segunda-feira, dezembro 23, 2013

Magistral:).

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Back home.

Quando um filho parte fechamos um quarto - grande! - do coração. E um dia ele aterra, bolsos cheios de histórias e projectos cumpridos e sonhados, nós escutamos, a rebentar de alívio e nostalgia. Como foi possível resistir à ausência? Por que escreveu o que deixámos no tinteiro da nostalgia? Pouco importa, a inveja não resiste ao orgulho. E de novo as janelas abertas de par em par, o faqueiro bom à mesa, sorrisos que baixam a tensão arterial, um novo alento da rega no jardim, ternura no olhar da velha ama, master John is back:).

terça-feira, dezembro 17, 2013

O alívio.

Como os de minha Mãe. Abraçada a meu Pai sobre a lareira. Ambos me sorriem, ela tem flores na mão. Chegou de viagem e os seus homens esperavam-na. Por cima está o quadro favorito dele, um dos netos falou-me e disse - "estou na igreja do quadro do Avô". Outra vez fê-lo da sociedade recreativa lisboeta em que ela começou a cantar. Os meus netos conhecem-lhe as melodias e o horror dele a toda a música que não tivesse a sua impressão digital. As memórias estão vivas e são contadas. Dou um passo atrás e miro a lenda familiar - está pronta. Logo, eu também.

Eram extraordinários...

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Boa noite, gente.

O vento em fúria dilacera todas as velas. Depois, tem de escolher - cosê-las de novo ou amainar, melancólico, rumo à aposentação.

domingo, dezembro 15, 2013

Vila Praia de Âncora.

Maria,

Tão bom, regressar à mesa dos Simões! Para ser perfeito faltavam os outros Machado Vaz... Que surgiram aqui e ali na conversa, o abraço entre os dois clãs é tão estreito que torna impossível recordação ou sorriso que não nos inclua a todos. De coisas sérias, falámos brevemente quando o Manel me trouxe ao carro. Não foi surpresa que as preocupações de ambos se mirassem ao espelho, triste é admitir que não falávamos de nós e sim de gente amada. Sob muitos aspectos, envelhecer é temer pelos outros, sabes? Não é provável. Ou talvez saibas; com a razão. Um dia saberás pelo sentir. E perceberás porque às vezes, quando me perguntavas se estava triste, eu respondia - "estou, mas não por nós". (Quisera hoje dizer o mesmo...).

sábado, dezembro 14, 2013

Capítulo final.

Ela disse,
- O luto não será fácil, de qualquer modo.
Ele ficou estarrecido. Difícil embora, para ela tratava-se de uma questão de tempo. Dos relógios. Concordou de peito aberto, se pensava assim, já não era a pessoa que conhecera.  Viver sozinho não o assustava, apenas entristecia.
- Está bem.
E guardou-lhe a memória, por egoísmo e fidelidade.

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Boa noite, gente.

Ao Miguel, no seu 4º Aniversário, e contra o nuclear, naturalmente

Eugênio de Andrade
Vais crescendo, meu filho, com a difícil luz do mundo. Não foi um paraíso, que não é medida humana, o que para ti sonhei. Só quis que a terra fosse limpa, nela pudesses respirar desperto e aprender que todo homem, todo, tem direito a sê-lo inteiramente até ao fim. Terra de sol maduro, redonda terra de cavalos e maçãs, terra generosa, agora atormentada no próprio coração; terra onde teu pai e tua mãe amaram para que fosses o pulsar da vida, tornada inferno vivo onde nos vão encurralando o medo, a ambição, a estupidez, se não for demência apenas a razão; terra inocente, terra atraiçoada, em que nem sequer é já possível pousar num rio os olhos de alegria, e partilhar o pão, ou a palavra; terra onde o ódio a tanta e tão vil besta fardada é tudo o que nos resta; abutres e chacais que do saber fizeram comércio tão contrário à natureza que só crimes e crimes e crimes pariam. Que faremos nós, filho, para que a vida seja mais que a cegueira e cobardia?

quarta-feira, dezembro 11, 2013

O legado.

Maria,
Lembras-te do que o meu Pai dizia? - um professor que não deixa discípulos, falhou. Porque ensinar não é apenas (?) despertar a curiosidade de um anfiteatro, fazê-los desejar aprofundar as nossas palavras, exceder as referências bibliográficas; pensar. Jantei com alguém que penso preencher os requisitos, tu eras melhor do que eu a valorizar a intuição, terias gostado de lhe palpar o pulso, imagino-te a smsar-me, "acho que tens razão". Eu também:). Envelhecer é isto - preparar o futuro sem nós e sem drama. Adivinhando-o - sem traições ao passado! - no entusiasmo de um olhar juvenil.
Dorme bem.

domingo, dezembro 08, 2013

Lennon pintando um retrato onírico da Mãe. Para nosso deleite...

8 de Dezembro.

Não gosto de dias de..., tresandam a dias sem... Não é o caso de hoje, que se espraia por toda a minha vida. O Dia da Mãe - com todo o respeito pelo de Maio - e de Nossa Senhora da Conceição. Que era o nome dela. Obviamente, não se tratava de uma coincidência,  se nascera a 5 de Outubro, natural seria que a Igreja Católica se juntasse à República para a homenagear! Mas a saudade, essa, vivo-a sem qualquer apoio institucional...

quinta-feira, dezembro 05, 2013

quarta-feira, dezembro 04, 2013

O outro silêncio.

Maria,
Deste silêncio tenho medo - não abraça; devora. Não é como o que te sorria quando entravas, chave recusada na mão, em cujos dedos tive de a fechar, escondendo a intimidade por trás do biombo de ajuda fraternal, “só para vires regar as plantas”. Que cresceram, e eu com elas. A princípio o sobressalto – “empregada doméstica que esqueceu o guarda-chuva? ladrão avesso a pé-de-cabra e primo do tio do sobrinho do habilidoso que me arranjou a fechadura e despiu o bolso, “com recibo...?”; alma penada sem auto-confiança para atravessar paredes?”. Eras tu. “Preferia tocar.” E eu menti algumas vezes, até responder sem levantar os olhos do livro, mas encolhendo os ombros, “qual é a diferença?, nos hotéis pedimos duas chaves”. A diferença é abissal. Amo o silêncio da casa, espera-me com a ternura da Michelle, que se limitava a ensaiar um solo de bateria com a cauda e não abandonava o sofá, esperando afago e colo noite dentro; até ser transportada como um bebé para o fundo da cama, onde se enroscava a tiracolo de um suspiro feliz. Não andámos longe disso, tu literalmente, eu nos braços do teu olhar.Mas tu ficavas na outra margem da cama, noite após noite um de nós partia à abordagem e o outro oferecia resistência com tanto de falsa como risonha, “és insaciável”, a frase ia e vinha como bola de ping-pong, eu também dentro de ti. Mas nos intervalos de amor e desejo o silêncio guardava tempo e estatuto e era amigável, sabia que nos unira tanto como os rituais desajeitados de sedução.
Este é diferente, não torna as palavras inúteis, rouba-lhes o significado e, não vá o Amor tecê-las..., estrangula-as. É paulatino, mas irreversível. Depois das palavras seremos nós. Por momentos restará um eco longínquo do que fomos, a sombra de Brel sem o cão, o lado escuro da Lua dos Floyd sem amplificadores, uma caricatura obscena do que vivemos. Não importa quantos os degraus, levam-nos pelos pés às areias movediças deste silêncio que me invade as entranhas. De tão profundo e arcaico, resta-me a esperança de que não conheça as regras aduaneiras da (des)União Europeia. Se assim for, estás a salvo – recusar-lhe-ei passaporte,  ficarás livre dele. E de mim. Capaz de viver a plenos pulmões.        

