, pois em 2005 tinham já solicitado esclarecimentos ao ministro da Saúde sobre o critério de selecção de dadores -, Almeida Gonçalves disse ao DN ter mandado retirar da página do IPS o dito manual. Mas reconhece que não foi enviada informação aos serviços de sangue no sentido de alterarem os seus critérios. "Ainda continuamos a trabalhar com as regras anteriores." Procedimento que é justificado com o facto de o novo manual estar ainda em elaboração. Quanto às novas regras e à forma como serão afinal enquadrados "os homens que têm sexo com homens", Almeida Gonçalves é vago: "Não lhe sei responder. Não sei dizer se um homem ter sexo com homens, mesmo se for sexo protegido, é um comportamento de risco ou não. Não posso responder ainda a essa questão sobre o que é exactamente comportamento de risco."

DN.

segunda-feira, maio 22, 2006

Velharia a propósito.

As coisas


O Gaspar saboreou o primeiro Natal. Não, não vos aldrabei quanto à sua idade, o ano passado já por aqui cirandava. Mas sejamos francos: um bebé não goza o Natal, tenta sobreviver à adoração amassadora dos adultos que o rodeiam! Agora, com vinte meses, sua excelência exibiu autonomia mais do que suficiente para obrigar os pais a dividirem a atenção entre o seu destemido navegar pela sala e o ataque às monumentais lascas de bacalhau, escoltadas por iguarias que justificam denominação clássica: “com todos!” Estômagos simplesmente reconfortados ou distendidos pela gula, a maralha avançou para o ritual dos presentes. Um dos primos mais velhos compôs uma figura credível de Pai Natal, apenas traído pelo exagerado entusiasmo com que retirava do saco as prendas a si destinadas.
Em ocasiões de barafunda, refugio-me num canto, esboçando os sorrisos e respostas indispensáveis, mas com a família não há problema - sou um morcão e pronto! Por carinho e orgulho de Avô babado, seria inevitável que Gaspar fosse para mim a estrela da noite. Confortável e seguro no colo materno, espiava a agitação circundante com atenta e elogiada placidez. Quando os presentes começaram a submergi-lo como as cheias do Douro fazem a Miragaia, a mudança foi espantosa. Como ninguém resistira à tentação de o mimar, o improvisado Pai Natal gritava o seu nome constantemente e os embrulhos faziam bicha, à espera das mãos da Mãe. E ela, extremosa, descascava-os antes de lhe servir o conteúdo.
O miúdo foi apanhado na voragem. A exigência de um novo espanto e o incitamento à alegria seguinte obrigaram-no a saltar de surpresa em surpresa, sem verdadeiramente as descobrir. Às tantas, vi-o aflito, com firmeza agarrando contra o peito dois brinquedos e por isso incapaz de corresponder ao desafio de explorar mais um. Quando as ofertas de todos aqueles reis magos de trazer por casa terminaram, Gaspar parecia mais confuso do que feliz e brincara pouco, se chegara a fazê-lo.
Não lhe faltará tempo ao longo do ano, dirão vocês. Claro, nada disto é um drama, e contudo merece reflexão. O dilúvio de coisas sobre as pessoas – que não apenas as crianças! – impede que as revirem, à cata de segredos e fascínios. Limita-lhes o tempo de atenção e sobrevivência, cada uma é vertiginosamente substituída por outra, da qual se espera maior satisfação. Esta sucessão interminável, vivida a uma cadência alucinante, reflecte o triunfo das ditas: simbolicamente, porque lhes confiamos a responsabilidade de serem arautos das palavras que não dizemos; filosoficamente, porque o seu reinado significa que uma sociedade se tornou dependente delas para se aproximar de paz ou alegria interiores. E por isso, as sucessivas desilusões não são vistas como falhas da teoria, mas como simples provas de que a coisa ideal ainda nos espera, capaz de compensar a tristeza pela perda de efeito da última que nos encantou.
Longe de mim preconizar a confiscação de algum presente do Gaspar. Mas penso que tal enxurrada prejudica o imaginário do puto, lembro-lhes frase básica para os processos educativo e de crescimento: “agora não posso brincar, entretém-te um bocadinho”. Ora a insatisfação expectante que o dilúvio de brinquedos provoca não favorece a autonomia imaginativa que transforma papel amarfanhado numa bola, carrito solitário em grande prémio completo ou o boneco favorito no interlocutor para longa conversa “adulta”.
Recordo mensagem preventiva sobre as drogas: “são apenas substâncias, o efeito depende do contexto e dos indivíduos”. Pois bem, os indivíduos que somos desenvolveram um contexto cultural que nos tornou “coisasdependentes” graves. Depois, resta o “pormenorzinho” de que por cada miúdo inundado de prendas existem muitos vivendo atroz seca de brinquedos. Em África? Não, aqui. Invisíveis? Só para quem use antolhos egoístas.

domingo, maio 21, 2006

Vêem porque sempre recuso falar dos toxicodependentes como ETs?

Droga: Novo século, novos vícios



Vamos deixar de falar "em toxicodependência para começarmos a falar de adictologia"
Internet, compras e telemóvel - estes são os novos vícios. Os técnicos da área da toxicodependência começam a confrontar-se com a emergência de novos vícios sem drogas.

21/05/2006


(10:33) Embora com implicações muito diferentes das que decorrem do uso de drogas, estas patologias carecem igualmente de tratamento, sob pena do viciado poder viver situações dramáticas.

Em entrevista à agência Lusa, o psiquiatra Luís Patrício, que dirige o Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) das Taipas, em Lisboa, sublinhou que a sociedade de consumo e o aumento da oferta estão a criar fortes dependências patológicas sem substâncias psicoactivas (drogas), não só nos toxicodependentes em tratamento como no cidadão que nunca consumiu qualquer droga lícita ou ilícita.

Luís Patrício vai mesmo mais longe e argumenta que "cada vez mais deixamos de falar em toxicodependência para começarmos a falar de adictologia".

Face a esta preocupação, o "XIX Encontro das Taipas", que reúne em Lisboa segunda e terça-feira cerca de 400 técnicos nacionais e estrangeiros na área da toxicodependência, inclui no seu programa um painel de debate sobre "Dependências Patológicas sem Substâncias Psicoactivas", que terá como orador o professor Carlos Alvarez Vara, da Agência Antidroga da Comunidade de Madrid.

"A sociedade apela a que estejamos a gastar sistematicamente, estejamos a consumir. É preciso levar as pessoas a pensar, a crescer, para poderem escolher", concluiu.

sábado, maio 20, 2006

Para que alguns não esqueçam o passado. E muitos aprendam que ele existiu...

Sede da PIDE em museu
2006/05/20 | 20:42
Movimento «Não Apaguem a Memória» quer recordar a ditadura salazarista
O movimento «Não Apaguem a Memória» defendeu hoje que a antiga sede no Porto da polícia política do Estado Novo (PIDE/DGS) seja convertida num museu dedicado à resistência à ditadura salazarista, noticia a Lusa.

A PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) e a sua sucessora (Direcção-Geral de Segurança), que reprimiam os opositores ao regime ditatorial instituído por António de Oliveira Salazar, tiveram a sua delegação no Porto num edifício da Rua do Heroísmo, que funciona actualmente como museu militar.

«Não pomos em causa a existência de um museu militar no Porto, mas o Ministério da Defesa tem certamente melhores locais para ele. Ao contrário, não há no Porto outro local com simbolismo semelhante para preservação, tratamento e divulgação da memória dos 50 anos da resistência à ditadura», justificou Henrique Sousa, um dos co-fundadores do movimento.

Falando à Lusa no final de uma reunião constitutiva de um núcleo no Porto do movimento «Não Apaguem a Memória», Henrique Sousa disse que a organização pretende «dinamizar um largo movimento cívico que ajude à solução pretendida para o edifício da Rua do Heroísmo» e que «encete o necessário diálogo com as entidades públicas».

sexta-feira, maio 19, 2006

Também isto será pretexto para aumento de audiências?

Francisco Adam (o ‘Dino’ da série ‘Morangos com Açúcar’, em exibição na TVI) consumiu cocaína pouco tempo antes do acidente de automóvel em que perdeu a vida, no Domingo de Páscoa, 16 de Abril – e conduziu ainda sob o efeito da droga.

Segundo fontes médicas que tiveram acesso aos resultados dos exames toxicológicos ao cadáver, os especialistas do Instituto de Medicina Legal, em Lisboa, encontraram cristais de cocaína (erytbronxylon, o nome científico) em “quantidade relativamente significativa”.

As análises revelaram ainda no corpo de ‘Dino’ vestígios de anfetaminas e cafeína – estimulantes que habitualmente são adicionados à cocaína para aumentar o volume e potenciar os efeitos.

FUROR NA DISCOTECA

Francisco Adam passou as últimas horas de vida na discoteca Clube In Campo, em Coruche: chegou cerca da meia-noite e participou numa longa sessão de autógrafos, que reuniu quase um milhar de fãs, até perto das três e meia da madrugada de domingo.

O actor deslocou-se à discoteca ao volante do seu Renault Clio, na companhia dos amigos Filipe Diegues e Osvaldo Serrão. Francisco Adam, ao fim de três horas e meia a distribuir autógrafos, pediu música da banda Outwork e dançou durante uma boa meia hora ao ritmo intenso e acelerado. A cocaína, segundo um médico contactado pelo CM, estimula o sistema nervoso central e produz agitação.

O actor e os amigos abandonaram a discoteca por volta das 04h00. Francisco Adam seguiu ao volante, Osvaldo Serrão no banco ao lado e Filipe Diegues atrás. No final da estrada nacional 119, no entroncamento com a 118, o condutor perdeu o controlo do carro: o Renault Clio embateu nos separadores, seguiu em frente e esmagou-se contra eucaliptos. Francisco Adam, de 22 anos, teve morte imediata. Filipe sobreviveu com ferimentos ligeiros. Osvaldo Serrão, gravemente ferido, lutou durante 12 dias em Santa Maria até que foi transferido, a 28 Abril, para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde morreu.

Segundo as nossa fontes, as análises clínicas a Osvaldo também revelaram vestígios de cocaína. “Não sei o resultado das análises e da autópsia”, disse ao CM o irmão, Marco. Ontem, o CM tentou sem êxito contactar os pais de Francisco Adam.

