sábado, dezembro 31, 2011

Variações em tristeza maior.

E embora triste, tristemente se viu obrigado a reconhecer que o seu amor era triste. Mas tristemente encarou o triste facto de não ter outro amor - menos triste! - que tomasse o triste lugar daquele. Triste, mas verdadeiro. E triste se deitou, sem esperança de menos triste acordar, tristemente reconfortado pela certeza que um amor triste deixa a perder de vista a triste ausência do amor.

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Projecto de futuro.

A paixão ignora olimpicamente as desilusões. O amor sobrevive-lhes a custo, mas de olhos fechados é difícil escutar a mesma canção, dizia o Tê.

sábado, dezembro 24, 2011

Gente...

Que o vosso Natal seja galgo ou tartaruga e Segunda alívio ou saudade. Fiquem bem. E tenham cuidado na estrada...

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Estranho Portugal.

Antigamente emigrávamos a salto, a coberto da noite, o credo na boca, a prisão ao virar da esquina, a guerra e/ou a fome nas costas. Agora espera-se que emigremos a pedido caridoso do Poder...

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Da noite para o dia.

Adormeceu feliz; acordou triste. Bateu a porta e suspirou - se Deus é eterno, porquê tanta pressa a equilibrar os pratos da balança?

quinta-feira, dezembro 01, 2011

A terminação.

Maria,

Abrandar. Por fim tempo para regressar aos (outros) livros, à música, ao remanso do jardim que exigias da almofada, "não feches a persiana". A luz ténue, que afaga o quarto e estranha a ausência da timidez gulosa, mãe de olheiras gratas matinais, o teu exagero risonho, "aposto que adivinham!" Sabes?, vou procurá-los e perguntar! E se tinhas razão, se confirmarem que notavam e riam nas tuas costas de bocejos sonhadores, volto para casa e adormeço embalado pela certeza que aconteceu. À míngua de ti no ombro...

quarta-feira, novembro 23, 2011

A céu aberto.

A solidão é o mais fiel dos espelhos. Sublinha a nossa imagem e reduz a dos outros ao exílio das recordações. E assim corta as goelas a preguiçosos álibis...

sábado, novembro 19, 2011

Fim-de-semana e de vida.

Maria,

Cantelães. As saudades da árvore de meus Pais, que se entretém a crescer enquanto me espera, impaciente. E eu, sempre megalómano!, aspiro ainda a um vislumbre do raio verde antes de mergulhar no repouso do crepúsculo.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Os amigos.

Maria,

Fui gravar o Hotel Babilónia com o João Gobern e o Pedro Rolo Duarte. Cansado, como vem sendo habitual. Mas primeiro encontrei a Madalena Balsa, que já não via há um ror de tempo e se me pendurou no pescoço, gentil, "Professor...". E os dois patifes, Maria! A fadiga desapareceu num ápice, os três partilhamos amor longo - a rádio. Sempre tive uma relação muito boa com o Pedro, "assombrada" por outra, anterior e muito querida - com a Mãe dele. Que acreditou estar eu à altura de um programa tão exigente como o "Carlos Cruz Quarta-Feira", o Sexualidades começou nessa tarde. Os Rolo Duarte são gente cá de casa, como diria o Bénard. O João... O João definiu como ninguém o objectivo utópico de O Sexo dos Anjos, chamou-lhe um dia "a erotização da Palavra". Sem o sabermos, os três aspirávamos a isso - não a falar de sexo, mas a transformar cada triálogo numa experiência de prazer global, epidérmico, repetidamente irrepetível. Lembro-me de o (não) ver na redacção do Sete, escondido por montanhas de discos, sabedor da minha paixão por Neil Young, "já ouviu o Unplugged?". O olhar entre o escandalizado e o condoído, "ouça, tem uma versão espantosa de Like a Hurricane". E eu saí disparado mas sem dúvidas, opinião dele nunca esbarrara em desacordo meu, a canção despida de electricidade era... electrizante! Foi tão bom, Maria. Para ser perfeito só faltou encontrar o sorriso doce e o espetado polegar do Zé Gabriel à saída. E poder contar-te a gratidão que lhes dedico de viva voz...

segunda-feira, novembro 14, 2011

A outra almofada.

Maria,

Que o meu ombro viaje para Inglaterra e nele adormeças segura, menininha. Boa noite.

P.S. Apesar do Álvaro garantir que em 2012 teremos o princípio do fim da crise, mandei-o pela Ryanair. O dinheiro está caro e gosto de pensar que o exigirás mais vezes...

domingo, novembro 13, 2011

Melancólico...

... é o alívio de presenciar a saída (?) de cena deste inenarrável Berlusconi. Como foi possível, numa democracia, serem os mercados e não os votos a afastá-lo?:(.

quarta-feira, novembro 09, 2011

Um adeus civilizado.

E o coração dela não disparou ao ouvi-lo dizer que viria. Sempre fora pessoa de decisões fáceis mas confrontos difíceis, não lhe apeteceu separação falada e sofrida, pela primeira vez compreendeu quem antes criticava - por sms é menos doloroso. Jamais lho faria... Tomar a decisão, mas deixar-lhe a responsabilidade de fechar portas e bocas - conhecia-o tão bem! - prezava a Estética tanto como a Ética. Nessa noite recebeu-o de pijama e pantufas, deu férias às lentes de contacto e poupou ao lume as batatas, que endureceram como o seu coração. Ele chegou, viu e calou. Nunca mais apareceu. E ela cumprimentou-se - por escolher homem errado, mas inteligente.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Ressaca.

Maria,

Outubro foi tão pesado que acabou a cinco de Novembro... E no dia seguinte, quase a medo, supersticioso, arrisquei comprar um romance. Meia-dúzia de páginas lidas, prazer da leitura reencontrado depois de tantos meses, palavras tuas, desalentadas, regressam a casa - "chega-te não morrer nessas maratonas, desgraçado, pensa no que fica por viver!".

Sem ti...

sábado, outubro 29, 2011

O José.

O José morreu, não voltaremos a almoçar na Portugália, à beira-rio. Era um homem bom, a competência é importante, mas não vale a bondade. Trabalhámos ombro a ombro, sem nenhuma dúvida sobre quão leal seria o outro em qualquer situação. Que ele me substituísse foi o único pedido que fiz à tutela quando abandonei o CAT de Cedofeita. Não me arrependi, claro. Subiu por mérito próprio, por mérito próprio acabou por ser achincalhado pelos políticos. E alguns colegas... Quando o alertei, a resposta veio pronta - "é a nossa gente, Júlio". E essa curta resposta resume tudo, diferentes como fomos, tal objectivo uniu-nos sempre - defender a nossa gente e as suas condições de trabalho. Chefiar também é proteger.

sexta-feira, outubro 28, 2011

A desconfiança divina.

O Senhor deu-lhe a vida, mas ele pediu mais - um sentido para a viagem. O silêncio pareceu de mau agoiro, "exagerei...". Seguramente. E no entanto, por uma vez Deus aceitou a reputação de infinita bondade que tanto O irritava e criou a Paixão.
- Obrigado.
- Por amor de Mim, não sejas tão politicamente correcto, limita-te a não a desperdiçar.
E partiu. Não fosse o Diabo tecê-las - passe a força de expressão! - começou a esculpir a saudade...

sábado, outubro 22, 2011

O ritual.

Eu telefonava antes. E perguntava - "É o senhor Carlos Ferreira, adepto do Belenenses?". E ele respondia - "Quem fala?". "Júlio Machado Vaz, orgulhosamente benfiquista!". A sua gargalhada, imune à ferrugem dos anos - "Ju, vens a Lisboa?". (Mais ninguém me tratava assim.) E eu ia, antes mesmo de aterrar no hotel passava lá por casa e ficávamos à conversa. Quando eu era puto e cliente do Sud-Express ele dava-me números de amigas dele "just in case". Eu sorria e ele fingia-se ofendido - "só amigas, conheci-as quando lá estava em serviço da Pan American". Acabou, o Tio Carlos morreu. Mãe, o teu irmão vai a caminho:). Pergunta-lhe, se tens dúvidas, falávamos sempre de ti, saudades à compita, entre irmão e filho venha o Amor e escolha, não importa. Toma bem conta dele, trabalhou cedo para tu poderes cantar. E abriu os braços ao sobrinho, que cambaleava sem o teu ombro. À minha volta as sombras são já mais do que as gentes de carne e osso...

domingo, outubro 16, 2011

O meu a seus donos.

