terça-feira, novembro 22, 2005

Angie, desculpe lá desiludi-la:(.

Neste momento sou regente de uma disciplina de Sociologia Médica no primeiro ano de Medicina do ICBAS. Sabe quantos alunos tenho, em média, nas aulas? Entre 6 e 12:) (o curso tem 200!). Razões? As frequências das outras disciplinas e o estatuto "extra-terrestre" de uma disciplina que não encaixa no perfil da medicina actual, toda ela virada para as super-especialidades e a tecnologia. Mas devo confessar que não me queixo, com aquela meia-dúzia é possível falar de cinema, poesia, política... Até de Medicina!:).

30 comentários:

Anónimo disse...

O Professor Agostinho da Silva teria achado essa circunstância ideal para um mestre cultivar a curiosidade dos discipulos e, em conjunto, estudarem desbravando os caminhos suscitados pela necessidade de se saber.

Anónimo disse...

Professor, deixou-me surpreendida!
Em duzentos tão poucos? Que privilegiados são esses alunos. E provávelmente eles só irão descobrir, quanto, ainda mais tarde, digo eu.
Uma boa noite a todos.

Noise: a música de bela e do monstro, neste momento, nos anos 60, uma delícia.
Moon

Manolo Heredia disse...

Prof.
Enquanto fôr necessário ter média de 19 v. para entrar em medicina, só lá aparecem os marrões do empinanço! Sem qualquer preocupação / vocação com lado humano da medicina. Vão para medicina porque é o que dá mais dinheiro. Já tinhamos falado disso há uns "posts" atrás.

Anónimo disse...

Essa disciplina sempre existiu no curso?

Anónimo disse...

Tomara todas as disciplinas pudessem ter tão poucos alunos, e ao mesmo tempo professores com qualidade para que a cultura no meio académico fosse diferente...

Julio Machado Vaz disse...

Matahary,
É a herdeira de Antropologia Médica, que existiu a partir de 91 ou 92.

Anónimo disse...

Se, em vez de Sociologia Médica, o Sr. Professor leccionasse "Finanças Médicas", teria lá sempre entre 188 a 194 estudantes.

Portanto, não são os alunos que estão errados...:)

Anónimo disse...

SE esses 6 a 12 forem dos bons... eu pergunto-me muitas vezes se o problema é esse, não terem "paleio" para aulas dessa envergadura...
Adorava ter sido aluna deste prof.!

andorinha disse...

Júlio,

Novamente a fazer-me inveja.:)
Quem me dera ter esse número de alunos por turma.
Poucos mas bons...

naoseiquenome usar disse...

Mais uma questão de política estratégica Nacional para a saúde. A cadeira é, porventura, obrigatória? E deveria estar no primeiro ano?

RAM disse...
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RAM disse...

Caro Anfitrião,

Alguém que eu conheci recentemente e porque nutro uma admiração e um carinho muito particular disse à algum tempo: "fala para um como se falasses para mil; e para mil como se falasses para um."
Isso é o mais importante!!!!
Infelizmente tem razão... cada vez é maior a competição não só para entrar, mas para sair, levando-os, salvo algumas excepções, a transformar a Medicina cada vez mais numa técnica, e cada vez menos numa arte, perdendo o sentido holístico, latu sensu, da pessoa que lhes pede ajuda.
Assim vai o mundo...
Mas não se preocupe: não é defeito seu; é feitio deles! :))
Os meus só não fazem o mesmo porque não podem faltar às aulas práticas... :)))))

RAM disse...

porque = por quem

naoseiquenome usar disse...

...... Por tanta falta cometida até hoje... tenos uma m**** de uma Medicina Defensiva........

LR disse...

Prof JMV:

Obrigada pela resposta!
Fico desiludida, claro, embora quase adivinhasse o que iria dizer.
Acho lamentável, no mínimo. Poderíamos pensar que antigamente não havia gente dsiponível capaz da ginástica mental necessária para perceber a importância da interdisciplinaridade.
Mas agora, nos tempos que correm, com pessoas apetrechadas dentro da Faculdade, é incompreensível que as coisas aconteçam assim.