REACÇÃO A PERIGOS FICA MAIS LENTA

O consumo de substâncias estupefacientes como a cocaína afecta principalmente as capacidades psicomotoras dos condutores. Ou seja, as drogas induzem uma sensação de euforia, alteram a percepção visual e dilatam os tempos de reacção a situações perigosas, como explicou ao CM um médico legista.

“Um condutor que não tomou nada consegue aperceber-se de determinados perigos e reagir, em tempo útil, aos mesmos. Mas, em alguém que conduza sob o efeito de estupefacientes, a reacção fica lentificado. Isto é, a reacção a um determinado perigo é mais lenta”, disse o clínico. “Além disso, a pessoa perde a noção dos comportamentos e das consequências do mesmos”, acrescentou.

Correio da Manhã.

Acho mais do que justo!

Arquitectos vêem alterada lei que contestavam há 33 anos



Paula Lobo

Pela primeira vez, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, uma iniciativa legislativa de cidadãos. O Projecto-lei nº183/X, ontem debatido, revoga uma norma que há 33 anos permite que engenheiros civis e de minas, técnicos ou construtores civis diplomados assinem projectos de arquitectura. Os arquitectos que encheram as galerias saíram satisfeitos. Mas o diploma terá ainda de ser discutido na especialidade e os principais partidos aguardam a anunciada proposta do Governo sobre a matéria.

Mais de uma centena de arquitectos e estudantes de Arquitectura acompanharam o debate. No final, já na escadaria da AR, aplaudiram o desfecho da iniciativa - em Novembro de 2005, a Ordem dos Arquitectos (OA) fez entrar uma subscrição com 36 783 assinaturas, para alteração parcial do decreto-lei 73/73.

Nuno Teotónio Pereira, um dos arquitectos que mais se tem batido pela questão, estava "muito contente". Embora recordasse que há mais gente com "interesses legítimos" no processo e que a lei "não fará o milagre de transformar todas as construções em boa arquitectura".

Com 206 votos a favor, a iniciativa terá agora que ser discutida na especialidade pela Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social. Segundo Helena Roseta, presidente da OA, os arquitectos também aguardam a iniciativa do Governo e vão prosseguir o debate com outras associações. "O que é um prazo de três meses para quem esperou 33 anos?", questionou.

Maria José Gamboa, do PS, autora do relatório apresentado à AR, esclareceu que "toda e qualquer solução normativa não pode fazer tábua rasa dos direitos e interesses das restantes profissões do sector".

Todos os intervenientes concordaram que o 73/73 é obsoleto mas que a requalificação de quem tem assinado projectos sem ser ter um curso de Arquitectura é um imperativo.

Se nos anos 70 havia carências, nomeadamente no parque habitacional, hoje há quase 14 mil arquitectos e 16 cursos reconhecidos.

José Tomaz Gomes, da Aecops (Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas), lembra que os construtores são favoráveis às pretensões dos arquitectos. E espera que "o Governo legisle nesse sentido o mais depressa possível".


DN.

quinta-feira, maio 18, 2006

Sim, porque os Ys são bem diferentes:).

Homens e chimpanzés tiveram sexo depois da evolução

Os antepassados do Homem e do chimpanzé tiveram relações sexuais durante milhares de anos até à separação definitiva das espécies, o que afinal aconteceu há muito menos tempo do que se pensava, revela hoje a revista científica Nature.
Segundo o trabalho, desenvolvido por uma equipa investigadores norte-americanos conduzida por David Reich, da Universidade de Harvard, as duas linhagens separaram-se há 6,3 milhões de anos no máximo, e provavelmente até há menos de 4 milhões de anos o que não os impediu de proceder à troca de genes.

Tal é perceptível em particular ao nível dos cromossomas X (cromossomas sexuais femininos) que, nos chimpanzés e nos humanos, são mais parecidos do que os restantes cromossomas, precisam os cientistas.

O «divórcio» final e definitivo não terá, afinal, acontecido há muito mais do que quatro milhões de anos, o que significa que após terem começado a separar-se, humanos e chimpanzés ter-se-ão ainda cruzado durante mais de um milhão de anos.

Os resultados obtidos neste estudo, segundo os investigadores, põem em causa o estatuto dos hominídeos considerados como os mais antigos ancestrais do Homem, tais como o Saelanthropus Tchadensis (Toumai), que viveu há cerca de sete milhões de anos, o Orrorin Tugenensis, que viveu há seis milhões de anos, ou ainda o Ardipithecus Ramidus, que terá vivido há perto de 5,5 milhões de anos.

O enigma das origens do chimpnazé continua contudo praticamente todo por desvendar, já que contrariamente aos ancestrais do Homem, dos quais há numerosos fósseis, não foi encontrada até hoje qualquer ossada atribuível aos primeiros chimpanzés, à excepção de alguns velhos dentes.

Além disso, a sequenciação completa do genoma do chimpnazé, publicada no ano passado, confirmou que as duas espécies são geneticamente idênticas em 99%.

Diário Digital / Lusa

18-05-2006 15:33:00

É hoje, é hoje!

Dia da Libertação
Impostos sempre a crescer


Arquivo CM


A cada ano que passa os portugueses têm de trabalhar mais para pagar impostos. De acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa em parceria com a Associação Industrial Portuguesa (AIP) em 2006 são necessários 137 dias de trabalho para pagar impostos, ou seja, mais três dias que no ano passado, sendo hoje o primeiro dia livre de impostos. Face a 2000 o aumento do esforço fiscal é ainda mais notório, uma vez que nesse ano foram necessários 127 dias de trabalho para pagar os compromissos fiscais.


Até final de Abril passado, o Estado já arrecadou 680 milhões de euros a mais que o previsto em impostos.

Curiosamente o aumento de impostos não tem atenuado o défice das Finanças Públicas que tem continuado a agravar-se apesar da pressão fiscal cada vez maior sobre os contribuintes.

Desde 2001, a carga fiscal não tem parado de aumentar e prova disso é que a cada ano são necessários mais dias de trabalho até ao Dia da Libertação dos Impostos.

Quer isto dizer que se os portugueses só começassem a levar para casa o ordenado depois de pagarem os seus impostos, hoje seria o primeiro dia do ano em que receberiam o respectivo salário.

De acordo com os dados ontem revelados pelo gabinete de estatística da Comissão Europeia, o Eurostat, a carga fiscal global portuguesa representava 34,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004. Nesse ano a carga fiscal portuguesa ainda estava abaixo da média da União Europeia que é de 39,3%. O Estado-membro com maior carga fiscal global é a Suécia (50,5 %) e aquele onde se pagam menos impostos é na Lituânia (28,4 %). O Eurostat sublinha que apesar de um amplo consenso sobre a necessidade de diminuir a carga fiscal, a redução foi diminuta e a média na União Europeia continua elevada face ao resto do mundo.

quarta-feira, maio 17, 2006

Confundiram-na com um BMW ou um Mercedes:).

Vaca desapareceu em Lisboa
2006/05/17 | 22:20 || Judite França
Fotos: Organização pede ajuda para procurar obra com 400 quilos.

Há uma vaca desaparecida em Lisboa. A Vaca Cowpyright deixou o local onde estava exposta na madrugada de 17 de Maio.

A organização da CowParade Lisboa 2006 deu o alerta às autoridades, mas até agora não há sinal da obra de arte com mais de 400 quilos, da autoria de Paulo Marcelo. Só a base, na qual a vaca está colocada, pesa 350 quilos. A peça, em si, chega aos 65 quilos. Mas todo o conjunto desapareceu.

A vaca encontrava-se no Campo Pequeno, desde 14 de Maio e o desaparecimento foi detectado por várias pessoas. O caso foi participado às autoridades que procuram agora pela vaca desaparecida.

A organização da CowParede apela ainda a todos, «em particular aos taxistas que se mostraram empenhados» em encontrar a obra de arte, para que «reúnam esforços para devolver à cidade de Lisboa uma das obras que integra o maior evento de arte pública contemporânea realizado em Portugal».

Em declarações ao PortugalDiário, a organização referiu ainda que o local foi escolhido em conjunto com a câmara de Lisboa, tendo em atenção alguns requisitos de segurança como a iluminação do espaço e a sua exposição.

A organização referiu ainda que desconhece qual o método para remover a estátua do local, mas dado o peso da obra é provável que o acto tenha sido premeditado e com a ajuda de um transporte.

:((((((((((. Já a Yoko moeu a cabeça do Lennon!

McCartney e mulher separam-se e acusam media
2006/05/17 | 22:08
Antigo Beatle e a sua mulher anunciaram a separação após quatro anos de um casamento

O antigo Beatle Paul McCartney, 63 anos, e a sua mulher, Heather Mills, 38 anos, anunciaram hoje a separação após quatro anos de um casamento prejudicado, segundo eles, pelas constantes intromissões da imprensa.

«É com tristeza que decidimos separar os nossos caminhos», declarou o casal num comunicado conjunto.

«Amamo-nos ainda muito, mas achamos cada vez mais difícil manter uma relação normal face às constantes intrusões nas nossas vidas privadas», acrescentou.

O casal, que tem uma filha de dois anos, Beatrice, disse esperar que os media lhe deixassem «para o bem de Beatrice» «o espaço e o tempo necessários para atravessar este período difícil».

O compositor dos Beatles, cuja celebridade é planetária e com uma fortuna estimada em 800 milhões de libras (1,15 mil milhões de euros), conheceu em 1999 Heather Mills, antiga modelo amputada de uma perna em 1993 depois de ter sido ferida num acidente de moto.

Um ano antes Paul perdera a sua primeira mulher, Linda Eastman, vítima de cancro, depois de um casamento de 29 anos considerado exemplar no mundo do show-business.

Desde o início que os três filhos adultos de Paul McCartney, em particular a sua filha Stella, estilista, se mostraram aparentemente reticentes ao seu novo amor. Ainda assim, McCartney casou-se em Junho de 2002, na Irlanda, na presença de 300 convidados.

A imprensa tablóide britânica também nunca gostou muito de Heather Mills. Com alguma regularidade falava de disputas no casal, acusava Mills de ter ciúmes da popularidade do marido e de se ter interessado pelo seu dinheiro.

Num comunicado divulgado hoje no seu site Internet, Sir Paul qualificou estas afirmações de mentiras.

