quarta-feira, janeiro 31, 2007

Alguns dados.

Aborto: como é noutros países

2007/01/31 12:44

Legislação é diferente na Europa e América. Dos 27 Estados-membros da UE, apenas cinco criminalizam aborto: Portugal, Polónia, Irlanda, Malta e Chipre. Veja o caso de alguns países

A legislação referente ao aborto é diferente de país para país. Na Europa, a lei varia em relação à despenalização, assim como nas semanas de gestação em que a mulher pode interromper voluntariamente a gravidez. Dos 27 Estados-membros da União Europeia, apenas cinco criminalizam o aborto: Portugal, Polónia, Irlanda, Malta e Chipre. Veja o caso específico de alguns países europeus e do continente americano.
Alemanha
Na Alemanha, o aborto é permitido até às 12 semanas, mas a mulher tem de ir a uma consulta de aconselhamento num centro oficial, na qual recebe esclarecimento médicos e sociais sobre as possibilidade e apoio para ter um filho, e ainda sobre os riscos da IVG. Contudo, as mulheres não têm de justificar a sua decisão, caso optem por fazer um aborto. As despesas têm de ser suportadas pelas mulheres, mas só se estas tiverem rendimentos mensais superiores a cerca de 900 euros.
Bélgica
Também na Bélgica, a gravidez pode ser interrompida até às 12 semanas e a mulher tem apenas de pagar uma taxa moderadora de 3,08 euros. A lei que liberalizou a IVG na Bélgica foi aprovada em 1990 e a assumpção dos custos pelo Estado belga data de 2003. O aborto a pedido da mulher é autorizado até às 12 semanas de gravidez e os custos são suportados pelo serviço nacional de saúde, desde que seja praticado num hospital ou num centro de planeamento familiar certificado para tal.
A mulher que pede para interromper a gravidez é vista por um médico, que a informa dos riscos e faz um exame ginecológico, seguindo-se um período de reflexão de seis dias. Se o aborto for pedido até às sete semanas, é possível optar por uma intervenção química, com o recurso à pílula abortiva, na presença do médico.
Brasil: um milhão de abortos clandestinos por ano
Pesquisas indicam que todos os anos ocorrem no Brasil entre 750 mil a 1 milhão de abortos clandestinos, cujas complicações constituem a quarta causa de morte materna no país. Segundo dados oficiais, cerca de 250 mil mulheres são internadas por ano em hospitais da rede pública de saúde para fazerem raspagem do útero após aborto inseguro, a maioria é jovem e pobre.
O Código Penal do Brasil, de 1940, considera o procedimento crime, excepto em duas situações: gravidez resultante de violação e risco de vida da mãe. Uma terceira possibilidade diz respeito ao aborto terapêutico para casos de anomalias fetais incompatíveis com a vida, isto é, quando o feto apresenta má-formação severa ou acefalia.
Venezuela
A legislação venezuelana sobre a IVG permite apenas que o aborto seja possível em caso de perigo de vida para a mulher. Dados policiais indicam que anualmente mais de 200 mulheres venezuelanas morrem devido a abortos mal praticados, 31 por cento das quais são adolescentes com idades entre os 15 e os 19 anos.
Segundo o Código Penal, a mulher que aborte é castigada com prisão de seis meses a dois anos. A despenalização do aborto é um tema de debate frequente entre organizações da sociedade civil, médicos, incluindo alguns magistrados do Supremo Tribunal de Justiça.
EUA: mais de um milhão de abortos em 2004 De acordo com dados governamentais, efectuaram-se nos EUA, em 2004, pelo menos 1.293.000 abortos. Apesar do direito ao aborto durante as primeiras 12 semanas ser, nos Estados Unidos, um direito constitucional reconhecido há 34 anos, os sectores empenhados nesta questão mantêm a sua militância e o poder político tem criado neste sector respostas para as exigências do eleitorado dominante.
Canadá: IVG diminiu
O Canadá, país onde a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) foi despenalizada em 1988, tem vindo a assistir ao declínio do n úmero de abortos nos últimos anos. Segundo os dados estatísticos oficiais mais recentes, que fazem a análise até 2003, a taxa de abortos no país foi de 15,2 por cada mil mulheres naquele ano, comparada com 15,4 em 2002. A IVG no Canadá é livre, está descriminalizada e é financiada pelo Estado.

34 comentários:

Marx disse...