Maralhal,

Seis anos é obra, sessenta e dois no lombo já me deixam mais ambivalente:). Não quero distinguir entre veteranos e "caloiros", apenas agradecer visitas e ternura. Júlio, the real Murcon.

sábado, outubro 15, 2011

Palavra?????????? E ainda há quem diga que os sacrifícios não são para todos:(.

O Governo confirmou esta sexta-feira à Frente Sindical da Administração Pública (FESAP) que os cortes dos subsídios de Natal e de férias anunciados quinta-feira pelo primeiro-ministro serão aplicados aos governantes e aos elementos dos seus gabinetes.«Perguntámos ao ministro das Finanças se os cortes anunciados iriam ser aplicados aos membros do Governo e aos elementos dos seus gabinetes que não são funcionários públicos e ele confirmou que sim», disse o secretário-coordenador da FESAP, Nobre dos Santos, aos jornalistas à saída de uma reunião negocial no Ministério das Finanças.A reunião realizou-se no âmbito do processo negocial anual mas, segundo o dirigente da FESAP (UGT), serviu sobretudo para o ministro das Finanças esclarecer as novas medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro.

domingo, outubro 09, 2011

A epifania de um escravo do pensamento funcional.

Ela disse,
- És a minha casa.
O júbilo grato dele viveu pouco tempo a solo, os pontos de interrogação precipitaram-se numa Blitzkrieg que lhe cercava os neurónios com pergunta matraqueada sem descanso, "como se responde a isto?"
("Isto" era o seu talento para convencer a poesia a tocá-lo, mesmo sabendo-o tristemente imune ao arco-íris das palavras...).
Talvez o humor, podia responder "e com o empréstimo já pago, querida!"
(Jesus!).
E de repente deixou de pensar e reviveu-lhe sorrisos, afagos, despertares, a cabeça no seu ombro, mas sobretudo como lhe transformara a vida pelo simples facto de existir, a ele!, que não lera Pessoa e muito menos o outro lá em Paris.
Vai daí,
- E tu a minha arquitecta.
O nevoeiro que tanto o fascinava enroscou-se nos olhos dela...

sábado, outubro 01, 2011

Esclarecimento do não existente Departamento Técnico.

Recebi queixas por dificuldade em colocar comentários, algumas delas aventando hipóteses sobre teclas em que teria carregado inadvertidamente e outros pecados informáticos. Eu??????????? Vocês deviam conhecer melhor a ignorância reverencial e paralítica com que abordo o computador:).

quarta-feira, setembro 28, 2011

O aprendiz.

Maria,

Faz barco da minha mão e da tua leme. Abriga o mar no teu corpo e navega a todo o pano. Eu? Fico em terra. Maravilhado; invejoso; e - confesso... - um pouco ufano:).

terça-feira, setembro 27, 2011

Os pragmáticos.

Sexta os Machadinhos assistiram ao seu primeiro clássico pela mão dos Pais. Foram vestidos a rigor e à F.C.P., dois pequenos dragões prontos para esturricarem a águia lazarenta do Avô. E eu fiquei preocupado, o futebol drena cada vez mais frustrações, o golo puxa a palavra e esta o murro, pronto, confesso - no fim quis saber o estado da Nação:). Ainda por cima num dilema inusitado, "e se os putos ficaram desolados por o FCP não ter ganho? Ainda acabo a sentir-me culpado por empatar...".
Enorme erro de avaliação daquelas mentes tortuosas... Tinham adorado! Tanto, que havia um pedido a fazer ao Avô, "levas-nos à Luz na segunda volta?". E o verso dos Beatles veio-me à memória, talvez por o Sérgio ter editado novo disco - step on the gas and wipe that tear away.
Lá terá de ser!

segunda-feira, setembro 19, 2011

Talvez com uma petição...

O que aconteceu na Madeira não se repetirá, assegurou o Ministro das Finanças. Na Região ou no País? No segundo caso acho injusto, por que não temos nós, cubanos rectangulares presididos pelo senhor Silva, direito a esquecer umas dividazitas em legítima defesa, como fez o Dr. Jardim?

segunda-feira, setembro 12, 2011

O Alexandre.

O Encontro da Casa da Música correu bem. Na realidade, preferi o formato deste ano - menos conferências com mais tempo para diálogo(s), todo o programa na mesma sala, intervalos longos que permitiram recuperar atrasos. Quando me perguntaram quem gostaria de ter comigo da área da arquitectura, o nome do Alexandre Alves Costa saiu-me de rajada. Por duas razões - ia falar de uma época que ele analisaria na perfeição; e porque gosto muito dele!:) - dos congressos à casa que para mim desenhou a meias com o Sérgio, passando pelos encontros no restaurante do senhor Manuel, trilhámos um caminho de solidariedade firme e risonha. Ele aceitou o convite. E uns dias depois disse que não lhe apetecia nada falar daquilo. Ao que respondi, no problemo, fala do que te der na gana. Assim foi, o Alexandre brindou-nos com uma reflexão brilhante sobre os anos 60, sua música e arte. Mas ainda teve tempo para se virar na minha direcção quando os primeiros acordes de The Times they are a'changing Bob Dylan se fizeram ouvir. E por baixo de um sorriso agarotado, que eu, um pouco mais novo, não desdenharia sorrir, sugiu um polegar levantado que de imediato contagiou o meu. Talvez os tempos não tenham mudado como Dylan e muitos de nós sonhavam na altura, mas a cumplicidade, essa, não está à venda nem receia as agências de rating:).

terça-feira, setembro 06, 2011

Aniversário.

Pai,

Parabéns. (Já sei, já sei, é um dia como os outros, alegra-te com este pensamento - estejas onde estiveres não vais aturar Mãe e filho a esvaziar-te uma taça de champanhe goela abaixo:)!). "Estejas onde estiveres", a nostalgia de ao menos ter direito à dúvida... Estás em Cantelães e na memória saudosa de muitos, ponto final. Domingo pensei (mais) em ti. Fui à RTPN e permitiram que deixasse o sexólogo na maquilhagem. Uma raridade, como sabes... Quando regressava a casa interroguei-me sobre o que dirias ao telefone, conheço-te, jamais te quedarias por uma sms, conversar é preciso, viver não é preciso:). Não te imagino a discordar da substância, mas acredito que subtilmente provasses poder ter sido... mais subtil! E terias razão, mas... Gosto de acreditar que não traí os valores cultivados na minha educação, coisa diferente é pensar que herdei/aprendi o teu estilo florentino. A esse nível, meu querido, alguém te partiu o molde ao nasceres. E acho que fez bem:))))).

sábado, setembro 03, 2011

Um dia destes num jornal perto de si...

Problemas conjugais? Dificuldades perante a concorrência na vida profissional? Ansioso por ajustar contas com o tipo que lhe dava uns cachaços na escola? Vítima de síndrome de curiosidade obsessiva e inespecífica? Temos a solução e à custa do erário público - contactos nos Serviços de Informação da República. Telefone já! (Para não ser escutado marque cardinal...).

segunda-feira, agosto 29, 2011

Nos últimos dias...

... jantei com os meus dois filhos separadamente. E por razões que me pertencem vi-os partir com a ternura grata devida a quem dá ao pai o melhor dos presentes - a possibilidade de um envelhecimento tranquilo quanto ao futuro da tribo.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Lá foi a dieta outra vez:(.

Como o Zé Álvaro Pacheco Pereira não vem ao Murcon posso dizê-lo: SLB, SLB:))))))))). (Mais vale aproveitar enquanto posso, não é legal jogarmos no campeonato holandês?...).

segunda-feira, agosto 22, 2011

O descalabro alimentar...

Uma semana em Cantelães é um albergue minhoto, cabe lá tudo: os amigos, as crianças, os cães, os matrecos, a feira na Vila, os garranos, a águia, aquele céu... Consequência mais palpável e angustiante? Engordo:(. Depois chego ao Porto e tasquinho saladas até as calças deixarem de sufocar o pneu... Mas quem resiste ao canto de sereia do Guilherme, sozinho na cidade, a trabalhar como um negro, faminto de mimo paterno? Ninguém, decreto eu! E lá se foi a dieta:).

quinta-feira, agosto 18, 2011

À noite.

À noite o corredor de Cantelães vive da luz do céu. Gosto assim, entre a cozinha e a sala reina a Cabreira, a longa janela é um vestido transparente. Criminoso despi-lo, no amor os dedos viajam à boleia dos olhos. E esperam...


segunda-feira, agosto 15, 2011

O celeiro transformado em Feira do Livro.