Silêncio

SilêncioAssim como do fundo da música 
brota uma nota 
que enquanto vibra cresce e se adelgaça 
até que noutra música emudece, 
brota do fundo do silêncio 
outro silêncio, aguda torre, espada, 
e sobe e cresce e nos suspende 
e enquanto sobe caem 
recordações, esperanças, 
as pequenas mentiras e as grandes, 
e queremos gritar e na garganta 
o grito se desvanece: 
desembocamos no silêncio 
onde os silêncios emudecem. 

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra" 
Tradução de Luis Pignatelli

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Um homem que sempre leio com prazer. E alívio... Uma boa semana, gente.




As perguntas do Papa Francisco. 2
por ANSELMO BORGES30 novembro 2013http://www.dn.pt/Common/Images/img_opiniao/icn_comentario.gif146 comentários
Embora sensível ao raciocínio de Vasco Pulido Valente, que, reflectindo, no "Público", sobre os caminhos que ficam para o Papa Francisco, concluía: "Apesar da sua imensa popularidade, e mesmo por causa dela, Francisco acabou numa velha armadilha, em que esbraceja em vão. O inquérito não o ajudará.", não creio que, desde que superemos a análise sociopolítica e nos coloquemos na perspectiva cristã, que é a sua, Francisco tenha caído numa armadilha.
Então, qual é o maior problema de Francisco? Ele é um cristão convicto. O que o move é o Evangelho enquanto notícia felicitante da parte de Deus para todos. Assim, o seu problema é que todos se convertam realmente ao Evangelho, começando pelos cardeais, continuando nos bispos e nos padres e acabando nos católicos, que devem converter-se a cristãos.
Neste sentido, não se trata de mudar o essencial da doutrina, mas de ir ao decisivo do Evangelho. Ora, o núcleo do Evangelho são as pessoas, dignas de respeito e atenção. É, pois, preciso continuar a anunciar o ideal do matrimónio cristão, mas, depois, atender às pessoas, às suas necessidades e feridas. Para isso, Francisco conta com a mediação da sensibilidade pastoral dos bispos e dos padres e dos cristãos em geral, que asseguram no concreto a aplicação do ideal.
Por outro lado, não se deve esquecer que Francisco tem uma dupla origem. Ele é ao mesmo tempo "franciscano", e, assim, humilde e próximo das pessoas, e jesuíta, portanto, com toda uma formação de procura da eficácia. Ele crê na "Igreja Povo de Deus", que é também a "santa Igreja hierárquica". Por isso, sabe consultar, no quadro de uma adelfocracia (governo de irmãos), mas também sabe que, em última instância, é a ele que compete decidir, com os outros bispos e em Igreja. Neste quadro, deixei aqui na semana passada o que me parece expectável como resultado deste inquérito, passando agora a algumas perspectivas de teor mais pessoal.
É claro que a família é uma instituição essencial, indispensável, enquanto espaço de comunhão, partilha de afectos, valorização e realização pessoal e educação das crianças. A família é a célula de base da sociedade. Mas também é claro que a pastoral familiar não pode continuar a centrar-se num catálogo de proibições e pecados, na proibição dos anticonceptivos e das relações sexuais pré-matrimoniais. O próprio Francisco já preveniu que não se pode viver obcecado com o rigorismo e o legalismo; de outro modo, "mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas". É evidente que não vale tudo, mas a Igreja tem de reconhecer que tem tido enorme dificuldade em falar pela positiva das questões ligadas à família e ao sexo. O seu discurso nestas matérias tem de centrar-se na dignidade, liberdade, respeito e responsabilidade. Isto também significa que a valorização que se faz da família cristã não tem de ser acompanhada de ataques a outros tipos de realização e vivência de família.
Se o Papa reconhece que há também a tendência homossexual, pergunta-se se não se deve caminhar no sentido do reconhecimento do direito de actividade sexual no mesmo quadro de exigências dos heterossexuais. A adopção é diferente, pois o debate continua, mesmo entre especialistas. Embora Francisco, quando arcebispo de Buenos Aires, tenha aprovado que um casal gay adoptasse uma criança, o que significa, mais uma vez, a dialéctica entre os princípios e as pessoas na sua situação concreta.
Quanto à paternidade e maternidade responsáveis, é urgente perceber que a moral é autónoma, pertencendo, portanto, as decisões neste domínio às pessoas e aos casais, dentro da liberdade na responsabilidade.
No caso dos divorciados que voltam a casar, é claro que se exige celeridade nos processos de declaração de nulidade no casamento. Mas pergunta-se se não será necessário ir mais longe e, atendendo à fragilidade humana, invocar, como a Igreja cristã ortodoxa, o princípio da misericórdia, dando a possibilidade de outra oportunidade. Seja como for, não se pode pedir aos divorciados recasados que continuem no seu empenhamento na Igreja, mas impedindo-os da comunhão.


DN.

domingo, dezembro 01, 2013

sexta-feira, novembro 29, 2013

Uxia - Verdes São Os Campos

quinta-feira, novembro 28, 2013

CAT STEVENS - LADY D'ARBANVILLE

quarta-feira, novembro 27, 2013

Maybe...

Maria,

Longa insónia à vista. Controlo remoto ao leme. Pela enésima vez Milk e um Sean Penn esplendoroso. Vou ficar. Quem sabe? Talvez hoje não morra assassinado; talvez eu adormeça convencido que ainda presenciarei o direito à indiferença; talvez tu atravesses a mítica passadeira de Abbey Road, trauteando we can work it out; talvez...
Sleep tight, darling.

Barbara Jones - Will You Still Love Me Tomorrow

terça-feira, novembro 26, 2013

segunda-feira, novembro 25, 2013

domingo, novembro 24, 2013

Muito gosto eu do homem:).

A família: a felicidade controversa?

A Pastoral da Família não se destina a restaurar uma herança em ruinas e algo idealizada, por isso é ainda mais necessária e urgente.

