sexta-feira, agosto 31, 2012
Nas vossas costas:).
Maria,
Escrevo-te no Facebook para eles não saberem e não me acusarem de pieguice. Eles quem???? Mas eu disse-te, valham-me Deus e o Diabo – fui jantar com os murcónicos! Uns vieram, outros telefonaram, houve quem mandasse sms e mails. Sete anos é muito tempo, querida. Bem sei que hoje em dia sou um pretexto para a amizade que os une, mas por que não deveria o grão de areia ficar orgulhoso da péro...
Escrevo-te no Facebook para eles não saberem e não me acusarem de pieguice. Eles quem???? Mas eu disse-te, valham-me Deus e o Diabo – fui jantar com os murcónicos! Uns vieram, outros telefonaram, houve quem mandasse sms e mails. Sete anos é muito tempo, querida. Bem sei que hoje em dia sou um pretexto para a amizade que os une, mas por que não deveria o grão de areia ficar orgulhoso da péro...
la que o abraça? É gente minha. Mesmo os que partiram amuados, desiludidos, furiosos; todos. A esta hora invadem a noite portuense, imagino-lhes as gargalhadas, os braços pelas costas, o “até para o ano em Lisboa”. Não pedem nada, não devem nada, ofereceram-me a sua lealdade. Que lhes posso dar em troca? Tens razão, como sempre, vou procurar no Youtube, já não me lembro de ouvir essa canção. Dorme bem, menininha, não imaginas o gozo que me daria relembrar a noite nos teus braços.
Antes de…
Antes de…
quarta-feira, agosto 29, 2012
Na Castanheira.
Amanhã há jantar do Murcon. Nem sequer sei quantos somos, não importa. Passaram sete anos e ainda nos reunimos. O resto é silêncio, escreveu alguém:).
domingo, agosto 26, 2012
sábado, agosto 25, 2012
O maná segundo Borges:).
Depois de laboriosa leitura de
alguns textos que se debruçam sobre a hipótese favorita do Dr. António Borges
para a privatização/concessão da RTP, rendi-me à evidência – o negócio é da
China, mesmo que o grupo vencedor não seja o da EDP. O Estado paga, nós pagamos
e algum privado enche os bolsos. Sei que tudo estará decidido a curto prazo,
mas não iríamos a tempo de criar uma empresa com uns milhares de desempregados
e entregar-lhes tal árvore das patacas? Melhoravam as estatísticas e, como já
tinham passado pela experiência, talvez não falassem com tanta ligeireza dos
despedimentos que aí vêm e dos espectadores da 2 como membros de uma tribo
exótica e caprichosa em vias de extinção… Vá lá, não sejam preconceituosos – os
números da execução orçamental, os empates dos vossos clubes na semana passada,
agora este golpe de génio, já tinham presenciado uma tal chuva de boas notícias
em plena silly season?
domingo, agosto 19, 2012
Nós os três.
Da árvore de meus Pais chega queixa silenciosa; apelo envergonhado; promessa de paz interior. Pouco importa se alucino, vejo a partida como traição:(.
quarta-feira, agosto 15, 2012
Nas mãos do anticiclone dos Açores:).
Maria,
Por fim uma réstia de sol! Os
magos da meteorologia, definitivos – amanhã chega o Verão. E eu olho os miúdos
e desejo-lhes piscina, digestões optimistas para regressarem ao banho, peles
roxas, “com frio, eu? Ná…”. É confrangedor vê-los pela casa, debicando livros,
hipnotizados por desenhos animados estridentes,
de pata dada com cães tão enfastiados como eles. E a pergunta, plangente
– “Avô Júlio, quando…?”. Não sei; não posso; não consigo. E se admiti-lo nunca
me causou engulhos profissionais – já sei, nem sempre é resposta amiga de quem
nos ama… -, ver-me impotente perante a frustração dos miúdos é um tormento. Olham-nos
de baixo e esperam o milagre, a omnipotência, o estalar dos dedos que pinta de
azul o céu. E o patriarca, em dia santo, rende-se, humilde, à prece; recorre,
em fúria, à imprecação; joga, esperançoso, na roleta do acaso.