Sábado fui à Marmeleira, a convite do meu velho amigo José Álvaro Pacheco Pereira. O reencontro teve vários bónus - o Pai dele, que tive o privilégio de abraçar cinquenta anos depois, a ternurenta anfitriã, extraordinária animadora cultural da comunidade, a sageza bem disposta de uma jovem de noventa anos; e o fascínio por aquela espantosa girândola de livros...! Quanto à sessão nocturna - o "trabalho"... - foi muito especial. Primeiro, por alguém ter a gentil lembrança de me receber ao som da voz de minha Mãe! Depois, porque o Zé não exagerara nada - aquela gente é uma delícia, estava mesmo lá para amena cavaqueira. Lembram-se da teoria dos vasos comunicantes do liceu? - saí para a estrada com a voz desfeita e o coração grato. Bref, um bom negócio:).

sexta-feira, agosto 12, 2011

Envelhecer...

... é também ainda ficarmos magoados, mas já não surpreendidos.

quarta-feira, agosto 10, 2011

O jantar.

O massacre esperou as costas deferentes do chefe e serviu de anfitrião às entradas. (Aquele preço mereciam a pompa de outro baptismo - o couvert.) Emoldurou bolos de bacalhau, presunto, pâté de atum, azeitonas recheadas e meia-dúzia de camarões mínimos que teimavam em não abandonar as cascas. Subiu a bordo das colheres de sopa, ensaiou a Paixão nos dentes dos garfos, fez equilibrismo nos gumes das facas, pôs-lhe a cabeça (mais) à roda pela mão de um honesto branco.
E de repente um silêncio improvável, gozado com a volúpia que reservamos aos milagres breves, assim o afirma o narrador e não se engana, de trás da lista de sobremesas surgiu a primeira interrogação da noite, ou talvez ordem disfarçada de pergunta, verdade é que soou a estalo de chicote beijando as patas de cavalo amestrado,
- Então?
Dizer o quê? "Tocaste variações em educação menor do discurso de sempre nos últimos tempos"? "A que racionalização foste buscar tanta autoridade moral?" "Já te ocorreu falar comigo e não de mim?"
Sorriso afável,
- Conheces-me, aqui não resisto ao bolo de chocolate.
Sílabas marteladas,
- Não faças de mim parvo, sou o teu melhor amigo.
O sorriso desaguou num esgar em que o azedume ombreava com a saudade,
- Magnífica e única razão para te poupar à resposta que mereces.
Para o chefe, irreprensivelmente surdo,
- Dois garfos e um bolo de chocolate, há que vigiar as calorias!
Fizeram-no em silêncio.
A amizade suspirou, engoliu um café, pagou o preço mas não a conta e desapareceu na noite.



segunda-feira, agosto 08, 2011

Circular.

Alguns de vocês terão encontrado por aí o primeiro número de uma revista chamada The Printed Blog. Impôe-se um esclarecimento. O primeiro texto anunciado é "Amante de Júlio Machado Vaz". Acontece que me foi pedida autorização para utilizar um post do Murcon, solicitação a que acedi. Pese embora o estado miserável da minha memória, o título "Amante" não me dizia nada. Verifiquei no Murcon e até no Aqui entre Nós. No primeiro o título era o omnipresente e monótono "Boa noite", no segundo "Quem??? Eu???". Ou seja - alguém decidiu apimentar a prosa com um título sugestivo... Considero esse tipo de procedimento intelectualmente desonesto e oportunista, no passado já deixei de colaborar com uma revista por um episódio semelhante. Não descortino qualquer justificação para não o voltar a fazer agora. Boa noite.

sábado, agosto 06, 2011

Halfway, diziam os Black Eyed Peas.

Maria,

Sabes como fico depois das vitórias do Benfica - no dialecto que aí se fala, mellow:). Giro pelos canais, enquanto esperava a palavra de Jesus. E de súbito os acordes, "aqueles" acordes, os óculos do velho Orbison, a sua amizade com o velho Harrison, Julia Roberts e o teu olhar de soslaio - "vocês, homens" -, as memórias navegam comigo rumo à cozinha, por precaução inútil e burguesa espreito o campo varrido pelos holofotes e ensaio passo de dança, estalar de dedos, voz roufenha - Pretty woman, walking down the street, pretty woman, the kind I like to...
Há palavras obscenas longe de ti:(.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Boa? Só se fosse para a Agricultura:)))).

O tempo faz negaças e eu, no aconchego da minha indiferença à praia, recuo no irmão maiúsculo. Há mais de trinta anos, em S.Xenxo, acordávamos apreensivos, os caprichos meteorológicos das Rias Bajas são famosos... E se chovia às escâncaras ou morrinhava à traição, a voz alegre da Cuca Sarmento anunciava o desastre - "Meninas, sol ni berlo, vai uma excursão ao Corte Inglês?" Estranho, não é? A água que caía do céu secava carteiras terrenas!

terça-feira, julho 26, 2011

Da liberdade.

Se existe, o Senhor é refém de certezas eternas. Não O invejo, prefiro os riscos de escolha, recompensa e cutelo. Serei como a raposa? Talvez. Mas ao menos posso fantasiar sobre o que me espera atrás de porta, sorriso e olhar. E assim viver o futuro com o espanto e reconhecimento que Lhe estão vedados. Imagino a Sua melancolia entediada...

sábado, julho 23, 2011

A sombra afável que te embala.

Maria,

Hoje pensei (mais) em ti. Entrei na famigerada Ribeiro e um coco definhava, esmagado por bolas de Berlim. A esta hora já deve ter expirado... Se cá estivesses ter-to-ia oferecido. A ti e a Ele... Meu Pai devorava-os, com o mesmo gozo que eu reservo aos tremoços, a um de nós sempre faltou classe:). E tu aceitavas (doce...) prova de amor e (amarga...) saudade, dois em um nas tuas mãos, que me rodeavam a face. A tua voz - "eu sei." Seguramente, desenhava-vos em moldura comum. E o resto? Eu digo.Um dia ofereceste-me As Velas ardem até ao Fim e o diálogo crepuscular entre aqueles dois homens bateu forte. Tanto por dizer entre mim e Ele... Tu, por exemplo. Ouvir-me-ia em silêncio. E depois a pergunta sacramental - "o que lê? O velho Sandor? Bom sinal, cuide-a!" E eu cuido. A posteriori...

quarta-feira, julho 20, 2011

Dúvidas excruciantes do país.

O que disse realmente o PM?

1 - Dívida (xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx) colossal.
ou
2 - Dívida colossal.

Quem o cita correctamente?

1 - O pontual, didáctico, exausto, bem educado e suavemente irónico Ministro das Finanças
ou
2 - O Povo Livre.

Qual a influência do esclarecimento da dúvida no futuro da dívida?

segunda-feira, julho 18, 2011

Fim de turno.

Pregou a derradeira tábua e foi dormir. De manhã se veria - caixão ou caravela?

sexta-feira, julho 15, 2011

Escrever de ouvido.

Maria,

Lembras-te daquele paleio terrorista e irónico sobre os homens, "quando têm 37.5 de febre tornam-se uns paridinhos em busca de colo de mulher"? Não digas aos herdeiros do News of the World - é verdade:(. Assaltou-me uma otite e não imaginas os equilibrismos que tenho de fazer para derramar umas míseras gotas no ouvido sem falhar o alvo! Imagino-te o sorriso, o meneio de cabeça, a ordem suave - "no meu colo." A face no teu ventre, à espera do depois. Que regateias, marota - "não estás doente?..." Eu, Maria? Deve ser a minha otite ou a tua miopia, não vês que o meu desejo sara as maleitas do corpo? Ouço-te ao longe? E depois? Olhos e mãos garantem que os teus lábios roçam o ouvido coxo e fazem correr a imaginação. Vem e sacia-lhe fome de anos. Não me obrigues a buscar abrigo no torpor de um qualquer anti-histamínico:(.

quarta-feira, julho 13, 2011

Aniversário.

Maria,

Tenho um filho de 37 anos. (O que acarreta outro de 34...). Os tempos são outros, costumavas dizer. É verdade. Passei a noite deliciado, à conversa com o namorado de minha ex-mulher, velho amigo. E isso é bom - um casamento acaba, mas não a tribo, que acolhe novos membros de pleno direito. Só faltou mail ou sms teus - "Dá um beijo ao Guilherme e diverte-te. Com juízo...". Em verdade te digo - nunca pensei ter saudades de mulher ciumenta:(.

domingo, julho 10, 2011

Balanço.