Mas ainda bem que ao menos 12 alunos o têm como mestre! Palpita-me que nunca irão equecer e tenho a certeza absoluta de que irão ser melhores médicos do que se não o ouvissem.
É de facto incrível como a formação superior é concebida no nosso país.
Porque mesmo quando se atingem ilhas de excelência (como é supostamente o caso da medicina, a avaliar pela rigorosa exigência na entrada)o modelo proposto é do mais subdesenvolvido que há.
Garantirão concerteza a saída de potenciais craques, com prestígio assegurado (e muitos não terão procurado mesmo outra coisa).
Mas sairão cheios de certezas e muitoo poucas dúvidas, sem 1 inquietação sequer a agitar as supostas mentes brilhantes..

Está certo que a passagem pela universidade não é de todo a única escola de vida, todos sabemos!

Mas, quando existe, é o momento exacto, é o terreno mais fértil para adquirir (ou não adquirir, com todas as consequências) uma perspectiva transversal do conhecimento, lembrando às pessoas que quase nada na ciência é estanque, e é preciso ver a árvore mas nunca esquecer a floresta.

Se assim pudesse ser, teríamos de certeza muito melhores profissionais em todas as áreas.

-Os médicos perceberiam melhor que a sua acção não é juridicamente neutra. E que a própria doença tão pouco é juridicamente neutra.

-Os juristas, entenderiam melhor que as normas tratam de factos da vida, e que a acção médica tem limitações técnicas que não resumem tudo à questão da responsabilidade civil dos médicos. Ou que as pessoas representam a sociedade em que se inserem e que esta não é asséptica (não devendo, portanto, um marido homicida gozar de atenuante na fixação da pena se a mulher lhe esturricou a comida..)

- os engenheiros que projectam entenderiam alguma coisa de direito urbanístico, para não desenharem à toa e hipotecarem as decisões das gerações futuras


- os juristas que fazem leis, ou os que as interpretam, ou que as mandam aplicar nos tribunais, entenderiam talvez porque é que certas soluções legais sobre urbanismo são irrealistas do ponto de vista técnico,
etc. etc etc.etc

(Obs: A JMV não vou dar nenhuma informação nova. Mas sabiam que em Inglaterra, em certas escolas, todos os estudantes universitários têm obrigatoriamente de se inscrever em “xis” disciplinas de outras licenciaturas? É no caso dos médicos, por exemplo, e dos juristas. Lá vão eles arejar as ideias increvendo-se em cadeiras das outras coutadas: Literatura, História da Arte, Saúde Pública, Economia Política, Gestão de Projectos, Direito da Comunicação, e por aí fora...o céu é o limite.
Não acham brilhante! Aquela gente não brinca em serviço!!!)

Anónimo disse...

O galinhame está outra vez todo excitado...Cócoroco!
A menina Margarida não sabe que este prof. é um paneleiro. Ele gosta é que o gordo lhe vá ao cu. Cocoroco!

Anónimo disse...

O GOrdo não tem pichota.

Anónimo disse...

