sexta-feira, junho 30, 2006

Cinco terroristas infiltraram-se no Supremo!

Duro revés para a política de Bush
EUA: Supremo invalida tribunais militares de Guantánamo
29.06.2006 - 15h28 PUBLICO.PT , com agências

O Supremo Tribunal dos EUA concluiu hoje que o Presidente George W. Bush ultrapassou os poderes que lhe são conferidos pela Constituição quando instituiu comissões militares para julgar os "combatentes inimigos" detidos em Guantánamo. A decisão, aguardada com ansiedade pela Casa Branca, representa um duro revés na política de combate ao terrorismo da actual Administração.
O acórdão, aprovado por cinco juízes do Supremo, com a oposição de três, considera que estes tribunais são ilegais à luz da legislação norte-americana e da Convenção de Genebra para o tratamento de prisioneiros de guerra.

A decisão, a que a Casa Branca ainda não reagiu, não deverá ter consequências para o próprio presídio de Guantánamo (numa altura em que se acumulam os apelos para o seu encerramento), já que o acórdão visa apenas a forma de julgamento dos detidos e não a validade das suas detenções.

O acórdão do Supremo surge na sequência de um requerimento apresentado à instância por Salim Ahmed Hamdan, um iemenita que terá trabalhado como motorista e guarda-costas de Osama bin Laden, acusado de conspiração para matar cidadãos norte-americanos entre 1996 e 2001.

Hamdan, 36 anos, é um dos cerca de 500 "combatentes inimigos" detidos há mais de quatro anos na base militar de Guantánamo, em Cuba, por suspeita de pertencerem à Al-Qaeda.

O iemenita foi um dos primeiros detidos a conhecer a acusação que lhe é imputada – até agora apenas nove presos foram acusados – e a ser presente às comissões militares criadas logo após o 11 de Setembro para julgar "combatentes inimigos".

Contudo, o processo foi suspenso, na sequência de uma decisão do Supremo, que em 2004 conclui que os detidos, ao contrário do que defendia a Administração, tinham direito a constituir defesa e a recorrer aos tribunais norte-americanos e não poderiam ficar detidos indefinidamente.

Um longo processo

Na sequência desta decisão, Neal Katyal, advogado do iemenita, recorreu à justiça federal norte-americana, alegando que estas instâncias de excepção não garantiam aos detidos os direitos básicos de defesa previstos pela lei internacional e norte-americana.

Por outro lado, a defesa sublinhava que o Presidente não tinha poderes constitucionais para instaurar tribunais militares sem a autorização do poder legislativo (Congresso).

Os argumentos da defesa foram inicialmente acolhidos por um juiz federal, mas um tribunal de recurso reverteria essa decisão, com base na autorização legislativa aprovada pelo Congresso após os atentados de 11 de Setembro e que reforçava os poderes do Presidente no combate ao terrorismo.

O acórdão conhecido hoje sustenta que, "segundo a Constituição, o Presidente é o chefe supremo das Forças Armadas", mas "é o Congresso que tem poderes para declarar guerra" e organizar os processos relativos aos prisioneiros de guerra. Apesar do reforço dos poderes presidenciais, o Congresso não deu "autorização expressa" para a criação das comissões militares.

Da mesma forma, o acórdão sublinha que a comissão militar "instaurada pelo Presidente para julgar Hamdan não satisfaz as exigências" previstas pela Convenção de Genebra, já que "permite que ele seja julgado com base em provas que nunca viu ou ouviu, além de "violar o código de justiça militar".

Supremo dividido

A aguardada decisão não foi, porém, pacífica na mais alta instância judicial norte-americana. De acordo com a AP, o juiz moderado Anthony M. Kennedy uniu-se à ala mais liberal do Supremo, considerando que o decreto emitido por Bush "levanta sérias dúvidas sobre a separação entre os poderes" legislativo e executivo.

No campo oposto, os juízes que votaram vencidos anexaram ao acórdão declarações em que criticam a decisão da maioria. As palavras mais duras foram proferidas pelo juiz conservador Clarence Thomas, para quem este acórdão "põe seriamente em causa a capacidade do Presidente para enfrentar e derrotar um novo tipo de inimigo".

O juiz-presidente do Supremo, John Roberts, absteve-se de participar neste caso, já que, em Novembro de 2004, antes de ser nomeado para o cargo, integrou o colectivo de um tribunal de recurso federal que se pronunciou contra o direito de Hamdan a ser julgado num tribunal comum. O Supremo, que durante meses hesitou em pronunciar-se sobre o requerimento apresentado pelo iemenita, acabou hoje por contrariar aquela decisão.

quinta-feira, junho 29, 2006

Velharia a propósito.

O conselheiro nostálgico


“Meu estimado Amigo,
Com que prazer o li! Agora apenas o vejo nos telejornais, desempenhando as altas funções para as quais o destinavam a sua competência e sólida formação moral. Agradeço a gentileza de me pedir opinião, embora sobre factos nauseabundos: duas abortadeiras e uma cliente apanhadas em flagrante! Procurarei merecer tal confiança com a mais brutal franqueza - o meu prezado amigo e os que o acompanham na terrível cruz da governação pecam por deixarem o coração intrometer-se no que apenas releva da lei.
Diz-me que prevê complicações. Tem razão. A esquerdalhada voltará em Outubro ao tema do aborto, com recolha de assinaturas e tudo. Por isso mesmo, não lhe parece que este episódio é..., demasiado conveniente? Permite nova gritaria sobre o que aconteceu na Maia, com todo o folclore que as televisões teimam em cobrir. Por via das dúvidas, eu averiguaria a eventual filiação partidária das envolvidas. Pela idade, as abortadeiras podem ser do PC, useiro e vezeiro em manobras deste género, lembro-me da inevitável grávida na primeira fila das manifestações do antigamente. Quanto à mulherzinha – e é preciso averiguar se a gravidez existe! - tresanda a Bloco de Esquerda, são exibicionistas compulsivos. E este PS, a reboque como anda, provavelmente assinou por baixo. (Não seria mau deitar uma vista de olhos à ficha do agente que desencadeou a operação, os agitadores infiltram-se em todo o lado, até nas forças da ordem!)
Mas será a nossa atitude – permita que empregue o plural – a ter de mudar: a lei existe e é para cumprir. Os criminosos sempre confundiram piedade e fraqueza, meu caro amigo. Choça com todas e nada de atenuantes, já foi um erro não decretar a prisão preventiva, quem as impede de continuar as suas actividades? Embora estejamos na presença de um crime feminino, seria também dissuasor aplicar pena suspensa ao companheiro ou marido da cliente, os homens devem estar mais atentos ao que, em geral, acontece à sua revelia. Durante o julgamento, importa salientar que as abortadeiras são pessoas lúcidas e movidas pela ganância, uma ou duas contas descobertas na Suiça seriam ouro sobre azul. A cliente deve ser apresentada como uma mulher fria e comodista, que decidiu cometer o crime com a mesma facilidade com que beberia um copo de água ou um shot, conforme a geração.
(A abertura das sessões aos meios de comunicação espalhará as faces das condenadas por todo o país, com a consequente e desejável repulsa social, mas durante o cumprimento da pena sugiro um toque de “compaixão reeducativa”, sendo-lhes, por exemplo, permitido cumprir parte dela como auxiliares num serviço de obstetrícia.)
No futuro, é preciso investir mais na prevenção. Recordo uma campanha em que criancinhas de nove ou dez anos faziam roda, cantando que recusavam as drogas. É uma boa ideia, a garotada fica sempre bem nestas coisas. Além de se afirmarem contra o aborto, empunhariam cartazes jurando nunca o ter praticado. (Cuidado com as idades!, mais dois ou três anos e sabemos lá em que porcarias já andarão metidas...) Também será necessário mover um processo contra a regateira do bairro que na televisão afirmou ser tudo isto evitável se o Estado descriminalizasse o aborto. Tal afirmação é inadmissível, pois incita o Zé Povinho a questionar as decisões de quem o lidera.
Para demonstrar a firmeza da nossa postura, devem ser efectuados testes de gravidez às mulheres que atravessam a fronteira com a justificação das compras. As grávidas seriam acompanhadas por membros da GNR, assim evitando o recurso a clínicas espanholas. Se os nossos rapazes podem – e muito bem! – dar uma ajuda aos americanos no Iraque, mal pareceria que não defendessem os bons costumes em solo pátrio. Além disso...”
A mulher interrompeu-o, voz cambaleante,
- Pois, mas...
Ele, surpreso,
- Não queres ouvir até ao fim?
Olhos baixos,
- António, eu também já abortei.
O marido fitou-a, enternecido, enquanto lhe afagava o rosto. E sentenciou,
- Mas nós não tínhamos alternativa.
Ela sorriu, mais descansada.