Tudo por sorriso aberto nas
caritas deles. Que emoldure a recordação do teu…
segunda-feira, agosto 13, 2012
Ámen.
Se por acaso morrer durante o sono
Não quero que te preocupes inutilmente.
Será apenas uma noite sucedendo-se
a outra noite interminavelmente.
Se a doença me tolher na cama
e a morte aí me for buscar,
beija Amor, com a força
de quem ama,
estes olhos cansados,
no último instante.
Se, pela triste monotonia do entardecer,
me encontrarem estendido e morto,
quero que me venhas ver
e tocar o frio e sangue do corpo.
Se, pelo contrário, morrer na guerra
e ficar perdido no
gelo de qualquer Coreia,
quero que saibas, Amor, quero que saibas,
pelo cérebro rebentado, pela seca veia,
pela pólvora e pelas balas entranhadas
na dura carne gelada,
que morri sim, que me não repito,
mas que ecoo inteiro na força do meu grito.
Rui Knopfli.
domingo, agosto 12, 2012
E no entanto, olhando em volta, receio que nos venhamos tornando em pessoas e cidadãos cada vez mais adiados:(.
(Não posso adiar o
amor para outro século)
Não posso adiar o amor para outro
século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na
garganta
Ainda que o ódio estale e crepite
e arda
Sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos
sobre as costas
e a aurora indensa demore
não posso adiar para outro século
a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa.
quinta-feira, agosto 09, 2012
Nascidos para...
Maria,
Pois tu estavas lá? Eu sei que és
portuguesa, mulher!, mas podias ter escolhido a vela ou o hipismo. Ah, o sexto
sentido feminino… Sei. O que te fazia olhar-me e decretar “estás preocupado”,
pese embora negativas e riso (amarelo) que colocava entre mim e a sistemática
confissão. Já no teu colo, tu ouvias; esses dedos longos em passeio pelos meus
cabelos, a ética inegociável, “faz o que tens a fazer”.
Tu estavas lá. E viste o triunfo
dos miúdos, a um sexagenário é permitido tratá-los assimJ. Que bom! Sabes, ao ouvir um
deles referir-se à família da canoagem – eu sei, fiz figura de parvo no
facebook ao chamar-lhe remo… - lembrei-me de Anselmo Braamcamp. Eu chegava das
aulas, fazia os deveres (TPC?) e com alívio guloso dava conhecimento do facto a
minha santa Mãe, que pronunciava as palavras mágicas – “vai para a rua brincar”.
A rua, Maria… A rua e os amigos
do peito que habitavam as “ilhas” tão portuenses, o Migalha, o Gabriel, o
Orlando, o Neca, o filho do barbeiro e por aí fora. Na casa de todos fui
recebido e ensinado, porque o dinheiro era escasso mas a solidariedade muita,
havia beijos e pão para o filho da Clarinha. E o ténis de mesa no Mocidade Invicta. Às
vezes equipava-mo-nos na própria sala de
jogo, o treinador segurava uma espécie de cortinado para salvaguardar senhoras risonhas daquela nudez adolescente e
tímida, éramos nós a ficar vermelhos, perdão!, nesse tempo dizia-se encarnado,
para não alimentar as paranóias do Messias de Santa Comba. Quando ganhámos o
campeonato regional o Presidente fez um discurso inflamado e deu um pacote de
bolachas e uma cerveja a todos os elementos da equipa. Eu tinha catorze anos,
foi o mais próximo que estive de um shot na adolescência, sobre a Faculdade e
as patuscadas é melhor não falar, mesmo a posteriori tu franzias o sobrolho.
Também ali se poderia falar de
família. Sabes como adoro futebol e a paixão desesperada – mas não cega e
surda… - que nutro pelo Benfica. Mas há tantas nuvens em tudo aquilo! Dinheiro
e dívidas a mais (supremo paradoxo), endeusamentos ridículos, negócios
duvidosos, violência física pronta a saltar, verbal sete dias por semana, parece que o relvado se tornou ilha minúscula
em gigantesco arquipélago de interesses. Não, não creio que se possa falar da
família do futebol, a não ser para decidir a que terapeuta a enviar para
loooongo tratamento de prognóstico reservadoL.
Por isso, ao ver a alegria
esfusiante dos miúdos, fantasiei-lhe uma dimensão selvagem de revolta, o que
poderiam fazer, eles e outros, com uma parcela modesta do investimento
reservado ao futebol? Sim, outros. O rapazinho que ficou em nono no triatlo, a
rapariga que caiu e recusou desculpas e lamúrias, ergueu-se e partiu para
qualificação e record, as meninas da maratona, os velejadores. Por que razão é
tão grande a assimetria de meios? São filhos de um deus menor? (Lembras-te do
filme e daquela cena, tu riste da minha interpretação, disseste “connosco não foi assim” e eu…
Adiante!).
A verdade é que, apesar de todas
as dificuldades, fazem as coisas acontecer. Rasteira? A que te referes, menina?
Ah, nem notei… Pronto, é verdade, quis verificar se ainda te lembravas de verso
e canção que te ensinei. Compraste o disco em Londres… E isso é bom ou mau? Foi
em nossa honra ou para mostrares a ti mesma que já não precisas do meu
emprestado?
O teu silêncio. A minha estante.
O disco. Nascemos para quê?
terça-feira, agosto 07, 2012
segunda-feira, agosto 06, 2012
A propósito de Ryan Adams.
Maria,
Esse feitiozinho… Ralhas-me por
te ralhar quando o não fiz. Hesito entre fúria e auto-piedade, eis que a esperança abandona
famosa e grega caixa, “funcionará em espelho e eco?”. Pelo sim pelo não, envio
a sms – “desejo-te”. Desligo o telemóvel, assustado, melhor deixar para amanhã
o que posso penar hoje. E meto uma cunha aos deuses no facebookJ.
domingo, agosto 05, 2012
Este país não é para velhos. E para os outros...
Mais de 40 mil idosos da Grande Lisboa deixaram de comprar o
passe terceira idade no primeiro semestre deste ano, , quando deixaram de
usufruir de desconto, segundo dados enviados à Agência Lusa pela Carris.
De acordo com a empresa, no primeiro semestre do ano passado,
242.717 pessoas compraram o passe Navegante Urbano 3ª idade (Carris, Metro e CP
na zona urbana), um número que nos primeiros seis meses deste ano desceu para
200.876, correspondendo a uma redução de mais de 17 por cento.
Além dos vários aumentos de preços que os tarifários sofreram no
último ano, em fevereiro o Governo decidiu diminuir o desconto que os idosos
beneficiavam na compra do passe social, que passou dos 50 para os 25 por cento.
Além dos idosos, também os restantes utentes estão a reduzir a
utilização dos transportes públicos, tendo a Carris perdido mais de 26 milhões
de passageiros no primeiro semestre deste ano, comparativamente com o mesmo
período de 2011.
Segundo dados da empresa, no ano passado foram registados
125.422.560 passageiros, enquanto este ano esse número caiu para 99.370.330 (-
20,8 por cento).
Por seu lado, o Metropolitano de Lisboa registou uma redução de
11.500 milhões de passageiros, tendo passado dos 92.174.086 registados nos
primeiros seis meses de 2011 para os 80.662.283 registados este ano.
Na Transtejo, a queda foi menos acentuada: menos 1.630.799
passageiros.
A empresa teve no primeiro semestre do ano passado 14.082.619
passageiros, número que caiu para os 12.451.820 este ano.
