quarta-feira, janeiro 24, 2007

Mais um depoimento.

Bispo de Viseu votaria sim se...

2007/01/24 09:58

Bastava que a pergunta do referendo fosse diferente e questionasse sobre a despenalização da mulher que recorre ao aborto. Nesse caso, D. Ilídio Leandro votaria «sim» «sem contradição nenhuma». Até porque, explica, ninguém o faz «por leviandade», são «vítimas da sociedade»

O Bispo de Viseu, D.Ilídio Leandro, declarou terça-feira em Viseu que votaria «sim» se o que estivesse em causa no referendo de 11 de Fevereiro fosse a despenalização da mulher que pratica o aborto. E sublinhou que quando uma mulher recorre ao aborto não o faz «por leviandade», é uma «vítima da sociedade».
«Sem contradição nenhuma votaria sim», disse o bispo num debate sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) realizado terça-feira na Escola Superior de Educação de Viseu.
D.Ilídio Leandro falava no debate enquanto defensor do «Não» no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro, que coloca a seguinte pergunta: «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?».
O Bispo Ilídio Leandro, em declarações difundidas pela rádio Noar, de Viseu, considerou que «ninguém vai para o aborto por vontade própria ou por leviandade» e que a mulher «é uma vítima da sociedade e não alguém que promove a prática do aborto».
O Bispo de Viseu disse ainda que no dia seguinte ao referendo sobre a despenalização do aborto, a Diocese de Viseu «vai anunciar algo para ajudar nos casos e situações atentatórias de degradação humana».
A Igreja Católica, maioritária em Portugal, é frontalmente contra a liberalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG), que vai ser sujeita a referendo nacional a 11 de Fevereiro.

19 comentários:

AQUILES disse...

Os problemas a montante do aborto. Que têm mais a ver com a sustentabilidade económica das pessoas, das familias, do que como meio contraceptivo.
Mas continuo com receio de que a indiferença mate este referendo. A hipocrisia social voltará à rota de cruzeiro lá para 14 de Fevereiro.
Espero que a Diocese de Viseu vá fazer algo, como disse o Bispo. Espero.

lobices disse...

...algo de mais importante vai ser a Grande Entrevista, amanhã, de D. José Policarpo com a Judite Sousa
...

A Menina da Lua disse...

Bom dia!

Ora aqui está um depoimento muito razoável e coerente...porque a questão é exactamente essa:- " quando uma mulher recorre ao aborto não o faz «por leviandade»"...

De facto vejo com muita dificuldade que alguma vez uma mulher faça um aborto apenas por leviandade; penso que os contextos pontuais em que vive determinam em muito a sua decisão.
Continuo a acreditar que a maternidade em condições "normais" é um valor natural e essencial à sua natureza humana de mulher...

A Menina da Lua disse...

Devo acresecentar contudo que uma lei de despenalização aqui proposta pelo bispo, implicaria sempre a definição das condições dessa mesma despenalização que poderia passar por várias cenários mas sempre com o pressuposto de definir limites e condições porque caso contrário a proposta nunca teria viabilidade possivel...

Fora-de-Lei disse...

O que eu fiquei a saber é que o Bispo de Viseu é tão - ou mais - aldrabão que os outros...

andorinha disse...

Fora de lei (9.32)
Cada um usa os argumentos que mais lhe convêm para levar a água ao seu moinho.
Ouvi-o na televisão e não consegui perceber se ele estava a ser sincero ou se estava apenas a "jogar".
Talvez seja uma inversão de estratégia do Não.
Em vez das teorias mais absurdas e primárias que se têm ouvido da parte dos apoiantes do Não, argumentos deste género, em que à partida se está do lado da mulher que aborta, mas em que se alega que por discordância com a pergunta se vai votar Não acabem por ser mais convincentes.
É preciso cuidado com estes argumentos "soft", podem ser os mais perigosos.

Fora-de-Lei disse...

andorinha 10:26 PM

Tás a ver, tu quando queres até sabes... ;-))

Pamina disse...

Boa noite.

Parece-me que o que é aqui sugerido é uma abordagem "parecida" com a da prostituição, ou seja, a prostituta não é perseguida criminalmente (neste caso, porque este crime não existe), o proxeneta é. Transpondo isto para a situação do aborto, teríamos que relativamente às mulheres que abortam esse acto não seria crime (ou não haveria oficialmente pena e logo nenhum processo), mas para quem o executou sim. Não vejo como é que isto resolveria o problema, antes pelo contrário. Isto manteria o aborto na pura clandestinidade. A não ser que se admita que uma mulher, só por ela, pode sempre efectuar em si própria um aborto sem risco. E mesmo que isto fosse possível, esta sugestão seria pior, pois deixaria a mulher completamente sozinha, sem possibilidade de discutir o assunto antes, e assim tomar uma decisão mais consciente, e sem apoio psicológico depois.
Assim, concordo com a apreciação do Fora-de-lei...a não ser que seja ingenuidade do senhor Bispo:).

Fora-de-Lei disse...

Pamina 10:32 PM

"Assim, concordo com a apreciação do Fora-de-lei..."

Já agora, que falamos de Bispos, é caso para dizer: ALELUIA !

Fora-de-Lei disse...

Pamina 10:32 PM

"Assim, concordo com a apreciação do Fora-de-lei..."

Já agora, que falamos de Bispos, é caso para dizer: ALELUIA !

Pamina disse...

Fora-de-lei (10.46),

LOL para o Aleluia.
Mais vale tarde que nunca:). Agora a sério, já concordei consigo mais vezes.

Marx disse...

Confesso que já li várias vezes este post e ainda não percebi o que diz o bispo de Viseu. Talvez que haja sentidos que, de tão profundos, não podem ser profanados...

andorinha disse...

Fora de lei(10.30)
"Tás a ver, tu quando queres até sabes..."
Elogios desses, dispenso:)))

Fora-de-Lei disse...

andorinha 11:16 PM

Isso é porque tu estás habituada à fartura... ;-)

andorinha disse...

Fora de lei(11.33)
Agora calaste-me:) Looooooooool

Pamina disse...

Já viram o spot da RTP1 que anuncia a entrevista da Judite de Sousa? Aparece em grandes letras vermelhas a seguinte frase: "O ABORTO É COMPARÁVEL AO TERRORISMO?" e depois, em letras brancas, um grande "SIM". Claro que este sim não é a resposta à pergunta, como se percebe pela locução e pelas frases que vêm a seguir, aparece depois também um não em letras maiúsculas, mas quem vê com pouca atenção, num café por exemplo, poderá ficar com essa impressão. Até acredito que seja mais uma questão de descuido do que de má-fé, mas a RTP tem o dever de evitar este género de confusões.

maria estrela disse...

Pareceu-me sincero, não parece jogo.Há cristãos e igreja com visões lúcidas, sem fundamentalismos. Mas é mais fácil pegar nos maus exemplos...

andorinha disse...

maria estrela,
Entre o parecer e o ser vai uma enorma distância...

Lua disse...

Não concordo com:

'Continuo a acreditar que a maternidade em condições "normais" é um valor natural e essencial à sua natureza humana de mulher...'

Há mulheres que não querem ser mães. Acho que já evoluímos todos o suficiente para entendermos que lá por sermos mulheres, não temos de nos sentir mães.

E não, este sentimento não tem de mudar com a idade ou com visões de barrigas. Para muitas mulheres não muda.