A Associação das Agências de Viagem Portuguesas (AAVP) quer aqui anunciar, que apoia o candidato Mário Soares à Presidência daRepública pelas razões de seguida mencionadas:
.
1986
11 a 13 de Maio - Grã-Bretanha
06 a 09 de Julho - França
12 a 14 de Setembro - Espanha
17 a 25 de Outubro - Grã-Bretanha e França
28 de Outubro - Moçambique
05 a 08 de Dezembro - São Tomé e Príncipe
08 a 11 de Dezembro - Cabo Verde
1987
15 a 18 de Janeiro - Espanha
24 de Março a 05 de Abril - Brasil
16 a 26 de Maio - Estados Unidos
13 a 16 de Junho - França e Suíça
16 a 20 de Outubro - França
22 a 29 de Novembro - Rússia
14 a 19 de Dezembro - Espanha
1988
18 a 23 de Abril - Alemanha
16 a 18 de Maio - Luxemburgo
18 a 21 de Maio - Suíça
31 de Maio a 05 de Junho - Filipinas
05 a 08 de Junho - Estados Unidos
08 a 13 de Agosto - Equador
13 a 15 de Outubro - Alemanha
15 a 18 de Outubro - Itália
05 a 10 de Novembro - França
12 a 17 de Dezembro - Grécia
1989
19 a 21 de Janeiro - Alemanha
31 de Janeiro a 05 de Fevereiro - Venezuela
21 a 27 de Fevereiro - Japão
27 de fevereiro a 05 de Março - Hong-Kong e Macau
05 a 12 de Março - Itália
24 de Junho a 02 de Julho - Estados Unidos
12 a 16 de Julho - Estados Unidos
17 a 19 de Julho - Espanha
27 de Setembro a 02 de Outubro - Hungria
02 a 04 de Outubro - Holanda
16 a 24 de Outubro - França
20 a 24 de Novembro - Guiné-Bissau
24 a 26 de Novembro - Costa do Marfim
27 a 30 de Dezembro - República Checa
1990
15 a 20 de Fevereiro - Itália
10 a 21 de Março - Chile e Brasil
26 a 29 de Abril - Itália
05 a 06 de Maio - Espanha
15 a 20 de Maio - Marrocos
09 a 11 de Outubro - Suécia
27 a 28 de Outubro - Espanha
11 a 12 de Novembro - Japão
1991
29 a 31 de Janeiro - Noruega
21 a 23 de Março - Cabo Verde
02 a 04 de Abril - São Tomé e Príncipe
05 a 09 de Abril - Itália
17 a 23 de Maio - Rússia
08 a 11 de Julho - Espanha
16 a 23 de Julho - México
27 de Agosto a 01 de Setembro - Espanha
14 a 19 de Setembro - França e Bélgica
08 a 10 de Outubro - Bélgica
22 a 24 de Novembro - França
08 a 12 de Dezembro - Bélgica e França
1992
10 a 14 de Janeiro - Estados Unidos
23 de Janeiro a 04 de Fevereiro - India
09 a 11 de Março - França
13 a 14 de Março - Espanha
25 a 29 de Abril - Espanha
04 a 06 de Maio - Suíça
06 a 09 de Maio - Dinamarca
26 a 28 de Maio - Alemanha
30 a 31 de Maio - Espanha
01 a 07 de Junho - Brasil
11 a 13 de Junho - Espanha
13 a 15 de Junho - Alemanha
19 a 21 de Junho - Itália
14 a 16 de Outubro - França
16 a 19 de Outubro - Alemanha
19 a 21 de Outubro - Áustria
21 a 27 de Outubro - Turquia
01 a 03 de Novembro - Espanha
17 a 19 de Novembro - França
26 a 28 de Novembro - Espanha
13 a 16 de Dezembro - França
1993
17 a 21 de Fevereiro - França
14 a 16 de Março - Bélgica
26 a 30 de Novembro - Zaire
27 a 30 de Dezembro - República Checa
1990
15 a 20 de Fevereiro - Itália
10 a 21 de Março - Chile e Brasil
26 a 29 de Abril - Itália
05 a 06 de Maio - Espanha
15 a 20 de Maio - Marrocos
09 a 11 de Outubro - Suécia
27 a 28 de Outubro - Espanha
11 a 12 de Novembro - Japão
1991
29 a 31 de Janeiro - Noruega
21 a 23 de Março - Cabo Verde
02 a 04 de Abril - São Tomé e Príncipe
05 a 09 de Abril - Itália
17 a 23 de Maio - Rússia
08 a 11 de Julho - Espanha
16 a 23 de Julho - México
27 de Agosto a 01 de Setembro - Espanha
14 a 19 de Setembro - França e Bélgica
08 a 10 de Outubro - Bélgica
22 a 24 de Novembro - França
08 a 12 de Dezembro - Bélgica e França
1992
10 a 14 de Janeiro - Estados Unidos
23 de Janeiro a 04 de Fevereiro - India
09 a 11 de Março - França
13 a 14 de Março - Espanha
25 a 29 de Abril - Espanha
04 a 06 de Maio - Suíça
06 a 09 de Maio - Dinamarca
26 a 28 de Maio - Alemanha
30 a 31 de Maio - Espanha
01 a 07 de Junho - Brasil
11 a 13 de Junho - Espanha
13 a 15 de Junho - Alemanha
19 a 21 de Junho - Itália
14 a 16 de Outubro - França
16 a 19 de Outubro - Alemanha
19 a 21 de Outubro - Áustria
21 a 27 de Outubro - Turquia
01 a 03 de Novembro - Espanha
17 a 19 de Novembro - França
26 a 28 de Novembro - Espanha
13 a 16 de Dezembro - França
1993
17 a 21 de Fevereiro - França
14 a 16 de Março - Bélgica
18 a 20 de Abril - Alemanha
21 a 23 de Abril - Estados Unidos
27 de Abril a 02 de Maio - Grã-Bretanha
14 a 16 de Maio - Espanha
17 a 19 de Maio - França
22 a 23 de Maio - Espanha
01 a 04 de Junho - Irlanda
04 a 06 de Junho - Islândia
05 a 06 de Julho - Espanha
09 a 14 de Julho - Chile
14 a 21 de Julho - Brasil
24 a 26 de Julho - Espanha
06 a 07 de Agosto - Bélgica
07 a 08 de Setembro - Espanha
14 a 17 de de Outubro - Coreia do Norte
18 a 27 de Outubro - Japão
28 a 31 de Outubro - Hong-Kong e Macau
1994
02 a 05 de Fevereiro - França
27 de Fevereiro a 03 de Março - Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de Março - Brasil
08 a 12 de Maio - África do Sul (Tomada de posse de Mandela)
22 a 27 de Maio - Itália
27 a 31 de Maio - África do Sul
06 a 07 de Junho - Espanha
12 a 20 de Junho - Colômbia
05 a 06 de Julho - França
10 a 13 de Setembro - Itália
13 a 16 de Setembro - Bulgária
16 a 18 de Setembro - - França
28 a 30 de Setembro - Guiné-Bissau
09 a 11 de Outubro - Malta
11 a 16 de Outubro - Egipto
17 a 18 de Outubro - Letónia
18 a 20 de Outubro - Polónia
09 a 10 de Novembro - Grã-Bretanha
15 a 17 de Novembro - República Checa
17 a 19 de Novembro - Suíça
27 a 28 de Novembro - Marrocos
07 a 12 de Dezembro - Moçambique
30 de Dezembro a 09 de Janeiro -Brasil
1995
31 de Janeiro a 02 de Fevereiro - França
12 a 13 de Fevereiro - Espanha
06 a 07 de Abril - Espanha
18 a 20 de Abril - Alemanha
21 a 23 de Abril - Estados Unidos
27 de Abril a 02 de Maio - Grã-Bretanha
14 a 16 de Maio - Espanha
17 a 19 de Maio - França
22 a 23 de Maio - Espanha
01 a 04 de Junho - Irlanda
04 a 06 de Junho - Islândia
05 a 06 de Julho - Espanha
09 a 14 de Julho - Chile
14 a 21 de Julho - Brasil
24 a 26 de Julho - Espanha
06 a 07 de Agosto - Bélgica
07 a 08 de Setembro - Espanha
14 a 17 de de Outubro - Coreia do Norte
18 a 27 de Outubro - Japão
28 a 31 de Outubro - Hong-Kong e Macau
1996
08 a 11 de Janeiro - Angola
.
Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares visitou 57 países(alguns várias vezes como por exemplo Espanha que visitou 24 vezes ea França 21 vezes), percorrendo no total 992.809 KMS o que correspondea 22 vezes a volta ao mundo.