1. Não há só um modelo de família. Ao longo dos tempos e segundo a diversidade de povos e culturas, os historiadores e os antropólogos podem testemunhar tanto a pluralidade das suas formas como a sua presença constante.
Mesmo hoje, em Portugal, apesar da maior fragilização dos laços conjugais, o aumento dos divórcios, a diminuição dos casamentos e dos filhos, a família apresenta-se, do ponto de vista da realização e da estabilidade emocional, a grande referência. Mais de 70% dos portugueses continua a associar a felicidade à vida em casal. O fim de uma relação não põe em causa esse ideal, embora seja vivido em novos cenários (1). É sugestiva a descrição que alguns sociólogos espanhóis fizeram do ciclo vital dos nascidos no ano 2000. Antigamente, o ciclo vital constava de três ou quatro etapas, agora, de modo mais complexo e diluído, pode estender-se a nove.
A experiência vital começa, para muitas crianças, com o cenário, feliz e curto, de um lar normal, de um filho pequeno com os seus pais. A esta breve etapa, segue-se outra, um pouco mais longa: esta mesma criança vivendo só com a mãe, separada ou divorciada. Uma terceira experiência é, talvez, a de um adolescente vivendo num novo lar com a sua mãe recasada e com uma figura menos atractiva, a de um pai adoptivo ou padrasto. Chegado à maioridade, esse jovem unir-se-á à sua noiva, vivendo com ela em união de facto. Num quinto ciclo vital, a maioria destes jovens acaba por se casar com o seu par e, depois de poucos anos, entram na sexta etapa, a dos divorciados. Irão passar por um tempo de solidão, mas voltam a casar. Chegados a esta etapa de maturidade, ficarão viúvos e irão para um lar ou residência de terceira idade, onde, esporadicamente, o filho ou a filha ou o neto o irão visitar (2).
2. Perante esta situação – com esta ou outras configurações – a “Pastoral da Família” pode ser tentada por um regresso ao passado que já deu quase tudo o que tinha a dar e se tornou inabitável. O cristianismo, aliás, não é a nostalgia de um paraíso perdido, mas a saudade de um futuro de transfiguração. É verdade que muitos pais, ao não desejarem reproduzir um mundo em que nem sempre foram felizes, não encontraram as alternativas que imaginavam. Por outro lado, certa educação liberal, preocupada em nãoimpingir valores convencionais, deixou os jovens abandonados a si mesmos ou como se diz, com desencanto, obrigados a não acreditar em nada.
A Pastoral da Família não se destina a restaurar uma herança em ruinas e algo idealizada, por isso é ainda mais necessária e urgente. Deve ser mais exigente. Além do esforço para estabelecer laços estimulantes entre gerações, tem de saber escutar, acompanhar, dialogar com todas estas novas formas de viver em casal, propondo a descoberta existencial da hierarquia de valores, sem tentar impor o que só pode ser escolhido.
A pergunta a que temos de responder, por obras e palavras, é esta: que podemos nós, Igreja – de solteiros e casados, de casados e recasados – aprender com estas novas experiências onde o bem e o mal, o santo e o perverso, os êxitos e os fracassos humanos andam sempre mais ou menos misturados? Que caminhos abrem estas realidades a outras formas de viver o Evangelho?
Os casais cristãos – os que não se julguem o casal-modelo – em vez de guardar a sua experiência num cofre forte familiar, como diz o Papa, podem estimular as novas gerações a desenvolver uma espiritualidade que não tem necessariamente de reproduzir as mais recomendadas no mercado religioso do passado e no mundo clerical. Alguém dizia que as homilias dos padres, nos casamentos, oscilavam entre as tentativas apoetadas e as apatetadas, tendendo todas para um moralismo sem ética praticável.
As apresentações da doutrina católica da família tendem a mostrar um itinerário que arranca do Antigo Testamento e vem até aos nossos dias como uma auto-estrada, com raros e pequenos desvios. A ocultação das sombras e do escuro não favorece a verdade.
O papa Francisco sabe que as questões da contracepção, da coabitação, do divórcio, das novas uniões, das uniões entre pessoas do mesmo sexo, a adopção de novas tecnologias de fertilidade, etc., apresentam dificuldades que não podem ser resolvidas de forma abstracta, com mais ou menos tolerância ou intolerância. A consulta que desencadeou é mais do que um inquérito. Sendo um método de dinamização de toda a Igreja, não se espere que fique tudo resolvido no Sínodo.
3. Jesus Cristo nasceu e cresceu numa família de cultura e religião judaicas. As narrativas do Novo Testamento não ocultam o longo contencioso que viveu com esta instituição. A fonte das suas reacções mal- humoradas acabam por ser o seu maior elogio. O desígnio de Jesus era lançar a corrente do mundo família: reunir todos os filhos de Deus dispersos. Não aguentava que a sua família o quisesse prender ao modelo que ele queria superar. Não suportava, por outro lado, que o direito mosaico fosse invocado para abandonar a mulher aos caprichos do marido (3).
A família será sempre uma feliz controvérsia.
 Frei Bento Domingues.

sexta-feira, novembro 22, 2013

quinta-feira, novembro 21, 2013

Os tristes têm duas razões para o ser: ignoram ou esperam."
 Albert Camus.

terça-feira, novembro 19, 2013

Maria,
Os “nossos” jogos de futebol... Que demoraram a nascer, eu viciado em malta, cerveja e vernáculo, tu receando que me sentisse a trair os rituais de macho solteirão,  indeciso e desconfiado da astúcia feminina. Quando me disseste que gostavas da bola dei-te o benefício da dúvida, mas a declaração de benfiquismo fez soar todos os alarmes - pensei em estratégia da aranha escarranchada no voo da águia Victória, “a seguir vai dizer que adora os Beatles e o Languedoc, o quarto de banho é o menos, tenho dois, a cozinha?, virtual, só eu sobrevivo ao caos da secretária, com o álibi da coluna passo temporadas no sofá unipessoal,  mas a cama  que a cobiça à noite prefere-a na sua  de manhã e as mulheres consideram o pequeno-almoço prova de amor, adeus liberdade!”.
Adeus a ti... A liberdade é tanta que as sobras construíram uma solidão de legos feitos de recordações. O dia foi longo, a fila no supermercado não.  Comprei um frango, na esperança de o roubar ao Rui Patrício, se errar é humano então os guarda-redes devem ser marcianos, um golo consentido apaga dez evitados, só na guerra a rectaguarda permite um suspiro de alívio. Estivesses tu aqui e falaríamos para o Servemcasa por volta das sete e meia para tentar acertar no intervalo. Eu - sempre rotineiro... -, sugeria filetes de pescada com arroz de camarão, o teu encolher de ombros divertido, “para dois”. Escolher o vinho. A sombra de regras quase esquecidas, amiúde violadas, “peixe, branco”. A minha indecisão crónica, “está frio, abrimos um tinto?”. O alijar de responsabilidades, “se quiseres bebemos água, é Terça e não fim-de-semana, pão nem vê-lo!, portamo-nos bem”. A tua sobrancelha erguida, “a todos os níveis, presumo...”. O gemido, “já custa tanto fazê-lo à mesa, Maria”. A gargalhada, esse preguiçoso levantar do sofá que me fazia desejar-te ao longo dele, eu estendia a mão para cintura que fugia e deixava no seu lugar um “depois” levemente enrouquecido, deve ser a isso que chamam tantalização do prazer, eu preferia citar o Chico, “quem espera nunca alcança!”, o teu riso cobria o saltar da rolha, “boa ideia, pôe música”.
A cabeça no teu colo, discussão de lampiões, tu sempre isenta, “um mês para o Jesus não foi nada mau”. Eu escondendo paixão cega por trás de deformação profissional, “o rapaz só queria a camisola e voltar para a bancada, era deixá-lo ir, o JJ ferve em pouca água e tem idade para guardar más recordações de polícias de pé e a malta no chão, ainda me lembro do que aconteceu em 69 e...”. Os dedos esguios pelo meu cabelo, a língua deliciosamente próxima do ouvido mas com intenções pacatas, “Júlio, se quiseres Sábado vais à Luz e pedes-lhe a gravata ou o nome do cabeleireiro. Hoje, reza para o Cristiano estar inspirado e não tires os olhos da relva, qualquer comentário às suecas e é a morte – e abstinência... - de artista e anfitrião, capice?”. (“Meu Deus, faz com que as nórdicas loiras tenham ficado em casa ou eu me torne daltónico para o amarelo durante noventa minutos e abençoa o CR7 das botas até à ponta dos cabelos, para que aconteça o impossível e ganhemos o jogo fora e em casa ao mesmo tempo!).
Heróis do mar...

Ganhámos! Da alegria solitária ao abraço feliz vai a distância da tua ausência.      

segunda-feira, novembro 18, 2013

STING The book of my life

terça-feira, novembro 12, 2013

No Franganito.

Maria,
Já me ocorreu fazer um guia Michelin sobre restaurantes, mas com sorrisos e braços abertos furando o monopólio de estrelas e cozinha entrelaçadas. Fui jantar ao Franganito. Como vou há quarenta anos. Tempos houve em que não sabia como crismar a refeição, as horas sugeriam chá e scones, eu atacava o bife com batatas, o Sebastião e os pais cercavam o resto da mesa, ora aprovando em silêncio o meu sólido apetite, ora satisfazendo o deles, obrigado a esperar a saída de clientes com horários quase tão bizarros como os meus. O eterno bife estava óptimo, um dia finjo consultar o menu e mato de espanto a família toda. A família toda... (Imaginas a inveja aliviada com que o digo). Há quarenta anos que os visito, sabes? A comida é um pretexto delicioso, mas não indispensável, são meus amigos. E por isso me alegra nunca ter  murmurado um “sinto muito” sem jeito ou dado abraço que não de alegre reencontro. Um luxo na minha idade!, partout je trouve des chaises vides et des passe-partout accablés par ces sacrés morts qui refusent de mourir dans nos têtes,  you know what I mean, please excuse my rusty french, já nem o Michelle dos Beatles me lembro de trautearL. O olhar do Sebastião, que jogou nos juniores do Porto, mas nunca frequentou Psicologia e não precisa, viu-me crescer cada ruga e cabelo branco, é tão fiável como este Verão de São Martinho - tagarela, sorri ou apenas paira, conforme o tempo que me vai na alma. E sabe ouvir perguntas retóricas, o maroto. Eu rosnei – “para onde fugiu o raio do anticiclone dos Açores?”. E ele, impassível – “Alentejo ou Douro?”. Tentei espetar um queixo beligerante e só consegui imitar um rufia de série B – “Londres”. Sentou-se, ombro encostado ao meu, os pais de um lado, o filho do outro, só restávamos nós no restaurante. Falou enquanto o Ronaldo, à nossa frente, abria os braços tauromáquicos  ao público - “sou o maior no futebol e nos anúncios, para não falar de namoradas, o que esperam para votar...” -, “pensei que se tinha demarcado dessa região”.
Uma garrafa, quatro pães, um bife, duas doses de batatas fritas, uma salada, um fondant e uma conta benemérita depois, respondi – “eu também”.