«Foi sugerido que ela casou comigo por dinheiro, não há um pingo de verdade nisso», escreve ele. «Ela é muito generosa e passa o seu tempo a tentar ajudar as pessoas necessitadas. Estas histórias são ridículas e completamente infundadas», acrescentou, dizendo-se «muito triste» com esses «rumores maldosos» veiculados por «pessoas insensíveis» durante «um período muito difícil».

Heather Mills patrocina uma associação de caridade «Adopt a minefield» contra as minas antipessoal e milita também pelos direitos dos animais.

Desde há vários anos que Heather vivia na sua casa de Hove (leste de Inglaterra), em convalescença depois de uma operação à perna, enquanto McCartney vivia na sua quinta de Peasmarsh, a 80 quilómetros de distância.

Aparentemente partilham a guarda da filha.

O casal não tinha contrato de casamento e hoje eram muitas as especulações sobre o montante que pode receber Heather Mills em caso de divórcio.

Um advogado especializado, Alan Kaufman, estimou que se o caso chegar aos tribunais, pode tornar-se o divórcio do século. Segundo as estimativas, Heather Mills poderá receber entre 50 milhões e 200 milhõex de libras (72 a 290 milhões de euros) da fortuna do antigo cantor dos Beatles, que é o músico mais rico do Reino Unido.

Atenção!: bebe uns copos, mas não é toxicodependente:(.

Taxa mais alta de que há registo
Condutor apanhado com 7,46 g/l.










Um condutor de 36 anos foi apanhado perto de Fafe com 7,46 gramas por litro (g/l) de álcool no sangue. Esta é a taxa mais alta de que há registo em automobilistas portugueses.
O indivíduo conduzia uma motorizada perto de Fafe, quando embateu na traseira de um automóvel que seguia no mesmo sentido.
Além da imediata inibição de conduzir, o homem incorre numa pena de prisão que poderá ir até um ano ou uma multa de 120 dias.

Esclarecimento prestado por homem pouco esclarecido.

Porque várias vezes aqui me foi perguntado, a versão dominical de O Amor é... - e creio que apenas essa! - está disponível em mp3, podcast e outros palavrões semelhantes no site http://multimedia.rtp.pt

(Mas de que estou eu a falar, Senhor?)

terça-feira, maio 16, 2006

Mais importante que a lista de Scolari:(.

Alzheimer - associação lança alerta
Doentes são esquecidos

Jorge Godinho

Cerca de 70 mil idosos sofrem de perda de memória e dois terços não têm acesso a medicamentos
José Torres, o ‘Bom Gigante’ da equipa do Benfica dos anos 60 que encantou o país e a Europa com os seus golos de cabeça, foi derrotado pelo mais terrível dos adversários: a doença de Alzheimer. Ele é um dos 70 mil portugueses que esqueceram uma vida inteira, ao ponto de não reconhecerem filhos, mulher, marido.
O esquecimento é o sintoma mais conhecido desta doença. Não é o único drama. Em Portugal, 46 mil doentes de Alzheimer não têm acesso a medicamentos nem a assistência clínica. São os esquecidos da sociedade.
O alerta para a falta de assistência foi lançado ontem, em Lisboa, por ocasião do Dia Internacional da Família, assinalado pela Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer (APFADA).
Rosário Zincke, presidente da APFADA, diz que as baixas reformas que os idosos recebem não permitem a muitos deles pagar os tratamentos. “Dois terços dos 70 mil doentes que existem em Portugal não têm acesso aos remédios, que são muito caros, nem às terapias nem sequer podem comprar fraldas. A despesa mensal pode chegar aos milhares de euros.”
Rosário Zincke dá o exemplo do medicamento Dorepezil: custa 99,28 euros e a comparticipação do Estado é de apenas 55 por cento. “Mas não é o único remédio que a maioria dos doentes precisa comprar, porque há vários indispensáveis.”

RECEITAS LIMITADAS

Além do preço excessivo dos medicamentos, outra dificuldade se levanta: para poderem beneficiar da comparticipação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), as receitas só podem ser prescritas pelos neurologistas ou psiquiatras – e não pelos médicos de família dos centros de saúde.
Para dar uma mão a estes doentes, a APFADA, através do patrocínio de um laboratório farmacêutico, paga 40 por cento do preço dos remédios a um milhar de doentes, que apenas têm de desembolsar 5 por cento (os restantes 55 por cento são encargo do SNS). Rosário Zincke reconhece que “é uma gota no oceano”, mas importante para quem tem uma pensão social de pouco mais de 150 euros.
A doença de Alzheimer, descoberta há 100 anos, que mata células do cérebro e apaga da memória o passado da pessoa, está relacionada com a idade e tem vindo a aumentar no nosso País na mesma proporção do aumento da esperança de vida.
O neurologista Fernando Morgado, do hospital de Santa Maria, adverte que não existem formas de prevenir a doença, mas podem retardar-se os seus sintomas. Como? “Exercitando o cérebro, por exemplo, lendo, porque a leitura é um bom exercício mental.”
Apesar de ainda não ter sido descoberta a cura, a medicação disponível tem vindo a ser cada vez mais eficaz no sentido de retardar o desenvolvimento dos sintomas da doença de Alzheimer.

'TODO O AMOR DO MUNDO'

“A minhã mãe, Dígia Távora, era a espinal medula da família, a ‘Generala’ como carinhosamente lhe chamávamos, porque dependíamos todos dela. Quando a doença de Alzheimer chegou, tinha 60 anos, ninguém estava preparado e nem sempre soubemos como reagir. Feito o diagnóstico, soubemos que um dos melhores remédios que lhe podíamos dar era todo o amor do mundo. A linguagem dos afectos não se esquece.” É com estas palavras emocionadas que Francisca Távora dá testemunho da experiência de sua mãe e o impacto emocional que a doença teve na família.
“A minha mãe ia escrevendo bilhetinhos e deixava-os por todo o lado, até que nos apercebemos que não eram para nós – para mim, meus irmãos e pai – mas para ela, para não se esquecer o que era o almoço, onde tinha deixado certos objectos. Ela própria não admitia os esquecimentos até ao dia em que escreveu um bilhete a dizer que tinha Alzheimer.” O afastamento dos amigos foi compensado pelo amor dos filhos e do marido.


RAIO-X DA DOENÇA

SINTOMAS

A doença de Alzheimer destrói, lenta e progressivamente, as células cerebrais. Afecta a memória e o funcionamento mental – o pensamento e a fala –, conduzindo o doente para problemas como a confusão, alterações de humor e desorientação no tempo e no espaço.

SINAIS DE ALERTA

Existem alguns sinais de alerta para a manifestação da doença: perda da memória que afecta o trabalho, dificuldade em executar tarefas domésticas, guardar objectos fora do lugar, alterações de humor, de linguagem, comportamento e personalidade.

DIAGNÓSTICO

Não existe um teste específico que detecte a doença, mas o diagnóstico é feito por exclusão de outras. Também não existe cura, embora haja medicamentos que retardam o seu desenvolvimento.
Cristina Serra

Correio da Manhã.

segunda-feira, maio 15, 2006

Deus os abençoe!

O mítico álbum dos Pink Floyd ‘The Dark Side Of The Moon’, editado em 1973, acaba de fazer história: completou 1500 semanas no ‘top 100’ da revista norte-americana ‘Billboard’.

Apesar de não serem 1500 semanas consecutivas, o feito representa, no entanto, quase três décadas de permanência no mais importante ‘top’ mundial de venda de música.

Quando foi lançado, ‘The Dark Side Of The Moon’ manteve-se na tabela durante 736 semanas consecutivas, mas acabou por ser afastado pela primeira vez em 1988. Regressou, e nunca mais de lá saiu.

Recentemente, Roger Waters, membro fundador dos Pink Floyd hoje com 62 anos, anunciou que vai interpretar, na íntegra, o referido álbum na próxima digressão a realizar pela Europa e América do Norte.

domingo, maio 14, 2006

Solidariedade masculina.

- Senhor doutor?
- Sousa? Aconteceu alguma coisa? Não me diga que vem a guiar e a falar ao telemóvel!
- Não, senhor doutor, ainda estou ao pé do Estádio de Oeiras, que os sulistas, liberais e benfiquistas teimam em chamar Nacional.
- Sousa...
- Pronto, pronto - do Jamor! Patraozinho, preciso da sua ajuda.
- Há problema com o carro? Gamaram-lhe a carteira? A alegria da vitória provocou-lhe hipoglicemia? Eu telefono ao meu colega...
- Patraozinho, e se experimentasse deixar-me falar? Parece um daqueles papagaios do Benfica que irritam o seu amado "Orelhas".
- Boa noite!
- Patraozinho, por amor de Deus!, é precisamente disso que se trata - de uma boa noite.
- Não percebo, homem, explique-se.
- Imagine que encontrei uma setubalense - good like the corn... - que tinha vindo ao jogo com aquele kit com vinho e preservativo, patraozinho. Tá a ver? A rapariga inconsolável... Taça perdida, como era inevitável! (Ganda Adriano e passe teleguiado do Quaresma para o Scolari engolir, esse...). Bom. Mas não há necessidade da rapariga dar o dia todo por perdido, não acha? E o kit, se não for usado, acaba por enferrujar. Vai daí estamos a dar conta da vinhaça, que não é Douro, mas escorrega. E a seguir estava a pensar em gastar os preservativos todos! Mas nas calmas, patraozinho, sabe como as mulheres odeiam pressas, dizem logo que foram usadas. (Não entendo porquê, nunca me queixei a nenhuma por se vir - com sua licença... - muito depressa!) Resumindo: não estou aí, na minha querida Inbicta para ir direitinho ao Dragon, antes das..., antes de amanhã pela hora do almoço.
- Compreendo. Sousa, há ocasiões em que temos de ser uns para os outros e a rapariga já teve desilusões que cheguem. Eu trato de tudo. E não nos deixe ficar mal, homem!, olhe a reputação dos tripeiros.
- Patraozinho, nem que fique uma semana a gemadas!


Gertrudes! Vá-se deitar, mulher. O Sousa não vem hoje, pedi-lhe para ir ao Algarve convencer Mr. Eriksson a aceitar ser o treinador do Benfica. Coitado, ficou tristíssimo, já vinha na auto-estrada e até disse que com uma fisgada - comprar-lhe uma sanduiche de leitão e uns ovos moles. Belo marido tem você ali. Oiça o que lhe digo, é preciso estimá-lo. E atenção! - vai chegar estourado, amanhã à tarde quero-o a sopas e descanso.