Anónimo disse...

vivocavaco

Pois realmente este senhor nunca me disse muito.
Até na escolha dos países não partilhamos o mesmo gosto.
Em 57 partilho para aí uns 15.
E repetiu-se muito não foi?
Já estava gágá na altura e nem demos por isso...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Dr. Murcon
Pois...
Este post e o porquê de só ter 6/12 alunos entre 200 até poderia ter sido mais comentado se soubessemos, pelo menos os que estão de fora dessa área, de que consta a disciplina.
Iriamos dar uma opinião, mais elucidados mas mesmo assim sem grande conhecimento, um pouco ténue mas acho que teria valido a pena.
Dr. Murcon desta vez falhou; não ruminou o suficiente para que ruminassemos consigo.
E continuo sem saber o teor dessa discilplina.
E o "ralhete" está dado!!!

Anónimo disse...

Sou um dos "marrões do empinanço", mas sem a personalidade suficientemente deturpada para que parta para o insulto fácil ou para a estereotipização gratuitaa. Professor, o ICBAS não o merece! Volte para a FMUP! Mas já se sabe que o número de alunos varia na razão inversa do interesse das aulas. Basta ver que as esplêndidas aulas do Professor Rui Mota-Cardoso tinham pouquíssima gente, tão somente porque o professor disponibilizava o material de estudo não tornando fundamental ir às aulas para se ter uma boa nota! Já as aulas mediocres de anatomia atingiam facilmente a assistência média de 150 alunos!

