sexta-feira, abril 29, 2011

A ressaca.

Maria,

Telefonema de Cantelães, o muro cambaleia e ameaça derribar o portão. Todo eu me afobo, em busca de reforço(s). Olho em volta e sorrio. A tua voz - "Júlio, vou dar um arranjo a este buraco". Nunca deixei. Por preguiça, desleixo e até claustrofobia afectiva? Seguramente. Mas também por enorme respeito pelo trabalho especializado!:). O teu nunca foi recauchutar-me o covil e sim iluminá-lo. Com uma intensidade que abrigava já a ressaca - o melancólico cinzento que me rodeia. Falasse eu das paredes...:(.

quinta-feira, abril 28, 2011

Tarrafal.

Vejo, ouço e calo. Sobretudo proíbo-me qualquer comentário insultuoso, do género "imagino o que passaram". O imaginário não é omnipotente no que ao sofrimento diz respeito.

segunda-feira, abril 25, 2011

25 de Abril.

O Zeca na RTP. "O Povo é quem mais ordena..." cantou naquela noite. Burguês e céptico, nunca cheguei a acreditar. Mas ordenar tão pouco, anos e anos depois, confesso que nunca me ocorreu:(.

quinta-feira, abril 21, 2011

Empate técnico no Bloco Central.

Leio os números da última sondagem e levanto os olhos para a fotografia de meu Pai. Creio já o ter escrito aqui - não era um admirador dos Festivais da Canção. Todos os anos me telefonava depois do espectáculo e dizia: "incrível, meu filho, foi pior do que o último!" Sobe o PS, desce o PSD, juro que vislumbro um sorriso irónico, é um homem obcecado por jornais e noticiários, lá onde repousa vem acompanhando as declarações dos candidatos, a feitura das listas, o vazio dos programas, o oportunismo, as purgas... E em pano de fundo, sobre o qual se recorta Van Morrison, o diagnóstico faz-se ouvir: "incrível, meu filho, a campanha eleitoral vai ser pior do que a anterior, é preciso talento, irra!" (Está bem disposto, pergunto-me se não lhe terá escapado a nostalgia de Otelo por "um homem honesto como Salazar, sem o fascismo à italiana...).

quarta-feira, abril 20, 2011

Isto começa a tornar-se um (mau) hábito:).

Parabéns aos murcónicos portistas. Espero que os responsáveis benfiquistas resistam à tentação de reduzir tudo ao fora-de-jogo de Hulk e à não expulsão de Rodríguez. Seria um erro grave... Com uma equipa que não "descansou" no Domingo o FCP dominou por completo a segunda parte e aconteceu o que temia - um golo bastou para o Benfica entrar em pânico a céu aberto. Porque o medo estava lá, enroscadinho, desde o princípio:(.

domingo, abril 17, 2011

O que aprendi na entrevista do Dr. Fernando Nobre.

1 - O Dr. Passos Coelho é arrojado. 2 - O Dr. Fernando Nobre disse o que constava da entrevista ao Expresso, mas não se expressou bem. De qualquer forma, assume sempre os seus erros. 3 - Aliás, como o Dr. Passos Coelho, salvo erro aquando do PEC2... 4 - Se não for "nomeado" - ó delicioso lapso freudiano:) - Presidente da Assembleia da República avaliará em que posição poderá ser mais útil aos portugueses, não sendo (nada) certo que seja no hemiciclo. 5 - O Dr. Passos Coelho não é neo-liberal. 6 - O convite não lhe foi feito pelo telefone, mas no seguimento de duas ou três conversas, que lhe permitiram conhecer a pessoa. Na realidade, fosse outro o candidato do PSD e provavelmente o convite não teria sido aceite. 7 - O Dr. Passos Coelho está preocupado com os portugueses. 8 - Os comentários desiludidos com a sua opção nascem, em grande parte, de uma cabala cujas origens muito bem conhece. De resto, dois terços da sua máquina de campanha concordam com a sua decisão. 9 - Há duas razões que justificam o desconhecimento do programa do PSD: primeiro, ele não existe, só verá a luz do dia em meados de Maio. Depois... 10 - A confiança na pessoa do (providencial) Dr. Passos Coelho chega. O adjectivo "providencial" é meu... 11 - O Dr. Fernando Nobre mantém-se rigorosamente igual a si próprio, logo, em absoluto livre. Mas agora não opina sobre o Senhor Presidente da República porque terá de manter com ele um bom relacionamento institucional. 12 - O Dr. Fernando Nobre desbravou os livros de Medicina, não será o Regimento da Assembleia a travá-lo. Nas suas próprias palavras, aprende depressa. 13 - Posso testemunhar que sim:(.

quarta-feira, abril 13, 2011

Boa noite.