Mas enganei-me...  

sábado, novembro 09, 2013

Coliseu, Sábado à noite.

Maria,
Não deixa de ser caricato, pedir desculpa pelo atraso de uma carta que nada me garante ser lida. E no entanto faço-o. Como se tivesses perguntado “que tal correu?” e o silêncio vivesse, culpado e arrependido, uma longa semana depois. Correu bem é curto, a vida plena é cheia de pormenores. Que os Machado Vaz fazem gala de entregar nas mãos da última hora... Resultado –  polvilhámos o Coliseu à distância de números e filas, que não de afectos, as duas cadeiras de orquestra reservadas para os meninos, afinal são vanguarda e hospital de rectaguarda da família.
Sabes que vi Os Azeitonas muitas vezes, mas esta foi diferente, havia sabor a festa no ar e um aconchego todo portuense nos corações; foi diferente. Perigoso também!, a senhora a meu lado dançava de cotovelos bem abertos, mantive o entusiasmo sentado com receio de um grand final na Urgência do Santo António. Espectáculo terminado, banda e filarmónica já desaguando em Passos Manuel, fui em busca dos petizes. E de imediato me dediquei a tarefa obrigatória de Avô, acrescentar um verso à lenda familiar. “Vocês têm sorte”, disse, “Pai e Tio artistas”. Os putos duvidosos, habituados como estão às minhas loucuras, “mas só o Tio João é músico”. Era a deixa que esperava para dissertar com abundante ignorância sobre o estatuto da arquitectura, “voilà” (guardei o q.e.d. para mim, presumo que terão escapado ao rosae, rosarum, pois se nem o meu amado francês dominamL).
E o Gaspar, sorriso maroto em punho, ripostou – “a Psicologia também é uma Arte, Avô Júlio”. Imaginas o que aconteceu – o nome voou para quem mo legou, o miúdo exibia elegância ternurenta que parecia jorrar dos neurónios florentinos de meu Pai, fiz-lhe um afago no cabelo para compensar a greve de palavras que o nó na garganta decretara. Na rua a festa continuava,  desci rumo a automóvel e noite de sono antecedida de memórias, vi “O dia mais longo” naquela sala com minha Mãe segredando, encantada – “o teu Pai no cinema, é um milagre”. Não era, o  velho estudava a Segunda Guerra Mundial com desvelo de coleccionador, abrira uma excepção em rotina de noites caseiras para confirmar suspeitas, “o livro é melhor”.

 Imerso no passado, notei o presente à queima-roupa, o João aflorava-me o ombro, um descia e outro subia, rua e vida!, a imagem é adequada. Chamei-o, a medo e envergonhado, a rua era de todos, mas à festa não pertencíamos eu e a minha nostalgia. Abençoada surdez o feriu, egoísta desconsolo se me pendurou ao pescoço por breves instantes, miúda eufórica o substituiu, “deve estar tão orgulhoso, gosto muito do seu filho”. E seguiu-o, corrente acima, amantes da pop e salmões devem ter algo em comum! De novo meu Pai, afectuosamente irónico – “sou marido e pai de vedetas”. Divorciado, a frase inteira está-me vedada, mas quando olho os meus rapazes, entendo, reivindico e saboreio a segunda parte dela...    

terça-feira, outubro 29, 2013

Old Fashioned Love Song (1975) - Three Dog Night

http://www.youtube.com/v/AM7zb5FMmLM?autohide=1&version=3&showinfo=1&attribution_tag=o2xD4hE_tMpzrY30rYhtag&autohide=1&feature=share&autoplay=1

Em breve, por lei, passarão a ser os Two Dog Night:(.

http://www.youtube.com/v/rKaQzQAlNn4?version=3&autohide=1&autohide=1&autoplay=1&attribution_tag=_snNI5Kh64wkQuiRp423jg&showinfo=1&feature=share

segunda-feira, outubro 28, 2013

Na falésia.

Maria,
Quando eu morrer, não te vás despedir de mim à Lapinha.  Não mereço calça, culote, paletó, almofadinha. E detesto cordões de ouro... Vai a Charing Cross e compra um bilhete para Folkestone. Tu sabes – uma daquelas cidadezinhas debruçadas sobre a Mancha sem Quixote, quando pára de chover os ingleses correm à praia e aos bicudos seixos, coitados!, nunca namoraram em areia fina,  vento cortante e Atlântico gelado. (Eu sei, eu sei, a culpa era minha, detestava o Algarve...).  Vai à falésia, mas não procures França ao longe - se a nostalgia te assaltar ouve a canção de Oldfield, a música leva-nos everywhere, como aí se diz -, vê onde pões os pés. Não, não, nada disso!, é terra firme em país que reinou sobre os águas, estás segura, querida. Quero que sigas as pegadas na relva, that’s all. Mais tarde ou mais cedo verás um coreto que abriga uma banda, hélas!, sem Sargento Pimenta. Ao seu redor cadeiras de lona e mantas para joelhos e não só, algumas sobem a peitos friorentos e dados a caprichos da tosse, a maior parte deles com vidas longas e futuros anémicos, mais uma razão para mergulharem nos seus acordes favoritos e patrióticos, “rule Britannia, Britannia rule the way...”. Há um estrangeiro entre eles. Estrangeiro e não estranho, sente-se confortável na loira Albion, mas nasceu a Sul e a ele voltará, tristesse oblige.

Sou eu – adolescente; inseguro; sozinho; só. Em resumo – antes de ti, primeiro; da tua saudade, mais tarde. Dá-lhe um beijo. E eu dir-me-ei, aliviado, ao espelho – R.I.P. (Vivo, não foi possível sem ti...).  

sábado, outubro 26, 2013

Os neoliberais,,, Quanto à "vingança", nem pensar!

AS PREMONIÇÕES DE NATÁLIA

"
A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".

"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"

"Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".

"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".

"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".

"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"

"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir".

Natália Correia
Todas as citações foram retiradas do livro "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta.



quinta-feira, outubro 17, 2013

Ageing on the road.

Maria,
Fazer anos não no tempo dos relógios, mas no espaço dos afectos, disperso por este Portugal - brando nos costumes, cinzento no humor, vingativo na governação. E assim repetir o jantar dos Machado Vaz por aldeias sem fim, os roadies armando o restaurante e o sorriso do senhor Manuel dia após dia, até eu ser um honesto idoso de 65 e com tímida falta de vergonha pedir outra voltinha aos meus rapazes e mais uma opulenta costeleta para os netos. Tricotar conversa de treta que não me distraia do essencial - vê-los ao meu redor. E em prece silenciosa de agnóstico pedir que a tua sms, como sempre, seja certeira - "um óptimo jantar para todos, à sombra da asa do patriarca".
Que aspira ainda a proteger os seus, mas se limita a invejar voos alheios desde que partiste.
GMDT.

quinta-feira, outubro 10, 2013

O sortalhão.