Anónimo disse...

de repente, e sem que este post pequenino me fosse especialmente dirigido, senti-me elogiada! : )
verdadeiramente, a predisposição para comparecer à aula de sociologia médica delineou-se quando o professor deixou claro, nos primeiros cinco minutos da primeira aula, que nenhuma das suas aulas, teóricas ou práticas, seriam obrigatórias.
na altura lembro-me de pensar que esse anúncio teria o efeito contrário, isto é, que em vez de passar a vir um quarto do total de alunos que entraram em medicina, como sucederia em circunstâncias normais (ou seja, se a disciplina fosse maçuda), viriam os 150 e com o mesmo ar curioso do primeiro dia (na primeira aula tive de ficar na cadeira de um dos cantos, a debater-me com a detestável acústica do anfiteatro I2 para o ouvir). parece que me enganei, e digo-o com uma certa tristeza.
felizmente integro os 4,5% que se mantêm fiéis. : ) e faço-o não porque me encaixe propriamente no conceito de "marrona" e veja na minha assiduidade uma forma de atingir uma nota (já que isso não é sequer sustentável pelo sistema de atribuição de notas que vigora), como sugere o sr. manolo heredia. aliás, quem lá vai são pessoas claramente interessadas na discussão pela discussão, como se vê pelo tipo de assuntos pelos quais nos deixamos incorrer (e pelas achegas interessantes que ouço dos meus colegas!).
não posso negar que o meu interesse inicial por esta cadeira se devesse muito mais à figura que à matéria propriamente dita. mas, e talvez por isso, tenho achado que o que é leccionado é surpreendentemente interessante pelo seu pragmatismo e porque a disciplina é a única que nos mantém realmente recordados do curso em que estamos, neste primeiro semestre tão pouco médico.

cumprimentos,
uma aluna.

Anónimo disse...

Tarde de mais leio este post... Temo não me fazer ouvir... Ainda assim:
Também eu, ainda nos tempos da Antropologia Médica, fazia parte de uma elite, sentada avidamente a ouvir o professor, ainda que às oito e meia de uma quinta-feira manhosa... Esses poucos (na altura, também doze) que tinhamos o previlégio de o ouvir. E por isso estou grato. E lembro-me muitas vezes das conversas, da cumplicidade permitida por sermos poucos. E tb eu cheguei a médico. E, não tendo a certeza se serei melhor médico graças à Antropologia Médica, serei concerteza melhor pessoa em virtude das profícuas discussões. Ensinar tb é isto, tornar os futuros médicos pessoas mais interessantes, interessadas, mais humanas.
Obrigado julinho.

Um aluno (um daqueles, da elite, que tinha o privilégio de o ouvir, mesmo que às quintas de manhã)

Curso Médico 1999-2005

Anónimo disse...

Caro Dr Júlio

Eu sou um colega que terminou o curso de medicina do ICBAS agora em 2005. Confesso que nunca fui muito adepto das aulas teóricas porque desde o primeiro ano que me desencantei com a maioria. Aulas leccionadas sem nenhum interesse, sem nenhuma paixão, coerência ou interesse...Pelo que habituando-se a gente a deixar-se ficar na cama uma boa manhã de sono (cuja noite propiciava outras actividades e convívios), criou-se o hábito da falta à teórica.

Se bem que haviam cadeiras cuja participação nas teóricas não tinha interesse, outras havia que eram importantíssimas para nos despertar a mente do torpor gerado por anos de estudo e marginalidade do mundo!

O curso devia "acordar-nos" ( a maioria, não todos) e tornar-nos mais críticos, humanos, fomentar princípios e valores que "deviam" ser inerentes a personagens de relevo no funcionamento da sociedade, como são os médicos.

Ensinar a "estar" "saber estar" e "falar" encontrando a melhor solução para todos...Alguns precisam de libertar-se da vergonha e falar, outros comedirem-se nas palavras e saber ocupar o seu lugar, outros desempinar o nariz e ainda outros que acreditem nas suas capacidades...Ora, isto não acontece...Quase nunca...