O jantar foi uma delícia. Perfeito!, se não tivesse sido obrigado a pagar a cadeira que a Andorinha destruiu:(. Snif...

quinta-feira, julho 07, 2011

Conclusão melancólica: Maria, escolhida para abraçar no ventre o Filho de Deus, jamais poderia aspirar ao sacerdócio...

Lisboa, 06 jul 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa emitiu hoje um “esclarecimento” às suas declarações à revista da Ordem dos Advogados sobre a ordenação sacerdotal de mulheres, convidando a “a acatar o Magistério” da Igreja Católica, que reserva o sacerdócio aos homens.
D. José Policarpo admite que as reações à entrevista, na qual disse que “teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental” à ordenação feminina (ver notícia relacionada), o obrigaram a “olhar para o tema com mais cuidado”.
“Verifiquei que, sobretudo por não ter tido na devida conta as últimas declarações do Magistério sobre o tema, dei azo a essas reações”, admite, falando mesmo em “indignação” por parte de algumas pessoas
O patriarca de Lisboa cita o texto do Papa João Paulo II, na Carta Apostólica ‘Ordinatio Sacerdotalis’, no qual se pode ler: “Declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.
“O não conferir a mulheres o sacerdócio apostólico, através da ordenação sacerdotal, é uma tradição que radica no Novo Testamento, no próprio Jesus Cristo e na maneira como lançou as bases da sua Igreja”, explica D. José Policarpo.
O cardeal-patriarca considera que “a questão da ordenação de mulheres para o ministério do sacerdócio apostólico surge recentemente, sobretudo nos países ocidentais e explica-se por fatores diversos”, como “os movimentos de promoção da mulher” ou a “compreensão do sacerdócio ministerial como um direito e um poder”, entre outros.
Este responsável sublinha que “a diferença de ministério não diminui a dignidade da missão” para as mulheres e que a impossibilidade de ordenação sacerdotal “não significa uma minimização da mulher, mas a busca daquela complementaridade entre masculino e feminino, plenamente realizada na relação de Cristo com Maria”.
“Somos, assim, convidados a acatar o Magistério do Santo Padre, na humildade da nossa fé e continuarmos a aprofundar a relação do sacerdócio ministerial com a qualidade sacerdotal de todo o Povo de Deus e a descobrir a maneira feminina de construir a Igreja, no papel decisivo da missão das nossas irmãs mulheres”, indica.
D. José Policarpo diz que lhe seria “doloroso” gerar confusão na “adesão à Igreja e à palavra do Santo Padre”.
“Creio que vos tenho mostrado bem que a comunhão com o Santo Padre é uma atitude absoluta no exercício do meu ministério”, conclui, endereçando-se diretamente aos católicos da diocese de Lisboa.

quarta-feira, julho 06, 2011

O desviante.

Mãe,

A bailarina da caixa de música roda, incansável; a fotografia com o Pai na Apúlia não desbota; muito menos a saudade... Mas o teu exemplo não me infecta, continuo intransigente face à ingratidão:(. Dorme bem.

segunda-feira, julho 04, 2011

Ámen!

"Teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental à ordenação das mulheres". D. José Policarpo ao Boletim da Ordem dos Advogados.

sexta-feira, julho 01, 2011

Educado ou masoquista?

Enquanto a cabeça estalava mantinha indemne o verniz...

segunda-feira, junho 27, 2011

S. João.

O Tiago de rompante pela sala do pequeno-almoço,
- Aqui estou, pronto para vos moer a cabeça!
E eu tive a certeza que fora uma boa ideia apresentar os meus netos a Barcelona:).

segunda-feira, junho 20, 2011

O profissional.

Segui a votação na AR com curiosidade. Não tinha dúvidas que Paulo Portas manteria distâncias na primeira ronda. Mas..., e na segunda? Seria "magnânimo" em nome do interesse nacional, da pressa a que o momento obrigava, trá-lá-lá? Não caiu na esparrela e fez bem. Passos Coelho estava contra a parede, não podia recuar, a não ser que Fernando Nobre tivesse tido a sensibilidade política para o fazer. Assim, apostaram tudo numa segunda votação, meteram a cave, como se diz no póquer. Portas pagou para ver, de braço dado com mais um "livre pensador" do PSD. E pôde reclamar-se da coerência, salientar que a votação não fazia parte do acordo, lembrar que o PSD abriga outros candidatos, susceptíveis de merecer consenso. No fundo, deixar claro que não aceita o estatuto de muleta dúctil do PSD. Conseguiu.

sexta-feira, junho 17, 2011

O outro.

Maria,

Não nos podias resumir melhor - ele obriga-te a comprar mais jarras, eu escrevo quando calha. Nem que mailasse todos os dias, querida, como poderia bater-me com quem acaricia as flores? Velhas memórias - vermelho/paixão; amarelo/desespero; verde/esperança. Saber (?) coxo por teórico:(. Se ele as afaga e escolhe e te "servem" como blusa e calças justas, obscenas noutra silhueta, o amigo afasta o ex-amante ciumento e segreda - magnífica ideia, transformar-te a casa em jardim e esperar que desabroche o teu sorriso!

quarta-feira, junho 15, 2011

Troquei o Eco pelos cátaros. Traduzidos...:).

E Dieus devalec del cel ab XII apostols e adombrec se en sancta Maria.

Grossa heresia, quem é o primeiro a apontá-la? Podem copiar!, aqui também vai tudo corrido a dez:).

segunda-feira, junho 13, 2011

O Cemitério de Praga.

"Debato-me" com o último Umberto Eco. Não tenho ilusões - a minha paixão por O Nome da Rosa tornou difíceis novas encantamentos. Mas há outra razão para abordagem tão parcimoniosa - adoro romances históricos e contudo detesto sentir que as pessoas se "dissolvem" no pano de fundo e se transformam em pretextos para descrições do caldo cultural/político ou da deliciosa expertise culinária:). Como dizem nuestros hermanos - a ver, a ver...

quinta-feira, junho 09, 2011

Aos que estiveram e não estiveram nos lançamentos.

Obrigado, vocês são a parte mais viva do Murcon. Quanto a ontem, foi estranhíssimo ler-me, nunca tinha acontecido:).

terça-feira, junho 07, 2011

À porta.

Pedro barrou-lhe a entrada, voz e mão gentis mas firmes.
- Meu filho, as lágrimas não chegam.
E ele,
- Pois não lavam a alma?
Pedro franziu o cenho.
- Não invoques a voz do povo como os políticos, a tua ficha diz "profissional de saúde". E não confundas alma e consciência...
Lamentoso,
- Resta-me então o Inferno...
O sagrado porteiro ofereceu-se, por coincidência, o luxo de um esgar satânico.
- O Vaticano declarou-o inexistente, meu caro. Um espelho chega!

segunda-feira, junho 06, 2011

Confissão.

Meu Deus,

Perdoa a intromissão, habitualmente dirijo-me ao Acaso e ao Maligno. Acontece que o Acaso - por mero acaso... - não se encontra disponível e o Maligno acaba de me decretar indigno da Sua atenção por raquítica psicopatia. Claro que tenciono esperar pelo primeiro e recorrer da decisão do segundo, mas sabes como o inesperado se compraz em ademanes de mulher mundana e a Justiça portuguesa tarda! Restas Tu... Ou não existes, e a minha voz se cala, órfã de eco reconfortante, ou me escutas e a ausência de Fé seria pífio álibi para me brindares com orelhas moucas. Preciso de me confessar, mas compreendo que estejas sobrecarregado e eu próprio não aprecio ladainhas intermináveis por exaustivas. Busco um pecado-padrão, que resuma e simbolize todos os outros, bonomia para com ele significará generalada caritativa, " vai e não voltes a pecar" disse o Teu Filho; ir vou, promessas não faço. E de passado e alma surge falta monstruosa e negligente - ignorar tristeza de mulher e assim nos condenar a sexo melancólico. Perdão? Compreendo. Take your time. Eu espero. Ela? Partiu há muito. Ah, isso... Condenou-me para todo o sempre, no Teu vocabulário acho que se diz Eternidade. Se não recuar e Tu existires, fica o alívio de lhe sentir o olhar ternamente severo pousado em mim per omnia... Desculpa, não tenho o direito de anexar o dialecto dos teus burocratas:(.

domingo, junho 05, 2011

Diário da República murcónica.

O referendo a Sócrates terminou como era inevitável. Eu votei útil para mim mesmo, ou seja, em consciência - branco. Se, a partir de amanhã, o PS desejar discutir com o povo de esquerda como reconstruir uma alternativa tenho a certeza que não será apenas o meu telemóvel a estar ligado.

sábado, junho 04, 2011

Reflexão depois de uma campanha lamentável:(.