(E eu para aqui, com um kit que só dá direito a desconto na gasolina:((((((.)

Eles também são Igreja.

António Rilo

Os católicos pecam, confessam-se e tentam corrigir-se. Em relação ao preservativo, contudo, é a própria noção de pecado que está ausente
O uso do preservativo com o objectivo de obter prazer sexual sem procriar é um pecado para a Igreja Católica mas não para a esmagadora maioria – 84,2 por cento, ou seja, mais de oito em cada dez – dos católicos praticantes inquiridos no âmbito da sondagem realizada pela Aximage para o Correio da Manhã.
Embora não tão expressiva é ainda uma maioria clara de católicos praticantes – 70,7 por cento – a afirmar que a Igreja deveria deixar de ser contra a utilização do preservativo em todas as situações e não apenas em algumas circunstâncias, nomeadamente quando um dos membros do casal é seropositivo ou doente de sida, hipótese que merece actualmente a reflexão de um grupo de teólogos do Vaticano.

A diferença, constatada na sondagem, entre o sentimento dos católicos e a doutrina da Igreja acerca do uso do preservativo, não surpreende Maria João Sande Lemos, do movimento católico internacional ‘Nós Somos Igreja’, que reclama a possibilidade de as mulheres serem ordenadas sacerdotes.

“As pessoas seguem a sua consciência com o objectivo de evitar um mal maior. O uso do preservativo evita infecções, a propagação da sida ou uma gravidez.” No entender de Maria João Sande Lemos, “a nossa consciência é o último juízo e, em consciência, as pessoas decidem que não podem ter mais filhos sobretudo por razões económicas e não por egoísmo”.

Fernando Castro, presidente da Associação das Famílias Numerosas, também usa a palavra “consciência”, mas para sublinhar o dilema de católicos praticantes em oposição às directrizes da Igreja, que “devem resolver com os respectivos directores espirituais”. Reconhecendo a “enorme distância” entre o que fazem os católicos e determinadas leis da Igreja “inspiradas no Espírito Santo”, Fernando Castro observa que “por isso existe a noção de pecado”.

Uma noção que, no caso do preservativo, é inexistente para a esmagadora maioria dos católicos praticantes. “Estão errados”, diz Castro.

Uma maioria ainda mais absoluta – 94,1 por cento – de inquiridos autodenominados católicos não praticantes entende que não é pecado usar o preservativo, embora menos entre eles – 86,3 por cento – reclamem o fim da interdição em qualquer caso.

OS NOVOS PECADOS

Que passar tempo demais a ler jornais, a ver televisão ou na internet diminua a fé cristã, como recentemente declarou o cardeal do Vaticano que tem o cargo de penitenciário-mor, merece aprovação de apenas 29,1 por cento dos católicos praticantes inquiridos, enquanto 67,5 por cento discorda. Trata-se contudo de uma diferença menos expressiva do que a observada em relação ao uso do preservativo.

Também são menos os católicos não praticantes – 71,3 por cento – que entendem não ser pecado ler jornais, ver televisão e navegar na internet em comparação com a percentagem dos que aprovam o preservativo sem reservas. O método do ritmo – que consiste em evitar relações sexuais no período fértil do ciclo da mulher e envolve uma série de cálculos – é o único (embora não infalível) compatível com as orientações da Igreja Católica em matéria de contracepção.

Ontem, num congresso dedicado à família e ao casamento, o Papa Bento XVI defendeu mais uma vez a família tradicional baseada no casamento, distinguindo-a das uniões civis, de homossexuais ou heterossexuais. “A necessidade de evitar a confusão com outros tipos de uniões fundadas num amor fraco assume actualmente uma urgência especial”, disse.

PECADO E A COR POLÍTICA

Todos os inquiridos do Bloco de Esquerda e do PCP afirmaram que usar o preservativo não é pecado. Entre os eleitores do PS, 90,1 também recusou a ideia do pecado, enquanto 84,7 e 84,2 por cento dos que votaram respectivamente no PSD e no PP disse o mesmo. De uma análise por regiões conclui-se que a associação do preservativo ao pecado ‘colhe’ mais no Interior. Entre os inquiridos são as mulheres, as pessoas mais idosas e com menos escolaridade que aceitam o pecado com mais facilidade.

"NÃO É A IDEIA QUE TENHO. O RESULTADO SURPREENDE-ME "

D. Jorge Ortiga, arcebispo primaz de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), manifestou-se “surpreendido” com o resultado desta sondagem do Correio da Manhã.

“Do contacto com as comunidades, essa não é a ideia que tenho, por isso, esse resultado surpreende-me”, disse o prelado, sublinhando, no entanto, que “sondagens são uma coisa e a realidade outra, por vezes bem diversa”.

No final da última reunião plenária da Conferência Episcopal, há duas semanas, a Igreja Portuguesa admitiu, pela voz do bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes, o uso do preservativo, segundo a teoria do mal menor.

O facto foi entendido como um passo “progressista” da Igreja nesta matéria, apesar de nada alterar ao nível da posição de princípio.

Nessa altura, D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, disse ao CM que “a teoria do mal menor não é nova e que, para todos os efeitos, é sempre preferível o látex ao aborto”.

Apesar destes avanços, a Igreja Católica Portuguesa continua a defender os princípios do casamento e da fidelidade como a “única forma eficaz e moralmente aceitável” de evitar doenças graves como a sida.

O padre João Alberto Correia, professor de teologia, diz que “a Igreja não pode vacilar nos princípios, sob pena de arruinar toda a estrutura moral”.

TESTEMUNHOS

"CORRIGIR O PECADO" (FERNANDO CASTRO)

“Estão errados os que se dizem católicos praticantes e defendem exactamente o contrário do que postula a Igreja Católica. Quanto ao pecado, o que há a fazer é confessá-lo e tentar corrigi-lo.”

"NÃO É EGOÍSMO" (MARIA JOÃO SANDE LEMOS)

“O uso do preservativo para evitar uma gravidez não pode ser visto como uma atitude egoísta. As pessoas têm toda a razão quando evitam ter um filho, porque não têm dinheiro para concretizar a gravidez. A nossa consciência é o último juízo.”

"É PRECISO COERÊNCIA" (MARINA MOTA)

“Fui educada dentro da Igreja Católica e abandonei-a precisamente por causa por causa do que defende em matérias como o uso do preservativo, a homossexualidade ou a interrupção voluntária da gravidez. É preciso ser coerente.”

"PREVENIR DOENÇAS" (MIGUEL VIEIRA)

“Sou católico e penso que usar preservativo não é pecado. A postura da Igreja contribui para a propagação de muitas doenças e pode vir a ser uma catástrofe.”

BISPOS ACEITAM

No final de Abril, os bispos portugueses aceitaram o uso do preservativo para evitar o contágio da sida.

VATICANO RECUA

Já este mês, o cardeal Alfonso Trujillo disse que o Papa não alterou a sua posição sobre o uso do preservativo.

SONDAGEM: FICHA TÉCNICA

OBJECTIVO: Utilização do preservativo e posição da Igreja Católica.

UNIVERSO: Indivíduos inscritos em cadernos eleitorais em Portugal em lares com telefone fixo.

AMOSTRA: Aleatória e estratificada por região, habitat, sexo, idade, instrução e voto legislativo, polietápica e representativa do universo, com 550 entrevistas efectivas (289 a mulheres).

COMPOSIÇÃO: Proporcional por reequilibragem amostral.

RESPOSTAS: Taxa de resposta de 83,1 por cento. Desvio padrão máximo de 0,022.

REALIZAÇÃO: 4 e 5 de Maio, para o Correio da Manhã pela Aximage, com a direcção técnica de Jorge Sá e Luís Reto.
Isabel Ramos/João Saramago com S.C.C./Secundino Cunha

sábado, maio 13, 2006

Semi-prostituição... Apologia do divórcio... Atirados para a valeta... Que visão triste:(.

Apelo à castidade em Fátima
2006/05/12 | 15:44
A multiplicação de ligações gera «situações de semi-prostituição», diz o reitor daquele templo mariano. Actualmente, acrescenta, «faz-se a apologia do divórcio, desprezando os inocentes, atirados para a valeta»


O reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra, considerou hoje que «a castidade é uma urgência» numa sociedade com «multiplicação das ligações, simultâneas e sucessivas». Segundo este responsável, esta «multiplicação de ligações» vai gerando «situações de semi-prostituição, em todos os meios sociais».
«Faz-se a apologia do divórcio, desprezando os inocentes, atirados para a valeta, revoltados, deprimidos, acabando na droga, no álcool, na cadeia, no desemprego permanente, no fracasso escolar», escreve Monsenhor Luciano Guerra no editorial do jornal «A Voz da Fátima», órgão oficial do Santuário de Fátima, na edição de sábado, 13 de Maio.
Aproveitando o tema anual do Santuário de Fátima, «Guardar castidade», o reitor daquele templo mariano avisa que «exagerando a liberdade entre sexos, desde a idade mais precoce, e fora do matrimónio, banaliza-se o amor esponsal, criam-se vícios, multiplicam-se conflitos, foge-se às tarefas árduas».
«A esterilidade instala-se no individuo, na família e no trabalho», escreve, sustentando que «os europeus, que se preocupam seriamente com a sustentabilidade da segurança social, começam também a perceber que está em risco a existência da população que a sustenta».
«O nosso primeiro problema talvez não seja a falta de dinheiro, a baixa produtividade, o fracasso escolar, a corrupção», considera o reitor do Santuário, para quem é a «ambição» a raiz dos problemas, «e o primeiro entre eles é a perversão do amor», o que acontece «quando o sexo se torna uma droga».
«Guardar castidade» é o tema anual do Santuário, que desde há seis anos começou uma reflexão sobre os Dez Mandamentos. A peregrinação que hoje começa na Cova da Iria, comemorativa dos 89 ano s da primeira aparição de Nossa Senhora aos três videntes - Lúcia, Jacinta e Fra ncisco -, é subordinada à questão «Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo?».

sexta-feira, maio 12, 2006

Enquanto escuto os Tull:).