E depois surgem "feridas" como aquela na qual o anónimo faz tanta questão de tocar...Há meninos que estão a tirar o curso de medicina, e nem sequer respeito pelas pessoas têm...

Até podem não ser alunos brilhantíssimos, mas podem ser humanos, coisa que escasseia nestes dias...Isto era o ideal...

Poucos professores há que puxem pelas nossas qualidades, que se atrevam a tentar espreitar no nosso interior, espevitando-nos para o mundo novo que é a Universidade e a vida adulta...

E também poucos há que o saibam fazer... O Dr. é um expert nesta matéria, e só por isso, todos os alunos deviam obrigatoriamente passar pelo seu crivo, mesmo que este tenha uma malha muito grosseira...

Se não se importar com a ousadia, propunha-lhe que anunciasse que toda a gente que falta as aulas, tinha chumbo garantido...
(obviamente poderão aparecer alguns sindicalistas a dizer que não e permitido por lei, bla, bla...Esses já teriam "acordado")

Então o Dr faria uma prova "oral"...

E quando toda a gente estivesse na plateia, o dr discutiria os assuntos das suas aulas, com 2,3,4 individuos seleccionados, sem repetição, e só com eles.

Se o Dr conseguisse que todos eles tivessem uma posição sobre alguma coisa, acredite que mudaria em muito a sua atitude num futuro próximo, e os faria "acordar"...

Dou um exemplo do alheamento do mundo de alguns:

4º ano- entrevista clínica a indivíduo com poucos estudos. Depois das perguntas da dor e etc, vem as seguintes:

- o sr. tem hábitos alcoólicos? não, senhor (aranhas vasculares e demais sinais)

- o sr tem hábitos tabágicos?
Eu não , já fumei em tempos. Agora não!

- O sr. tem hábitos toxicodependentes?
Acho que não!! (cara de desconcerto e dúvida, provavelmente não sabia o significado)

- o sr. tem comportamentos sexuais de risco?
Idêntica resposta à pergunta anterior...

Entrevista terminada! Ninguém vai polir a maneira deste indivíduo falar com as pessoas, simplesmente vão polir a maneira como escreve os dados que colhe...

Digam-me lá que raio de clínico e que raio de informações vai este jovem conseguir adquirir dos doentes quando for médico? Provavelmente vai ser dos que mais gasta em exames auxiliares de diagnóstico, simplesmente porque não sabe o que é falar com as pessoas...(Alguns até nem falam nem tocam por causa do "nojo")

Como é que há indivíduos destes a tirar MEDICINA??

Carla disse...

Decorria o estranho ano 1994, esquivei-me, com um amigo, dos labotarórios de química (no icbas)... lá estava o dito anfiteatro... Antropologia Médica... na altura embriagada pelo Sexo dos Anjos ansiava por "algo +" lllolll ... lá estavamos nós... no meio dos futuros médicos... dois caramelos de ciências, embriagados pelas palavras de tão douto senhor... o que ensinava: que as situações clínicas têm interface com o que se passa "lá fora"... é pena que (muitos) quando exercem o esquecem.

"comprimentos" a todos!

Anónimo disse...

são os médicos que vamos tendo. Valha-nos que ao menos saibam de medicina
Pedro Ferreira

La fille disse...

Em coimbra, o equivalente acontece com umas aulas de teorias da comunicação dadas pelo prof. Pio Abreu (Às 8h30 de quarta...).
Essas aulas enriquecem os nossos anos por vezes não pouco médico, mas antes com uma dimensão humana da medicina muito limitada. Creio que o que falta são aulas práticas, onde se recriem mais situações reais, onde se exercite a forma de estar no hospital. (Acho que as faculdades de medicina deviam roubar alguma pedagogia às escolas de enfermagem... assumindo as diferenças respectivas)

Anónimo disse...

Caro Professor, fui seu aluno...

Lembro-me de uma aula sua, à qual fui, e lembro-me dos inúmeros elogios sobre si ouvia dos colegas... Lembro-me que fui, essa vez, a uma aula às 4 da tarde penso... porque as noites de quinta duravam até de dia... de capa e guitarra... e nesse dia consegui acordar a tempo de chegar. Se nunca deu aulas à sexta perdão :)... Estou a trocar o dia, mas não o motivo ;) Não fazia parte dos 6 assiduos, nem lá perto.