Há pouco, assiti a uns minutos de um debate na RTP2 sobre a IVG. Dizia a ginecologista Ana Aroso, pelo Sim, que se esforça por perceber as razões das suas clientes, quando pretendem interromper a gravidez, mas sem as questionar. Sendo ineteligentes, lá teriam as suas razões. Que ela, Ana Aroso, se habituou a perceber que são múltiplas. Pessoais, médicas, económicas, afectivas, etc. Intervenção imediata do Prof. Gentil Martins, oponente pelo Não, mais ou menos nestes termos. «Mas não acha que nessa altura tem à sua frente não uma, mas duas clientes? Que o bebé também é um cliente?»

Interrogo-me se vem aí proposta para a introdução de ficha médica ao "segundo", ou mais, cliente nas consultas de ginecologia. E, eventualmente, dupla factura no final da consulta.

Maroska disse...

Alguém pode enviar estes dados mundiais para os senhores que defendem o Não?? É que eu acho que eles não sabem.

A Menina da Lua disse...

Boa tarde!

É incrível o desfasamento legal e comportamental entre os vários países...

Porem é curioso notar que aparentes enquadramentos legais resultem em comportamentos e índices de aborto diferenciados; supõe-se que a diferença se justifica pelo nível de vida e educação dos respectivos países.

Tambem me parece e tendo em conta o atraso em que Portugal enfrenta a questão pode e deve, se o SIM for maioritário, ter em atenção algumas aprendizagens já realizadas e concretizadas noutros países...

Consigo identificar em alguns países a resposta adequada a este problema, tendo em conta o respeito individual do ser humano concretizado com o direito de cidadania...

a disse...

só acho que n podemos deixar que aconteça como na rússia, onde o aborto é praticamente utilizado como método contraceptivo. Por isso a legislação pós-referendo é tão importante!

lobices disse...

...fora do tema (e talvez não) mas news de última hora:
........................
O Tribunal Constitucional deu razão aos pais candidatos à adopção da menina de Torres Novas. O Tribunal da Relação de Coimbra vai ser obrigado a aceitar o recurso do militar e da mulher. Um recurso que foi rejeitado por não terem sido considerados parte no Processo de Regulação do Poder Paternal que mandou entregar a criança ao pai biológico.




SIC






O recurso estava há dois anos no Tribunal Constitucional a aguardar decisão. Ontem, o tribunal julgou finalmente o caso e os interessados já foram notificados do acórdão.

A norma invocada pelo Tribunal da Relação de Coimbra foi considerada inconstitucional.

O sargento Luís Gomes e a mulher, que se consideram pais da criança e à guarda de quem ela tem estado, desde os três meses, deviam, segundo o Tribunal Constitucional, ter sido considerados "parte" no processo de Regulação do Poder Paternal. Por isso, também deviam ter podido recorrer da decisão de a criança ter sido entregue ao pai biológico, para o Tribunal da Relação de Coimbra.

A decisão do Tribunal Constitucional demorou dois anos a ser tomada. Um atraso que poderá ter custado a liberdade, ao sargento Luís Gomes.

andorinha disse...

Boa tarde.

Os dados aqui apresentados são bastante elucidativos.
Dois campos opostos: a Alemanha e a Bélgica com o aborto despenalizado até às 12 semanas e com todo um programa de acompanhamento e esclarecimento das grávidas, tal como se propõe que venha a existir cá em Portugal.
Do outro lado, o Brasil e a Venezuela em que o aborto é crime e as mulheres são efectivamente condenadas a penas de prisão.
Acrescente-se a isto o facto de no Brasil se realizarem cerca de um milhão de abortos clandestinos por ano, constituindo a quarta causa de morte materna no país.
Por último o Canadá, em que o aborto é livre e onde se registou uma diminuição do número de abortos.

Perante estes dados alguém ainda pode ter dúvidas de qual o quadro penal mais ajustado?
Não é o do Brasil e da Venezuela, certamente...

andorinha disse...

marx,
Tenho imensa dificuldade em entender perguntas como essa que o Prof. Gentil Martins colocou...mas o defeito deve ser meu.:)))

maroska,
Eles saber, até sabem; não convém é que se saiba:)

JFR disse...

Em complemento dos dados do post, refiro o seguinte:

Segundo a Federação Internacional do Planeamento Familiar o aborto também é crime na Grã-bretanha e em Espanha.