Maria,
Sabes como a existência de Deus e do Diabo me colocam na defensiva – ninguém me arranca um “sim”, mas aceito um “por que não?” sem taquicardia ou suor, afinal o ateísmo não passa de outra fé! Mas acredito piamente na sorte, precisasse ela de um crente embaixador e  levantaria o dedo, por prazer e obrigação. Mais uma viagem, mais um Congresso, mais uma voltinha sem carros de choque e Palácio de Cristal. De repente, a dúvida – onde e a que horas falo? Telefonema ao Pedro Vendeira, resposta pronta, “até amanhã, Professor”. Há trinta anos atrás eram os mais velhos a mimar-me, hoje é a geração mais nova, quantas vezes estive ombro a ombro com o Pedro? Inúmeras, pelo menos uma à sua frente, transido de um medo gélido que o maroto conseguiu apaziguar. Maria, tive fortuna ensanduichada, recebi abraço carinhoso de – pelo menos! - duas gerações. Assim não envergonhe eu o Pedro amanhã... Dois ingleses da minha geração sorriem à minha frente, escutando os Abba de mãos dadas. Quando acabar (?) de te escrever fugirei, sorrateiro, para a minha varanda. Com a pergunta abastardada do Eugénio a martelar-me a cabeça – por quanto tempo conseguirei trabalhar com estes jovens sem os envergonhar?

GMDT.

sábado, outubro 05, 2013

A árvore.

Maria,
Nem discursos opostos ao dia soalheiro; nem  bandeiras às quais não fazer o pino chega para  adejar ufano; nem mecânicas saudações, que a fila é extensa; nem varandas que melhor seria transformar em marquises de vidro duplo, pois na rua há quem não de demita de pedir demissões; nada. E digo-o com alívio... Mas aqui em Cantelães, como na infância atenta à incorrecção factual de Pai solenemente risonho, aqui o 5 de Outubro continua a ser feriado nacional, imune a gula política ou compreensão eclesiástica; granítico, como o velho Afonso. Singelo também. Apenas eu e a Mila, que exibe literal fidelidade canina, fitamos a árvore em silêncio. Porque os chavões não acrescentam nada a amor e saudade e “feliz aniversário, Mãe” belisca nostalgia megalómana – ainda que enroscada na sua paixão de cinquenta anos para a eternidade, o sorriso, que Espírito Santo e Diabo procurarão sem sucesso imitar - por lhes garantir um assinalável aumento de eficácia... -, “esse” sorriso, apenas se abrirá quando eu me juntar a eles.

Dorme bem. Amo-vos.

sábado, setembro 21, 2013

Cristalino...


O presidente da EDP acredita que o Tribunal Constitucional pode forçar um segundo resgate a Portugal e defende que os juízes do palácio de Ratton deveriam ter tido em consideração a actual conjuntura quando chumbaram algumas das medidas do Governo.

Numa entrevista à TSF, a propósito da situação do país, António Mexia comentou que as medidas que o Tribunal Constitucional tem vindo a chumbar, como os cortes nos subsídios de férias ou algumas medidas da requalificação da função pública, poderão vir a ter consequências para o país.

Para o presidente da EDP, a manter-se este rumo, e caso o Tribunal Constitucional não dê luz-verde a algumas destas medidas de contenção, o país corre o risco de precisar de um segundo resgate dos parceiros internacionais — numa altura em que a troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) deveriam deixar o país para o ano.

E avisa, por isso, que, da próxima vez que os juízes forem chamados a pronunciar-se sobre leis de grande impacto nas contas públicas, devem ter em conta o contexto que o país vive. “Portugal irá conseguir acesso aos mercados. Mas, para isso, é decisivo que não se passem algumas decisões, como houve, do Tribunal Constitucional. Acho que foram decisões complicadas que, no fundo, não têm em consideração o contexto”, insistiu, sublinhando que os direitos devem ser olhados “em função da capacidade da economia se financiar”.

Numa análise a algumas medidas, na mesma entrevista à TSF, Mexia defendeu ainda que a redução do IRC de 31,5% para 19% deve ser aproveitada como um estímulo para a criação de emprego. E apelou também a que as próximas linhas de acção do Governo sejam explicadas desde já para não se perder tempo. “Há que ter uma abordagem muito clara no que diz respeito aos próximos passos e às próximas reformas. As decisões devem ter em linha de conta esta obrigação de que nós temos de regressar aos mercados”, afirmou.

Cinco chumbos à maioria PSD/CDS
O chumbo do Tribunal Constitucional ao regime da mobilidade na Função Pública, em Agosto, foi o quinto a esta maioria parlamentar PSD/CDS, que já tinha visto serem declaradas inconstitucionais propostas de dois Orçamentos do Estado (OE).

O primeiro chumbo à maioria liderada por Pedro Passos Coelho surgiu em Julho de 2012, pouco mais de um ano após a tomada de posse, com o Tribunal Constitucional a pronunciar-se contra o corte dos subsídios da função pública, previstos no OE de 2012.

O Tribunal Constitucional (TC) justificou a decisão, aprovada por uma maioria de nove juízes contra três, considerando que "a dimensão da desigualdade de tratamento que resultava das normas sob fiscalização" violava o princípio da igualdade, consagrado no artigo 13.º da Constituição.

Já este ano, em Abril, o Tribunal Constitucional chumbou quatro artigos do Orçamento do Estado para 2013 relacionados com os cortes nos subsídios de férias, de desemprego e de doença. Em Maio, foi a vez da lei que criava comunidades intermunicipais não passar no Constitucional. O diploma era uma das reformas-bandeira do ex-ministro Miguel Relvas.

Ainda sem cumprir um ano de governação, em Abril do ano passado, a maioria liderada por Pedro Passos Coelho já tinha visto ser chumbado pelo TC o diploma que visava criar o preceito do crime de enriquecimento ilícito e que tinha sido aprovado na Assembleia da República em Fevereiro, por todos os partidos com a excepção do PS.

Também este chumbo surgiu depois de um pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade apresentado pelo Presidente da República. O tribunal entendeu então que eram violados os princípios constitucionais da presunção da inocência e da determinabilidade do tipo legal.

Público.

P.S. Os direitos devem ser olhados “em função da capacidade da economia se financiar”. Eu fiquei esclarecido quanto às prioridades. Vocês também? Se a economia, essa entidade abstracta!, não se consegue financiar, os direitos – como direi? – devem ser olhados… com espírito aberto e maleável. Os nossos, claro…

segunda-feira, agosto 19, 2013

Márcia - Dá - Vem.2010


Márcia - Dá - Vem.2010


segunda-feira, agosto 12, 2013

Muito gosto eu deste maroto:).


sábado, agosto 10, 2013

R.I.P.

O Fim do Amor Trágico e Romântico?Vivemos, de facto, numa época em que a noção de amor trágico e romântico, que herdámos do século dezanove, se tornou inactual, embora continue ainda a ser vivida por muitos - e até com o carácter de construção moral e estética - essa relação extremamente apaixonada, exigente e exclusiva. A reclamação da liberdade erótica não me parece que de algum modo tenda a degradar a vida, conquanto possa dessublimizá-la e do mesmo passo desmistificá-la, precisamente no propósito de a tornar mais lúcida e mais generosa. Afigura-se-me que na contestação de todas as prepotências firmadas em preconceitos, em princípios estabelecidos apriorísticamente, há sempre um nexo muito íntimo entre a reinvindicação da liberdade erótica, da liberdade no trabalho e da liberdade política. E, naturalmente, quando se dá uma explosão desta espécie, é como uma pedra que rola e que vai agregando uma série de materiais e descobrindo a sua própria composição até às zonas mais profundas da sua estrutura. 

Urbano Tavares Rodrigues, in "Ensaios de Escreviver"

terça-feira, agosto 06, 2013

domingo, agosto 04, 2013

Perante os assobios...