quarta-feira, junho 28, 2006

E não vem cedo...

Aborto: novo referendo em Janeiro
2006/06/28 | 08:59
PS vai apresentar projecto no Parlamento a 15 de Setembro. Em campanha eleitoral, Cavaco disse que daria andamento ao processo. Sócrates não quer lei que trata mulheres com «crueldade». PSD não se opõe.

O novo referendo sobre a despenalização do aborto deverá realizar-se em Janeiro, noticia hoje o jornal «Público», com base em declarações do porta-voz do PS, Vitalino Canas. O PS comprometeu-se já a reapresentar, em 15 de Setembro, a resolução para convocar o referendo à despenalização voluntária da gravidez até às 12 semanas.

A reapresentação do projecto pelo PS em Setembro e a aplicação rigorosa dos prazos previstos na lei «aponta para Janeiro», afirmou Vitalino Canas ao jornal «Público». No entanto, sublinhou, «o PS sempre tem dito que a convocação do referendo compete ao Presidente da República, assim como escolher a data, se o quiser convocar».

Segundo o «Público», tudo indica que o Presidente da República, quando receber a resolução que venha a ser aprovada pela Assembleia da República, dê início ao processo legal para poder convocar o referendo, ou seja, que envie a pergunta para o Tribunal Constitucional, para aferir se cumpre os critérios constitucionais.

O assessor de imprensa do presidente da República, Fernando Lima, contactado pelo jornal, afirmou que Cavaco Silva se escusava a comentar. No entanto, lembrou que Cavaco Silva durante a campanha afirmou que se recebesse uma resolução da AR pedindo um referendo, em condições normais, daria seguimento ao processo.

O líder parlamentar socialista, Alberto Martins confirmou ao Público a disponibilidade do PS para «apresentar um projecto de resolução para promover um referendo sobre interrupção voluntária da gravidez nos mesmos termos do que anteriormente foi submetido ao voto popular».

E o primeiro-ministro, em declarações por escrito ao Público, lembra que o PS e o Governo «há muito assumiram e anunciaram que é tempo de se chamar o povo a pronunciar-se», numa decisão sobre a lei penal portuguesa.

«Não se trata de uma decisão sobre problemas e concepções morais de natureza pessoal [. . .] É uma decisão sobre saber se se deve manter em vigor uma lei que tem conduzido ao aborto clandestino e que trata as mulheres, as que se viram forçadas a abortar, com uma crueldade que não mais deve ter lugar numa sociedade moderna», escreve José Sócrates, no depoimento.

O jornal avança ainda que o PSD «parece integrar este acordo tácito» e publica declarações de Marques Mendes segundo as quais o «PSD não se oporá a iniciativas que visem a realização de um novo referendo sobre a questão da interrupção voluntária da gravidez e reafirma o princípio da liberdade de voto».

terça-feira, junho 27, 2006

Um passo mais. Castrense...

Primeiro casamento gay no exército
2006/06/27 | 19:58
Espanha: dois militares homossexuais vão contrair matrimónio em Setembro

Dois militares homossexuais da Base área de Moron de la Frontera perto de Sevilha, no sul de Espanha, vão casar-se em Setembro próximo na Câmara de Sevilha, anunciou hoje um dos futuros cônjuges. A notícia é avançada pela «Agência Lusa».

«Sabemos que é complicado, porque não somos jardineiros mas militares. Alguns superiores vão tornar-nos a vida mais difícil mas alguns já o fazem», declarou Alberto, um dos futuros esposos à agência de imprensa espanhola Europa Press.

Os futuros cônjuges enviaram uma carta ao governo espanhol para evitar serem transferidos para duas cidades diferentes.

«Eles responderam-nos, que aos olhos da lei, não se passará nada, como se nós fossemos astronautas!», disse o militar.

Alberto afirmou lamentar as ameaças e os comentários «no limite da homofobia» de alguns dos seus colegas de trabalho.

«Caso-me com quem quiser e ninguém tem nada com isso, vou trabalhar todos os dias e cumpro as minhas obrigações profissionais», disse.

Contrariamente aos casamentos militares habituais, os esposos não usarão uniforme durante a cerimónia à qual assistirão 40 militares.

O parlamento espanhol votou a 30 de Junho de 2005, há quase um ano, por iniciativa do governo socialista de José Luís Rodriguez Zapatero, a legalização do casamento homossexual, com a possibilidade de os casais adoptarem crianças.

domingo, junho 25, 2006

Regresso.