When I was a child
I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown
The dream is gone
And I have become
Comfortably numb.

(Gilmour/Waters).

quinta-feira, junho 02, 2011

Fim de dia.

Maria,

Estou cansado. Mas não resisto a ouvir Obama na cerimónia de consagração do Souto Moura. Imagino o prazer com que o Siza assiste à consagração do "seu menino", troquei datas com ele na Faculdade de Arquitectura para que pudesse estar presente. Imaginas como me senti pequeno falando para uma audiência de artistas, não passo de um técnico que adora espreitar os "jardins" dos outros. Fizeste-me falta. Um sorriso, um assentimento imperceptível e ficaria mais tranquilo. Quem sabe? Até capaz de dormir descansado...

segunda-feira, maio 30, 2011

É que há diferenças...

Maria,

Achas má ideia tomar uma decisão sofrível em boa companhia? Ainda me lembro das tuas palavras - "os adjectivos são degraus". De acordo, querida, mas sobem ou descem?

domingo, maio 29, 2011

Não há pequenos-almoços grátis!

O alegado pequeno-almoço "extra campanha" que reuniria o Engenheiro Sócrates e os arquitectos Siza Vieira, Eduardo Souto Moura e Alcino Soutinho só surpreende pela candura dos convidados:).

quinta-feira, maio 26, 2011

Dicionário eleitoral.

Molho de brócolos: sucessão de declarações de Passos Coelho sobre a Lei do Aborto.

terça-feira, maio 24, 2011

Vantagens da idade:).

Há vinte anos teria medo de ser mal interpretado. Não é para vender livros, dar-me-ia realmente prazer se alguns de vocês aparecessem no lançamento do livro em Serralves, Quinta-Feira às 18.30.

A escolha...

As camionetas, as merendas, o passeio a Évora. Do outro lado, média de uma gaffe por dia. E ainda faltam catorze...

quinta-feira, maio 19, 2011

O "outro eu".

Hoje na RTP mostraram-me a minha "página não oficial" no Facebook. E eu fiquei consternado, porque embora a informação lá esteja, vários textos demonstram sem margem para dúvidas que os autores acreditam que eles serão lidos por mim e talvez suscitem uma eventual resposta. Sem qualquer responsabilidade no espaço ou ressentimento para com quem o criou, não deixei de sentir um bem pouco vago desconforto:(.

quarta-feira, maio 18, 2011

Contagem decrescente.

Maria,

Uma decisão difícil para tomar. E eu vagueio pelos corredores, à procura da sala de reuniões do teu regaço.

terça-feira, maio 17, 2011

Da minha varanda.

A parte final do debate de hoje foi penosa para Passos Coelho. A tentativa de "maquilhar" o sound byte sobre a legitimação da ignorância dos portugueses nas Nova Oportunidades foi tudo menos convincente; o lendário receio dos líderes do PSD de desagradar a Alberto João Jardim também nele está presente; e quanto à "moralização" dos desempregados, só faltou dizer que as três tardes de trabalho seriam às Segundas, Quartas e Sextas para - solidariamente! - não estragar o fim-de-semana a ninguém:).

segunda-feira, maio 16, 2011

A sombra.

Sábado fui à Casa Museu Bernardino Machado em Famalicão. Tertúlia agradável, com muitos Machados na assistência:). A fotografia do Bisavô nas minhas costas não as vergou sob o peso da responsabilidade. Mas a sombra de meu Pai, que de certa forma "construiu" grande parte da exposição permanente e dos arquivos, pairou a noite toda. Quando ali o representei, pouco tempo depois da sua morte, senti como a vida pode ser cruel - não viveu o suficiente para assistir ao nascimento da obra que mais ambicionara. Por isso, ao consultá-los sobre o convite que me tinha sido endereçado, as respostas de meus filhos foram imediatas e semelhantes - "vai em nome do Avô Júlio". E eu fui. Orgulhosamente humilde - não lhe chegarei nunca aos calcanhares.

sexta-feira, maio 13, 2011

Posso estar enganado, mas...

... não foi com o debate de hoje que Passos Coelho estancou a fuga de votos para Paulo Portas. O cenário da maioria à direita favorece Portas, o eleitor sente-se livre para votar no que lhe parece mais sólido e maduro.

segunda-feira, maio 09, 2011

Estará encontrada também a explicação para a decadência das lideranças políticas?:).

"Se em casa manda a mulher dificilmente se é líder no jogo". Jorge Sousa, árbitro de futebol.

quinta-feira, maio 05, 2011

Sem (grande) surpresa.

Se dou os parabéns aos do FCP não os ia dar aos adeptos do Braga? Ná, ainda por cima trabalho na cidade há catorze anos e sempre fui tratado como um príncipe:). Marcaram - como toda a gente! - o obrigatório golo ao Benfica em não menos obrigatório erro defensivo, bateram-se, foram organizados e, atendendo aos orçamentos em presença, fizeram a melhor e mais surpreendente campanha europeia das três equipas portuguesas. Longe de mim duvidar da tristeza dos meus jogadores e do corpo técnico, mas entristece-me o discurso escolhido - "a bola não quis entrar", "o Braga não criou uma única oportunidade", "dominámos o jogo todo", etc. A verdade é que o Benfica, na minha humilde opinião, esteve mal física, técnica e tacticamente, como vem sendo hábito, mesmo com as férias no campeonato. Negar isso é tapar o sol com uma peneira. Ou muitas peneiras!, o que também é grave e preocupante:)))))). Haja saúde e (mais:() emprego, maralhal, tudo o resto é secundário.

quarta-feira, maio 04, 2011

No intervalo.

Eu sei que vocês são obscenamente jovens, mas talvez por um acaso de zapping possam compreender a minha associação livre. Quando escutava José Sócrates anunciar em campanha eleitoral tudo o que, graças a ele..., a troika não nos imporá e apreciei a solidariedade esfíngica de Teixeira dos Santos foi irresistível recordar o programa Museu do Cinema. Depois de o Primeiro Ministro nos comentar o filme, esperei ouvi-lo pedir/ordenar: " Ó Teixeira, diz boa noite". Não aconteceu, mas também é verdade que embora nos tenham dado música não havia piano. Houve Catroga a seguir, não menos comicieiro! Eu fugi para a chuva catalã e um gesto enternecedor - a festa dos jogadores do Barcelona ao companheiro e amigo que regressou aos relvados após ter sido operado, segundo creio, a um tumor hepático. Espero sinceramente que não tenha sido uma derradeira homenagem:(.

domingo, maio 01, 2011

Hoje.

Mãe,

Dizem que é o teu dia. Talvez. Mas juro que vasculhei corpo e espírito e não percebi memória, sentimento ou frémito recém-nascidos, alheios ao resto do ano. It's just another day, cantava o velho Macca. Without you, acrescento eu...

sexta-feira, abril 29, 2011

A ressaca.

Maria,

Telefonema de Cantelães, o muro cambaleia e ameaça derribar o portão. Todo eu me afobo, em busca de reforço(s). Olho em volta e sorrio. A tua voz - "Júlio, vou dar um arranjo a este buraco". Nunca deixei. Por preguiça, desleixo e até claustrofobia afectiva? Seguramente. Mas também por enorme respeito pelo trabalho especializado!:). O teu nunca foi recauchutar-me o covil e sim iluminá-lo. Com uma intensidade que abrigava já a ressaca - o melancólico cinzento que me rodeia. Falasse eu das paredes...:(.

quinta-feira, abril 28, 2011

Tarrafal.

Vejo, ouço e calo. Sobretudo proíbo-me qualquer comentário insultuoso, do género "imagino o que passaram". O imaginário não é omnipotente no que ao sofrimento diz respeito.

segunda-feira, abril 25, 2011

25 de Abril.

O Zeca na RTP. "O Povo é quem mais ordena..." cantou naquela noite. Burguês e céptico, nunca cheguei a acreditar. Mas ordenar tão pouco, anos e anos depois, confesso que nunca me ocorreu:(.

quinta-feira, abril 21, 2011

Empate técnico no Bloco Central.