Versão clássica - e abrasileirada... - do diálogo entre Jesus e o Maligno:


1 Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto,
2 onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo Diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome.
3 O Diabo lhe disse: "Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão".
4 Jesus respondeu: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem'".
5 O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
6 E lhe disse: "Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser.
7 Então, se me adorares, tudo será teu".
8 Jesus respondeu: "Está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'".
9 O Diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: "Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo.
10 Pois está escrito: " 'Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem;
11 com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra'".
12 Jesus respondeu: "Dito está: 'Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus'".
13 Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna.

Versão moderna - e benfiquista... - do episódio:
1 - O Diabo lhe levou a gravação do Benfica - S.Paulo e disse: "Adora-me e oferecer-te-ei uma defesa segura, que de vez em quando não sofra golos".
E Jesus cedeu à tentação. Mas contou a toda a gente que fora ele próprio o autor do milagre:).

terça-feira, julho 30, 2013

Dava pano para mangas:).

Se Me EsqueceresQuero que saibas 
uma coisa. 

Sabes como é: 
se olho 
a lua de cristal, o ramo vermelho 
do lento outono à minha janela, 
se toco 
junto do lume 
a impalpável cinza 
ou o enrugado corpo da lenha, 
tudo me leva para ti, 
como se tudo o que existe, 
aromas, luz, metais, 
fosse pequenos barcos que navegam 
até às tuas ilhas que me esperam. 

Mas agora, 
se pouco a pouco me deixas de amar 
deixarei de te amar pouco a pouco. 

Se de súbito 
me esqueceres 
não me procures, 
porque já te terei esquecido. 

Se julgas que é vasto e louco 
o vento de bandeiras 
que passa pela minha vida 
e te resolves 
a deixar-me na margem 
do coração em que tenho raízes, 
pensa 
que nesse dia, 
a essa hora 
levantarei os braços 
e as minhas raízes sairão 
em busca de outra terra. 

Porém 
se todos os dias, 
a toda a hora, 
te sentes destinada a mim 
com doçura implacável, 
se todos os dias uma flor 
uma flor te sobe aos lábios à minha procura, 
ai meu amor, ai minha amada, 
em mim todo esse fogo se repete, 
em mim nada se apaga nem se esquece, 
o meu amor alimenta-se do teu amor, 
e enquanto viveres estará nos teus braços 
sem sair dos meus. 

Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"

quinta-feira, julho 25, 2013

Diabolicamente belo:).

quinta-feira, julho 18, 2013

Uma rua que começa...


Povoamento

No teu amor por mim há uma rua que começa
Nem árvores nem casas existiam
antes que tu tivesses palavras
e todo eu fosse um coração para elas
Invento-te e o céu azula-se sobre esta
triste condição de ter de receber
dos choupos onde cantam
os impossíveis pássaros
a nova primavera
Tocam sinos e levantam voo
todos os cuidados
Ó meu amor nem minha mãe
tinha assim um regaço
como este dia tem
E eu chego e sento-me ao lado
da primavera

Ruy Belo, in "Aquele Grande Rio Eufrates"

quarta-feira, julho 17, 2013

segunda-feira, julho 15, 2013

E tudo o vento trouxe:).


Maria,

A fotografia de minha Mãe à esquerda, a velha placa do laboratório de meu Pai à direita, no meio não suspira virtude mas saudade. Que me diriam, na varanda debruçada sobre céu tripeiro? Talvez nada, adeptos que éramos do silêncio cúmplice; aconchegado. Ver-te chegar, melhor!, adivinhar-te no sorriso dela, cabeça reclinada na mão, como tu fazes. E em psiquiatra tal semelhança é ainda mais suspeita, apaixonei-me por ti ou pela brisa que vos une desde o primeiro olhar? Para não falar do meu, refugiado atrás de café, livro, distância e espelhos do meu querido Majestic, “olho ou não, será tão fascinante como o  reflexo?”. O cabelo chovia sobre mesa e ascético chá, o dedo em meditada circunavegação do pires envergonhou a pressa, ruborizada mas sem pudor, com que me afastei do longo cruzar das tuas pernas. Não fui a tempo. O desejo, de tão intenso, levou-te a buscar-lhe a fonte, por segundos receei que a decretasses suja e a mim não potável. Por segundos. Depois mergulhei na interrogação tranquila dos teus olhos e apoiaste a face na mão. Como ela… A quem contei o sucedido com excitação mais adequada a tórrido encontro de amor. (Foste tu a explicar-me, muito depois, que precisamente disso se tratara.) Ela escutou e sorriu – “não te precipites, deixa-vos acontecer”. Não percebi a sageza da frase, utilizei-a como álibi para a timidez que se me apoderara de língua e pernas, nos dias seguintes nem do espelho passei! Até ao que me pareceu de festa, inventado por Senhor e Acaso em minha ajuda que não honra, alguém abriu a porta ao vento e ele decidiu brincar com os teus papéis pelo chão,  eu mergulhei, egoísta, para me salvar. A avidez foi tanta que tos devolvi amarfanhados, em miserável desordem, talvez inúteis, e contudo eu abrigava a megalómana esperança de um “obrigado”.

Apenas para ficar siderado por sorriso largo de alívio maroto – “caramba, até que enfim, foi preciso um ciclone!”. Não sei, Maria, a meteorologia navega no imenso oceano da minha ignorância. Mas atendendo ao que irrompeu pela tua mão na minha vida, aceito qualquer descrição – de terramoto a fogo de Estio. E ninguém me ouviu pedir ajuda, deixei-nos acontecer…          

segunda-feira, julho 08, 2013

Uma voz abençoada...


domingo, julho 07, 2013

sexta-feira, julho 05, 2013

segunda-feira, julho 01, 2013

Clandestino a prazo.

Maria,
Falar-te ao ouvido, quando ja adormecida. Baixinho, para nao acordares; com a paixao necessaria para te invadir os sonhos. E deixar a duvida para a manha seguinte - "sonhei ou   por uma vez o disse?". Beber o sumo de laranja como se nada tivesse acontecido. Alem de acordar a teu lado...
O que nao e privilegio menor.

Esperar a noite seguinte e repetir a artimanha. Na esperanca de ser apanhado - "Quem, eu?".
Esse riso gaiato:).

quarta-feira, junho 26, 2013

She's a hard headed woman:).

Julio Guilherme,


Sabes que te compreendo. E que adoraria te-lo conhecido, embora tenha certeza de que recearia a sua opiniao... Mas desgosta-me essa tua tendencia para afogares o presente nas aguas fundas e ternas das memorias. So lhes faras justica vivendo o dia de hoje. Ou pelo menos o de amanha, hoje ja nao ha aviao para Londres. Did I make myself clear, you stubborn bastard?


terça-feira, junho 25, 2013

De carne e osso.

Maria,
Por razoes de circunstancia - a escrever assim ainda acabo no GOverno... - meu Pai acompanhou-me o dia todo. Explicando, lendo, aqui e ali caindo em si e na sua eterna elegancia - "Desculpe, o meu filho sabe tudo isto". Porque mo ensinou... Mas de imediato o esqueceria, ate a ultima letra se tao assustadora amnesia o trouxesse de volta um instante. Maria, nao me ralhes - vivo entre e de recordacoes, por vezes pasmo por o teu corpo nao se desfazer ao toque e encabritar o meu.

sábado, junho 22, 2013

A revelia de S. Gaspar.

Maria,

Para onde foge o vento quando deixa de soprar? Onde se esconde o amor angustiado? Quem sossega os corpos exasperados? Tu sabes? Faz-me um curso intensivo e eu nao peco recibo. Deus abencoe a economia paralela se nos juntar:).

terça-feira, junho 18, 2013

segunda-feira, junho 17, 2013

Boa noite, gente.


Insuportável:(.