Peregrinações



Fui com o João ver os Jethro Tull ao Coliseu. De passagem, jantámos no senhor Manuel. Escolha evidente, o espectáculo era no centro e durante a semana. Como de Segunda a Sexta finjo respeito pela dieta, avançar para o entrecosto do Escondidinho seria pecado grave. Mas razões menos superficiais e gastronómicas justificavam regresso a restaurante paredes meias com a antiga casa dos velhos. Não voltara ao senhor Manuel depois de a deixarem e eu lá passar dias solitários, decidindo o que trazer comigo, além das recordações de quarenta anos. A própria rua se me tornou desagradável, ainda hoje evito olhar aquela porta. Também o restaurante abarrotava de memórias. Numa das suas últimas visitas, meu Pai apagara-se com uma hipoglicemia e os companheiros de tertúlia ajudaram a transportá-lo para o automóvel, já apontado para o serviço de urgência. Quando eu ia arrancar, recobrando os sentidos, perguntou o que acontecera. Fui sintético – “desmaiaste a comer a sopa, vamos ao hospital”. Ele brindou-me com um olhar entre o divertido e enfadado – “por uma simples baixa de açúcar? Que disparate, meu filho!”. E voltou à mesa de almoço e ao seu empadão de carne, que liquidou com assinalável apetite. Eu parecia ter um sinal de trânsito proibido na garganta...
Quando morreu, fui dar um abraço ao senhor Manuel, devemos-lhe muito. Sobretudo o velho, que o cumprimentou anos a fio, antes de abancar na mesa do canto para a sua adorada cavaqueira. A reforma apanhara-o desprevenido. Sentia-se inútil longe da Universidade e não lhe inventara alternativas, trata-se de erro comum e com preço alto. Aquela roda de amigos aumentou-lhe a esperança de vida e a cultura geral, recordo-lhe o espanto ao descobrir certos quotidianos, tão diferentes do seu - “Julinho, sabia que fulano chega a fazer duzentos quilómetros diários a visitar clientes? É obra!”. E eu sorria, ele era um intelectual pouco versado no comezinho. (Nas garagens, os mecânicos olhavam-no de soslaio quando os tratava por V.Exa., receavam escárnio onde apenas existia educação esmerada e democraticamente distribuída.)
A minha fora menos teórica, as “ilhas” de Anselmo Braamcamp ensinaram-me as nuances das palavras. Aprendi, por exemplo, que uma boa obscenidade traduz, por vezes, respeito, alegria ou surpresa, e não insulto aos outros. Junta, não separa. E no entanto, foi nesse ambiente que primeiro entrevi a parte de mim que sempre se mantém à distância de acontecimentos e pessoas. Depois de enorme discussão na escola, o meu furioso interlocutor resolveu simplificar a questão e não se perder em atalhos de oratória - “logo à tarde vou-te a esse focinho”. (Perspectiva que não me entusiasmava.) Saí em passo acelerado e, uma vez na minha rua, convoquei os amigalhaços. Que de imediato se disponibilizaram para ajudar, afinal era juntar o útil ao agradável, também eles adoravam uma boa cena de pancadaria! Tudo acabou em batalha à pedrada, que observei sem lançar a que furiosamente apertava na mão. Durante muito tempo pensei que a simples cobardia fosse a razão de tal alheamento, mas percebi depois que algo me afastava daquela guerra infantil e sem maldade, algo que ao longo dos anos me fez dar um passo atrás em diversas ocasiões – sou, por natureza, um espectador. A vida nem sempre mo permitiu...
Enfim, facto é que decidi ser tempo de enfrentar o bom do senhor Manuel e os fantasmas empoleirados nos seus ombros. Recebeu-nos com a ternura habitual. Num dado momento, quando o João foi aos lavabos e ele fez um comentário acerca de como ainda recordava os meus putos crianças, imaginei o velho sentado ao canto, abrindo-se em sorriso enternecido: “Como estão gentis, os nossos meninos!” E pensei que não morrem apenas pessoas, mas também estilos, é tão raro ouvir a palavra gentil hoje em dia! Saí do restaurante cheio de uma tristeza aliviada, fugir a este tipo de angústias é demasiado próximo da traição pura e simples à lenda familiar que connosco acarretamos.
No Coliseu a angústia era de outro género, estas incursões revivalistas podem ser penosas. Fui espiando as reacções do João, receoso de esgar sardónico ou desiludido, os cinquentões em palco não pareciam de confiança. Até que os primeiros acordes de Thick as a Brick ecoaram pela sala e me fizeram saltar o pé. O João confirmou a esperança, virou-se para mim com um sorriso de orelha a orelha e sentenciou - “igual ao disco”. Era verdade. A voz de Ian Anderson já não conseguia meter a quinta, mas a demoníaca flauta puxava-nos com a mesma energia de outrora. Ofereci-me, por fim, o gozo do concerto.
E da assistência! Inevitavelmente, abundavam barriguinhas e carecas, o líder da banda tinha 53 anos e nós crescêramos com ele. Tantas recordações daquela sala... Grande parte delas já perderam a moldura emocional, recordo mas não sinto. O circo. O futebol jogado por equipas de cães, os palhaços incapazes de me soltarem o riso, sei hoje que fui uma criança sisuda. O voo dos trapezistas, o chicote estralejante do domador de feras, a cartola do mestre de cerimónias. E a miudinha que girava, girava, de cada vez aterrando nos pés do pai, que de novo a lançavam rumo ao tecto, o homem de negro contava as piruetas e fazia batota, “Marianita, o público não paga para tanto!”. Joselito ao colo de familiar ou segurança, face infeliz de menino prodígio explorado, cachecol protegendo a preciosa garganta que cantava La Campanera. (Não me lembro do espectáculo e não admira, sempre detestei criancinhas mimando adultos.) Uma das raríssimas saídas nocturnas de meu Pai, a família inteira rumo a filme emblemático, o Dia Mais Longo. O velho adivinhando as próximas cenas e eu também, ambos devorávamos livros sobre a Segunda Guerra Mundial. Filme longo e eu satisfeito, não era vulgar sair à noite e muito menos com ele, que gozara a vida antes do casamento e resistia heroicamente a qualquer apelo para deixar as pantufas. A minha namorada de olhos baixos, “sem a mãe não podemos”. E lá íamos, em liberdade condicional estreitamente vigiada. Recordo A Noiva, filme de fazer chorar as pedras e a minha ex-futura sogra também, a viuvez não lhe estrangulara o coração romântico. Os concertos, já adulto: Bethânia, Rui Veloso, o Sérgio, o Chico, acima de todos Ferré. O Sérgio é um amigo e o Chico também (ainda que ele o não saiba), mas o anarquista de preto vestido pregou-me à cadeira, fascinado e com um nó na garganta.
De olhos fechados, ouvi-os todos de novo. Como se a incansável flauta de Anderson os tivesse convocado e encarregue de me lembrar que a sua música foi o pano de fundo sobre o qual se desenrolou a minha vida. Depois do concerto, na rua, o João foi parco em palavras – “valeu a pena”. E o velho dele, filho do que desmaiava no senhor Manuel, concordou. Pensando que apenas faltara Guilherme em noite de arromba. Porque as peregrinações familiares, para serem perfeitas, exigem a presença dos três!

quinta-feira, maio 11, 2006

Confissão.

O link para os Fading Commission é mesmo propaganda despudorada! Um balde de plástico e uma viagem à Madeira para quem adivinhar qual deles é o meu filho João:).

Esclarecimento aos murcónicos recentes.

Como os sócios fundadores sabem, ao longo de mais de um ano jamais utilizei o Murcon para me promover, nem sequer no caso de O Tempo dos Espelhos. Estão por isso dispensados de ler este boletim informativo:).
Alguns de vocês não desconhecerão que trabalho numa Instituição Privada de Solidariedade Social, sendo a minha colaboração na área da recuperação de toxicodependentes, à qual me dedico há quase trinta anos. Por diversas razões, a vida não é fácil neste momento para essa valência, o que já conduziu ao encerramento de várias instituições. Nesse sentido, a Direcção da Sempre a Crescer pediu-me que inserisse no blog o link da Clínica de Adaúfe, com a informação que habitualmente é fornecida ao público. Atendendo a que dou a cara por ela a todos os outros níveis, não encontrei boas razões para recusar o pedido.
Et voilà!

O Gato Fedorento, o Cardeal-Patriarca, os Super-Dragões, a Maçonaria, a Opus Dei e a AMI também foram responsáveis!

A verdade de Carrilho
2006/05/11 | 00:10
Faz um balanço da campanha das autárquicas e aponta os culpados da sua derrota. Diz ter sido «vítima da informação espectáculo» e «alvo da mais brutal campanha negativa do Portugal democrático»
Manuel Maria Carrilho apresenta esta quinta-feira um livro, intitulado «Sob o signo da verdade», onde faz um balanço da campanha das autárquicas a Lisboa, com acusações directas à SIC Notícias, Miguel Sousa Tavares, Manuel Salgado e a Marcelo Rebelo de Sousa.
Neste livro, cujo conteúdo foi avançado pela Sic-Notícias, o deputado socialista explica que foi «vítima da informação espectáculo». A opinião dos comentadores que não reconheceram a validade do projecto para Lisboa leva Carrilho a dizer que foi alvo da «mais brutal campanha negativa feita no Portugal democrático».
De acordo com a SIC, o deputado dirige muitas das acusações a Miguel Sousa Tavares: «Ali estava ele de novo, em mais um momento da maior hipocrisia, a dar o mote ao ataque à presentação do meu projecto, com base na falsidade, na deformação e na manipulação».
O tom de crítica aos analistas televisivos, diz ainda a SIC, dirige-se também ao professor Marcelo Rebelo de Sousa, que Manuel Maria Carrilho classifica como mais um protagonista da informação misturada com entretenimento.
Carrilho escreve também que foi explorado de uma forma que considera «pouco decente» no final do debate com Carmona Rodrigues na SIC. O socialista diz que «a SIC gravou ilegitimamente a sua curta e ríspida conversa pessoal com Carmona Rodrigues no fim do debate, bem como a saída de estúdio».
As acusação não terminam aqui. Segundo a Sic-Notícias, Manuel Maria Carrilho comenta também a relação com Manuel Salgado, que esteve para ser o número dois da campanha. Diz Carrilho que «ele queria no fundo ser presidente, mas às custas de outro, de alguém que aguentasse as «chatices políticas». E, no fim, voltar aos seus negócios, que entretanto deixaria, através de uma venda de conveniência, em mão amigas. E é este o homem, prossegue Manuel Maria Carrilho, que, com a cumplicidade de um semanário em crise, vem agora falar de deficiências de carácter».

quarta-feira, maio 10, 2006

Velharia para o Tiago que faz hoje três anos:).