Leio os números da última sondagem e levanto os olhos para a fotografia de meu Pai. Creio já o ter escrito aqui - não era um admirador dos Festivais da Canção. Todos os anos me telefonava depois do espectáculo e dizia: "incrível, meu filho, foi pior do que o último!" Sobe o PS, desce o PSD, juro que vislumbro um sorriso irónico, é um homem obcecado por jornais e noticiários, lá onde repousa vem acompanhando as declarações dos candidatos, a feitura das listas, o vazio dos programas, o oportunismo, as purgas... E em pano de fundo, sobre o qual se recorta Van Morrison, o diagnóstico faz-se ouvir: "incrível, meu filho, a campanha eleitoral vai ser pior do que a anterior, é preciso talento, irra!" (Está bem disposto, pergunto-me se não lhe terá escapado a nostalgia de Otelo por "um homem honesto como Salazar, sem o fascismo à italiana...).

quarta-feira, abril 20, 2011

Isto começa a tornar-se um (mau) hábito:).

Parabéns aos murcónicos portistas. Espero que os responsáveis benfiquistas resistam à tentação de reduzir tudo ao fora-de-jogo de Hulk e à não expulsão de Rodríguez. Seria um erro grave... Com uma equipa que não "descansou" no Domingo o FCP dominou por completo a segunda parte e aconteceu o que temia - um golo bastou para o Benfica entrar em pânico a céu aberto. Porque o medo estava lá, enroscadinho, desde o princípio:(.

domingo, abril 17, 2011

O que aprendi na entrevista do Dr. Fernando Nobre.

1 - O Dr. Passos Coelho é arrojado. 2 - O Dr. Fernando Nobre disse o que constava da entrevista ao Expresso, mas não se expressou bem. De qualquer forma, assume sempre os seus erros. 3 - Aliás, como o Dr. Passos Coelho, salvo erro aquando do PEC2... 4 - Se não for "nomeado" - ó delicioso lapso freudiano:) - Presidente da Assembleia da República avaliará em que posição poderá ser mais útil aos portugueses, não sendo (nada) certo que seja no hemiciclo. 5 - O Dr. Passos Coelho não é neo-liberal. 6 - O convite não lhe foi feito pelo telefone, mas no seguimento de duas ou três conversas, que lhe permitiram conhecer a pessoa. Na realidade, fosse outro o candidato do PSD e provavelmente o convite não teria sido aceite. 7 - O Dr. Passos Coelho está preocupado com os portugueses. 8 - Os comentários desiludidos com a sua opção nascem, em grande parte, de uma cabala cujas origens muito bem conhece. De resto, dois terços da sua máquina de campanha concordam com a sua decisão. 9 - Há duas razões que justificam o desconhecimento do programa do PSD: primeiro, ele não existe, só verá a luz do dia em meados de Maio. Depois... 10 - A confiança na pessoa do (providencial) Dr. Passos Coelho chega. O adjectivo "providencial" é meu... 11 - O Dr. Fernando Nobre mantém-se rigorosamente igual a si próprio, logo, em absoluto livre. Mas agora não opina sobre o Senhor Presidente da República porque terá de manter com ele um bom relacionamento institucional. 12 - O Dr. Fernando Nobre desbravou os livros de Medicina, não será o Regimento da Assembleia a travá-lo. Nas suas próprias palavras, aprende depressa. 13 - Posso testemunhar que sim:(.

quarta-feira, abril 13, 2011

Boa noite.

O Nome da Rosa no Hollywood. Ainda hoje o citei nas gravações. O riso como tremenda ameaça às ortodoxias. O canastrão que fazia de 007 transformado em magnífico actor. E os ecos dos meus amados cátaros em pano de fundo:).

terça-feira, abril 12, 2011

Avaliação do défice!

Maria, Lembras-te? Lovin' Spoonful, Summer in the City. "... Running up the stairs, gonna meet you on the rooftop...". Pensando bem, na minha idade... Aceitas-me a passo no rés-do-chão:))))))?

domingo, abril 10, 2011

Política à portuguesa.

1 - O período de nojo do candidato rigorosamente apartidário Fernando Nobre durou três meses. Ou muito me engano ou Jaime Gama navega em sentido contrário, para se apresentar como um socialista equidistante dos Partidos... 2 - António José Seguro move-se com tanta segurança que corre o risco de ficar seguro na linha de partida para a sucessão a José Sócrates. Se tal competição existir... Mesmo perdendo, o camarada Zé pode não encarar a reforma de Secretário Geral com um sorriso nos lábios e limitar-se a enviar outros para o Governo de Submissão Nacional que se adivinha. 3 - Nenhuma novidade no Congresso. A culpa foi todinha da oposição, que agora vai negociar o que chumbou. Pelo menos as televisões não transmitiram ensaios de imagem:). 4 - Idem aspas por parte do PSD, nada de novo. Não são as medidas a tomar o problema e sim quem as vai executar. Resta a premonição de Jardim, que se sentiu a dialogar com o Primeiro-Ministro. 5 - Ou seja: as Legislativas transformadas num referendo à figura de José Sócrates, já que propostas políticas nem vê-las!

quarta-feira, abril 06, 2011

Porque sim.

Como é inevitável em cidade pequena e rotineira tropeçaram um no outro meses depois. Pelo sim, pelo não, ele perguntou, não tivesse a marota perdido o jeito estranho de lhe decifrar os olhos. - Porquê? O sobrolho pediu reforços, toda a carita se lhe juntou. - Porque sim. Surpreendido, - Isso diz-se às crianças. Sorriso largo dela. - Exactamente. Ele subiu a parada e rebentou numa gargalhada à moda antiga. Ela meteu a cave. Ele pagou (o jantar) para ver. Diz-se que ainda hoje, deliciados!, cumprem pena por jogo ilegal na via pública...

domingo, abril 03, 2011

Do estádio para o quotidiano.

Um abraço de parabéns para todos os murcónicos portistas, título e vitória de hoje merecidos:). O jogo... foi o que vocês viram. Penso ser justo dizer que o Benfica esteve mal táctica, técnica e disciplinarmente. E isso entristece-me; sobretudo o último item, por evitável:(. Adiante! Os números sobre a aplicação da Lei sobre a IVG dão que pensar. Como é óbvio, a descida verificada agrada-me, embora o tempo seja curto para falar de uma tendência firme. Mas devo dizer que partilho o desagrado e as preocupações do Miguel Oliveira e Silva e outros colegas em face de abortos repetidos e faltas sistemáticas às consultas de Planeamento Familiar. Um erro básico deve ser evitado: considerar homogéneo esse grupo de mulheres. É importante estudar narrativas de vida, dificuldades pessoais e culturais, motivações, falsas crenças, mecanismos conscientes e inconscientes de racionalização e negação, desleixos oportunistas puros e duros, e assim dispor de dados que permitam uma intervenção séria e, na medida do possível, eficaz. No que me diz respeito, não invocarei o destino dos meus impostos, embora aceite que outros o façam. Como aqui escrevi, não encaro o aborto com a mesma paz de espírito que a eutanásia, em dois referendos nunca neguei que considero existir um conflito de interesses entre uma vida real e outra potencial. Por isso tantas vezes citei a frase do meu velho amigo Pacheco Pereira: defendi, defendo e defenderei o "sim", apesar das perplexidades que o tópico me provoca. Mas é chocante que algumas dessas mulheres transformem a IVG numa espécie de "pílula do dia seguinte institucional". A contracepção eficaz não é um luxo ou um capricho, trata-se de um dever, simétrico dos direitos conferidos pela cidadania plena a que todos aspiramos. E que, a outros níveis, parece cada vez mais utópica:(. Durmam bem.

terça-feira, março 29, 2011

Maré vaza.

Furiosa, virou-lhe as costas. E ele, das catacumbas do receio de a perder, saboreou o privilégio - imerecido... - de assistir aquele ondear.

quarta-feira, março 23, 2011

Quando a poeira assentar...

... veremos:

1 - Que Sócrates disputará eleições no timing que mais lhe convinha e com a banda sonora preferida: lutei sozinho pelo País contra os que desejam o poder pelo poder, não apresentam alternativas e trazem o FMI no bolso.

2 - Que os planos de Passos Coelho, já que a maioria absoluta parece irrealista, passam por um Governo com o CDS e um PS "pós-socrático", encabeçado por António José Seguro ou Francisco Assis. De modo a que todos permaneçam amarrados às medidas adicionais "sugeridas" pela Senhora Merkel. Em nome do interesse nacional...

segunda-feira, março 21, 2011

Dia da poesia.

O Silêncio

Eugénio de Andrade

Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.

quinta-feira, março 17, 2011

Sopa do pobre:).