Desmentir notícias sem fundamento é imperioso em termos gerais e uma obrigação ética para connosco, benfiquistas. Mas a forma do último comunicado do Benfica, em que se inisinua eventual consumo de substâncias por parte de um jornalista - ignorante, apressado, mal-intencionado ou seja o que for... -, é um insulto à grandeza da instituição Benfica, que não merece ser enxovalhada por um estilo que, caridosamente..., apelidarei de trauliteiro.

domingo, junho 16, 2013

sexta-feira, junho 14, 2013

Boa noite, gente.


Boa noite, gente.


quarta-feira, junho 12, 2013

Para que a Cê Tê não pense que me engano com o restaurador Olex:).

Como se Morre de Velhice

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)'


 

terça-feira, junho 11, 2013

Talvez ele tenha escrito um manual...

Newman em A Cor do Dinheiro... Mas quem deu a este maroto o direito de envelhecer esplendorosamente?:).

segunda-feira, junho 10, 2013

Stairway to Heaven.

Maria,
A paz desse dormir. Face e mão enroscadas no meu braço, perna refugiada entre as minhas, cativas do seu veludo. A feroz insónia reabilitada, por me conceder o privilégio da tua imagem e a fantasia de um despertar sob chuva de cabelos e riso, "ontem adormeci, mas hoje compenso-te". E eu aceitava, agradecido, embora a dívida não existisse, o desejo encara a espera como a página a demora de um verso - degraus rumo ao Céu.   

domingo, junho 09, 2013

sábado, junho 08, 2013

"My Prayer" The Platters


Autárquicas.

Quando soube da anuência do Engenheiro Nuno Cardoso ao "brutal apelo" da população do Porto para que se candidate à Câmara, velho amigo não resistiu a interpelar-me - "Lá vais tu zurzir o PS-Porto...". É verdade que ao longo dos anos me entristeceu a vertigem suicidária do PS na minha cidade (quando não a nível nacional...). Não sou um "independente filiado", o meu voto passeou-se por outras paragens ou imitou lençóis e camisas de anúncios a detergentes milagrosos. Mas ao ler a notícia, o pensamento fugiu-me noutra direcção - que mal fez o Porto para ser o tabuleiro do jogo de xadrez - velho de décadas! - em que se defrontam os Drs. Rui Rio e Luís Filipe Menezes?

sexta-feira, junho 07, 2013

Seal - Love's Divine (Video)


terça-feira, junho 04, 2013

segunda-feira, junho 03, 2013

Lá fora amor...


domingo, junho 02, 2013

"Grupo específico", "hipócrita" e outras expressões "cristãs"... Que Deus lhe perdoe, se Deus existir!

O arcebispo de Braga classificou hoje a lei da co-adoção como "o mais recente atentado contra a família na sociedade portuguesa", considerando que quem a defende apenas quer angariar mais argumentos para justificar o seu "casamento camuflado". Para Jorge Ortiga, que falava na missa dominical, no Santuário do Sameiro, aquela lei, já aprovada na generalidade, "ofende a dignidade humana das crianças e, por inerência, atenta contra o futuro sociedade portuguesa". O prelado acusa o "grupo defensor" daquela lei de querer "aproveitar-se" da fragilidade jurídica das crianças e da "distração" dos políticos, focados na "salvação" económico-social do país, para "satisfazer os seus caprichos e escrúpulos sectários, de modo a angariar mais argumentos 'a posteriori' que justifiquem o seu casamento camuflado". "Neste período concreto da história do nosso país, em que atravessamos uma das piores crises económicas de sempre, e os níveis de pobreza, emigração e desemprego atingem números recordes, é interessante notar como este grupo específico se serve deste cenário trágico para, tacitamente, conseguir a aprovação de uma lei que atenta contra a dignidade das crianças", criticou. Na homilia da missa dominical, no Santuário do Sameiro, Jorge Ortiga considerou ainda "muito estranho" que os defensores da lei da co-adoção "só agora se lembrem das crianças desprotegidas, abandonadas e órfãs, oferecendo-lhes uma 'bondade humana' tão hipócrita, quando, outrora no passado, pouco ou anda fizeram por elas". "E, como se isso não bastasse, ainda há bem pouco este mesmo grupo defendeu a lei do aborto, essa lei que mata por ano 20 mil crianças no nosso país", acrescentou. Lembrou que "a adoção existe para proteger o superior interesse da criança e não o interesse dos pais que querem adotar". Sublinhou que a criança "tem direito a ter um pai e uma mãe, o direito a conhecer a identidade do seu pai e da sua mãe biológicos e o direito a ser educado num ambiente familiar sadio, que lhe proporcione uma formação integral da sua personalidade, algo que só a família natural (homem e mulher) lhe pode oferecer". "Será que os deputados, que se recusam a diminuir o número de membros da Assembleia da República e que ainda há bem pouco tempo ignoraram as 92 mil assinaturas a pedir um referendo sobre a legalidade do casamento defendido por este grupo, irão novamente aprovar uma lei que ofende a dignidade humana das crianças e, por inerência, atenta contra o futuro sociedade portuguesa?", questionou. Formulou votos para que os deputados, "num assunto tão delicado, superem a ideologia partidária e ouçam verdadeiramente o querer dos portugueses, que os elegeram". O parlamento aprovou a 17 de maio (com 99 votos a favor, 94 contra e nove abstenções), na generalidade, um projeto de lei do PS para que os homossexuais possam co-adotar os filhos adotivos ou biológicos da pessoa com quem estão casados ou com quem vivem em união de facto.

Um dia destes...

Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar. Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, maio 31, 2013

Good Night - The Beatles


quarta-feira, maio 29, 2013

terça-feira, maio 28, 2013

O engano.

Maria, O dilúvio. E eu encharcado até aos ossos, no rosto águas se misturam, patinho em lama trepadeira, aceno a barca que passa. Estranhamente seca… Afogo o grito, recolho a mão, aceito o fundo. Seca… Não é a tua.

domingo, maio 26, 2013

Pró ano há mais! Do mesmo?:(.

