domingo, janeiro 14, 2007

E por fim...

No dia seguinte comecei a dar à perna com dois objectivos: ver os monumentos e comprar a consciência. Porquê? Não conhecem o método? Ando como um burro – o que só exige modificação às pernas... – e decido ter queimado as calorias suficientes para me conceder os caprichos alimentares. Simples, não é? Bom, quando me preparava para experimentar a tasca recomendada pelo meu filho, o telefone tocou. Foi, de resto, o seu último sinal de vida; apagou-se. Definitivamente. A besta resistiu a todas as manobras de ressuscitação, só não tentei o boca a boca. Senti um arrepio, meia dúzia de anos chegaram para não conseguir sobreviver sem o maldito aparelho. Eu!, que lia o jornal nas bichas para os telefones públicos no estrangeiro quando as saudades da familória apertavam... Pedi socorro ao dono de um café, confortavelmente debruçado sobre jornal desportivo. O homem, pessimista - “só se for no Centro Comercial”. Corri à catedral de consumo. A porta da loja indiferente ao drama – encerramento às 13 horas. Nãããão, eram 13,15! Entrei noutro café, pronto a mergulhar numa cerveja, no alcoolismo, no desespero, no esquecimento. O colo apetecível da patroa; contei-lhe tudo. A boa da senhora ao leme, “vou telefonar à dona da loja, somos amigas”. O bichinho da esperança, tímido. O telefone mudo, “porque não vai o senhor a casa dela?” Fui. Toquei até me doer o dedo, além da alma. A senhora idosa ouviu-me, desconfiada, construir um muro particular de lamentações. Quando terminei, respondeu, com enorme calma, que a dona da loja era a filha (que fez a fineza de chamar). Eu já estava por tudo, puxei a cassete atrás e repeti a lamúria. Ah, as mulheres!, que mistura genial de romantismo e sentido prático: “estou nas limpezas, mas faço-lhe o jeito. Vá o senhor indo e espere por mim, tenho de mudar de roupa”. O credo na boca, não havia a certeza de existir modelo compatível com o meu cartão, as suas explicações atravessavam-me sem deixarem a mais leve impressão digital. Havia. Comprei um té-lé-lé novo, assim desperdiçando todos os pontos avaramente coleccionados no último ano. Invadiu-me um alívio preocupado consigo próprio, quanto tempo duraria? Irrompi por Espanha, com a absoluta certeza de que em breve a ETA falharia um quartel da Guardia Civil, sobrando a bomba para um português azarado, que morreria com estas últimas palavras - “es una injusticia”.
Ronda é um espanto, cidade escarranchada num desfiladeiro vertiginoso. Mas eu continuava furiosamente abraçado ao azedume. Ensaiei o número do português amuado com a terrinha, ao verificar que o Parador era mais barato do que a estalagem alentejana - “e têm eles um salário mínimo que envergonha o nosso, assim não vamos a lado nenhum!” Angustiado pelo imobilismo pátrio, parti a afogar mágoas e mau olhado em sangria e paella. Pelo caminho, avistei ao longe pequena multidão e a megalomania etarra voltou-me ao espírito - “terá sido uma bomba?” Não fora, deparei-me com espectáculo bem menos explosivo. Dois jovens, pouco entusiasmados, bailavam o tango para ganhar uns cobres, sob o olhar distraído de uns e atento mas agarrado ao dinheiro de outros. Lembrei-me de Borges: “Num diálogo de Oscar Wilde lê-se que a música nos revela um passado pessoal que até esse momento ignorávamos e nos leva a lamentar desventuras que não nos ocorreram e culpas que não cometemos; ... Talvez a missão do tango seja essa: dar aos Argentinos a certidão de terem sido valentes, de terem cumprido já as exigências da valentia e da honra”. Mas aqueles dois não estavam certos de nada e o problema não era serem espanhóis e não argentinos. Exalavam uma aura deprimente, com os sorrisos plastificados e os passos correctos mas sem vida. Tive a fantasia cruel de que as poucas moedas que (não) se acotovelavam na boina encarrapitada no gravador acabariam no balcão do MacDonald’s mais próximo. Cada vez menos isento, preparei-me para desancar a paella e a sangria. Foi então que o rafeiro apareceu...
De imediato o bicho me pareceu um compagnon de route na busca de razões para odiar a vida. Os olhos, mais do que famintos, eram lamentosos e lamentáveis, senti que os restos do meu jantar não aplacariam a angústia existencial possível em quem desconhece estar-lhe a morte reservada. Este relâmpago de lucidez filosófica e barata poupou o cristão praticante não filiado dentro de mim – com um olhar clandestino em volta dei-lhe as sobras da paella (que era realmente fracota!). Ouvi o criado enxotá-lo, depois explicar a outra mesa que o cachorro fazia daquele ritual o seu modo de sobrevivência. Sorri interiormente com desprezo, obviamente ele não pressentira a comunhão que se estabelecera entre dois infelizes. A cada naco o olhar do cão esquecia a fome e fitava-me com indiscutível e comovente doçura. A razão só podia ser uma - descobrira o dono da sua vida. A mim de resolver os problemas logísticos, para que me pudesse acompanhar no resto das férias, antes de o aboletar no Porto.
Acabada a refeição, o empregado limpou a mesa; eu vogava ao sabor da sangria e da inesperada solidariedade que encontrara. E eis que o cão desapareceu, em busca de outras sobras, indisponível para deixar o restaurante na sombra dos meus passos. Pensei no assunto. O amor do rafeiro por mim não oferecia dúvida, estava na cara (mais precisamente no focinho!). E no entanto ele partira. Mas deixando-me enorme lição: embora desejoso de me seguir, escolhera ficar. Talvez por lealdade à família, à cidade, ao país, sei lá?, a uma vida de cão, mas que era a sua. Renunciara ao dono ideal sem queixa, uivo ou lambedela húmida e seguira em frente. Pois se ele conseguia, também eu era capaz - atirei a auto-piedade para trás das costas e entrei de férias.
Dias depois, em Granada, outra mesa, outra paella, outro cachorro. Não chincou nada; ignorei-o olimpicamente. Do facto retiro a conclusão de que algo em mim não digerira o heroísmo do de Ronda ao abandonar-me. Que hei-de fazer?, sou humano e possessivo, pagou o cão justo pelo pecador. Nessa altura ocorreu-me que amiúde fazemos isto às pessoas, sobretudo nos labirintos amorosos, trucidamo-las por causa das nódoas negras que outras deixaram. E – perdoem-me a imagem fácil! – acabamos todos a sofrer como cães.