Maria,

A corrigir provas. Conheces-me - interromper trabalhos que abomino e desejo acabar o mais depressa possível drives me nuts (é assim que se diz?). Vai daí... Exacto!, o tabuleiro num equilíbrio precário no braço do sofá. Como é aquela frase popular?, um olho no burro, outro no cigano, receio-a politicamente incorrecta:(. So - um olho no ecrã, outro na malga de sopa. A vista controla as oscilações, a boca prepara o Credo, nenhuma delas mede a temperatura, muito menos à distância e sem fumo denunciante. Terá o meu microondas entrado em auto-gestão? Ou tenho pé leve no acelerador do carro e dedo pesado no raio do electrodoméstico? Certo é que fervia, a sopinha de "bages", irra! Depois do ajustado, habitual e portuense palavrão, a memória trouxe a gargalhada enternecida. A irremediável diferença entre nós - eu, como minha Mãe, adepto dela quente; tu comendo-a quase fria, "tépida", nas tuas palavras risonhamente ofendidas. E certa noite eu chegara estourado e a morrer de fome, atacado de estranha miopia não li o teu desejo:(. A mesa posta. As sopas. A minha quase fria, a tua fumegante... Essa voz, uma oitava enrouquecida abaixo - "trocamos? Não me importo de esperar que arrefeça!" E como tantas outras vezes o desejo espreguiçou-se, varreu cansaço enorme e (outro) apetite voraz, abracei-te e lembro-me de pensar - "cá por mim, espero que a outra aqueça por combustão espontânea".
Como nós...

terça-feira, março 15, 2011

Estratégia de sobrevivência.

Amanhã vou sugerir aos Condomínios dos três blocos a transformação do relvado das traseiras em campo de golfe, com as inerentes vantagens ao nível do IVA. Se a proposta for aceite, pedirei ao Guilherme que retire os meus netos da Escola. Defendo que um se torne caddie e o outro leve aos jogadores - estrangeiros... - bolos dessa extraordinária infraestrutura golfística que é a Padaria Ribeiro. Para que os beneméritos alemães e americanos se sintam acarinhados e dispostos a regressar ao equivalente nortenho do Allgarve comprometo-me a permanecer à varanda e a gritar nice shot a intervalos regulares.
Portugal e São João da Foz têm futuro!

sábado, março 12, 2011

A Polícia não diz quantos, bom sinal!

Mais Portugal do que pensei na rua. À rasca...:(. E no entanto com humor e um saudável cheiro a desorganização, que sugere a ausência das máquinas partidárias e das suas camionetas estacionadas a duzentos metros. À espera dos que aproveitaram para ver o Jardim Zoológico, gozar a merenda e baralhar-se todos, risonhos, no momento de dizer quem fala no palanque.

A recordação de meu Pai. Ele gostaria de saber que pelo menos um dos netos lá ciranda. E a sua voz paciente, eu apelidara de anárquica uma barafunda qualquer, "a anarquia não é isso, meu filho". E o professor que era, vinte e quatro horas por dia, pedia a cena ao burguês e falava não da ausência de Governo, mas da sua inutilidade. Depois a voz fugia na direcção de tema favorito, eis-nos na peugada dos anarquistas catalães da Guerra Civil Espanhola, enquanto faziam plenários os Mouros de Franco e os aviões alemães de Guernica não perdiam tempo:(. Ouvi-lo foi um dos maiores privilégios da minha vida, a um outro nível escutar Ferré também.

Les Anarchistes.

Y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent
La plupart Espagnols allez savoir pourquoi
Faut croire qu'en Espagne on ne les comprend pas
Les anarchistes
Ils ont tout ramassé
Des beignes et des pavés
Ils ont gueulé si fort
Qu'ils peuv'nt gueuler encor
Ils ont le cœur devant
Et leurs rêves au mitan
Et puis l'âme toute rongée
Par des foutues idées
Y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent
La plupart fils de rien ou bien fils de si peu
Qu'on ne les voit jamais que lorsqu'on a peur d'eux
Les anarchistes
Ils sont morts cent dix fois
Pour que dalle et pourquoi ?
Avec l'amour au poing
Sur la table ou sur rien
Avec l'air entêté
Qui fait le sang versé
Ils ont frappé si fort
Qu'ils peuv'nt frapper encor
Y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent
Et s'il faut commencer par les coups d' pied au cul
Faudrait pas oublier qu' ça descend dans la rue
Les anarchistes
Ils ont un drapeau noir
En berne sur l'Espoir
Et la mélancolie
Pour traîner dans la vie
Des couteaux pour trancherLe pain de l'Amitié
Et des armes rouillées
Pour ne pas oublier
Qu'y'en a pas un sur cent et qu' pourtant ils existent
Et qu'ils se tiennent bien bras dessus bras dessous
Joyeux et c'est pour ça qu'ils sont toujours debout

De braço dado e alegres e é por isso que continuam de pé. Belos versos, caramba... À rasca sim, mas não de joelhos! Seria uma boa legenda para o que vejo no ecrã:).

sexta-feira, março 11, 2011

Para que conste.

Atendendo às provocações por mail que recebi de alguns murcónicos, venho por este meio comunicar que Sua Excelência o Presidente da República não se referia a mim quando "facebookou" que as suas declarações tinham sido vítimas de interpretações abusivas.

(O que não significa que os diferentes protagonistas do Poder não nos leiam avidamente...).

Ambrósio!, apetecia-me algo, talvez umas gotinhas de neuroléptico:))))))

quarta-feira, março 09, 2011

Breves.

1 - É de mim ou o Professor Cavaco Silva apelou à malta para encher as ruas, indignada? Quem será mais mobilizador, ele ou Carvalho da Silva?:). Aparentemente o Dr. Passos Coelho não esperava tanto, ficou mudo mas não quedo...

2 - Em face de algumas queixas, esclareço que também não consigo escrever comentários, o raio da máquina manda-me criar um blog! Deve detestar o meu:(.

3 - Depois de ver as imagens que a Sporttv se esqueceu (?) de transmitir, peço desculpa por mais um erro de apreciação, daquele ângulo pareceu-me que o bom do Javi tinha "soltado o braço". O árbitro ganhou uma jornada de férias. Presumo que o iluminado fiscal-de-linha o aproveite para filmar um anúncio à MultiOpticas:). Qualquer coisa do género "quando é o Benfica vejo tudo vermelho, truba-se-me a bista e asneio, mas acho que já me posso tratar".

domingo, março 06, 2011

No rescaldo...

Como se lembrarão, pitonísico:), decretei que o Benfica perdeu o campeonato à quarta jornada. Por esse facto, a derrota de hoje chateia, mas deixa em paz cabelos e vestes. Para falar com franqueza, acho que o Benfica "ofereceu" o jogo, com uma expulsão escusada e um frango, para além de ter muitas dúvidas no lance interrompido a Jara, mas preocupa-me mais como vão os meninos chegar fisicamente ao Paris St. Germain. Hoje, o que verdadeiramente me impressionou foi o ambiente de hostilidade no estádio. Fartei-me de ver o Benfica em Braga e chegava a ser divertido porque havia gente a festejar os golos dos dois clubes!:). E agora bolas de golfe, moedas e amigos meus a enviarem sms lá do meio muuuuito pouco tranquilos, no Sábado fui a Adaúfe e vi tarjas que destilavam ódio:(. Fez-me pena...

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Ritmo circadiano.

A noite incendeia a paixão. E contudo é a manhã a garantir o amor.

sábado, fevereiro 26, 2011

The quiet one. RIP...

George Harrison, um dos quatro famosos de Liverpool, nasceu a 25 de Fevereiro de 1943. Faria hoje 68 anos.
George Harrison nasceu a 25 de Fevereiro de 1943, em Liverpool, na Inglaterra, e faleceu a 29 de Novembro de 2001, em Los Angeles, vítima de cancro.
Apesar de nunca ter desfrutado de um mediatismo comparável a John Lennon ou Paul McCartney, George Harrison foi um músico de grande nível e uma peça fundamental dos "Fab Four", tendo assinado alguns temas marcantes da banda como "while my guitar gently weeps", ou "Something", entre muitos outros.

domingo, fevereiro 20, 2011

Boa noite.

Colin Firth é admirável em O Discurso do Rei. Imagino-lhe a satisfação, por se vir a afirmar como um actor que não está aprisionado a um género de filmes, Filadélfia deve ter tido o mesmo efeito em Tom Hanks. Além disso casou com a nossa Lúcia Moniz em O Amor Acontece, é um bocadinho tuga:).
Mas em verdade vos digo: controlasse eu os votos da Academia e o Óscar iria para Jeff Bridges em Indomável. Admito o fraquinho que sempre tive por ele desde o Great Lebowsky, mas este Marshall é um hino a alguma natureza humana, no que tem de assustador, terno, crepuscular e irredutível face ao rolo compressor da homogeneização. O bom do John Wayne deve estar a roer-se de inveja:).

