domingo, abril 30, 2006

Exactamente, o essencial da fé cristã nunca poderia estar à mercê de tal facto.

Maria Madalena nos textos apócrifos



Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia

As mulheres têm motivos para uma boa relação com Jesus. Ele, durante a vida, com escândalo de muitos, teve para com elas uma atitude e comportamento de muita simpatia e ternura. Se a Igreja histórica nem sempre lhe seguiu o exemplo, havendo mesmo um forte contencioso das mulheres com a Igreja oficial, isso deve-se a muitas razões, como heresias que desprezavam o corpo, o sexo e o feminino, questões ligadas ao poder e ao machismo.

Para lá dos textos canónicos - aqueles que a Igreja aceitou como regra de fé -, há também os apócrifos, que a Igreja não recebeu, não significando isso que não possam ter importância. Entre eles encontram-se os textos gnósticos, de que tanto se tem falado e acessíveis sobretudo com a descoberta, em 1945, da biblioteca de Nag Hammadi, no Egipto (o Evangelho de Judas insere-se nesta tradição).

Ora, o que dizem os apócrifos sobre Maria Madalena?

A tradição apócrifa, sobretudo gnóstica, tem textos muito controversos sobre a relação entre Jesus e Maria Madalena. Assim, no Evangelho de Filipe, pode ler-se: "A companheira do Salvador é Maria Madalena. O Salvador amava-a mais do que a todos os discípulos e beijava-a frequentemente na boca. Os outros discípulos disseram-lhe: 'Porque a amas mais do que a nós?' O Salvador respondeu-lhes, dizendo: 'Porque não vos amo a vós como a ela?'"

No Evangelho de Maria, Pedro, com animosidade, reconhece que o Mestre a apreciava mais do que às outras mulheres, perguntando inclusivamente: "Falou com uma mulher sem que o soubéssemos, e não manifestamente, de modo que todos devemos escutá-la? Será que a preferiu mais do que a nós?"

Segundo o apócrifo Perguntas de Maria e outros escritos, alguns gnósticos admitiam que Maria foi parceira sexual ou esposa de Jesus. É uma posição exagerada, contestada por outros.

No entanto, é destes textos que deriva o debate à volta da relação matrimonial de Jesus e Maria Madalena.

O que é facto histórico é que Jesus amou as mulheres - isso é testemunhado tanto pelos textos canónicos como pelos apócrifos - e, evidentemente, amou-as como homem, portanto, com a sua sexualidade, não necessariamente genital. Como explica o exegeta Jacinto de Freitas Faria, "os gnósticos viam a união entre o masculino e o feminino numa esfera espiritual de superação da divisão corpórea. Jesus e Madalena eram vistos como exemplo dessa integração. O beijo entre eles era a expressão desse desejo espiritual. Por isso se diz que o beijo comunicava o saber. Um transformava-se no outro". Consequentemente, diz-se que Madalena transmitia os ensinamentos do Amado/Mestre. Assim, embora haja textos em que se afirma a relação matrimonial de Jesus e Maria Madalena, não se pode esquecer o carácter mais tardio desses textos, nem que gnose significa conhecimento profundo e também desprezo pelo corpo e procura da purificação da alma na busca do espírito. O feminino normalmente era considerado negativo. Pode ler-se no Evangelho de Tomé: "Simão Pedro disse-lhe: 'Que Maria saia de entre nós porque as mulheres não são dignas da vida.' Jesus disse: 'Olhai, eu mesmo a impulsionarei para que se torne varão, para que chegue também a ser um espírito vivente semelhante a vós, os varões; porque qualquer mulher que se torne varão, entrará no Reino dos céus.'"

De qualquer modo, a discussão será sempre complexa e não há elementos para solucioná-la de modo definitivo. Concretamente, não se pode ignorar que houve várias correntes na gnose, tendo até algumas delas admitido mestras e sacerdotisas. Por outro lado, nas disputas pelo poder e pelo estabelecimento da ortodoxia nas diferentes tradições do cristianismo, as mulheres foram sendo subalternizadas e marginalizadas.

Seja como for, a pergunta que muitos se colocam e cuja resposta gostariam de saber é se Jesus poderia conhecer uma experiência sexual. Parece evidente que, se era verdadeiramente homem, não se lhe pode retirar a experiência humana do desejo sexual. Se satisfez esse desejo ou não com uma mulher, é questão que historicamente não pode ser decidida. Todos os dados históricos indicam que Jesus não casou. Mas, se isso tivesse acontecido, a fé cristã não ficaria abalada.