27 comentários:

alquimista disse...

Professor:

Perdoando-me, também, a imagem fácil,não adianta lambermos as feridas. Para além de constar que só a saliva canina é que as pode curar, melhor do que ficar sem dono é escolher outro.
Continuação de boas (?!) férias.
E já agora, vá telefonando...

andorinha disse...

:)))

Lindo! Escrito de uma forma que emociona e faz pensar.

Primeiro a história dos jovens que bailavam o tango.
"Exalavam uma aura deprimente, com os sorrisos plastificados e os passos correctos mas sem vida"
Quantos de nós somos assim no dia a dia?
Quantos passos correctos nós damos, mas sem vida?
Só isto já me fez pensar...

E o cachorrinho? Partilhou consigo parte da refeição, "agradeceu-lhe " com o amor que os cães sabem dispensar a quem os acarinha e foi à sua vida, era ali o seu lugar.

"...amiúde fazemos isso às pessoas, sobretudo nos labirintos amorosos, trucidamo-las por causa das nódoas negras que outras deixaram. E - perdoem-me a imagem fácil - acabamos todos a sofrer como cães."
É bem verdade, acho que já todos vivemos situações desse género e acabamos todos por sofrer, sim.

Estes são os meus posts preferidos, como já lhe disse, aqueles que são "feitos" por si:)

thorazine disse...

É por estas e por outras que há gente "criacionista"!

Coincidência, ou não, debato-me com essa último problema que a andorinha transcreveu. Bonito, ein! :)

thorazine disse...

Com esse!

Ando numa crise de dislexia! ;)

alquimista disse...