O Nome da Rosa no Hollywood. Ainda hoje o citei nas gravações. O riso como tremenda ameaça às ortodoxias. O canastrão que fazia de 007 transformado em magnífico actor. E os ecos dos meus amados cátaros em pano de fundo:).

terça-feira, abril 12, 2011

Avaliação do défice!

Maria, Lembras-te? Lovin' Spoonful, Summer in the City. "... Running up the stairs, gonna meet you on the rooftop...". Pensando bem, na minha idade... Aceitas-me a passo no rés-do-chão:))))))?

domingo, abril 10, 2011

Política à portuguesa.

1 - O período de nojo do candidato rigorosamente apartidário Fernando Nobre durou três meses. Ou muito me engano ou Jaime Gama navega em sentido contrário, para se apresentar como um socialista equidistante dos Partidos... 2 - António José Seguro move-se com tanta segurança que corre o risco de ficar seguro na linha de partida para a sucessão a José Sócrates. Se tal competição existir... Mesmo perdendo, o camarada Zé pode não encarar a reforma de Secretário Geral com um sorriso nos lábios e limitar-se a enviar outros para o Governo de Submissão Nacional que se adivinha. 3 - Nenhuma novidade no Congresso. A culpa foi todinha da oposição, que agora vai negociar o que chumbou. Pelo menos as televisões não transmitiram ensaios de imagem:). 4 - Idem aspas por parte do PSD, nada de novo. Não são as medidas a tomar o problema e sim quem as vai executar. Resta a premonição de Jardim, que se sentiu a dialogar com o Primeiro-Ministro. 5 - Ou seja: as Legislativas transformadas num referendo à figura de José Sócrates, já que propostas políticas nem vê-las!

quarta-feira, abril 06, 2011

Porque sim.

Como é inevitável em cidade pequena e rotineira tropeçaram um no outro meses depois. Pelo sim, pelo não, ele perguntou, não tivesse a marota perdido o jeito estranho de lhe decifrar os olhos. - Porquê? O sobrolho pediu reforços, toda a carita se lhe juntou. - Porque sim. Surpreendido, - Isso diz-se às crianças. Sorriso largo dela. - Exactamente. Ele subiu a parada e rebentou numa gargalhada à moda antiga. Ela meteu a cave. Ele pagou (o jantar) para ver. Diz-se que ainda hoje, deliciados!, cumprem pena por jogo ilegal na via pública...

domingo, abril 03, 2011

Do estádio para o quotidiano.

Um abraço de parabéns para todos os murcónicos portistas, título e vitória de hoje merecidos:). O jogo... foi o que vocês viram. Penso ser justo dizer que o Benfica esteve mal táctica, técnica e disciplinarmente. E isso entristece-me; sobretudo o último item, por evitável:(. Adiante! Os números sobre a aplicação da Lei sobre a IVG dão que pensar. Como é óbvio, a descida verificada agrada-me, embora o tempo seja curto para falar de uma tendência firme. Mas devo dizer que partilho o desagrado e as preocupações do Miguel Oliveira e Silva e outros colegas em face de abortos repetidos e faltas sistemáticas às consultas de Planeamento Familiar. Um erro básico deve ser evitado: considerar homogéneo esse grupo de mulheres. É importante estudar narrativas de vida, dificuldades pessoais e culturais, motivações, falsas crenças, mecanismos conscientes e inconscientes de racionalização e negação, desleixos oportunistas puros e duros, e assim dispor de dados que permitam uma intervenção séria e, na medida do possível, eficaz. No que me diz respeito, não invocarei o destino dos meus impostos, embora aceite que outros o façam. Como aqui escrevi, não encaro o aborto com a mesma paz de espírito que a eutanásia, em dois referendos nunca neguei que considero existir um conflito de interesses entre uma vida real e outra potencial. Por isso tantas vezes citei a frase do meu velho amigo Pacheco Pereira: defendi, defendo e defenderei o "sim", apesar das perplexidades que o tópico me provoca. Mas é chocante que algumas dessas mulheres transformem a IVG numa espécie de "pílula do dia seguinte institucional". A contracepção eficaz não é um luxo ou um capricho, trata-se de um dever, simétrico dos direitos conferidos pela cidadania plena a que todos aspiramos. E que, a outros níveis, parece cada vez mais utópica:(. Durmam bem.