Como escreveu o abbé Pierre, fundador dos irmãos de Emaús e a figura mais popular de França, Jesus tanto pode ter satisfeito o desejo sexual num amor partilhado, como não ter satisfeito esse desejo, "o que o não impediu de ser plenamente homem".

"Num e noutro caso, creio que isso nada muda ao essencial da fé cristã."


DN.

sábado, abril 29, 2006

Já que passei a tarde a ler ao sol...:)

Num exemplar das Geórgicas


Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.

Eugénio de Andrade.

sexta-feira, abril 28, 2006

Sexta à noite, depois de uma semana frenética.

Por fim, Cantelães. Um céu inacreditável. O abraço da Mindinha, "ó senhor doutor, pregou-nos um susto!". Uma leve sensação de culpa para com os lisboetas, como de costume trataram-me com um carinho extraordinário. A satisfação por saber que fui o pretexto para os murcónicos se juntarem de novo. O fascínio por esta parolice portuguesa que enche os telejornais com agradecimentos a Scolari por não ter aceite um convite dos ingleses para integrar a "short list" de potenciais seleccionadores. A melancolia por ver os bispos portugueses definirem a "boa" sexualidade, que justifica o "mal menor" do preservativo, como exclusiva do casamento heterossexual e monogâmico. As outras são perversas? O preservativo é aceitável para os que entram no casamento já seropositivos ou também para os que se infectam depois e não foram tão monogâmicos como isso? O espanto perante as vozes maravilhadas pelo discurso forçosamente consensual do Presidente da República. Pois esperavam assim tão pouco dele? O silêncio interrompido pelo regato. As árvores cortadas do outro lado que preocupam o casadaponte. Como será Turio dentro de cinco anos? Que luzes abafarão os meus candeeeiros solares?
Por fim, Cantelães. Até ao fim, como disse a Teresa Martins Marques. Obrigado, maralhal.

quinta-feira, abril 27, 2006

Back to the past.

Sozinhos, mas não sós


Leio a entrevista ao Público de Jean-Claude Kaufman. Ele tem razão, alguns casais desejam viver juntos, outros preferem não partilhar todos os dias o mesmo tecto. Na coluna ao lado, os respeitáveis números: um em cada três franceses vive só, na Dinamarca há 45% de lares com uma pessoa, em Portugal a percentagem é de 17%, mas vem subindo. Quanto a mim, não preciso das estatísticas oficiais - ouço vidas por profissão.
Muitas apenas teoricamente a solo, há portugueses que vivem sozinhos e não sós, amam sem partilhar a caixa do correio. Alguns já o fizeram, com ou sem papéis assinados. O discurso destes gira, com frequência, à volta da seguinte ideia - “venha o amor, mas juntar outra vez os trapinhos é que não!” Ao escutá-los, é impossível não pensar que desenvolveram – ou simplesmente descobriram? - uma certa “claustrofobia” afectiva e espacial, necessitam de espaço psicológico e físico privado, embora no âmbito de uma relação. Quando esta cresce entre duas pessoas com a mesma opinião, o consenso torna-se fácil e conduz a vida de casal distribuída por dois lares (como é evidente, as exigências económicas envolvidas e o tipo de “lastro cultural” que permite esse arranjo fazem dele quase apanágio das classes média e média alta). Se as duas têm posições divergentes - sobretudo quando não pertencem à mesma geração, sendo a mulher habitualmente mais jovem no caso das relações heterossexuais -, os problemas surgem, com uma a interpretar a relutância da outra em coabitar como sinal de fraco amor. O sofrimento agudiza-se quando a divergência se estende à hipótese de um filho, pois é frequente o mais velho tê-los de uma ligação anterior.
Entre os mais jovens, penso que deveríamos associar a este fenómeno algumas situações em que os filhos permanecem na CP (casa dos pais), apesar de uma autonomia financeira que lhes permitiria sair. Na realidade, ouço muita gente dissertar sobre as vantagens inerentes: poupança, roupa lavada e alimentação de qualidade garantida. Tal opção liberta verbas para um quotidiano mais desafogado e em grande parte livre, mesmo no caso das raparigas, atendendo à mudança de atitudes parentais no que toca a noites, fins- de-semana e férias passadas fora. Alguns, saindo embora, defendem que a transição directa de um agregado familiar para outro seria um erro grave, preferindo um período de autonomia, mais ou menos longo. Fascinante é a aparição nas mulheres jovens de discursos ditos “tipicamente masculinos”, como o que privilegia a ascensão profissional ou – ó supremo despautério em país machista! – o que receia opções afectivas precipitadas, sem experiência suficiente, incluindo sexual (aumentaram exponencialmente as situações em que raparigas fazem marcha-atrás perante um casamento com data marcada, alegando “não terem a certeza” ou “não estarem preparadas para esse tipo de compromisso”). Tudo isto se enquadra num banho cultural que legitima a felicidade e a realização individuais e dessacralizou o casamento, visto como o encaixe de dois projectos de vida e não como uma instituição cujos “direitos” se sobrepõem aos das pessoas. E assim, estas preferem muitas vezes não assinar papéis, ou a eles chegar depois de uma experiência de coabitação e por terem decidido pedir à cegonha que passe lá por casa e povoe um berço.
Uma última palavra em relação aos afectos envolvidos. No nosso país, aqui e ali, ainda ouço apostrofar solitários de mãos dadas por recusarem uma união para o melhor e o pior (a sonoridade católica não engana). O reparo sugere que tais ligações são superficiais, egoístas, imaturas. Algumas, seguramente, como tantos casamentos e uniões de facto. Mas devo dizer que vejo amiúde, em situações de crise, as pessoas envolvidas coabitarem, por ser esse o mecanismo mais adequado para lidar, por exemplo, com uma doença. Problema ultrapassado, regressam ao namoro sob dois tectos. Os arranjos do amor serão cada vez mais diversos, considero inaceitável decretar de segunda os que não “respeitam” os cânones da família nuclear católica ou a perfeição em cinemascope dos filmes da Disney. Inaceitável e sobretudo ingénuo, a qualidade de uma relação não é – nem nunca foi! – assegurada pelo seu modelo estrutural. Como a boa música, ela apoia-se mais em executantes talentosos e afinados do que na acústica do lugar escolhido para o concerto.

terça-feira, abril 25, 2006

Sem título.

Maralhal,
Peço desculpa pelo abandono. Ontem à noite, divertido pela animação do Gaspar no banco traseiro, deixei o carro deslizar um pouco em recta e a baixa velocidade. Foi o suficiente para dar cabo de lata e dois pneus nos limitadores de pedra da estrada. Fiquei danado, nunca tive um acidente sério por minha culpa na vida e o barulho não enganava - os estragos eram de monta. Um dos vários passantes que, solícitos, acorreram, disse uma frase estranha: "acabou por ter uma sorte tremenda, doutor". Saí do carro e olhei para lá dos mecos - dez a vinte metros de ravina, se não tivesse corrigido tão rapidamente a trajectória tinha-nos morto a todos. Hoje recebi uma equipa que vinha entrevistar-me a Cantelães e passei o resto do dia a ver os meus netos pintarem a manta. Lá no fundo, o pensamento era sempre o mesmo - por um triz e por minha culpa não estariam na piscina, no relvado, à mesa. Se algum de vocês passou pelo mesmo, sabe a que me refiro. Aos outros, só posso dizer que vir ao blog nem sequer me ocorreu...
Boa noite.

segunda-feira, abril 24, 2006

"Quem cuidaria dos filhos????". Por amor de Deus!

Sarkozy endurece discurso e critica Ségolène Royal



Patrícia Viegas

O líder da UMP (partido no poder), Nicolas Sarkozy, voltou a endurecer o seu discurso político no último fim-de-semana, em Paris, criticando a esquerda e piscando o olho ao eleitorado da extrema-direita.

Exprimindo-se num encontro de novos militantes, o ministro do Interior francês recuperou a crise do CPE para dizer que "a esquerda sabe explorar os erros [da direita]", mas "não tem lições para dar e é responsável pela subida da Frente Nacional [FN/extrema-direita]".

Sarkozy referia-se às eleições presidenciais de 2002, em que o candidato do Partido Socialista (PS) Lionel Jospin foi eliminado na primeira volta, levando o líder da FN, Jean-Marie Le Pen, a disputar a segunda volta com Jacques Chirac, o actual chefe do Estado francês.