Thorazine:

Como é a primeira vez que me dirijo a ti... boa noite

Não queres seguir o meu conselho?

thorazine disse...

alquimista,
boa noite! :)

Seguiria com todo gosto, mas no meu caso não é no "labritinto amoroso"! Não posso trocar este "dono"..

thorazine disse...

"Estudo acerca de droga questiona jovens sobre vida sexual dos pais

OInstituto da Droga e Toxicodependência (IDT) resolveu questionar cem mil alunos dos 12 aos 18 anos sobre consumo de álcool, tabaco e drogas e averiguar de passagem a violência familiar. A ideia - que inclui perguntar sobre relações sexuais forçadas entres os progenitores - é estabelecer a ligação entre consumos abusivos e ambientes familiares. Uma ideia que acabou por chocar alguns pais e levou uma escola a recusar distribuir o inquérito.

"Não são perguntas que se façam de forma gratuita", queixou-se um pai de Setúbal, citado pela Agência Lusa. Uma reacção que tanto o presidente do IDT, João Goulão, como a autora do estudo, Fernanda Feijão, minimizam. "Há um número bastante reduzido de pais a manifestar desagrado", diz João Goulão, admitindo que as questões possam "eventualmente despertar algumas reacções".

Fernanda Feijão, do seu lado, nega que tenha havido qualquer queixa. "Um pai de Setúbal - em cem mil inquéritos em 800 escolas - mandou um mail dizendo que não concordava com as perguntas e um conselho executivo de uma escola do Norte avisou que não passaria o inquérito por não concordar com algumas questões". Em ambos os casos, garante a investigadora, o contexto das ditas perguntas foi explicado e o pai (não consultado sobre o inquérito, como deveria ser) terá reconhecido que "são perguntas que têm de ser feitas". O inquérito, assegura Fernanda Feijão, é "anónimo".

"Interessa saber se a violência doméstica está associada ao consumo abusivo de álcool e drogas, até para actuar na prevenção", explica a investigadora do IDT. E, diz, no pré-teste ao estudo, os jovens aceitaram pacificamente as perguntas, admitindo-se surpreendidos por algumas delas para depois concluírem que "faziam pensar". De resto, o inquérito visa servir de base ao programa de promoção e educação para a saúde do Ministério da Educação, centrado nas mesmas preocupações. Ouvida pelo JN, a presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais diz não ter sido consultada sobre o estudo, mas não recebeu queixas. Realça contudo o foro íntimo de questões que não sabe "até que ponto devem ser colocadas na escola". Maria José Viseu prometeu pedir informações ao IDT.

Valorizar o outro

O inquérito do IDT ao consumo de drogas em idade escolar vai na sua segunda edição e apenas acrescenta algumas perguntas à versão de 2001. Entre elas, questões sobre violência física, psicológica e económica. Se um dos pais "bate ou insulta publicamente o outro, o impede de falar com amigos ou família, impede o acesso ao dinheiro ou obriga a ter relações sexuais" são questões que, para a investigadora Fernanda Feijão, permite perceber "o funcionamento" da vida familiar. "É importante os miúdos perceberem que há mais coisas que são violência além de bater", diz, além de que a violência doméstica "é crime público" sobre o qual se tem falado e com que os jovens estão familiarizados. "Pôr assim as questões alerta os miúdos para o respeito do outro ser um aspecto fundamental. É chamar as coisas pelo nome e, com as figuras dos pais, é pô-los a perceber que pode haver violência sobre alguém de quem gostam". "


Bem! Roça no ridículo! Em portugal ainda está a questão no ar se é a condição social que influencia o consumo de drogas? :|

andorinha disse...

Thora,
Looooooooooooooool
E isso é um problema???
Só significa que também tens bom gosto:)

O alquimista já te estava a envolver no labirinto amoroso...Lol

JFR disse...

Ronda e Granada. Dois muito belos locais. Adequados a tão bela prosa.
Obrigado.

andorinha disse...

Thora (12.48)
Acho ridículo também e absolutamente lamentável. É invasão gratuita de privacidade e isso é inadmissível.
Não é por aí que se resolve seja o que for.
Tenho dificuldade em compreender que pessoas com responsabilidades tomem este tipo de atitudes.

andorinha disse...