Maria, Mas tu estás louca!, o que a distância não conseguiu vai acontecer por obra e (des)graça de um jogo de futebol?????? Ficas furiosa por te dizer que me enternecem os festejos em Guimarães? Que os miúdos mereceram a vitória? Mas afinal quem é o fanático do Benfica e a simpatizante por solidariedade amorosa? Ainda por cima uma cidade que sempre nos recebeu de braços abertos e lábios fechados, a pretexto da Cultura vivemos lá desejo telúrico, para roubar o adjectivo ao Torga. Ah, o problema não é a alegria dos vimaranenses, mas o meu estatuto de profeta da desgraça, o coração chora enquanto o córtex trauteia frase que todos odiamos – “eu avisei…”. Estás enganada, querida. Quando pedi às tropas cautela depois das vitórias contra o Sporting, na Madeira e sobre os turcos, não imaginas como desejei ser um velho do Restelo – e da Luz… - a caminho do ridículo. Sou psi, fui educado para ouvir, se possível escutar. E naqueles dias, perdoa a herança dos meus queridos padres do João de Deus!, a música pecaminosa da soberba soava por todo o lado. Como o ano passado… Houve quem reservasse o Marquês, o silêncio absoluto sobre as arbitragens pariu mais uma daquelas conferências de imprensa trauliteiras indignas da grandeza do Benfica, a vertigem da final da Liga dos Campeões na Luz da próxima época espreitou por cima do ombro do bom senso, cúmulo dos cúmulos! – milhares correram aos bilhetes do jogo com o Estoril para festejar o campeonato, pois o FCP “ia perder contra o Nacional”. Avisei? Avisei. Mas fiz mais – disse que se perdêssemos tudo agradeceria de qualquer forma muitos dos momentos ao longo da época. E agradeço! Não peço a cabeça de Vieira ou de Jesus, continuo a pensar que o Benfica fez um longo caminho, lembras-te de estar no primeiro pote – palavra divertida e infantil… - do sorteio da Liga dos Campeões? Mas agora, que não podemos perder mais nada, e já que Inglaterra – ou algum benfiquista emigrado que desconheço? - te tornaram numa surprising treinadora de bancada, permite-me umas duvidazinhas de algibeira: quando no princípio da época disse que não era justo exigir a Melgarejo que se transformasse num defesa-esquerdo competente sem a muleta de um veterano, por que me crismaram de ave agoirenta?; para onde exilaram o miúdo nos últimos jogos e porquê, se não por ter errado?; a célebre rotatividade… Manda para casa de folga o Enzo e o Matic, quem ficava?; Nolito e Bruno César saíram em Janeiro, Carlos Martins e Aimar não existiram; André Almeida foi médio, defesa-direito e defesa-esquerdo; o gélido Artur derreteu-se em boa parte dos jogos fundamentais; Jesus tem tanto de bom treinador como de megalómano que sacode a água do capote, quando ele próprio envia para dentro de campo apostas que este teu humilde servidor não entende, como Martins contra o Estoril e Roderick contra o Porto; mais do que física, a equipa exibiu uma fragilidade psíquica aterradora, que torna impossível defender qualquer resultado tangencial sem um permanente credo na boca. And so on, and so on, darling. E tu ralhas-me?????? Zurzido ao jogo, devo também sê-lo ao amor? (Já nem respeito há pelos ditados populares…). Pois é muito boa altura de esquecer os punhos de renda e pegar no megafone – o teu lugar hoje era aqui; comigo. Para festejar um pálido prémio de consolação ou chorar a última fatia de azedo bolo, “anda, vem-te deitar”. A minha cama vazia e a tua almofada no armário proíbem-te os remoques, amanhã levar-te-ia de bom grado ao avião. Quando eu era puto, dizia-se “que se lixe a Taça, o que interessa é o campeonato”. Também o perdi… Mas se te ouvisse a voz exigindo que desligasse computador e televisão e adivinhasse sorriso maroto entre os lençóis ainda navegando o corredor, em verdade digo que mandaria lixar o próprio futebol! E perder-me-ia, grato, nos jogos que me ensinaste. Mas não me peças fair play perante a tua falta de comparência:(.

quarta-feira, maio 22, 2013

TVcine3

Maria, Lua quase cheia e pensamento supersticioso a fazer o pino – estará ela quase vazia de mim? (E se “quase” for optimista?). Um amigo no hospital, as sms falham, no seu lugar faria o mesmo. Ser chefe quando rezo para que tomem conta de mim. A fuga para a televisão, talvez esta angústia se cure a tiro de western ou policial… Frankie e Johnny, o Diabo decidiu divertir-se à minha custa, há quantos anos não tropeçava neste filme? Beber o cálice até ao fim. (Que megalomania é esta?, a frase pertence a Jesus e ao Chico). Pacino, antes de se render ao overacting. Pfeiffer desconfiada, mas fascinada por uma flor. Lembro-lhes cada tropeção até ao abraço final. Mas não arrisco – vou rever para me assegurar que ficam juntos. Se os americanos ganharam a guerra do Vietnam em Hollywood, por que raio não consigo eu um mísero armistício contigo em noite de Lua quase cheia? Eu sei, chama-se vida real.

terça-feira, maio 21, 2013

R.I.P.

Ray Manzarek morreu. Mais uma porta se fechou.

segunda-feira, maio 20, 2013

Eu levo a camisa. Ele fornece as varas...

Maria, Falou-me o Padre Baptista. Sabes o carinho longo que nutro por ele, uma boa alma pastoreando outras. De boca aberta ficou a minha ao escutar-lhe o pedido, feito com doce velhacaria - não é que o maroto vai fazer uma tertúlia com base nos trajectos de vida – e fé… - de duas ou três pessoas? Exacto, eu sou o gentio convidado! Ou seja: uns falarão da Graça que sempre os iluminou; outros de como a buscaram e fizeram sua; alguém, suponho, relatará separação num qualquer cruzamento da existência ou desacordo longamente amadurecido. E eu? Lembro provocação risonha de pároco em Chaves há um ror de anos – “o senhor é um católico que não acredita em Deus”. Talvez. Sem remorsos poderei falar do meu querido João de Deus e dos padres que não negavam os ensinamentos de Jesus aos que – apenas?????? – o consideravam filho do Homem. Ou do não menos querido Ferré, lesto a anunciar igual surpresa perante duas fés - de crentes e ateus. Sou agnóstico. Alturas houve em que precisei desesperadamente de acreditar em Deus e quase Lhe faltei ao respeito, se Ele existe. Porque O faria viver para me atalhar a solidão, a minha fé por um ombro amigo ou relâmpago ao fundo do túnel. Percebi a armadilha à espera de ambos e recuei. A minha eternidade será “vivida” aos pés de uma árvore de Cantelães, com meus Pais e os cachorros, embora deseje aos meus bichitos que vivam como tartarugas. Se me acordar para o Juízo Final, não duvido que o Senhor suspire, fatigado, em face do interminável rol dos meus pecados, mas nenhum anjo amanuense me atribuirá crença funcional… Maria, que vou eu dizer nas tertúlia do Padre Baptista?

quarta-feira, maio 15, 2013

Rescaldo.

O Benfica é a minha única paixão feliz, sobrevive às derrotas sem receio de morte ou crepúsculo. Mas aceito que, precisamente por isso!, a lucidez me esteja vedada. O Benfica foi melhor, muito melhor, enquanto as pernas duraram. E ineficaz... Depois, dois erros defensivos, já são habituais. E contudo, não me passa pela cabeça não agradecer aos meus "meninos", quatro dias após o pesadelo do Dragão, jogaram como se nada tivesse acontecido. A última palavra tem destinatários sem rival - os adeptos foram inexcedíveis ao longo de toda a época e hoje ultrapassaram tudo o que seria expectável. Não há vitórias morais. Esta semana os momentos de tristeza acumulam-se a um ritmo vertiginoso, na minha idade é impossível não os associar ao regresso ao nada. Paciência! Importante é ajoelhar e partir de coluna direita.

Boa noite.

Zapping. Vi O Substituto, com Adrien Brody, dirigido por Tony Kaye. Com um nó na garganta. Um professor aposentado não passa de um tipo com mais tempo e recuo para pensar o Ensino. E perguntar(-se) "como é possível?".

domingo, maio 12, 2013

Com um abraço para a Andorinha:).

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade. Confúcio.

quinta-feira, maio 02, 2013

Há limites!

Maria, Pronto, não vens ao Porto. Mas Amesterdão, "estádio" neutro, bicicletas, cerveja virada, charro sem inalar, janela fechada sobre o canal..., olha!, se vieres nem sequer vou ao jogo, não posso fazer mais... Perdão? Beijar o Gaspar? Maria, lá cantava o Dylan - ofereço-te o coração e tu pedes-me a alma:(.

sexta-feira, abril 26, 2013

O pragmático.

Tenho um neto de doze anos que se debate com um dilema existencial: não quer que algum dia eu morra, mas tem pressa de herdar Cantelães:). Quando lhe fiz notar que pai e tio se perfilam antes dele na sucessão encolheu os ombros e disparou - "esses tenho-os controlados". E esta hein?, como diria o Pessa:).

segunda-feira, abril 22, 2013

A nostalgia da reconstrução.

Foram Breves e Medonhas as Noites de Amor foram breves e medonhas as noites de amor e regressar do âmago delas esfiapava-lhe o corpo habitado ainda por flutuantes mãos estava nu sem água e sem luz que lhe mostrasse como era ou como poderia construir a perfeição os dias foram-se sumindo cor de chumbo na procura incessante doutra amizade que lhe prolongasse a vida e uma vez acordou caminhou lentamente por cima da idade tão longe quanto pôde onde era possível inventar outra infância que não lhe ferisse o coração Al Berto, “O Medo”

terça-feira, abril 16, 2013

the beatles/ in my life / Classic music vid.

For murconics only:).