Devo confessar que não me fascina profundamente a "formalidade académica" de citar tudo o que é dito, nem utilizar livros de grandes pensadores, porque aliás, nunca gostei muito de ler (e além disso da explicação de toda a biografia do autor num acto de pura vaidade, na maioria dos catedráticos)... gosto sim de falar e conversar com as pessoas. Mas voltando à "obcessão académica" que na maioria dos casos não passa de uma vã vaidade, no caso do professor nunca foi lembrada como verdade absoluta... mas sim como base para se dizer se concordávamos ou não.. e nem o professor dizia "pois é", nem "não não...", dizia, "há uma tribo onde, por exemplo, ........" e ia-se formando ali um trilho, sempre guiado por nós, sem o travão da razão suprema.

Devo dizer que é dos poucos casos em que via alunos que não iam a mais nenhuma aula, a dizer ao professor "Professor, esta aula está a dar sono.." ao qual o professor dizia "Quer que eu vá com essas lembranças para a reforma ;) ? Isso diz-se a um velho ?" Um sorriso geral de empatia e cumplicidade e a conversa seguia, ora com saltos maiores ou menores... E aí eu vi... não é necessário estudar tanto para esta cadeira como dizem.. Não! Não vou ler essa capa toda de 400 páginas e apontamentos das aulas... 2 Dias e passo os olhos no livro, e nos tópicos do professor..

E assim fiz, tentando perceber o porque da relevância que o professor lhes atribuia, com base num livro fininho.. Aí deram geito as noites seguidas, que em 3 anos passei a falar com quem aparecia e se sentava na mesa ao lado do Piolho, para responder. Lembro-me de uma situação caricata em que comecei a conversar com um senhor, de 40's e picos, trolha, traumatizado com a correcção paterna, e ainda a viver com os pais, com a carteira cheia que mostrava com orgulho (e que seria provavelmente o ordenado para todo o mês) e que não me deixou pagar um único copo... Pagava ele tudo. Sem ainda estar bêbado, ao fim de uma "boa meia hora", já chorava.. envergonhado.

16 no exame final. Lembro-me que me recusei a ver exames de outros anos, porque fiquei com a precisa noção "Este professor quer respostas inteligentes, não quer que 'enviêmos para trás' a palha que nos deu a mastigar", e que utilizei exemplos das minhas constatações do dia a dia para tentar explicar o que achava sobre cada coisa.

Fiquei contente. Uma cadeira "diferente"... entristece, deviamos ficar tristes com cadeiras diferentes, e não estupefactos. Sempre achei que um professor universitário não deve dar "matéria" nas aulas, isso faz um instrutor... deve fazer-nos pensar e ensinar a pensar sobre a matéria que aborda, como táo bem sabe fazer o professor.

No que diz respeito aos médicos, e à formação que procuram como espelho do que são, não vejam isso como culpa deles. São muitas vezes forçados pelos pais, passam a adolescência a estudar e em explicadores, e não desenvolvem maturidade para compender certos assuntos escritos, quanto mais falados, e ainda mais vividos. Ser médico é saber ouvir quem se senta à nossa frente, e saber ler os seus olhos e o seu corpo. E isto não se aprente em nenhuma aula. O professor consegue dizer-nos... "Oh pá, atenção que secalhar não é bem assim... pensa duas vezes"

Nota: Não perco um programa seu... :)

PS: Posso dar uma sugestão ao professor? Espreite o http://ideiaselamentos.blogspot.com , o blog da nossa tuna, Vinicultuna, seria uma honra para nós, todos seus antigos alunos :)

NP

Anónimo disse...

Sou uma das 6 ou 12 ou como tão eloquentemente diz o nosso "homem das estatisticas" sou aquela que nem vale 0,5% mas que faz questão de sentar essa diminuta percentagem numa das cadeiras do I2 para usufruir do balsamo intelectual de hora e meia que nos proporciona duas vezes por semana.
Dizia um colega meu na semana passada:
- "Faltaste a Genética ... o que vais fazer agora?"
- "Vou a Sociologia Médica ... para conversar um bocadinho"
- "É exactamente por só se conversar que eu não vou"
- "É exactamente por isso que eu não falto"

Enfim ... 6ª lá estarei.