Maria,
Comecei a descer - ó verbo sinuoso!:( - para Portugal. Habitado por um sentimento estranho, de tão dividido - uma alegria culpada. Sei, sei, a minha educação republicano-judaico-cristã. Querida, não me obrigues a dizer que não tens razão. É isso! - apressaste-te no diagnóstico. (Pois já sou um caso clínico para ti?). Entre a alegria e a culpa, escarranchado, o alívio, essa ponte reconfortante. Voltar às veredas cátaras e ao ar puro dos Pirinéus era uma doce obrigação, foi cumprida com o deleite respectivo. Mas cada dia longe de Cantelães parece o capricho de um dandy a quem a vida nada ensinou:). As viagens mais importantes faço-as lá. Sem quilómetros a percorrer e no entanto duras para corpo e alma. Aquela casa - como previste, não o nego, mete no bolso o dedo acusador e divertido... - tornou-se o centro da minha vida. Não, não finjas ciúmes, que nos ofendes aos dois. Em nenhum lugar te poderia amar como ali, pacificado. E uma paixão que navega em águas de calmaria é inigualável, minha querida. Afinal, quantos veleiros conseguem navegar a todo o pano sem vento?

sábado, junho 24, 2006

O "conhecimento" ao alcance de todos:(.

Acabo de receber "isto". Cortei o e-mail para não colaborar na publicidade.



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sexta-feira, junho 23, 2006

O alíbio nacionalista.

O dia começou muito mal para o senhor doutor - o móbil pifou! E ele, coitadinho!, pensou que podia arranjar a maquineta depois do almoço. A loja abriu às cinco... O home não tebe dúbidas - "usted compra otro móbil, cambia el cartón i ya está!". No estubo... El problema era del cartón e o patraozinho tebe de comprar um móbil espanhol que nem ginjas. E disse-me, de coraçon dilaceradu - "Sousa, é um sinal - eu com um telefone espanhol, vêm aí os Filipes outra vez, disfarçados de Zapateros". Passou um fim de tarde muito amurconado, coitadinho. Mas depois foi ao supermercado comprar bolachas dietéticas para comer aos quilos e agarrou-se a mim a chorar de alegria, até pensei que fosse por o Orelhas fazer 57 Primaveras. Também, mas não só - a banda sonora da loja era o José Cid a cantar "como o macaco gosta de banana, eu gosto de ti". E o senhor doutor disse-me, sulene: "Sousa, eles podem comprar-nos, mas culturalmente já os possuímos" (isto é um eufemismo...). Biba o Cid. sem ser o Campeador!
E com esta bos digo: Addio, adieu, aufwiedersehen, adieu!
Sousa.

quinta-feira, junho 22, 2006

É um ssanto, um ssanto!

Caros murqónicos (se me permitem falar como "ele"),

Muito bos ama o senhor doutor! Chegado ao hotel, berificou que não tinha nete uairalésse no quarto. E ei-lo na receçon: "Eu tenho uma tribu para cuotidianamente guiar pelas dificuldades deste bale de lágrimas". Que bem diz cursa!, aqui todos os sinais de trânsito falam do bale d'Aran, mas ele tem sempre uma mete à fura dispuníbel para me alapardar. E mal mudou de pizo, foi bê-lo a ligar a besta e a mormurar: "era o que faltaba, deixar sozinhas as minhas ubelhas!".
Cuidá-lo bem, gente dAfurada e todas as outras bilas portuguezas, é um berdadeiro jentelemane!
E agora ala para a banhole, que ele já gritou: "Sousa, bamos trussidar umas tortilhas às espanholas!". Eu, para espanholas estou sempre pronto, embora tenha saudades das do antigamente, com cinais na cara e pentes no cabelo, que cantabam - "sí bás a Calataiude, pergunta por la Dolores, que ez una xica mui guapa qui dorme sin cobertores...".
E etessétera...

Sousa, o melhor xoufâr dos Pirinéos.

quarta-feira, junho 21, 2006

Bem me parecia! Para quando a justa comparticipação do Estado??????:)))).

Hormona do sono detectada no vinho tinto
19.06.2006 - 13h08 Ana Gerschenfeld



Uma equipa de cientistas de Universidade de Milão afirma ter descoberto que as uvas utilizadas no fabrico de alguns dos mais populares vinhos tintos contêm altos níveis de melatonina, uma hormona naturalmente produzida pelo nosso organismo ao fim do dia e que induz o sono.

Marcello Iriti e os seus colegas, que publicam os seus resultados na revista "Journal of the Science of Food and Agriculture", detectaram a presença da hormona do sono na pele das uvas das castas Nebbiolo, Merlot, Cabernet-Sauvignon, Sangiovese e Croatina.

“O teor de melatonina no vinho poderá ajudar a regular os padrões de sono-vigília, tal como acontece com a própria melatonina produzida pela glândula pineal nos mamíferos”, afirma Iriti num comunicado.

Não é a primeira vez que o vinho tinto – e as uvas que lhe dão origem – são apontados como benéficos para a saúde. Estudos anteriores já tinham indicado que o consumo moderado de vinho tinto poderia diminuir a taxa de “mau colesterol” no organismo e até ajudar a prevenir a doença de Alzheimer.

O mesmo documento cita também um especialista mais céptico – Richard Wurtman, do MIT – que acha que serão precisos mais estudos para confirmar que a substância agora detectada é mesmo melatonina.

terça-feira, junho 20, 2006

A França...

... parece adormecida e amuada. Nunca navegara por aqui em Junho e estou pasmado - em teoria tudo funciona, na realidade o "País Cátaro" espera por Julho e Agosto. Da restauração à oferta cultural as portas fechadas sucedem-se. As aldeias imitam o dia inteiro as castelhanas à hora do almoço. A população parece-me envelhecida e amarga, alguns comentários sobre o empate da França giravam à volta da juventude dos sul-coreanos e da velhice... da Europa! Se se discute os acontecimentos mais recentes, um enorme desejo de "democracia musculada" não demora a vir à superfície. Os imigrantes dividem-se entre os portugueses - trabalhadores, honestos, blá-blá-blá - e os outros. Por acaso, ontem jantei no restaurante de um. Vinho verde, abraços, endereços lusos trocados. E um discurso amargo sobre racismo encapotado... Dir-se-ia que muitos franceses pararam no tempo e acham espantoso que outras nacionalidades não lhes mostrem o respeito devido a quem deu ao mundo a Revolução. Nado e criado na cultura francesa, pesa-me um certo odor a decadência, mas não o nego. A pedido de Chirac, Jean Nouvel desenhou um novo museu que abre as suas portas em Paris. Mas, se não arrepiar caminho, pode ser o país inteiro a encaminhar-se para apresentar o passado como principal cartão de visita.

segunda-feira, junho 19, 2006

Montségur.

A única vez que tentei subir a Montségur, o mau tempo não o permitiu. Seria hipócrita se não admitisse que hoje, momentos houve em que desejei uma tempestade e segunda proibição por parte do zelador do castelo:). Nem em Quéribus, cuja subida é quase virgem de curvas pacificadoras, me senti assim - tão a galope no peito que nem notava o cansaço crescente das pernas. E depois, aqueles velhinhos a tresandarem a saúde e a passarem por mim...
Montségur é uma peregrinação estranha, passados breves momentos os olhos são atraídos pela paisagem esmagadora em redor. O pobre castelo - de resto não o original... - não excita curiosidade pessoal ou memória por interposta escrita, mesmo a dos cátaros na fogueira. A sua fidelidade ao cristianismo que professavam é um pretexto para homenagearmos a contínua busca dos seres humanos. As dezenas de pessoas de várias nacionalidades que suavam - e praguejavam! - Montségur acima, pareciam procurar uma espécie de Spa espiritual, um lugar que lhes abrisse os poros à expulsão da mediocridade e à entrada de uma réstia de transcendência. Já o escrevi: são peregrinos sem Igreja, a não ser os vitrais pirenaicos em redor. Num sítio daqueles, olhando em volta os sorrisos exaustos mas orgulhosos, o "agnosticismo" que mais me preocupa esvai-se - a Graça da Fé invade-me e eu acredito de novo que o nosso futuro não se esgotará na vertigem, acéfala e horizontal, do consumo.

domingo, junho 18, 2006

Tentar ficar bem na fotografia - ou no editorial... - sai caro:).

Assessores de imprensa do Governo ganham entre 2400 e 4500€

Os assessores de imprensa do Governo ganham entre 2400 e 4500 euros, avança o Público este domingo. Entre aqueles com ordenados-base mais altos estão os responsáveis da comunicação dos ministros das Finanças, dos Negócios Estrangeiros, da Administração Interna e da Justiça, que recém mais do que os do primeiro-ministro.
De acordo com o diário, o elevado valor dos ordenados justifica-se com o facto dos salários não serem obrigatoriamente tabelados, podendo ser negociados entre as partes desde que se abdique das despesas de representação. Assim, e de acordo com o despacho de nomeação de responsável pela pasta das finanças, Teixeira dos Santos, a assessora Fernanda Pargana tem um ordenado-base 4500 euros.

O assessor do MNE, Carneiro Jacinto, é o único que transitou entre governos, já que passou dos executivos de Durão Barroso e Santana Lopes. Tem um vencimento-base de 4.432 euros, e além dos subsídios de férias e Natal, tem direito ao abono de despesas de transporte e ajudas de custo, quando em missões oficiais.

Entre os mais bem remunerados encontra-se também, o assessor de imprensa do ministro da Administração Interna. Duarte Moral saiu do Diário de Notícias, com uma remuneração mensal ilíquida de 3450 euros, «a que acresce o montante em vigor de despesas de representação dos adjuntos de gabinete, subsídios de férias, de Natal e de refeição».

Em casos normais, adianta o Público, os assessores de imprensa do Governo recebe um ordenado semelhante, uma vez que a sua remuneração está equiparada à de um adjunto de gabinete. Segundo o jornal, a lei que define o regime e a composição dos gabinetes ministeriais não refere o caso dos assessores. A única referência está na lei relativa aos gabinetes dos primeiro-ministro e do Presidente da República e a maioria dos ministros optou por definir as remunerações dos seus assessores de acordo com esta lei, daí a discrepância.

18-06-2006 12:22:33

Duelo ao sol.

Finalmente os castelos. E esta sensação de que a cada nova visita as veredas parecem mais íngremes e selvagens. Mas ver de longe está fora de causa. Porque a ideia de Deus me espera, ano após ano, lá em cima. Pouco importa se Ele não se esconde por trás dela. Como o caminho para o Poeta, a transcendência faz-se ao andar. Pena que seja sempre a subir:)))))))).

quinta-feira, junho 15, 2006

Belibasto.

Villerouge-Termenès, o castelo em que foi queimado Belibasto. E a evidência assumida: era um pastor indigno, por comportamento e cultura, de ser o último "homem bom" cátaro. Eu acrescentaria que o regresso dele à Ocitânia escondia um desejo de purificação pela morte. A Inquisição fez-lhe a vontade, claro! E ao recusar abjurar uma fé que nunca entendera muito bem e praticara assaz mal, o pastor simples das Corbières esteve finalmente à altura do seu estatuto.

quarta-feira, junho 14, 2006

O Amor é...

Segundo fontes geralmente bem informadas, O Amor é... diário estará disponível em podcast a partir da próxima semana.
Mais acrescento que o convento fundado em Prouille por S.Domingos, destinado a religiosas contemplativas, acrescenta a tão respeitável finalidade a produção de um Chardonnay simples, honesto e gerador de grande convivialidade. Provando que o retiro do mundo não impede o derrame sobre ele das benesses da mesa...


P.S. Segundo a Aspásia, a próxima semana..., começou hoje:).

terça-feira, junho 13, 2006

Como é possível?:(.

Câmara do Porto ignoradata da morte de Eugénio
O último retrato alfredo cunha

Eugénio de Andrade terá a sua obra como ponto de partida de amplo conjunto de iniciativas em Madrid


Sérgio Almeida

Câmara do Porto ignora

data da morte de Eugénio

Cidade adoptada por Eugénio de Andrade desde o final da juventude, o Porto não assinala o primeiro aniversário da morte do poeta que lhe consagrou a mais completa antologia de textos literários ("Daqui houve nome Portugal"), além de abundantes escritos.

O conjunto de iniciativas que, ao longo da semana, presta tributo ao autor de "Os sulcos da sede" tem como organizador a Câmara Municipal de Matosinhos, em colaboração com a Fundação Eugénio de Andrade (FEA). Até mesmo o evento marcado para a Casa da Música - um recital de canto com base em poemas de Eugénio e músicas de Fernando Lopes Graça e Jorge Peixinho - é da responsabilidade exclusiva da autarquia matosinhense, apurou o JN junto da organização.

O rol de acontecimentos inicia-se já hoje, com a inauguração de exposições colectivas de esculturas e pinturas, uma conferência de Maria João Reynaud e recitais de piano de João Paulo Costa e António Rosado. No sábado, decorre um concerto de homenagem, com base no poema "Aquela nuvem e outras", por alunos da Escola de Música óscar da Silva, acompanhados ao piano por Jaime Mota.

Presidente da FEA, Arnaldo Saraiva vê nas diversas iniciativas calendarizadas a prova de que "o risco de esquecimento da sua obra está, para já, felizmente afastado". Numerosos em vida, os tributos ao poeta não têm cessado nos últimos meses, como se testemunha pela atribuição do seu nome a avenidas e alamedas em Gaia e Matosinhos ou pelo descerramento de um busto na Póvoa da Atalaia (terra natal do autor).

"Mais do que consensual,Eugénio é já um clássico. A capacidade de ser admirado tanto por académicos como por um público não culto, por jovens e velhos, ou por homens e mulheres, é verdadeiramente única", afirma, orgulhoso, Arnaldo Saraiva.

Longe de desvalorizar a importância da Fundação, a morte de Eugénio - há exactamente um ano - apenas veio "aumentar as responsabilidades", defende o presidente da instituição fundada em 1993. A actividade dos últimos meses, de que se destaca a edição da antologia definitiva e a preparação do número dos "Cadernos de Serrúbia", comprova a validade da missão.

As óbvias limitações financeiras da FEA - cuja fonte de receitas quase exclusiva diz respeito à publicação de livros - em nada perturbam os ambiciosos objectivos em mente. "Queremos que a Fundação seja, no futuro, uma verdadeira casa da poesia, cumprindo, aliás o desejo de Eugénio", diz Arnaldo Saraiva.

Já no próximo ano, Madrid acolhe um amplo conjunto de iniciativas que têm como ponto de partida a obra eugeniana, incluindo colóquios e exposições.

Em curso encontra-se a tarefa de inventariar e catalogar os milhares de documentos deixados por Eugénio de Andrade. E mesmo que não figurem poemas inéditos entre o material analisado, há textos que podem vir a ser alvo de publicação, como a abundante correspondência trocada com numerosos autores.


A objectiva de Virgílio Ferreira foi a última a captar o rosto de Eugénio. O fotógrafo portuense conseguiu convencer o poeta a deixar-se fotografar, na sua residência, poucos dias antes de ser internado. "Depois de lhe ter feito um retrato a preto e branco, no âmbito de um projecto que reuniu ilustres do Porto, achei que estava inspirado para captá-lo outra vez. Ele disse que não estava em condições, pois a sua saúde estava muito debilitada, mas lá aceitou, e daí nasceu o retrato a cores". Eugénio acabou por criar intimidade com o fotógrafo. De início, não gostou do que as fotos mostravam, mas depois "pediu para guardar uma cópia", diz Virgílio, que define a imagem por si tirada como "um retrato duro que humaniza o poeta e mostra a sua fragilidade. Mas ele achou que estava ali a sua essência". Virgílio Ferreira recorda que "foi complicado convencê-lo a deixar-se fotografar, porque já estava doente, a chorar de um olho, e queria cultivar uma imagem juvenil". Enquanto pessoa, o poeta era "difícil e parecia haver ali muita amargura e recalcamento", confessa o fotógrafo. "Por conversas com outros, tinha a ideia de que era arrogante, mas depois fiquei com uma ideia positiva. Foi uma forma mais permeável de entrar no mundo dele", confessa. Andreia Faria.

domingo, junho 11, 2006

Edificante...

Escola do Lumiar encerrada após agressão de professora
11.06.2006 - 18h39 Lusa



A Escola Básica do 1º ciclo de São Gonçalo, no Lumiar, vai estar encerrada amanhã, por decisão dos professores, depois de uma docente ter sido agredida anteontem por familiares de um aluno do estabelecimento.

De acordo com a presidente do Sindicato Democrático dos Professores da Grande Lisboa (SDPGL), Maria Conceição Pinto, o estabelecimento vai manter-se fechado "enquanto não se resolver o problema de segurança".

A informação sobre o fecho do estabelecimento está afixada num cartaz colocado à porta da escola desde o dia da agressão, que foi, segundo a sindicalista, reportada de imediato pelo órgão executivo do Agrupamento de Escolas Pintor Almada Negreiros, a que pertence a S. Gonçalo, à Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL). Da DREL a escola recebeu indicações para que "ninguém fale com a comunicação social e que a escola não feche".

O incidente ocorreu pela hora de almoço, quando a professora em causa, que é coordenadora da escola e membro do conselho do SDPGL, se encontrava dentro do estabelecimento de ensino. A docente, que está na escola há quase duas décadas, terá chamado a atenção a um aluno, com cerca de 13 anos, que estava a atirar cascas para o chão. Este terá ignorado o aviso da professora, que fez menção de lhe segurar a mão para que o jovem apanhasse as cascas, mas este recusou-se a fazê-lo.

Segundo o relato da dirigente sindical, "pouco tempo depois" terá entrado na sala onde estava a docente um casal, aparentemente familiar do aluno, que a insultou, tentou arremessar-lhe à cabeça um balde de lixo de alumínio e lhe bateu na cara e na cabeça repetidas vezes até que os restantes professores e auxiliares conseguiram por cobro ao ataque.

A professora, de 50 anos, foi assistida pelo Instituto Nacional de Emergência Médica na escola e vai ficar de baixa, adiantou Maria Conceição Pinto.

A sindicalista acrescentou não ter conhecimento de outras agressões a docentes neste estabelecimento, mas acentuou que a escola tem vários problemas de segurança, que haviam levado já a professora atacada a solicitar a presença da polícia no recreio durante os intervalos.

Maria Conceição Pinto acrescentou que o SDPGL, que integra a Federação Nacional dos Sindicatos de Educação, vai entrar em contacto com a DREL amanhã "para saber que tipo de intervenção se vai fazer numa escola destas, onde os professores não se sentem seguros".

P.S. Pau. O serviço do restaurante a passo de caracol. O dilema posto ao chefe: ou como os queijos no bar, hipnotizado pela televisão, ou fico sem sobremesa (e com menos colesterol...). O sorriso dele (cúmplice do colesterol...). Óptimos queijos. Sofrível selecção. Futuro sombrio no que ao futebol diz respeito. Um sol pirenaico glorioso...

sábado, junho 10, 2006

Burgos.

A Catedral. A inevitável paella. Este povo que invade praças e esplanadas, riso, apetite e crianças em punho. O passeio a pé para comprar a consciência. O edifício iluminado. A inscrição - "Neste palácio, a 1 de Outubro de 1936...". O meu velho a desfiar a história, um avião transportando Sanjurjo de Portugal não chegara ao destino. E Franco tornava-se o chefe do "levantamento popular", vitorioso à custa da ajuda de Hitler e Mussolini e da miopia cobarde da França e Inglaterra. A foto. Quando regressar, o slide. Depois as aulas. E tudo o mais que preserve a memória, enquanto os neo-nazis se manifestam...

sexta-feira, junho 09, 2006

E esta infâmia que continua em velocidade de cruzeiro:(.

Violência doméstica: 81 mulheres mortas em quase ano e meio

Oitenta e uma mulheres foram assassinadas pelos companheiros desde o início de 2005 até final de Maio deste ano, revelam dados da Polícia Judiciária a que a agência Lusa teve acesso esta sexta-feira.

De acordo com os registos daquela polícia, 60 mulheres foram mortas em Portugal ao longo do ano de 2005 e 21 já este ano, até 31 de Maio.

A violência doméstica contra as mulheres em Portugal está a preocupar a Amnistia Internacional (AI), que em Maio apresentou um relatório referente a 2005 baseado em números muito inferiores divulgados por Organizações Não-Governamentais portuguesas.

Um trabalho realizado pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, com base em recolha de notícias publicadas nos jornais, referia pelo menos 33 casos mortais ocorridos no ano passado em consequência de violência doméstica.

O documento referia que 29 mulheres tinham sido mortas pelo marido, antigo namorado ou parceiro, e as restantes quatro por outros familiares.

Diário Digital / Lusa

Sempre a mesma cretinice:(.

Equador: não há sexo para ninguém, mas não é bom
[ 2006/06/09 | 12:38 ] O seleccionador do Equador Luís Fernando Suarez proibiu os jogadores de terem relações sexuais durante o Campeonato do Mundo da Alemanha, mas aplicou a medida a si próprio também.

Durante a conferência de imprensa, uma jornalista ficou impressionada com a atitude do técnico. «Isso é bom», afirmou. Luís Fernando Suarez respondeu de imediato: «Não. Não é nada bom. Não é nada bom mesmo.»

O Equador vai entrar em acção no primeiro dia do Mundial, defrontando a selecção da Polónia. A Alemanha e a Costa Rica completam o Grupo A da competição.

quinta-feira, junho 08, 2006

Se for verdade, que estranha "moldura" para um desmentido!

Gaiato: director agride criança durante entrevista
2006/06/08 | 12:46
Padre estava a desmentir à Lusa a existência de maus tratos na instituição


O responsável máximo das Casas do Gaiato, padre Acílio Fernandes, deu hoje uma bofetada a uma criança de cinco anos enquanto desmentia à Lusa os maus tratos na instituição que constam de uma acusação do Ministério Público.

O padre Acílio Fernandes, que também foi director da Casa do Gaiato de Setúbal até Julho de 2001, quando foi substituído pelo actual director, Júlio Pereira, deu a bofetada ao menino porque este teimava em aproximar-se do local onde o responsável prestava declarações à agência Lusa.

Depois de o mandar embora por duas ou três vezes, à última tentativa de aproximação da criança, que diz chamar-se Jaime e ter cinco anos, o padre Acílio não hesitou e deu-lhe uma estalada.

«A criança estava aqui à minha volta e [eu] já a tinha mandado embora várias vezes. Ele agora foi-se embora. Não lhe dei um estalo, bati-lhe com a mão para ele se ir embora», justificou-se o director- geral das Casas do Gaiato, esclarecendo que o Jaime é filho de um «gaiato», mas não pertence à instituição.

«Isto não foi um mau trato, foi um bom trato. Não me viu antes agarrá-lo ao colo, acariciá-lo e beijá-lo? Sabe quem faz isso? É um pai. Nós aqui não somos directores, somos pais de família», justificou- se o responsável nacional pelas Casas do Gaiato.

A Lusa contactou o padre Acílio Fernandes para que este reagisse a uma notícia de hoje do Diário de Notícias, segundo a qual o Ministério Público acusou o director da Casa do Gaiato de Setúbal, padre Júlio Pereira, da prática de quatro crimes de maus-tratos a crianças.

O Ministério Público acusou ainda dois funcionários, de 38 e 35 anos, e uma senhora de apoio à instituição, de 66 anos, por ofensas à integridade física das crianças, refere o jornal.

De acordo com o DN, em 2004, uma das vítimas, então com 15 anos, terá sido agredida com chinelos e paus de vassoura partidos ao mesmo tempo que recebia pontapés e chapadas na cabeça.

A esta vítima foi ainda exigido que fizesse 153 flexões depois do jantar e que permanecesse um dia sem comer com a obrigação de se manter em pé e de braços abertos, conta o Diário de Noticias.

Minutos antes de dar bofetada à criança, o padre Acílio negou em declarações à Lusa a existência de maus- tratos em qualquer umas das Casas do Gaiato.

«É mentira. É tudo mentira. Nunca em nenhuma Casa do Gaiato eu ouvi que alguém mandasse fazer flexões aos rapazes. Isto não é nenhuma tropa», sublinhou o padre.

«O levar chapadas na cara é natural se ele disse obscenidades para a senhora, se ofendeu a senhora», sublinhou o padre numa referência à funcionária da instituição que foi acusada de maus-tratos a uma dos «gaiatos» juntamente com o responsável Júlio Pereira.

O padre Acílio Fernandes acusou ainda o Ministério Público de divulgar na comunicação social «coisas que nunca se provaram. Estamos num regime de ditadura do Ministério Público e da Comunicação Social», disse.

O padre Acílio Fernandes foi director da Casa do Gaiato de Setúbal até 2001, quando foi substituído pelo actual director, Júlio Pereira.

quarta-feira, junho 07, 2006

Honra lhes seja!

EUA rejeitam proibição de casamentos homossexuais
2006/06/07 | 19:00
Emenda à constituição era apoiada por George W. Bush.

O Senado norte-americano rejeitou hoje uma emenda constitucional para proibir o casamento de homossexuais no país.

A emenda, que precisava de um total 60 votos para ser aprovada, registou 49 votos a favor e 48 contra.

O Presidente norte-americano, George W. Bush, que se declarou «orgulhoso» de apoiar a emenda, tem-se empenhado na defesa do casamento heterossexual.

Sábado, no seu discurso radiofónico, Bush sublinhou que a instituição do matrimónio é a mais «duradoura e humana», adiantando que «o casamento não se pode separar das suas raízes culturais, religiosas e naturais sem debilitar a sua influência na sociedade».

De acordo com uma sondagem da cadeia de televisão ABC News, divulgada esta semana, uma maioria dos norte-americanos define casamento como uma união entre um homem e uma mulher, como propunha a emenda. No entanto, um número semelhante opõe-se à alteração da Constituição nesta matéria, segundo o mesmo inquérito.

O líder da maioria republicana no Senado, Bill Frist, que trouxe o debate para a ordem do dia, sublinhou após a votação que não ia baixar os braços.

«Devemos continuar a bater-nos para que a Constituição seja emendada através da vontade do povo, em vez da militância judiciária», disse.

A oposição democrata classificou o debate da questão como uma manobra puramente eleitoralista, a cinco meses de eleições legislativas que se prevêem difíceis para a actual maioria presidencial.

Para que não digam que sou um anti-Bush primário:).

Voos CIA começaram durante a presidência Clinton
Condoleezza Rice afirmou que os EUA não autorizam a tortura e que todas as acções da CIA no estrangeiro se enquadram na luta contra o terrorismo e são feitas em coordenação com os países envolvidos




O controverso envio pelos Estados Unidos de prisioneiros para países terceiros, devido à suspeita de torturas, começou ainda no tempo do Presidente Bill Clinton, afirma um antigo responsável da CIA em entrevista ao Die Zeit.

Questionado pelo semanário alemão sobre o início do "sistema" de "entregas" de prisioneiros suspeitos de terrorismo a outros países para serem interrogados, Michael Scheuer, antigo chefe da "Unidade Bin Laden" da CIA, diz que o "presidente Clinton, o seu conselheiro de segurança Sandy Pastor e o conselheiro para as questões do terrorismo Richard Clarke, pediram no Outono de 1995 à CIA para destruir a Al- Qaida.

Perguntámos ao Presidente o que devíamos fazer com os detidos e ele disse-nos que o problema era nosso, acrescenta numa entrevista a ser publicada quinta-feira.

"Sabíamos perfeitamente que os países não libertariam ninguém. E não podiam ficar nos Estados Unidos, porque o Presidente Bill Clinton não queria", salienta Michael Scheuer, precisando que se concentraram em membros da Al-Qaida que eram procurados nos seus países de origem ou já tinham sido julgados à revelia.

"Estabelecemos uma lista. Depois era só encontrar a pessoa e um país pronto para cooperar connosco. Por último, a pessoa devia ser de origem de um país que estivesse disposto a aceitá-la de volta", sublinha Schleuer.

"Foi um processo incrivelmente complicado para um grupo muito limitado", acrescenta, dizendo que a "operação teve 90 por cento de êxito".

Os agentes da CIA são, por exemplo, suspeitos de terem organizado o envio para Milão, em Fevereiro de 2003, de um antigo imã conhecido por Abu Omar, que depois terá sido entregue ao Egipto.

O escândalo sobre os alegados voos da CIA rebentou em meados de Novembro com notícias divulgadas em vários jornais de referência da imprensa norte-americana e europeia.

Jornais de vários países noticiaram a passagem de aviões ao serviço da CIA por dezenas de aeroportos europeus, transportando detidos para alegadas prisões secretas, onde seriam submetidos a práticas ilegais segundo as convenções internacionais sobre direitos humanos.

terça-feira, junho 06, 2006

A ressaca de um benenuôôsu:).

O jantar ontem foi muito agradável, mas como abusei do queijo vi-me grego - isto é influência das aquisições do Glorioso! - para adormecer. Desejo esclarecer que por mim teria ficado até às duas da madrugada, mas o Noise disse-me que já estava farto daquela seca e ameaçou contar anedotas ainda piores e mais alto do que o costume! Sempre cioso da respeitabilidade devida aos murcónicos, rendi-me à sua javardice:(. Snif...

segunda-feira, junho 05, 2006

Vieira.

Maria,
Fui à Feira do Livro de Vieira do Minho. Sabes que aquela gente não é hipócrita, sou mesmo filho adoptivo da terra. Depois chegaram os meninos e com eles o caos abençoado de Cantelães - mesa comprida, família, amigos e a algazarra folgazona que sonhei desde criança. Amanhã, estrada para Lisboa. Se me enviares um sms ternurento, ouço os teus cds favoritos na viagem. Anda, sê carinhosa "espontaneamente":).

sábado, junho 03, 2006

Talvez seja legal, mas seguramente é imoral.

Supremo Tribunal nega pensão a doente com Parkinson
j. paulo coutinho


Juízes entendem que "não há, não pode haver tratamento igual" para uniões de facto e casamentos


Nuno Miguel Maia

Uma pessoa que viva em união de facto com um reformado entretanto falecido não tem automaticamente direito a uma pensão de sobrevivência como teria se estivesse casada. Em acórdão do passado dia 23, o Supremo Tribunal de Justiça proferiu esta decisão quanto ao caso de uma mulher doente de Parkinson, que viveu 25 anos com o companheiro. Os juízes consideram que, nestes casos, são os irmãos, ou outros familiares, que têm o primeiro dever de solidariedade.

O processo contra o Centro Nacional de Pensões chegou ao Supremo após duas decisões contraditórias no tribunal cível e na Relação de Lisboa. Enquanto na primeira instância foi dada razão à queixosa, a Relação negou-lhe a pretensão. Consideraram os desembargadores que "não ficou provado" que dois dos quatro irmãos não podiam ajudar a mulher, depois da morte do companheiro.

Esta decisão, agora confirmada pelos conselheiros do Supremo Tribunal de Justiça, veio contrariar a posição que foi assumida pelos tribunais até 2004, na interpretação da lei que, em 2001, estabeleceu a equiparação da união de facto em relação ao casamento.

"Hesitações naturais"

Os magistrados passam agora a considerar que "não há, não pode haver, um tratamento igual para uma situação derivada do casamento e para uma outra com origem numa união de facto", justificando a posição inicial com "hesitações naturais".

De acordo com a argumentação dos juízes, o direito a pensão por parte dos membros de união de facto sobrevivos só é admissível se entretanto não tiverem casado, se a herança do companheiro falecido for escassa e se outros membros da família, como filhos, pais ou irmãos, não os puderem sustentar. Isto porque os membros de uma união de facto não estão ligados por qualquer dever de "solidariedade patrimonial" - só os casados. Daí também ser necessária uma sentença judicial a declarar o direito a uma pensão de sobrevivência, por parte do sobrevivo.

Ao longo do processo, foi considerado provado que a companheira do falecido auferia pouco mais de 600 euros e tinha como despesas mensais pelo menos 30 euros em medicamentos por causa da doença de Parkinson, 78 euros de renda de casa, 100 euros de gastos com água, luz e telefone, e uma filha de 18 anos. Mesmo assim, os conselheiros não tiveram dúvidas.

Falta de provas

"No caso em apreciação (...) a autora não logrou fazer a prova não só da impossibilidade da herança do falecido companheiro para prestar os alimentos, como também não conseguiu provar que os seus familiares (...) não estão em condições de lhos prestar", sublinharam os conselheiros.

Desta decisão ainda pode haver recurso por eventual inconstitucionalidade quanto à violação do princípio da igualdade. Mas o Tribunal Constitucional passou, desde há dois anos, a dar razão ao Estado (ver ficha).


O que diz a Lei Publicada em 2001, a Lei das Uniões de Facto estabeleceu a equiparação ao casamento. Referiu-se ao regime fiscal, ao arrendamento, à casa de morada comum, mas é omissa quanto às pensões.



Tribunal Constitucional I

Em obediência ao princípio da igualdade, o Constitucional começou por dar aos companheiros, em matéria de pensões, os mesmos direitos que tinham os casados. Assim, a atribuição de reformas dos companheiros não estaria dependente da demonstração de necessidades económicas.



Tribunal Constitucional II

A partir de 2005, os juízes passaram a olhar apenas ao chamado princípio da proporcionalidade. Nesse sentido, os companheiros de facto só devem ter direito a pensões dos falecidos se não tiverem outros meios de subsistência ou quem os ajude dentro da sua própria família. De acordo com a nova interpretação, só os casados têm os chamados "deveres de solidariedade patrimonial".



Muita controvérsia

Ambas as decisões foram tomadas sob protesto de juízes que votaram vencidos.


JN.

sexta-feira, junho 02, 2006

Não só porque "assexuamos" os idosos, mas também por ignorarmos factores de risco que lhes são próprios.

SIDA: Governos não seguem mesma política, diz médico




Descontinuidade de políticas dos sucessivos governos no que diz respeito ao combate à SIDA, foi uma crítica lançada esta manhã pelo médico e catedrático da Universidade de Coimbra, Meliço Silvestre.
01/06/2006




Meliço Silvestre



(16:41) Na sessão de abertura do sétimo Congresso Nacional de Bioética, que até amanhã, decorre no Porto, o especialista criticou as diferentes políticas dos governos e apelou, ainda, para um maior investimento na educação para a cidadania.
Preocupante é, também, para Meliço Silvestre, o cada vez maior número de idosos infectados com o vírus HIV.

A SIDA está assim em debate, hoje e amanhã, no Porto, num congresso que tenta traçar novos desafios para o século XXI em matéria de combate ao vírus HIV, e à discriminação dos seropositivos, sobretudo no acesso ao mercado de trabalho.

quinta-feira, junho 01, 2006

Circular elíptica.

Atendendo ao súbito e exponencial aumento de murcónicos, o senhor doutor pede-me para informar os visitantes que carecem de fundamento os boatos segundo os quais a minha Gertrudes faria strip-tease live no blog ao som do hino da selecção. Mais se declara que este vosso humilde criado não servirá de cicerone em visitas guiadas ao túmulo de Maria Madalena, temporariamente escondido no remanso de um dos estádios abandonados do Euro, para evitar a fúria turística que invadiu a pirâmide do Louvre no seguimento do filme O Código dá Vinte, narrado por Luiz Felipe Scolari.

Porto, 06/06/01

Souzá, Valet de Chambre.

Velharia a propósito do problema da natalidade.

O caso dos espermatozóides amaldiçoados


Em Abril/Maio - com incompreensível atraso em relação à Primavera! – chega-me segundo neto. Será Tiago. O que enche de gozo o avô, furioso adepto de peregrinações laicas a Compostela. Filho único invejoso de ninhadas barulhentas à mesa, estou também feliz pelo Gaspar. Um irmão, além da mais que provável ciumeira inicial, trará um continente virgem de asneiras, ternuras e cumplicidades para explorarem ombro a ombro.
O agrado pela notícia contrastou com a ausência de expectativa no que ao sexo da criança diz respeito. A essa apatia se juntaram, de resto, as palavras do satisfeito pai. Num dos nossos conspirativos almoços das quintas-feiras, referiu, de passagem, a evidência – “rapaz, naturalmente”. O “naturalmente” radica em problema insolúvel, que entristece mas já não surpreende ou revolta os Machado Vaz: em quatro gerações vamos em doze machos seguidos, nem uma vez se vestiu de rosa um bebé nesta família!
Suspeitam de exagero meu, ávido por aparição nos telejornais das oito? (“Pobre família portuense não festeja nascimento de menina há mais de cem anos. O nosso repórter esteve lá. A-rre-pi-an-te!!!!! Logo depois do intervalo”). Então fiquem-se com a contabilidade: meu pai e o irmão; eu e dois primos; os meus dois filhos e três primos; Gaspar e Tiago. Doze! Por agora... Paranóide, recuso coincidência que atravesse todo um século; megalómano, receio maldição com origem no céu ou nas profundezas do inferno.
Dir-me-ão que, sendo médico, devo esgotar as possíveis explicações científicas para esta monotonia macha. De acordo. Por ilógico e rude, não me passa pela cabeça culpar as mulheres que acederam a entrar para a família e trouxeram nos ventres acolhedores tal horda masculina. Que deselegante e improvável seria, por exemplo, decretar semelhantes e mortíferos para os espermatozóides X os seus ph vaginais!
Ná, pesaroso e embezerrado, para nós me viro - que se passa com os espermatozóides X made in Machado Vaz? Por que perdem sistematicamente a corrida? Será preguiça? Ó ideia ameaçadora! Eu a esfalfar-me, dizendo que homens e mulheres são diversos mas não de forma estanque, capaz de tornar determinadas características “tipicamente femininas ou masculinas”, logo, vedadas ao outro sexo. E um dia destes alguém levanta a mão numa aula e defende a teoria dos sexos opostos, invocando a “preguiça feminina” dos meus espermatozóides X. Se se quedar por aí! Pode acusá-los de tagarelice, pecado clássico das mulheres - ei-los ao paleio, enquanto os Y se precipitam para óvulos apetecíveis aos gritos de “o nosso prazer é o trabalho!” E a frase, na sua ascese, levanta hipótese que Medicina e Igreja medievais teriam aprovado, se já dispusessem do microscópio: talvez os X se retardem por pregas vaginais, culpados de luxúria, como é típico das filhas de Eva! E por isso cheguem atrasados aos óvulos, apenas a tempo de assistirem à partida para lua de mel uterina de mais um ovo XY...
Que fazer? O estilo de vida dos Machado Vaz mais jovens é são e impoluto - praticam desporto, evitam o tabaco, fazem alimentação regrada; não vejo o que sugerir. Recorrer às novas tecnologias recompensaria a preguiça dos X, seria como inverter a fábula da cigarra e da formiga. Mais vale tentar ver o “bright side of life”, como sugeriam os Monty Python. Afinal, rodeada pelo mimo de tantos homens, uma rapariga correria o risco de se tornar uma delinquente por volta dos sete anos! Depois, neste mundo masculino, toda a gente gosta de futebol e liberta o palavrão com volúpia; a roupa herda-se; os filmes policiais e de guerra geram consenso; as portas de cozinha fechadas fazem desaparecer paisagens lunares à espera de arrumação (até se ouvir a convocatória sem apelo das matronas da tribo!).
Na sala, vigilantes, rodeiam-me fotografias dos rapazes e do Gaspar. O meu velho derrama charme lendário noutra moldura. Tiago nada lhes deverá no encanto. Eu sou filho único, mas no caso deles talvez o segredo resida no bom senso das mulheres: nenhuma quis ser irmã de homens pelos quais prefeririam apaixonar-se! E usando a magia que no passado as levou a fogueiras que não as do amor, lançaram a maldição que atrasa os espermatozóides X dos Machado Vaz.
E assim, com doce artimanha, transformam sinistra praga em subtil madrigal...