O intruso agradecido


Para a Fernanda e a Estela


Minha nora debateu-se com arreliadora infecção, madrinha clandestina de febre em sádica montanha russa. (“Talvez não volte a subir...”) Enquanto há vida, há esperança; e desilusões também - o termómetro manteve-se irredutível. Os tempos mudaram, agora não é o mercúrio a hipnotizar-nos, mas um silvo intermitente, irmão gémeo do das bombas prestes a explodir nos filmes americanos. Quando se calava, o número do nosso descontentamento era sempre o mesmo, indiferente a preces, amuos ou palavrões – meus... - em surdina – trinta e nove. A família rendeu-se à evidência e a garota-mãe voltou ao hospital onde, há três semanas, me estendeu o Tiago pela primeira vez, perdida de riso com a falta de jeito do sogro.
Fiquei preocupado. Sou um tipo democrático, cubro de medos hipocondríacos todos os que amo. (E se eu gosto da Catarina! Céptico militante quanto à primazia do sangue sobre os afectos, encantado pela suave força que ainda adolescente já emanava, não tremi – a lei decreta-a nora?; que se dane!, para mim é a filha que não tive.)Ruminando hipóteses catastróficas, dei corda aos sapatos e fui visitá-la ao Pedro Hispano.
É tão estranha a relação que mantenho com os hospitais... Entro neles como um clandestino que invadiu boda à cata de marisco sem conhecer nenhum dos noivos. Quando terminei os estudos era um jovem clínico assustado, mas hoje nem isso, nas catedrais da medicina sinto-me intruso, para não dizer herege. Troquei-as há muito pelos anfiteatros; traí. Porquê? Ainda recordo a angústia que me apertava o coração todas as manhãs, “quem terá morrido esta noite?” Alguns colegas não conseguiram, no fim do curso, calar o espanto pela minha escolha de especialidade: “Psiquiatria? Não te assusta lidar com a loucura?” E eu pensava, caladinho, que nunca a sentira como estrangeira cá dentro, de poeta e louco... Já a morte, em roda livre e caprichosa pelas enfermarias, provocava-me um insuportável nó na garganta. Tantos anos depois, nada mudou - o cartão da Ordem não apaga essa culpa de clandestino ou farsante, nos hospitais sinto-me num mundo em que beneficio de privilégios não merecidos.
À entrada, vigiei o segurança com o temor que dedico à Brigada de Trânsito, falsamente descontraída à beira-estrada. Brandi a identificação com a supersticiosa crença que o homem, abanando a cabeça, diria que sou médico apenas de nome e por isso... – “queira dirigir-se ao balcão das visitas e levantar a senhazinha”. O cutelo apiedou-se deste pescoço enfiado nos ombros e não zuniu; eis-me para lá da fronteira, acompanhado pelo olhar invejoso de quem esperava no átrio a sua vez. (“Por que raio o deixaram entrar? Assim vestido não é doutor de certeza!”) Pelos corredores, gente jovem sorriu, “lembra-se de nós?” Com dificuldade, dou aulas há trinta anos. E a vergonha invadiu-me, perante a delicadeza de quem não se zangou com tão acintosa falha de memória, prontificando-se a indicar-me o caminho, “siga a linha azul, não tem que enganar”. Perguntaram quem visitava, desejaram as melhoras, levaram a ternura ao ponto de afiançarem que só abandonavam o serviço à noite, “se o professor precisar de alguma coisa, diga.”
Mas os meus contemporâneos são quem mais pesa na consciência. Porque não nos vemos há um ror de tempo e me apertam nos braços com sorrisos de orelha a orelha, “como estás? Nunca apareces, homem!” Têm razão, sou avesso a jantares de curso e como abandonei a carreira perdi de vista a maioria. E no entanto, como se tivéssemos feito urgência juntos na noite anterior, de imediato se dispõem a aplacar um pessimismo que ainda recordam e enxotam, risonhos - “ora, Júlio, vai correr tudo bem”. E correu.
Quando voltar a um hospital sentirei o mesmo. Não estou arrependido do curso que escolhi, assim cheguei à psiquiatria. (A propósito: os loucos rareiam, estamos submersos por gente “apenas” dilacerada pelo quotidiano.) Mas não sou um médico no sentido clássico do termo. Penso a medicina nos anfiteatros e exerci-a com gosto em Centros de Saúde, mas não suporto a negra nuvem de incerteza que paira nas enfermarias hospitalares. Aí, não passo de um intruso, grato pelo carinho de antigos colegas e alunos.

terça-feira, maio 09, 2006

Ainda os estereotipos.

As mulheres são quem mais utiliza a violência física durante o namoro em idade juvenil. Empurrões, murros, bofetadas e arremesso de objectos são as formas mais generalizadas de agressão, tal como refere um estudo da Associação para o Planeamento Familiar (APF) sobre a vitimização sexual nas relações com pares em mulheres adolescentes e jovens, apresentado ontem em Évora.
Uma das principais conclusões deste diagnóstico, segundo Nélson Rodrigues, psicólogo da APF, é que este resultado quebra o mito de que só os homens recorrem à violência.
“As mulheres recorrem mais à agressividade, resultante da perda de controlo, normalmente numa discussão”, disse o investigador.
Os motivos das discussões que depois geram violência entre casais de namorados devem-se principalmente, segundo o estudo, a motivos de ciúme e falta de afectividade entre casais de namorados.
Para esta análise foram recolhidos 596 inquéritos em escolas secundárias, profissionais e de ensino superior de todo os país. Foram inquiridas 444 mulheres e 152 homens, com idades entre os 15 e os 24 anos. A diferença entre o número de inquéritos do sexo feminino e masculino justifica-se pela maior percentagem de mulheres no ensino em Portugal.
A violência de cariz sexual é também abordada neste estudo, e aí são os homens que mais a utilizam. Mas, segundo o especialista, esta é menos significativa em Portugal do que noutros países.
“No estudo, 11,51% das mulheres dizem que já sofreram contactos sexuais indesejados. As taxas em outros países industrializados podem chegar aos 50%”, referiu Nélson Rodrigues, adiantando ainda que no campo da agressão verbal os valores médios entre sexos são semelhantes.
De acordo com a mesma fonte, esta investigação é apenas representativa de uma parte da realidade dos jovens portugueses, visto que a amostra analisa apenas aqueles que frequentam os estabelecimentos de ensino.

REGOU O NAMORADO COM ÁCIDO

“Não és para mim, não és para mais ninguém”. Enquanto dizia isto, Fátima A., de 25 anos, tirou uma garrafa de um saco de plástico e regou o namorado com ácido sulfúrico. Atingiu-o na cara, no tórax e nos membros, provocando-lhe a morte. Reza a história que Fátima A. não suportou o facto de Nuno, de 23 anos, ter terminado a relação. No dia 24 de Maio, dominada pela dor e pela loucura, dirigiu-se ao trabalho do namorado, esperou pela hora de almoço e pediu-lhe para entrar no carro. Fechou as portas e consumou o crime. Os casos de violência entre namorados sucedem-se. Elza Pais, presidente da Comissão para a Igualdade e Direitos da Mulher, diz que o fenómeno está bem presente na sociedade e que aparece agora com mais visibilidade. Os maus tratos entre namorados, assim como ex-companheiros, estão já incluídos nas alterações ao Código Penal. “Estes vão passar também a ser crimes públicos”, diz. A violência doméstica passa assim a incluir todas as formas de convivência entre pessoas.

NÚMEROS

76,7%

Das raparigas puxa para tema de conversa algo que o parceiro tenha feito no passado como pretexto para uma discussão.

64,2%

Das inquiridas diz que utiliza as discussões com o companheiro para afirmar a sua independência e autonomia.

63,2%

Diz que os ciúmes provocados pelo parceiro são o principal motivo das discussões entre ambos.

55,4%

Dos jovens esquece ou não se importa com discussões ou agressões com origem nos problemas do casal.

43%

Discutem por acharem que o parceiro não se aplica o suficiente na relação não satisfazendo as necessidades afectivas.

34 ,4%

Das raparigas já deu pontapés, murros, atirou objectos, esbofeteou, puxou cabelos, ou empurrou o parceiro.

CASOS

AMANTE AGRIDE CASAL

Uma mulher de 20 anos agrediu um homem de 27 e outra mulher de 24, numa discoteca de Santarém. Na origem da agressão, em Abril passado, terá estado uma cena de ciúmes.

ESBOFETEOU O MARIDO

Em 2002, Fátima foi detida depois de ter esbofeteado o marido. Apanhada em flagrante por dois agentes da PSP da esquadra de Santo Condestável, no Porto, acabou por ser acusada.

AGREDIDO PELA MULHER

Paulo Fernandes, 32 anos, foi vítima de violência doméstica. Durante sete anos foi várias vezes hospitalizado. “Precisava de Polícia sempre que entrava em casa”, dizia. Decidiu denunciar o caso em 2005.

NÚMEROS DA APAV

Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, 3,3 por cento dos crimes contra pessoas ocorrem entre namorados ou ex-namorados.
Pedro Galego (Évora), com M.A.

Inaceitável. E um bom aviso para a Queima das Fitas...

Um jovem de 26 anos foi detido por conduzir alcoolizado em sentido contrário numa rua da cidade de Viseu, anunciou hoje a Polícia Municipal.

A detenção ocorreu por volta das 23h00 de segunda-feira, junto ao centro comercial Fórum Viseu.

Segundo o comandante da Polícia Municipal de Viseu, Horácio Carvalho, o jovem de 26 anos, residente em Viseu, «circulava em sentido contrário ao estabelecido, constituindo um perigo real para os restantes utentes da via».

O condutor foi abordado por dois agentes desta força policial, em patrulhamento na Rua D. José da Cruz Moreira Pinto, tendo sido submetido ao teste de álcool no sangue.

«O teste acusou a taxa de 1,95 gramas/litro, pelo que lhe foi dada ordem de detenção», explicou.

O detido foi presente ao Tribunal Judicial de Viseu, durante a manhã de hoje.