Thora,
Esqueci-me de te dizer há pouco: ainda não tens idade para ter nódoas negras:))))) Loooooooool

Fiquem bem:)

thorazine disse...

Andorinha,
mas esta invasão da liberdade tem imunidade. É para o bem da nação! :/

Tenho muitooo bom gosto! ;)))))

thorazine disse...

andorinha,
não metas a idade nisto...em qlq idade pregos metidos numa tábua, mesmo que saiam todos deixam marca! No amor, não é o meu caso..chamem-lhe sorte, destino (ou num espírito modesto, visão!)... ;))))))))

thorazine disse...

Bem, re-pesquei o gosto que tive por algum hip-hop, au ouvir o "miúdo" que anda aí, o Sam..
Aconselho a ouvir o album, mesmo para quem não gosta de este género vale a pena pelas letras.. :)

Deixo aqui uma faixa que ironicamente não é cantada por ele, nem foi escrita por ele (e sim por "pulanito", pelo mesmo pelo que diz, autor deste blog : http://pulanito.blogspot.com/ ), mas vem no novo album!

http://www.multihotel.com/blognap/slides.mp3

"Slides

Onde estão os meus amigos?
Remotas memórias
Saltitam
Pululam
Cheiros / odores / miragens
O café
O sorriso
Olá como está!
E outras encenações
A novidade
A vizinha do 3º fugiu, amanhã vem no jornal

Ai..a imperial da Munique
Os destemidos tremoços
Moços, maçons
Canalha / navalha
Pensa coração
Amigos onde estais?

A sueca com minis à mistura
O relato da bola
A malha / copo de 3
A feira do relógio
O relógio da feira
Sandes de couratos / vinhos de Torres
Jogging de Marvila

Domingo
Especialmente domingo
Barbeados / dentes lavados
E martinis no plástico labrego
Alumínio / moderno / kitch / mau gosto
12 cordas / mãozinhas
Salteadores da razão perdida
Perdidos / enjaulados
Correio da manhã
O cú da vizinha do 9ºB
Regalo para a vista
Suplemento a cores com salários em atraso

E a Lisnave / petroquímica
Cancros do meu Tejo
Apodrecendo lentamente o azul das águas
E eu impotente / cinemascope / 35 milímetros de mim
A raiva afogada entre cubaslibres e pernas de mulheres
Que não são putas nem são falsas nem são nada
São pernas de mulheres e cubaslibres simplesmente

Paga-se a saudade com cartão de crédito

Táxi
Leva-me para onde está o meu amor
Táxi
Leva-me para lá de mim
Táxi
Atropela-me os sentidos e a alma para não deixar vestígios"

;))

thorazine disse...

au? Lapso! (Não digo freudiano para não cair no cliché..)

Aaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! :))

thorazine disse...

Bem, depois de umas investidas no google descobri que o pulanito é o pai do Sam "the kid" e escreve sob pseudónimo de Vririato Ventura! É a voz dele que se ouve e o poema foi escrito há 22 anos atrás, altura em que o autor tinha 28 anos (idade do actual do Sam)! As coisas que um gajo não sabe, e fica a saber... :)))

Olhar disse...

Embora já com alguns mesitos/anos (?), nas fotos do texto do presente post, permanecem bem vivas, as cores.:)

Bem adaptado ao espartilho do espaço,harmoniosa cadência, a das palavras,auto-humor q.b,como convém...(?):), "levinho" o assunto sério,
"...dar-lhe o perdão a conta-gotas e o amor ainda mais devagarinho?..."
( desculpe alguma inconformidade..., cito-o de cor..., não comprei a revista):P
Põem uma pessoa na fila da caixa do supermercado a rir-se com ele...,
aquele seu texto "As Doze Badaladas".

Marx disse...

Belo conto.

A Menina da Lua disse...

Boa tarde!

Eu já estava avisada... mas quando cheguei a Ronda foi uma enorme comossão, até porque e um pouco ao contrário deste conto, o clima emocional estava de feição:).

Quem vem de Portugal, e depois de ter percorrido uma enorme planície castelhana, passa-se por uma espinhada serra que tem ao cima uma antiga cratera de vulcão onde fica situada Ronda.

A varanda do restaurante do paradouro que o Professor fala, fica exactamente sobranceira sobre a vista da cratera que nos dá uma sensação telúrica e estranha mas ao mesmo tempo bela e arrebatadora...

Gostei imenso de visitar Ronda,onde na antiquíssima praça de touros foi filmado o exemplar filme sobre a ópera "Carmen" de Bisé com o Plácido Domingo...

Estes magníficos textos do professor têm tambem este dom: de nos transpor para outras emoçôes mesmo que estejam fechadas nas gavetas das nossas recordações...

fiury disse...

"calimero e os amiguinhos"...na aventura dos telemoveis espanhois, parte 2:))))

CêTê disse...

Ás vezes de cão,... outras de glutão.;]

Belíssimo!
;*

ASPÁSIA disse...

PROF...

ERA UM CÃO... ANDALUZ?

NUM SITE ESPANHOL SOBRE CINEMA LÊ-SE:

"En palabras del propio Buñuel, Un Perro Andaluz nació como la confluencia de dos sueños".

PARECE-ME Q SE PODE APLICAR AO SEU CASO...

:))

ASPÁSIA disse...

MELHOR "AO VOSSO CASO"...

Vera_Effigies disse...

Boa noite!
Mahatma, nunca ouviu dizer que quando Deus fecha uma porta, abre sempre uma janela? ...
Umas boas férias. Vale a pena lê-lo.
Tudo de bom e recuperação rápida.
MJ

Ti disse...

Professor,
Vou abster-me de enaltecer a sua escrita, por serem já sobejamente reconhecidas as suas capacidades para o verbo, mas não resisto a pedir mais...

noiseformind disse...

Boss,
Eu sei que o centenário de Ibsen foi o ano passado, mas não resisto a transcrever pelo teclado (sim, que em Português isto nunca entrou na net, diz-me o Google) o seguinte extracto de "Quando nós, os mortos, despertarmos":

Maja O Senhor nunca esteve doente, Senhor Ulfheim?
Ulfheim Nunca, caso contrário não estaria aqui. Mas alguns dos meus melhores amigos já, pobres coitados.
Maja E fez alguma coisa pelos seus melhores amigos?
Ulfheim Claro. Disparei sobre eles.
Rubek(olha-o atónito) Disparou sobre eles?
Maja (afasta a sua cadeira) Matou-os a tiro?
Ulfheim (assentindo) Nunca erro, Minha Senhora.
Maja Mas o Senhor não pode atirar assim sobre seres humanos!
Ulfheim E quem é que está a falar de seres humanos?
Maja O Senhor disse os seus melhores amigos.
Ulfheim Os meus melhores amigos são os meus cães de caça.

Muitas das vezes penso nesta passagem deste livro lido na minha pré-adolescência (hoje passei o texto de um novíssimo exemplar da Integral de Ibsen dos Livros Cotovia). A amizade humana é muito sobre-valorizada, assim como a ideia de que os laços de amizade são estáveis e duradoiros num mesmo tempo. Muitas vezes só uma simplicidade canina salva muitas pessoas de passarem de amigos a inimigos ; ))))))))

Boa prosa, seja 2007 mais polvilhado destes textos, com menos copy pastes de notícias (se bem que este é um desejo pessoal...) ; ))))))))))

APC disse...

Brilhante! Absolutamente brilhante.
O caminhar narrativo é rápido e ritmado e arfante, rico, melodioso, original; volteando-se em observações que são uma delícia para os sentidos, em curvas e recaminhos que apetecem até ao fim, fazendo-nos fiéis.
E as imagens... As imagens! :-)
Estruturalmente bonito, "faladamente" perfeito, e - lá está - brilhante, como as coisas que são bem feitas nem sempre conseguem ser.

Bem-haja! :-)

PS - há por aí uma oração que começa por "em mim" e que padeceu de uma mínimo percalço, ou é da leitora?