À Lusa, fonte da Carris atribui a “acentuada quebra de
passageiros” à “recessão” e ao “aumento do desemprego, que se verificam em
Portugal”, frisando que também há uma “diminuição do transporte particular”.
Porque o Murcon será sempre o arquivo oficial:).
Maria,
A conselho médico sou o nada
entusiasta dono de uma cadeira. Se não for heresia chamar-lhe assim!, não imaginas a
complexidade do monstro, são tantas as variantes de posição que receio enjoo de
mar revolto invadindo a paz de Cantelães. Fui ensinado a manter as costas
direitas pelos amantes que repousam no jardim, aparentemente esqueci-me de o fazer em sentido
literal, há um preço a pagar. Seria desprezível comparar os meus achaques a
tanto sofrimento que por aí vai, mas são óbvios sinais de declínio e o primeiro
pensamento vai para ti, apelo mudo que
mira a porta de soslaio, numa esperança de milagre. O primeiro… Porque depois
chega o alívio, triste mas alívio. Conheço-te – amar-me-ias no matter what, como por essa olímpica
Londres se diz. Conheces-me – se o futuro trouxer o castigo de sobreviver a mim
próprio, que o mundo inteiro se aperceba. Tu não, minha querida; tu não.
Só o negam os olhos, que não
conseguem levantar voo da porta…
sexta-feira, agosto 03, 2012
Com ou sem razão... Dúvida excruciante do Tribunal:).
A partir de agora é crime na Itália dizer a um homem
que este "não tem testículos". A norma foi aplicada judicialmente no
mais importante tribunal italiano.
A decisão vem pôr fim a uma disputa entre um advogado
e um primo seu, juiz de paz, que o insultou em pleno tribunal, dizendo que este
"não tinha testículos".
"Fora a vulgaridade dos termos utilizados, a
expressão é injuriosa", diz a sentença, que acrescenta que o insulto não
só "insinua uma falta de virilidade do destinatário, como uma fraqueza de
caráter, uma falta de determinação, de competência e de coerência, virtudes
que, com ou sem razão, são identificadas como pertencentes ao género masculino".
O tribunal ainda não decidiu qual será o montante da
multa a aplicar.
quarta-feira, agosto 01, 2012
Um delicioso poeta burilando a prosa:).
Coisas sólidas e verdadeiras.
O leitor que, à semelhança do de O'Neill, me pede
a crónica que já traz engatilhada perdoar-me-á que, por uma vez, me deite no
divã: estou farto de política! Eu sei que tudo é política, que, como diz
Szymborska, "mesmo caminhando contra o vento/ dás passos políticos/ sobre
solo político". Mas estou farto de Passos Coelho, de Seguro, de Portas, de
todos eles, da 'troika', do défice, da crise, de editoriais, de analistas!
Por isso, decidi hoje falar de algo realmente
importante: nasceram três melros na trepadeira do muro do meu quintal. Já
suspeitávamos que alguma coisa estivesse para acontecer pois os gatos ficavam
horas na marquise olhando lá para fora, atentos à inusitada actividade junto do
muro e fugindo em correria para o interior da casa sempre que o melro macho,
sentindo as crias ameaçadas, descia sobre eles em voo picado.
Agora os nossos novos vizinhos já voam. Fico a
vê-los ir e vir, procurando laboriosamente comida, os olhos negros e brilhantes
pesquisando o vasto mundo do quintal ou, se calha de sentirem que os
observamos, fitando-nos com curiosidade, a cabeça ligeiramente de lado, como se
se perguntassem: "E estes, quem serão?"
Em breve nos abandonarão e procurarão outro
território para a sua jovem e vibrante existência. E eu tenho uma certeza: não,
nem tudo é política; a política é só uma ínfima parte, a menos sólida e menos
veemente, daquilo a que chamamos impropriamente vida.
Manuel António Pina no JN.
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