A taxa máxima de álcool no sangue permitida por lei é de 0,49 gramas por litro de sangue. Uma quantidade de 0,50 a 0,80 gramas de álcool/litro de sangue é considerada uma infracção grave, sendo de 0,81 a 1,19 gramas/litro de sangue, muito grave.

Acima de 1,2 gramas/litro de sangue é considerado crime, o que implica a detenção do condutor e a sua apresentação perante um juiz de Instrução Criminal.

PortugalDiário.

segunda-feira, maio 08, 2006

Que o S.Juon lhes puonha a birtude, carago!:).

Porto Canal arranca em Junho
2006/05/08 | 16:54
Director-geral do projecto televisivo espera atingir, em dois meses, «os cinco mais vistos» da região.

O projecto televisivo Porto Canal arranca dia 23 de Junho, véspera de S. João, às 19h00, e irá ocupar o canal 13 do pacote digital e 18 do pacote analógico da TV Cabo, anunciou hoje o director-geral do canal, Bruno Carvalho.

Em declarações à agência Lusa, o responsável adiantou que o investimento global para o arranque do projecto rondará os quatro milhões de euros, estimando alcançar o break-even point no terceiro ano de actividade.

O canal, com estúdios em Matosinhos, funcionará em regime aberto, 24 horas por dia.

Para sustentar o projecto financeiramente, o Porto Canal contará com a colaboração de empresas, autarquias e outras entidades, como a Universidade do Porto.

As produtoras envolvidas - Farol de Ideias, Filbox, Media Luso e OP - terão sempre 60 por cento ou mais na estrutura financeira do novo canal, esclareceu o responsável.

Garantidas estão também parcerias com as autarquias de Matosinhos, Gaia, Gondomar, S. João da Madeira, Amarante, sendo esperadas formalizações com as restantes câmaras da Área Metropolitana do Porto até ao arranque do canal.

Com o objectivo de manter uma identidade regional, «capaz de dar visibilidade a pessoas que normalmente não a têm nos restantes meios de comunicação», Bruno Carvalho pretende que o Canal Porto atinja, em dois meses, «os quatro/cinco mais vistos» daquela área.

«A meta será chegar ao mais visto nesta região», frisou o director-geral do novo canal, que chegou a ser administrador da NTV, entretanto transformada em RTP-N.

A informação propriamente dita ficará a cargo de uma equipa de quatro jornalistas, coordenados pelo ex-subdirector do jornal Público, Daniel Deusdado, que ocupará o cargo de director de informação. Sobre a grelha de programas, apesar de garantir estar já «praticamente fechada», Bruno Carvalho preferiu não revelar ainda pormenores, mas adiantou que o canal arrancará com apenas «três ou quatro rostos conhecidos», pois o objectivo é que o projecto seja também uma «fábrica de novos rostos» no panorama televisivo.

«Tentaremos fazer as coisas sempre com os pés na terra», concluiu o empresário de 37 anos, garantindo que a programação do Porto Canal será 100 por cento original e 100 por cento falada em português.

PortugalDiário.

domingo, maio 07, 2006

Para satisfação dos círculos esotéricos!

No seguimento da amável derrota do Benfica em Paços de Ferreira, e para festejar a manutenção, os industriais da capital do móvel estão a considerar a hipótese de lançar uma nova linha de mobiliário que incluirá mesas de pé de frango em vermelho vivo:).

Pode ser uma ideia bem saudável:).

Conheça o Clube das Mães Más
2006/05/07 | 12:01
Farta-se de pôr os filhos a ver televisão? «Esquece-se» de dar banho às crianças quando está demasiado cansada? É uma «super mãe» ou nem por isso? Veja o site das mães politicamente incorrectas

Bebe um copo de vinho enquanto dá o biberão ao seu bebé? «Esquece-se» de dar banho às crianças quando está demasiado cansada? Fuma ao lado da sua filha apesar de saber que lhe faz mal? Se não consegue ser uma «super mãe», junte-se ao «Clube das Mães Más».
Uma reportagem da revista Notícias Magazine do Diário de Notícias/Jornal de Notícias, conta como é que o clube nasceu. Stephanie Calman, uma britânica que nunca quis ser mãe, acabou por engravidar e resolveu escrever um livro: «Confessions of a Bad Mother»(Confissões de uma Má Mãe), que há meses que se mantém no top ten dos livros mais vendidos na Grã-Bretanha. O sucesso do livro politicamente incorrecto sobre uma mãe tudo menos perfeita levou à criação de um site chamado «Bad Mothers Club» (Clube das Mães Más): www.badmothersclub.co.uk.
O objectivo fundamental deste clube, lê-se no site, é pôr as mães a rir, em vez de chorar. Ou seja, é um espaço onde as mulheres podem desabafar, onde podem admitir as «asneiras» que fazem sem serem censuradas. O site tem um fórum de discussão que aborda todos os temas à volta da maternidade, desde alimentação dos filhos aos vícios das mães. O clube atrai mães à beira de um ataque de nervos, mas que ainda consegue conciliar a vida profissional com a maternidade. Quem precisa mesmo de apoio profissional encontra uma lista de contactos telefónicos de várias organizações e associações que lidam com problemas associados à maternidade.
E você? É uma super mãe ou nem por isso? O que pensa deste clube? É uma má mãe? A sociedade exige demais das mães? Quer desabafar? Partilhe com o PortugalDiário!

sábado, maio 06, 2006

Lutos part two.

Lutos (II)


Falemos um pouco mais de lutos. Quando se iniciam? E vocês, muito lestos – ora adeus, doutor, é simples, quando alguém morre. Basta pressentir a tristeza ou ver a cor da gravata - o negro reina, dentro e fora. Poderíamos, de facto, caminhar por essa vereda, e olhem que declarar a morte do corpo não é tão simples como parece! Vejamos uma sentença do Supremo Tribunal de Massachusetts em 1977: “A morte cerebral ocorre quando, na opinião de um médico reconhecido, baseada nos critérios habitualmente aceites, houve uma paragem total e irreversível das funções cerebrais espontâneas e tentativas adicionais de ressuscitação ou a manutenção da vida assistida não conduziriam ao restaurar de tais funções”. Repararam? Longe vão os tempos da morte associada à falência de coração e pulmões, hoje em dia o cérebro guarda a vida como a ostra a pérola. Não se trata de um acaso, vivemos numa era em que a tecnologia permite à “máquina humana” manter o seu funcionamento em condições até há pouco inimagináveis. Albury diz que a morte já não é uma parte da vida como no século XIX, nem, como antes, a sua simples ausência. Pede-nos para imaginarmos um doente comatoso: passa a estar morto quando as técnicas actuais não permitem a reversibilidade do coma em que mergulhou. A decisão de assim o declarar não se baseia tanto na constatação de um facto como num prognóstico negativo apoiado na nossa impotência - no estado actual da ciência médica reconhecemos não poder fazer mais nada. Amanhã, o mesmo doente, nas mesmas condições, poderá beneficiar de técnicas que permitam a recuperação das funções cerebrais e assim escapar ao carimbo fatal que acarreta o desligar das máquinas. O avanço da tecnologia “decide” a localização da última fronteira, pelo que se torna problemático definir a morte como um acontecimento natural.
Qual morte? A biológica. E vocês de novo – pois existe outra? Sim, a social, e nem sempre as duas coincidem. Hertz chama-nos a atenção para o facto de a morte biológica anunciar o fim do organismo humano, enquanto a social traduz o ocaso da identidade da pessoa. Muitas culturas consideram-nas momentos de um processo de transição entre dois mundos, período em que amigos e familiares conhecem perfeitamente os rituais a desempenhar. Algumas tribos malaias enterram o corpo provisoriamente, até à realização, meses ou anos depois, de uma cerimónia definitiva. Entretanto “o falecido continua a pertencer mais ou menos exclusivamente ao mundo que acaba de deixar. Aos vivos cabe o dever de cuidar dele; duas vezes por dia até à cerimónia final…; trazem-lhe as refeições habituais”.
Neste casos a morte biológica antecede a social. O inverso acontece, por exemplo, na morte vudu, que surge por decisão de um feiticeiro cujo poder é reconhecido por todos. O fim biológico aparece como simples consequência secundária de tal facto, a pessoa já não pertencia ao mundo dos vivos (a medicina vem há muito especulando sobre os mecanismos fisiológicos envolvidos nestas verdadeiras “mortes por sugestão”).
Dir-me-ão que tudo se passa a longas horas de voo da nossa arrogante civilização ocidental. E no entanto, ao longo dos últimos anos, amiúde concordei com os avisos de colegas meus - empurramos certas minorias, como os seropositivos ou os idosos, para estatutos que configuram verdadeiras mortes sociais, dir-se-iam reduzidos à categoria de cadáveres ambulantes e envergonhados. Pairando num limbo doloroso, até que os corpos se juntem, com secreto alívio, a almas assassinadas por solidões nascidas de mãos alheias, que negaram a carícia solidária e correram a abrigar-se em bolsos miseravelmente amnésicos. Mesmo se prontos à ajuda monetária!, pedimos ao dinheiro passaporte para declarar a consciência alva e fugir das redondezas. Porque se o olhar não vê, o coração não sente? Nem isso, por mero egoísmo civilizacional.

sexta-feira, maio 05, 2006

:))))))).

Uma tampa é uma tampa é uma tampa



Ana Sá Lopes ana.s.lopes@dn.pt
Diário da Vanessa

No amor, as mulheres, antigamente, eram mais simples. Dizê-lo é um risco, mas vem aí o tempero: a maioria era menos feliz. A simplicidade tinha, contudo, vantagens: antes de o "psicologismo" ter invadido praticamente todos os campos de acção, públicos e privados, as pessoas acreditavam que as coisas são como são. Conformavam-se. Faziam croché, piqueniques, tratavam das coisas. Ou então, se era para morrer, morriam (mas era menos de amor que de tuberculose).

Hoje, as mulheres nem morrem nem saem de cima. Acreditam, com uma fé bebida na mutação rápida das relações afectivas, que as coisas mudam. [O caso mais patético e, digamos, mitológico é, como toda a gente sabe menos as implicadas, aquela crença religiosa em que 'ele' se vai separar da mulher]. Talvez as mulheres tenham perdido a sabedoria de identificar o amor, ou a sua possibilidade. Admitem que os mais esconsos sinais podem ter "várias leituras" (a propagação da semiologia também contribuiu para a doença).

Arrisco esta generalização porque conheço a Vanessa, que um dia achou promissora uma criatura que passou um jantar inteiro a suspirar (era de enfado, mas ela achou que havia naquilo uma emoção qualquer), outra que adormeceu e ressonou no cinema e uma terceira que acordou a meio da noite a gritar "amo-te, Maria".

Mas, se calhar, não arriscava a generalização se não tivesse chegado às livrarias um livro dirigido ao público feminino, que quer elucidar as mulheres nos mistérios da alma masculina, ensinando-as que quando um tipo não telefona é porque não está para aí virado. A coisa, que recentemente foi traduzida para português, chama-se Ele não está assim tão interessado e foi um sucesso nos Estados Unidos. Ali pode aprender-se que "um homem sabe usar o telefone" e que os homens quando estão interessados numa mulher telefonam.

Embora a política tenha alguma coisa em comum com o amor (foi no território irracional dos "afectos" que o populismo aprendeu tudo o que tinha a saber), foi mais ou menos interiorizado o saber do dr. Salazar segundo o qual "em política o que parece é". No amor, a resistência ao que parece é imensa. Não fora o mercado promissor, ninguém escrevia livros a explicar que uma tampa é uma tampa é uma tampa é uma tampa.

DN.

quinta-feira, maio 04, 2006

Mais velharias.

Lutos (I)


Como todos, bebi a taça do horror que se viveu nas margens do rio Douro. Para além de angústias que não consigo imaginar, vi de tudo: estrangeiros gabando o heroísmo de mergulhadores que alguns de nós já decretavam, em surdina, incompetentes; políticos resistindo mal à tentação de usar tragédia e noticiários em proveito próprio; outros exibindo, dias depois, a sua ausência dos ecrãs que difundiam o drama, como se detivessem o monopólio do comportamento ético; jornalistas fazendo o seu trabalho com sóbrio respeito e colegas sôfregos, que se precipitavam, como aves de rapina, sobre a oportunidade única de fazer um “reality show” a preço módico (por momentos receei vê-los censurar as vítimas por não darem as respostas esperadas ou exibirem dor suficientemente espectacular); a arrogância de uma Comissão de Inquérito sem o tacto necessário para perceber que, apesar das diligências possíveis em Lisboa, mandava o decoro não exigir a um Presidente da Câmara o abandono das suas gentes em tal momento para demandar a “Capital do Império”; um Ministro assumindo responsabilidades, em País a isso tão pouco habituado que as reacções variaram entre o aplauso basbaque e a suspeita cínica ( “às tantas o gajo aproveitou o pretexto para se pôr a salvo e ter tempo para outras manigâncias” ); um Governo mobilizado em peso, o que se justifica e saúda, mas ainda mais sublinha a sua ausência – e a de outros! - no passado; a solidariedade dos meus irmãos galegos, calcorreando praias que também considero minhas, em busca das vítimas que o rio matou e o mar devolve; os versos de Rosalía mais presentes do que nunca: “Del rumor cadencioso de la onda/ y el viento que muge;/del incierto reflejo que alumbra/ la selva o la nube;/ del piar de alguna ave de paso;/ del agreste ignorado perfume/ que el céfiro roba/ al valle o la cumbre,/ mundos hay donde encuentram asilo/ las almas que al peso/del mundo sucumben”. Espero que a poetisa das nieblas tenha razão e o espírito de quem morreu encontre abrigo. A nós cabe guardar-lhes a memória para além do próximo “êxito noticioso”.
Uma palavra especial de orgulho e apoio para os colegas que se precipitaram para o local da tragédia - espera-os trabalho árduo. Ouvi, sem surpresa mas com agrado, um dos responsáveis chamar a atenção para a importância fundamental da escuta solidária, sem prejuízo de eventuais intervenções medicamentosas. Porque estão muito enganados os que imaginam ser possível apressar lutos à força de químicos, generosamente distribuídos à hora da refeição. As perdas, sobretudo as bruscas, inesperadas e estúpidas como estas, implicam uma adaptação que não pode ser confundida com olvido ou anestesia. O desaparecimento de um ente querido não se resume a outro golpe traiçoeiro da existência a vencer, confiando na sabedoria popular - “incha, desincha e passa”. Não passa. As pessoas morrem, mas não nos deixam. Laboriosamente, construímos para elas altares aconchegados, nas fotografias da cómoda ou em neurónios saudosos mas pacíficos.
Para essa paz, conviria encontrar os corpos que permitirão o choro de mãos dadas. Os rituais, religiosos ou não, e o apoio de quem dá um passo em frente para o que der e vier, ajudam as pessoas a fazerem a necessária viagem entre o estupor e a revolta iniciais e a reorganização dos seus quotidianos. O processo leva o seu tempo, diverso para cada um, mas é imperioso respeitá-lo.
Por isso os meus colegas ouvirão muito, receitando com parcimónia. Com essa postura ajudarão as pessoas a completar as tarefas do processo de luto, como as define Worden: aceitar a realidade da perda; experimentar a dor que provoca; adaptar-se a um meio de que o ente amado desapareceu; “guardá-lo” emocionalmente e seguir caminho. Com a saudade - mas também a força! - que a memória acarreta.

quarta-feira, maio 03, 2006

Vinte?????? A heterossexualidade é arriscadíssima!:))))).

Woman, 104, takes man, 33, as husband No. 21

Tuesday, May 2, 2006 Posted: 2225 GMT (0625 HKT)

KUALA LUMPUR, Malaysia (AP) -- A 33-year-old man in northern Malaysia has married a 104-year-old woman, saying mutual respect and friendship had turned to love, a news report said Tuesday.

It was Muhamad Noor Che Musa's first marriage and his wife's 21st, according to The Star newspaper, which cited a report in the Malay-language Harian Metro tabloid.

Muhamad, an ex-army serviceman, said he found peace and a sense of belonging after meeting Wook Kundor, whom he said he initially sympathized with because she was childless, old and alone, the report said.

"I am not after her money, as she is poor," Muhamad reportedly said. "Before meeting Wook, I never stayed in one place for long."

He said he hoped to help his new bride to master Roman script while she taught him Islamic religious knowledge.

The report did not say if any of Wook's previous 20 husbands are still alive.

Malaysian Muslim men are allowed by their religion to take up to four wives at a time, but reports of women who marry more than once are rare. Muslim women do not practice polygamy.

Malaysia's 26 million population comprises about 60 percent Muslims, almost all ethnic Malays. Large ethnic Chinese and Indian minorities are Buddhists, Hindus or Christians.


(Gentileza do Noise).

terça-feira, maio 02, 2006

Prosseguindo...

Stress ( II )


Eisenbruch fala de uma verdadeira “perda cultural” quando se refere a indivíduos permanentemente afastados do seu meio de origem. Perda mais grave ainda nos casos de partida não voluntária, como a dos refugiados resultantes de catástrofes naturais ou de quem é empurrado para o exílio por recusar ver de joelhos o pensamento. O vazio que arrastam consigo é inundado pelos estímulos de uma outra cultura e desse choque, se não amortecido, resultam “inflamações e abcessos” que geram diversos sintomas. Por exemplo:
Cassell estudou as variações de tensão arterial em trabalhadores negros que trocavam o Sul americano pela cidade de Chicago. À medida que a estadia se prolongava, também o braço ia amuando e disso dando conta ao aparelho - a tensão subia. Os mesmos resultados foram obtidos quando se comparou cabo-verdianos emigrados para a costa leste dos Estados Unidos e a população que ficara no arquipélago. Aceitando embora a mais do que provável influência de factores como a alimentação e o estilo de vida, os investigadores salientam a importância da desadequação entre o antigo sistema de valores e a nova realidade que abraça – ou sufoca? – estas pessoas. Não se trata apenas de olhar em volta e não reconhecer o mundo, mas sim de descobrir que os instrumentos mentais aprendidos para o entender se revelam, de súbito, ineficazes. Como se da realidade antiga sobrasse a moldura e esta não conseguisse abarcar a nova.
Fechado o aparelho de tensões, demos a palavra às tentativas de suicídio. Burke salienta dois factos: os imigrantes asiáticos em Birmingham apresentavam uma taxa desse comportamento muito superior à do seu país de origem, mas tal diferença era sobretudo visível nas mulheres. Surpreendidos? Mas é preciso lembrar que, em geral, elas tinham viajado para Inglaterra seis a oito anos depois dos maridos, já adaptados. De certa forma, as “fadas do lar” eram imigrantes nas suas próprias casas, porque aí se esperava que ficassem, agravando-lhes o isolamento social. Que não as impedia de espreitar pela janela (por exemplo, televisiva!), abrir a boca de espanto perante as diferenças da condição feminina e começar a embalar sonhos e ressentimentos.
Quando as escutavam, queixas surgiam sem esforço: empregos mal remunerados e inseguros; medo de não sobreviver economica ou afectivamente; dificuldades com o alojamento; saudades do apoio da família alargada num meio urbano sentido como hostil. E os especialistas contam-nos história curiosa, para quem não tenha o hábito de pasmar em face dos caprichos do espírito: se a ajuda efectiva é importante, basta que alguém a sinta ao dispor e a sua resistência à adversidade aumentará. Como as crianças, a quem um olhar de soslaio aos pais chega para desafiar o escuro.
As conclusões diziam respeito aos imigrantes de primeira geração. Os filhos demonstravam, sem surpresa, melhor adaptação à sociedade que, afinal, era já a deles. Não raras vezes, o stress espreitava-os quando os pais propunham fazer as malas e “regressar” definitivamente a países que, nas mentes jovens, estavam apenas associados a férias grandes e avós ternurentos.
Perguntas surgem, imperiosas. Que traços culturais dos migrantes os podem proteger, como potenciá-los? E eu, português típico, penso logo num cantinho onde a seguir à bacalhoada se jogue uma sueca batoteira, à mistura com intermináveis discussões sobre o futebol indígena. Sou prosaico? Claro, as ilhotas da cultura de origem só proporcionarão porto acolhedor quando o mar da de acolhimento for chão e a brisa fagueira. Em resumo: sejam quais forem as tentativas de criação de uma rede de suporte por parte de quem chega, nada funcionará sem a solidariedade institucional de quem acolhe. A Portugal, como Estado, cumpre a obrigação de dar o exemplo aos portugueses como indivíduos. Sob pena de trairmos passado e presente. E comprometermos o futuro.