No caso da Grã-Bretanha:
"Só pode ser praticada a IVG até às 24 semanas quando a continuação da gravidez envolve um risco maior do que a interrupção para a saúde física e psíquica da mulher ou de qualquer criança da sua família. Para determinar este risco são consideradas as condições do meio no qual a mulher vive. É necessário o parecer de dois médicos."

No caso de Espanha:
"Apenas está consignada até às 12 semanas a IVG em casos de violação (obrigatoriedade de denúncia prévia) ou risco psicológico e físico para a mulher; acima das 22 semanas no caso de malformação do feto (necessário parecer de dois médicos, que não estejam envolvidos no caso) e sem limite se houver risco de vida para a mulher (necessário parecer de um médico desligado do processo em causa)."

E, quanto mais se aprofunda o que se faz noutros países (nomeadamente os europeus), mais se confirma que mais do que uma resposta SIM ou NÃO, é a regulamentação legal e a sua interpretação pelos responsáveis pela sua aplicação o verdadeiro segredo para regular adequadamente o aborto.

Senão veja-se: Apesar das restrições existentes na Grã-Bretanha, este país recebe muitas mulheres irlandesas que aí recorrem para abortar; e, apesar das restrições espanholas, este país recebe muitas portuguesas para o efeito. Basta que exista a coragem de um parecer médico.

Na Finlândia, por exemplo, um ou dois médicos têm de atestar as razões de saúde mental ou socioeconómicas para um aborto até às 12 semanas e a mulher tem de se sujeitar ao aconselhamento obrigatório sobre contracepção.

O modelo alemão (com ligeiras variações de forma que não de finalidade) é seguido por Bélgica, Finlândia, França, Hungria, Itália, Luxemburgo e Holanda.

Na Polónia, por exemplo, no caso de se tratar de uma menor, a IVG tem de ser feita com o consentimento dos pais.

Todos estes exemplos são claros num ponto: é indispensável que exista um quadro normativo-legal, onde se consagrem todos os problemas que o aborto implica. Para que do mesmo resulte um objectivo que une a sociedade: a diminuição do número de abortos e a sua realização em moldes dignos.

O segredo mantido pelos políticos e, principalmente, pelo Governo e a maioria PS que o apoia (por isso mesmo com muito maiores obrigações) é um caso de gestação clandestina.

LAMENTÁVEL.

lobices disse...

...copiado do blogue:
sim-esclarecido.blog.com
...
«Os filhos do código penal» - Prós e Contras
«Se a repressão penal do aborto fosse um sinal de civilização, a Europa estaria na cauda da regressão e o Irão e Arábia Saudita na cabeça da civilização.

A repressão penal do aborto significa que uma parte da sociedade não prescinde de crimininalizar aqueles que não compartilham dos seus valores e que o poder repressivo do Estado é utilizado para defender posições marcadas pela intolerância, fundamentalismo e radicalismo valorativo.

Não estão em causa esses valores. Acho legitimo que tooda a gente use o proselitismo que quiser, todo o empenho e todo o dinheiro do mundo para tentar convencer os outros de que os seus valores é que estão correctos.

O que eu requero é que numa sociedade livre, democrática e civilizada haja igualdade de armas na defesa dos seus valores e que uns não tenham a favor o código penal e outros tenham que pagar por isso.

Votar NÃO é manter o que está. Porque o referendo é exactamente sobre saber se se altera ou não o que está. (...) Votar SIM é alterar o que está. Votar SIM é acabar com o flagelo do aborto clandestino; votar SIM é permitir uma decisão informada e ponderada, é permitir o aborto seguro e sem riscos; votar SIM é dar transparência e liberdade às pessoas.

Eu julguei que uma marca da civilização era que as pessoas não deviam manter gravidezes à força e indesejadas. Que o acto mais livre de uma pessoa livre é ter filhos desejados.

Mas tenho que concluir que este não é um sentimento comum e há pessoas que entendem que a gravidez se pode impor pela força do código penal e que os filhos também. Portanto há também os filhos do código penal.»

Vital Moreira no Prós e Contras da RTP 29/01/2007

andorinha disse...

jfr(5.14)
Podemos sempre acrescentar casos de países em que o aborto é penalizado e outros em que não o é.
Por muito relevante que isso possa ser, o que importa agora é a nossa situação, o que somos chamados a decidir no dia 11.
Pelo que tenho lido, concordo com os modelos adoptados pela Alemanha e pela Bélgica, desde que adaptados à realidade nacional.