P.S. O Dr. Passos Coelho tranquilizou a Nação - o PSD não tem pressa de ir ao pote. Nas próximas eleições estará do outro lado da barricada um Primeiro-Ministro que, se não me falha a memória, no Parlamento sussurrou ao circunspecto Dr. Louçã - "manso é a tua tia". Não sei se o pote continua no fim do arco-íris; não sei se ainda resta algum ouro; mas sei que ficará ao cuidado de quem se move no registo popularucho como peixe na água.
Recuso-me a acreditar que o FMI não leve isso em conta...:).

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

O jornal ao balcão da manhã.

Como tantas outras vezes, li com prazer a crónica de Rui Tavares no Público. A sua análise do anúncio da moção de censura do BE parece-me correcta. Pouco me importa em que percentagens se misturaram os condimentos: antecipar-se ao PCP ou marcar distâncias com os (improváveis e dolorosos) compagnons de route na campanha presidencial, leia-se, o PS. O resultado em termos de imagem pública é catastrófico – tacticismo político puro e duro, em nada devedor ao exercício do mesmo “acto cívico” pela Direita, que só aguarda sondagens mais reconfortantes, revolta social aberta ou o jackpot de uma intervenção presidencial. Companheiro do BE em várias lutas, seu votante “oportunista” nas últimas Legislativas, por enfado com um PS que não jogou limpo, prevejo-lhe um futuro difícil, a maturidade tarda. Iniciativas como esta dão armas a quem nota a ausência de uma estratégia global e cola o Bloco a “meras” iniciativas parcelares, por mais justas e necessárias que tenham sido. (E foram!) Os sinais de desconforto interno são evidentes. O modo como serão resolvidos, e a resultante programática do confronto das diversas opiniões, dirão muito sobre a capacidade de auto-crítica de quem é mais igual do que os outros e terá reflexos na fixação de eleitorado. Porque um dia o PS pode lembrar-se que é um partido de esquerda e agir em conformidade – eu sei, eu sei, pareço um John Lennon de vão de escada e demenciado: you may say I’m a dreamer, but I’m the only one:)))) –, colocando o Bloco perante uma evidência - não é só ao Centro que existe eleitorado flutuante! Juntem-lhe o voto útil contra uma Direita unida e homogeneizada por lancinantes saudades do Poder e o espectro de um Partido do Táxi à esquerda é menos surrealista do que parece…

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Circular.

Como vocês sabem, o Murcon é o meu "Diário da República". Por isso não me imagino a agradecer e pedir desculpa noutro sítio. Agradecer, por centenas de pessoas terem "entupido" o site em que ontem respondi a questões sobre Sexologia; pedir desculpa por a informática não ter aguentado - apesar do esforço de tanta gente! - e muitos terem ficado sem resposta:(.
Mas nada substitui o face a face, gente, desculpem a caretice:))))))).

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Que majestoso ralhete...

"Não foi nenhum tipo de vocação que me fez, jovem rapariga, aceitar a austeridade do claustro, mas apenas a vossa ordem, e se não mereço gratidão por isso, podeis avaliar como os meus esforços foram em vão. Não posso esperar de Deus recompensa por eles, porque é certo que até agora nada fiz por amor Dele. Quando vos apressásteis na Sua direcção, segui-vos, na realidade, fui a primeira a tomar o véu - talvez estivésseis a pensar como a mulher de Lot olhou para trás quando me obrigásteis a vestir o hábito religioso e tomar os votos antes de vos oferecerdes a Deus. Esta vossa falta de confiança em mim, confesso, encheu-me de dor e vergonha. Eu não teria hesitado, sabe-o Deus, em seguir-vos, ou, a ordem vossa, ser a primeira dos dois a afrontar as chamas do Inferno... Peço-vos, pensai no que me deveis, escutai os meus apelos, e eu terminarei uma longa carta com um breve epílogo: adeus, meu único amor. "

Heloísa a Abelardo.

domingo, fevereiro 06, 2011

A mulher que sabe demais, como diria o velho Alfred:).

Maria,

Estás pronta? E lembra-te - não vale pensar!

Domingo à noite...
Bach.
Saudades...
Cantelães.
Tu...
Interdito a menores de vinte e cinco anos.

Rendo-me, continuo a ser um livro escancarado para ti:).

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Naco de uma correspondência fascinante:).

"Não sei se se apercebeu da ligação secreta que existe entre "Análise pelos não-médicos" e"O Futuro de uma Ilusão". Num, quero proteger a Análise dos médicos, no outro dos padres. Gostaria de lhe proporcionar um estatuto que ainda não existe, o estatuto de pastores seculares de almas, que não teriam a necessidade de ser médicos nem o direito de ser padres".

Freud a Pfister, Novembro de 1928.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

A espera.

Maria,

Os Machado Vaz abraçados, de novo perante o destino, o intervalo foi curto:(. Faço o que está nas minhas mãos e não chega. Se cá estivesses!... O sol na tua sala, no nosso abraço, no meu coração. E o sussurro, "vai correr bem". Maria, amar-te é uma dádiva egoísta, o que (sh...!,ainda) te dou fica a anos-luz do que recebi...

domingo, janeiro 23, 2011

Breves.

1 - Regresso da mediocridade política à linha de base após o sobressalto eleitoral.

2 - Vitória pouco entusiástica de Cavaco Silva. Derrota muuuito light de José Sócrates, não acredito que seja noite de anti-ácidos. Tão light como o entusiasmo do suave e politicamente correcto Passos Coelho, os números e a personalidade do Presidente não indiciam a bomba atómica que ele próprio não deseja, mas os próximos boys exigem para ontem.

3 - O episódio terceiro-mundista dos cartões de cidadão e a comparação desadequada com a segunda vitória de Jorge Sampaio servirão para disfarçar o inexorável avanço do desencanto dos portugueses.

4 - Aceito que Manuel Alegre tenha pago um preço pelo apoio do Partido no Governo em tempos de vacas magras e espremidas. Mas a minha megalomania não chega ao ponto de me considerar o único português de esquerda que ficou chocado pelos "rituais de acasalamento político" a que se entregou com o Engenheiro Sócrates e pelos equilibrismos entre PS e BE.

5 - O meu estimável colega Fernando Nobre herdou muito do seu capital "anti-sistema" - para empregar a terminologia futeboleira -, mas receio que lhe siga os passos (perdidos) na interpretação optimista dos resultados.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Boa noite.

Para alguns de nós, a amargura é um apeadeiro obrigatório no caminho para a lucidez. So be it. A alternativa é humilhante - embaciar o espelho e mentir. Não quero escandalizar ninguém, mas para mim a questão moral nem se chega a pôr, tal hipótese é esteticamente inaceitável.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Dicas.

Últimas informações ABSOLUTAMENTE INDISPENSÁVEIS para decidir o sentido de voto:

1) A reforma da Primeira Dama é de 800 euros, o que a faz depender do trabalho do marido.

2) Manuel Alegre em nenhum momento do comício de Castelo Branco esteve em desacordo com o Engenheiro José Sócrates. (Cinco anos é muito tempo...).

3) O Dr. Passos Coelho não deseja o poder das mãos do Presidente da República, mas das dos portugueses. Suponho, portanto, que recusará ser Primeiro-Ministro por nomeação...

4) Segundo o candidato José Manuel Coelho, a Presidência da República portuguesa é mais cara do que a Casa Real espanhola. Mesmo sem iate...

domingo, janeiro 09, 2011

Boa noite.

Em verdade vos digo: pensava que a campanha nunca deixaria o registo sonolento. Enganei-me, ei-la merecedora de outro adjectivo - pífia. Soube o Professor Cavaco Silva que beneficiava de um "preço de amigo", privilégio recusado várias vezes pelo General Ramalho Eanes? Que meio de comunicação obterá o ambicionado exclusivo com a secretária de Manuel Alegre que levou o cheque ao BPP? (Não o primeiro, o segundo, pós-transferência bancária, que por isso acarretou a declaração em IRS).
Mas os portugueses, Senhor, porque os castigais?

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Quem nunca pecou...

Não há espelho mais corrupto do que a auto-piedade.

sábado, janeiro 01, 2011

Como foi o primeiro dia?:).

Cortar o tempo

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade