sexta-feira, janeiro 31, 2014

terça-feira, janeiro 28, 2014

RIP, Pete.

segunda-feira, janeiro 27, 2014

sexta-feira, janeiro 24, 2014

O egoísta.

Maria,
Chamar-te doce no enlevo do amor físico. Espantar-me com a tua surpresa - "nunca ninguém me chamou isso". Defender a classe - "seguramente porque só conheceste homens pré-diabéticos ou com deficiências congénitas nas papilas gustativas". O teu sorriso. O meu egoísmo silencioso - "espero que não conheças  outros".

segunda-feira, janeiro 13, 2014

Aniversário.

Maria,
Homem de hábitos teimosos, passe a redundância - Franganito. O Sebastião festejava os 56 anos. Um abraço mais forte do que o costume. E a nostalgia por lhe ver a família toda à mesa, de carne e osso. A minha, fantasmagórica, rodeia-me, sobrolho franzido - desculpa o beijo apressado, por simples higiene mental preciso de calar a televisão. E ouvi-los a eles.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

Durmam bem.

quinta-feira, janeiro 02, 2014

2014.

Maria,

 Ontem fui velório do senhor António. Não descobri a porta certa e atravessei a igreja para chegar à casa mortuária. Sem nenhuma razão, dei comigo a notar silêncio e vazio. E o agnóstico, triste por mais um lugar ocupado à mesa das recordações, não resistiu ao amuo fácil dos humanos em busca de respostas - "por que não está Deus na Sua casa para que tudo o resto faça algum sentido?". A mulher abraçada a mim, contando aos netos a história de um doutor sentado no passeio, jornal desportivo na mão, gozando o sol. É verdade. O senhor António afadigava-se à volta do cabelo que antecedia o meu, "está quase...", e eu gozava uma ausência de pressa que hoje me faz negaças. Ao longo de anos e anos acolheu um imigrante nascido e crescido no Bonfim e em Santo Ildefonso, que desconhecia os apelidos que ele recebia há gerações, depois passou a perguntar pelas mais jovens dos Machado Vaz. Os garotos crescem, mudam de voz e de país, no processo também de barbeiro, ele compreendia. Eu nem tanto, as saudades abrigavam uma pitada de amuo envergonhado... Sorrindo, ele invertia a história de Sansão e Dalila - o cabelo juncava o chão mas a alma ficava um bocadinho mais forte, ouvindo-o falar dos "meninos" com absoluto desprezo por bilhetes de identidade e distância, quase os adivinhava de regresso. Quase; o suficiente para sair mais apaziguado...
Maria, despedi-me de um amigo no primeiro dia do ano. E o ditado popular em refrão obsessivo - o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Para mim, 2014 será culpado e visto de soslaio até provar a sua inocência. Quem for vivo, verá.