"É indispensável um quadro normativo-legal onde se consagrem todos os problemas que o aborto implica."
Sim, mas o facto de ainda não termos conhecimento desse quadro não nos deve impedir de votar Sim.
Em relação ao Não, não há dúvidas quanto ao quadro legal: é o que existe.

"Para que do mesmo resulte um objectivo que une a sociedade: a diminuição do número de abortos e a sua realização em moldes dignos."

Só o Sim pugna por estes dois aspectos, é necessário não escamotear a realidade.
Moldes dignos em abortos clandestinos?????

me disse...

o doutor julio está apensar ir trabalhar amanhã? - não vai por acaso ser apanhado por uma gastrite esta noite, não? é que de lisboa ao porto são 300 kilometros, 10 contos de comboio e umas merdas com o chefe!
:)

mp disse...

tenho ouvido tanta coisa na comunicação social a favor do sim e a favor do não que realmente as pessoas têm de ter a cabecinha bem no lugar, ainda hoje ouvi um senhor dizer que por uma questão de solidariedade com as senhoras votava no não pois era essa a forma de as apoiar num momento de decisão tão dificil, isto até parece que estamos no seculo XIX, eu fico varada , mas enfim, é o que temos , felizmente há pessoas que pensam de modo diferente.

mp disse...

a minha filha que ainda é uma criança , chegou da escola e perguntou-me em quem é que eu vou votar , eu expliquei-lhe que o voto é secreto e que não lhe ía dizer.
a resposta dela foi:
-Olha mamã eu vou votar no não,pois se tu tivesses abortado , eu não existia , eu tive que estar a explicar tudo de uma ponta á outra sobre qais os motivos que podem levar uma mulher a abortar e a explicar-lhe que não é fácil tomar essa decisão.
Isto infelizmente diz muito dos professores que temos , acho que não lhes fazia mal nemhum ás vezes não deformarem tanto a cabeça das crianças e preocuparem-se mais com a qualidade e a forma como lhes ensinam as coisas , felizmente há bons professores no meio disto tudo que tentam que as crianças aprendam de uma forma saudavel a viver , não é o caso desta prof. mas enfim os pais é que têm de estar sempre de orelha á escuta a ver qual será a próxima burrice que vai sair dali

Julio Machado Vaz disse...

me,
Espero bem ir, credo!

Paulo disse...

mp (8:37 PM)
Hhheee pá… Calma aí…
Você disse isto “…Isto infelizmente diz muito dos professores que temos…”, e eu que até agora só estava a ler e a “ruminar” as ideias dos outros, não fui capaz de deixar de intervir…
Há professores e professores… Se a professora da sua filha, é que lhe disse isso, então ela devia meter-se na vida dela e ficar calada… Mas uma esmagadora maioria não é assim…
Nunca um aluno meu ouviu a minha opinião (e olhe que eles tentam e de todos os modos “sacar” essa informação)… Nem nunca nenhuma aluno meu me viu permitir “gozar” ou denegrir as opiniões dos outros só porque são diferentes… Sejam elas quais forem… Bem pelo contrario, após os informar do que está em causa, deixo-os depois debater as suas razões sem ultrapassarem certos limites…
Para além disso e em tudo, é bom os pais terem sempre o ouvido à escuta…

mp disse...

se reparar no que está escrito foi isso que eu disse, há profs e profs .
eu já tinha explicado á minha filha quando apareceram os cartazes na rua o que é o aborto e porque é que se faz ou não , mas o que acabou por passar , pelo menos á primeira vista foi a opinião dela, mas penso que lá no fundo ficou alguma coisa do que eu disse

Paulo disse...

mp (9:25 PM)
Mas o que me revoltou, foi que você começou por generalizar e só depois mais tarde é que particularizou…
E o problema é que muitas vezes a primeira ideia é que fica… :-?

CêTê disse...

Jfr,
gostei de ter lembrado e trazido outros dados sobre países cujas realidades também ouvimos falar, outros que conhecem bem.
O extremar e a omissão quer nos defensores do Sim quer na do Não enfraquece uns e outros.
É bom aprendermos com os nossos erros mas também com o dos outros não importando cegamente modelos que não têm a ver com a nossa relaidade. O aborto é um indicador sim... mas enquanto somatório de todas as formas como ele se pratica. E era esse que eu gostava de ver a mudar... E se o sim ganhar vamos ver como.
Digo eu que ainda não decidi, ou até já o fiz.
Tenho sentido aqui a falta de outros habitués deste acolhedor café...
Um resto de boa noite!

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

Boa noite

Em plena campanha sobre o referendo do aborto... nasceu a minha 2ª neta.

Estive até há pouco com ela nos braços. Tem 12 dias.

Pensei... e se não tivesses nascido meu amor? Não estavas agora aqui ao pé do teu irmão a dar tanta alegria aos teus pais, a mim, ao teu bisavô já tão velhinho, que ainda viveu felizmente para este momento... a minha mãe, tua bisavó, que pena! ja naó vos pôde ver... e ainda os teus tios, a tua tia-avó...

Sou um homem que teve como prioridade na vida e cedo, ter filhos. Inclusive, eu escollhi uma mulher principalmente para mãe dos meus dois filhos.
Não foi paixão. Foi uma grande amizade e um desejo comum de criatr uma família.
Mal os filhos entravam na adolescência... divórcio de comum acordo.
Ela encontrou outros interesses na vida.
Eu... não me opus.

Há pouco, olhei também a minha filha e pensei - filha, tiveste tudo felizmente...até para que ´tu e o teu irmão estudassem música, eu fundei com vários amigos e uma grande pianista, uma escola de música na nossa cidade.

Mas filha se tivesses nascido sem meios, se tivesses de estar numa fábrica de conservas todo o dia em pé, se tivesses de suar as estopinhas todo o dia para chegar a noite a casa e fazeres o jantar e fazeres amor sem vontade nenhuma e ainda menos de ter um filho tão depressa.. e mesmo tomando alguns cuidados pelo menos.. tivesse acontecido?

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

Se ias cair de cansaço, se te ias matar a trabalhar o dobro, já sem poder, mesmo com o teu marido ao lado, talvez, mas desempregado...

se a tua filha ia ter uma mãe infeliz, cansada e doente a toda a hora, uma mãe à força e sem apoios nenhuns do governo para criar a filha, se provavelmente depressa irias cair na prostituição para dar de comer a esta criança... à minha neta...

Olha filha, então eu preferia que esta criança não estivesse aqui e tu tivesses tido condições sociais e humanas para não me dar esta neta.

Sou pelo Sim. Sou pela dignidade da Vida Humana.

Boa noite a todos.

Entáo filha digo sinceramente, eu queria que tivesses tido condições para ´não teres esta menina... que hoje seguro nao

Mais Vale Só Que Mal Acompanhado... disse...

Peço desculpa. O último parágrafo foi deixado por engano, como se depreende.

maria estrela disse...

mp
se defendesse o sim já seria um bom professor? Sou professora e não comunico aos meus alunos o meu sentido de voto. Tento incutir valores de abertura, tolerância, direito à diferença.Direito à intimidade.
Pena é que o governo não use os poderes para os quais está devidamente legitimado e não legisle. O referendo era evitável.

maria estrela disse...

Actualmente os professores são saco de pancada por tudo.
Devemos reforçar o valor da cidadania, a necessidade de intervir socialmente,a consciência crítica...sem conotações morais, religiosas ou políticas.Essa componente é a que esperamos que os nossos alunos atinjam no seu processo de maturação. Não devemos ser neutros, antes, afectivamente sólidos para caminhar ao lado deles.

Fora-de-Lei disse...

Se alguém pensa que é por causa de uma lei permitir ou não o aborto que há menos ou mais abortos, esse alguém está redondamente enganado.

Há, de facto, alguns países onde há menos abortos. Naturalmente, há menos abortos nos países onde as mulheres (e os maridos) têm razões para ser mais felizes e onde têm reais possibilidades de receberem mais Educação para - em consequência - poderem ser mais bem informados e saberem escolher aquilo que mais lhes interessa. O resto é tanga !

Eu já decidi: vou votar SIM. Mas este país - quer no aspecto agora em referendo, quer noutro aspecto qualquer - vai continuar a ser aquilo que sempre foi: um atraso de vida.

Aliás, basta ver o nível moral e intelectual da maioria dos defensores do SIM e do Não que aparece na TV a argumentar. É tudo frases feitas... é tudo politiquice de meia-tijela... é tudo merda!

Paulo disse...

Maria Estrela (10:15 PM) e (10:26 PM)
Apoiado…

Paulo disse...

Fora-de-Lei (10:34 PM)
Estou obrigado a concordar consigo…
Adoro o meu país, sou louco por Portugal e lá fora, ao contrario de muitos outros compatriotas (se é que assim se podem chamar), não admito que outros (estrangeiros) falem mal deste meu país… Que seria tão fácil de governar, não fosse a (desculpem-me o termo, mas já não aguento mais) merda de “governantes” que temos… Basta ver como este povo deixa que o tratem e governem mal e quase não “tugem nem mugem”… Imaginem se nos tratassem e governassen bem!!!… Precisavam os nossos governantes de uns cidadãos como os franceses (por exemplo) para verem o que era bom… Infelizmente já são “brandos costumes” a mais…

Marx disse...

Uma outra realidade diferente é a da Rússia. Eis o relato do jornalista Jose Milhazes, correspondente da SIC (no seu blog «Da Rússia»)


Segundo a Lei sobre a Protecção da Saúde dos Cidadãos de 22 de Julho de 1993, praticamente não existem barreiras à realização de abortos na Rússia. O aborto pode realizar-se até às 12 semanas de gravidez a pedido da mãe, podendo esse prazo prolongar-se até às 22 semanas por "razões sociais", ou seja: "invalidez do marido, caso a mãe ou o pai se encontre na prisão, desemprego, divórcio durante a gravidez, falta de habitação". A lei permite ainda a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) a "mulheres com estatuto de refugiada, mães solteiras ou com mais de 3 filhos" ou "com meios de subsistência inferiores ao mínimo previsto por lei". Esse prazo poderá ser dilatado em caso de "má formação do feto" e "violação". "Tendo em conta a facilidade com que no país se compra uma declaração d as autoridades, não é difícil imaginar que basta o desejo da mulher ou do marido para que ela faça um aborto", declarou à agência Lusa uma enfermeira de um clínica de ginecologia de Moscovo.

Os dados falam por si. Numa altura em que a Rússia passa por uma grave crise demográfica (a sua população diminui, anualmente, em cerca de um milhão de habitantes), as autoridades não conseguem travar o aumento do número de interrupções voluntárias da gravidez, distanciando-se cada vez mais do número de nascimentos. A proporção entre número de abortos e de novos nascimentos era ainda maior nos últimos anos da União Soviética.

As estatísticas de 1988 indicam que o número de abortos era superior ao de nascimentos à razão de 166 abortos para cada 100 nascimentos. Em 1992 a relação aumentou (225 abortos para 100 nascimentos). Os especialistas atribuem tão grande número de abortos principalmente ao baixo nível de vida da população, mas chamam também a atenção para a falta de planeamento familiar, factores herdados da era comunista.

A Rússia foi o primeiro país do mundo a legalizar o aborto em 1924. Por iniciativa do dirigente comunista Vladimir Lenine, essa medida foi tomada no âmbito da política de "emancipação da mulher". O seu sucessor, José Estaline, proibiu a realização do aborto a pretexto da "protecção da saúde das mulheres soviéticas", proibição que durou até 1955. Na realidade, a proibição da IVG visava aumentar o número de nascimentos a fim de compensar os milhões de soviéticos que foram vítimas da fome, guerra e campos de concentração, durante a II Guerra Mundial.

As autoridades soviéticas proibiram desde 1934 a publicação das estatísticas sobre o número de abortos mas as autoridades de saúde russas admitem que a União Soviética ocupava o primeiro lugar do mundo. "Em 1986 foram oficialmente realizados 7.116.000 abortos na URSS, tendo esse número subido para 7.265.000 em 1988", disse à Lusa Irina Siluanova, docente da Universidade Médica Estatal da Rússia.

A mesma fonte explicou que o elevado número de abortos nesses anos ficou a dever-se ao facto de a pílula ter sido proibida e a má qualidade dos preservativos, quando existiam. Esses dois factores deixavam a IVG como principal meio de planeamento familiar naquela época.

JFR disse...

andorinha (5:53)

A intenção do meu comentário foi o de enriquecer o post, com outros exemplos, nomeadamente, europeus que são, para mim, os que mais me interessam.

Trazer exemplos quer quanto à criminalização ou não do aborto e, principalmente, o reforço do que, sempre, para mim se afigurou como mais importante: regulamentar o que uma nova situação poderá implicar.

"o facto de ainda não termos conhecimento desse quadro não nos deve impedir de votar Sim. Em relação ao Não, não há dúvidas quanto ao quadro legal: é o que existe"

Penso que há uma opinião - sobre a forma de encarar a vida em geral -, desde sempre defendida pelo Prof JMV e bem, quanto a mim, que é a seguinte: "A vida não é feita de preto e branco. Há variados tons de cinzento entre essas cores". Sempre me comportei na base deste tipo de atitude. Também quanto ao referendo. Por isso, me bato há muito, por não aceitar que políticos incompetentes e incapazes de se comprometerem com a verdade, não sejam sinceros quanto aos seus objectivos. E não estou a particularizar. Infelizmente, abundam em todos os partidos. Mais, com esses comportamentos vão afastando gente séria. Já aqui o disse noutra ocasião: "para grande parte dos políticos o aborto é só um problema político".

"Moldes dignos em abortos clandestinos?"

Atenção que essa interrogação não tem nada a ver com o que eu disse! Os abortos clandestinos são indignos. Basta a clandestinidade. Mas a realização não clandestina, se não regulamentada, também poderá conter aspectos de indignidade. Trarei aqui, em momento oportuno, alguns dos aspectos que me preocupam, nesse domínio.

Para já, fica apenas que manter clandestinas as intenções, por parte de quem nos governa, é, para mim, um acto indigno.

CêTê disse...

Alguém se lembra ter visto nos últimos anos, por exemplo na RTP alguma campanha informativa, no horário nobre, (embalada com sentido de humor qb- que fica sempre bem), sobre os métodos contraceptivos? Pois não é por ela que entra em todas as casas?
A pílula do dia seginte por exemplo, que pode ser um bom recurso para diminuir a necesidade de aborto continua estigmatizada por uns e inócula para outros.
Estamos todos â espera de um passo de gigante...
(já estou de saída)

andorinha disse...

Mp,
Ia replicar, mas o Paulo antecipou-se:) por isso digo apenas que não meça todos pela mesma bitola.

Fora de lei(10.34)
Quanto ao país que temos, estamos conversados, penso o mesmo que tu.
Mas isto não é um referendo ao governo...

Jfr (11.12)
"A intenção do meu comentário foi a de enriquecer o post..."
Com certeza, mas eu não disse o contrário, apenas disse que nos devíamos focar agora no nosso país.

Quanto aos partidos que temos, concordo contigo, mas não é isso que vai influenciar o meu voto.

"Para que do mesmo resulte um objectivo que une a sociedade: a diminuição do número de abortos e a sua realização em moldes dignos."

Quanto à pergunta Moldes dignos em abortos clandestinos? fui eu que a fiz a propódito desta afirmação.
O Não não defende a realização do aborto em moldes dignos ao afirmar que ele se deve continuar a fazer na clandestinidade.

Continuo a dizer, a conversar é que as pesoas se entendem:)

andorinha disse...

Errata: "a propósito" e "pessoas".

Até amanhã, malta:)

a disse...

"Se a minha mãe tivesse feito um aborto eu n existia, por isso sou contra."

É uma falsa questão, só falamos do que conhecemos, e à partida toda a gente parece preferir existir a não existir. Mas se pensarmos bem, não é exactamente assim, se pensássemos "à fernando pessoa" diríamos qq coisa do tipo:

"Se tivesse tido opção, eu não existiria."

Até porque só vivemos porque não sabemos o que é que existe mais. E a vida é uma tristeza, é frustrante, mas tb tem coisas boas, e como não conhecemos mais nada, é preferível.
Mas tenho a certeza que se a minha mãe tivesse abortado e eu não existisse, não me importaria nada.

Maroska disse...

Alguém ouviu o debate da Inês Pedrosa na Antena 3 ontem ao fim da tarde...gostava de saber quem era a outra senhora que debitava pérolas de sabedoria parola relativamente ao aborto. Alguém sabe?

Fred P disse...

Antes de mais, parabéns ao fora-de-lei, que tem um comentário brilhante!
De resto, quereria só acrescentar aqui um pedacinho de informação - na rússia, que é um país muito diferente do nosso, nomeadamente ao nível de uso de contraceptivos, não podemos ignorar que uma grande percentagem dos abortamentos lá feitos são originários dos países vizinhos! há que ter atenção a alguns números...! (a minha recomendação é ver os números e no fim perguntar - porquê?)
Cumprimentos a todos e boa sorte para o Sim! Espero que ganhemos!
(já agora, alguém reparou no prós e contras na interjeição 'oh minha querida'? =p )