Na sua intervenção, o número dois do Governo assinalou ainda a ausência "de ideias" da deputada socialista Ségolène Royal que , de acordo com uma nova sondagem ontem divulgada pelo instituto CSA, venceria Sarkozy na segunda volta das presidenciais de 2007 com 53% dos votos. O líder da UMP obteria 47%.

Tudo está, no entanto, em aberto. Ségolène, a companheira do líder do PS, François Hollande, com quem tem quatro filhos, admitiu recentemente ao Canal + que, "caso a França continue assim", vai provavelmente ser candidata à substituição de Chirac. Mas mais não disse.

A popularidade da presidente da região de Poitou-Charentes, de 52 anos, reflecte-se também nas capas dos vários jornais franceses, pelo menos cinco até agora. No entanto, caso decida avançar com a candidatura, pode ter de deparar-se não só com Sarkozy, mas com uma sociedade considerada algo "machista" e uma parte do PS. Laurent Fabius, o líder que desafiou a orientação oficial do partido e apoiou o "Não" à constituição europeia, disse sobre ela: "E quem cuidaria dos filhos?".

Na reunião da UMP, Sarkozy dirigiu-se ainda claramente ao eleitorado da extrema-direita, afirmando que "quem não gosta da França, que não hesite em abandoná-la". Hollande reagiu, acusando o ministro do Interior de falar como Philippe de Villiers, o líder do MPF (dissidência da FN) que popularizou o slogan: "A França, ou a amas ou a abandonas".

Villiers, que recusou recentemente a oferta de Le Pen para uma candidatura única da direita "popular, social e nacional" em 2007, foi mais longe e, na entrevista ontem publicada no Le Journal du Dimanche, acusou Sarkozy de "plágio".

O mesmo jornal divulgou uma sondagem em que Chirac e o primeiro-ministro Dominique de Villepin, fragilizado pelo CPE, registam níveis recorde de impopularidade: o primeiro tem o apoio de apenas 29% dos franceses e o segundo 24%. Era esta a taxa de aprovação de Jean- -Pierre Raffarin quando foi demitido, após o chumbo da constituição europeia, a 29 de Maio de 2005.

domingo, abril 23, 2006

Ao lavar dos cestos.

Parabéns a todos os dragões murcónicos, foi merecidíssimo!

P.S. Que falta de educação da minha parte... - aos não murcónicos também:).

sábado, abril 22, 2006

Passo a passo também.

O arcebispo emérito de Milão considerou que, na luta contra a sida, o uso do preservativo pode constituir, «nalgumas situações, um mal menor» e recordou os casais em que um dos cônjuges sofre da doença.

Estas opiniões são expressas pelo cardeal Carlo Maria Martini durante uma longa conversa com o cirurgião Ignazio Marino, publicada hoje no semanário italiano «L¿Espresso» e em que tratam, entre outros, assuntos como as células estaminais, a fecundação assistida e as adopções.

Ao abordar o tema da Sida e a sua expansão, o jesuíta assinala que «há que fazer tudo para combater» a doença.

«Sem dúvida, a utilização do preservativo pode constituir nalgumas situações um mal menor», se, por exemplo, «um dos esposos padecer de sida, fica obrigado a proteger o outro e este deve poder proteger-se».

Religioso e médico falam também de fecundação assistida, dos embriões congelados durante anos sem que se decida o seu destino e a possibilidade de uma mulher ser fecundada com o sémen de um terceiro na impossibilidade de o ser com o do seu cônjuge.

Martini declara-se «prudente» ao falar sobre a fecundação através de uma dador, tal como quando se trata de decidir «sobre a sorte dos embriões, de outra forma, destinados a morrer e cuja implantação no útero de uma mulher, ainda que solteira, pareceria preferível à pura e simples destruição».

Sobre os embriões congelados, que possivelmente nunca serão utilizados e sobre qual deve ser o destino, o arcebispo emérito de Milão sublinha: «onde há um conflito de valores, parecer-me-ia eticamente mais significativo defender uma solução que permita a uma vida expandir-se, em vez de deixá-la morrer. Embora entenda que nem todos sejam da mesma opinião».

Marino, médico de prestígio internacional, interroga-se sobre os embriões congelados, se é melhor «deixá-los morrer no frio» ou usar as células estaminais para investigação.

No terreno, o jesuíta diz que não vê «ser possível pensar» no uso das células estaminais embrionárias para a investigação. «Estaria contra todos os princípios expostos até agora».

Martini reflecte ainda sobre a adopção de crianças por solteiros e assinala que a família composta por homem e mulher é, em primeiro lugar, a que reúne as condições para criar um filho.

Todavia, à falta de um matrimónio, Martini, 79 anos, considera que «no limite, também às pessoas solteiras, se poderia dar algumas garantias essenciais».

A propósito do aborto, o cardeal Martini considera «positivo» que a sua legalização tenha «contribuído para reduzir e tenda a eliminar os abortos clandestinos».

«É difícil que um Estado moderno não intervenha para pelo menos impedir uma situação selvagem e arbitrária», o que não quer dizer autorização de matar, declara, defendendo também que o Estado se esforce por diminuir os abortos por todos os meios.

O prelado, desde sempre um agitador de ideias, é considerado como um espírito livre na hierarquia da Igreja. Foi apresentado o ano passado, por altura da morte de João Paulo II, como o campeão da minoria liberal do colégio de cardeais contra o conservador Joseph Ratzinger, eleito papa sob o nome de Bento XVI.



P.S. Obrigado a todos os murcónicos, presentes ou não nos lançamentos de O Tempo dos Espelhos. Vocês fazem já parte da tribo de que ontem falei na Biblioteca de Matosoinhos.

sexta-feira, abril 21, 2006

Passo a passo.

Bélgica aprova adopção de crianças por casais homossexuais
21.04.2006 - 10h13 AFP



O Parlamento da Bélgica aprovou ontem à noite um projecto de lei que autoriza a adopção de crianças por casais homossexuais.

Os senadores belgas estavam divididos quanto à proposta, mas acabaram por aprovar o projecto de lei com 34 votos a favor, 33 contra e duas abstenções. Os senadores socialistas e ecologistas votaram a favor; os liberais flamengos do VLD dividiram-se; e os liberais francófonos, os sociais-cristãos do CDH e do CDV e a extrema-direita votaram contra.

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido na Bélgica desde 2003. Desde então já se realizaram mais de 2500 uniões homossexuais.

Depois da entrada em vigor da nova lei, os casais do mesmo sexo - casados ou não - estarão sujeitos às mesmas regras dos casais heterossexuais no processo de adopção de crianças. As crianças belgas e estrangeiras poderão ser adoptadas no país por casais do mesmo sexo.

A Inglaterra e o País de Gales aprovaram, em Dezembro do ano passado, uma lei que autoriza os casais solteiros e os casais homossexuais a adoptar crianças.

Também a Espanha e a Suécia aprovaram uma lei que permite a adopção de crianças sem restrições.

A Holanda - o país pioneiro na matéria - adoptou um texto legal em 2001 que permite aos casais do mesmo sexo a adopção de crianças (apenas de nacionalidade holandesa).

A Dinamarca (que foi o primeiro país a autorizar a união entre homossexuais, em 1985) autoriza a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, mas apenas nas situações em que a criança seja filha de um dos membros do casal, nascida de relações anteriores.

Público.

Finalmente uma esperança para o País!

"Por 100 euros cada sessão
Empresários portugueses recorrem aos astros para investir
Há cada vez mais empresários portugueses que recorrem aos astros para investir, negociar, contratar colaboradores ou delinear estratégias de marketing.

Uma procura tão forte que, inclusive, levou a mediática taróloga Maya a criar um acesso privado ao seu gabinete e a contratar uma assistente especializada em Economia e Finanças: «neste momento as consultas empresariais são superiores às pessoais», confessa, avança o «JN Negócios».

Em parte, diz, porque também «têm uma vigência mais curta, já que o empresário faz vários investimentos ao longo do ano».

São sobretudo os homens de negócios que procuram o auxílio astral de Maya. A maior parte, garante, tem um «nível sociocultural muito elevado e importantes relações internacionais.

Os pedidos dos empresários giram sempre em torno dos mesmos aspectos. Das cartas de Maya pretendem obter resposta para «o momento mais indicado para investir, se haverá retorno, que perfis deverão ter os colaboradores».

Cada sessão, «sigilosa», custa 100 euros mas a informação que presta aos clientes, comenta Maya, «não tem preço»."

Vide in http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=672179&div_id=1730

quinta-feira, abril 20, 2006

Se tantos não conseguem segurar um polícia, como será com os criminosos?

Se alguém não alinha no discurso dos "coitadinhos, são novos, não sabem o que fazem e só estão a divertir-se" sou eu. Mas isto é inaceitável!




Um agente da PSP do Porto agrediu repetidamente um jovem, que foi apanhado a vandalizar um sinal de trânsito. A situação foi gravada por um vídeo amador, divulgado pela Sic. O polícia continua a trabalhar mas não faz serviço fora da esquadra.

Na passada quarta-feira, os moradores da rua Andressen Leitão chamaram as autoridades porque viram quatro jovens a vandalizar sinais de trânsito.

Quando os agentes chegaram ao local houve uma troca de palavras mais acessa entre um dos jovens e um agente. Apesar de afastado por um colega, o polícia não desistiu das agressões e foi arranjando forma de contornar os colegas para agredir o jovem.

Nas imagens é possível ver que além dos dois carros patrulha que já estavam no local, chegaram entretanto mais elementos numa carrinha das brigadas de intervenção rápida, mas não conseguiram impedir mais agressões.

Enquanto o jovem agredido continuava a ser interrogado junto ao carro-patrulha, o agente dirige-se para um dos amigos e tenta também agredi-lo.

Os carros-patrulha continuaram a chegar e os jovens foram detidos e começaram a ser levados para uma carrinha.

O agente em causa dirigiu-se novamente ao primeiro rapaz que já tinha agredido e, enquanto este fazia um telefonema, arrancou-lhe o telemóvel das mãos e voltou a agredi-lo a pontapé.

A Sic afirmou que os quatro jovens tinham estado numa festa e teriam bebido em excesso. Apesar disso, não ofereceram resistência. Ainda assim, os 12 agentes que se juntaram no local não conseguiram acalmar o colega que, visivelmente descontrolado, insistia em agredir o jovem.

Confrontado com as imagens, o Comando Metropolitano da PSP Porto afirmou que «este comportamento não é usual na PSP» e que «vai investigar».

Fonte da Direcção-Nacional da PSP avança ao PortugalDiário que o agente em causa «não está a fazer serviço no exterior» mas não foi suspenso. Ou seja, continua a trabalhar mas dentro da esquadra. E no decorrer do inquérito pode vir a ser suspenso.

A Polícia pondera ainda o envio do caso para a IGAI - Inspecção-Geral da Administração Interna.

PortugalDiario.

quarta-feira, abril 19, 2006

P.S.2

A inviabilização pelos deputados da audição de Santos Cabral depois das afirmações de Alberto Costa na Assembleia e o silêncio de José Sócrates sobre o tema das "férias pascais antecipadas" jogam muito mal com o que foi o discurso do PS na oposição. Tenho pena.

Resumo da tradução do Noise:).

• ITÁLIA/ELEIÇÕES
Tribunal confirma vitória de Prodi
O Supremo Tribunal italiano confirmou, esta quarta-feira, a vitória eleitoral da coligação de centro-esquerda liderada por Romano Prodi nas legislativas italianas de 9 e 10 de Abril.

( 14:31 / 19 de Abril 06 )




Segundo a cadeia televisiva Sky Tg24, a confirmação dos resultados baseia-se na recontagem de cerca de 5200 votos que não foram incluídos na primeira contagem por não ser claro o sentido do voto neles expresso.

O anúncio dos resultados oficiais das eleições de09 e 10 de Abril está previsto para as 17:00 locais (16:00 em Lisboa).

Segundo os dados do Ministério do Interior já conhecidos, a União de Prodi venceu a Casa das Liberdades, de Silvio Berlusconi, por uma estreita margem de 25 mil votos no Congresso e de dois lugares no Senado.

No entanto, Berlusconi recusou reconhecer os resultados e impugnou parte do escrutínio, apesar de o Ministério do Interior sustentar que os 5200 votos em causa não iam alterar os resultados finais, mesmo que fossem todos pela Casa das Liberdades.

Terça-feira, o primeiro-ministro italiano pediu ao Supremo Tribunal que «com a exactidão que lhe é própria, e que neste caso é ainda mais necessária, realize todos os controlos necessários para garantir um resultado eleitoral que vá além de qualquer dúvida razoável».

TSF.

P.S. Como o fiz antes com a NTV, desejo o melhor a um canal de televisão do Porto.

Em italiano para fazermos de conta que somos cosmopolitas:).

Il verdetto della Cassazione: ha vinto Prodi Confermato l'esito delle consultazioni. All'Unione anche i 45mila voti di Lega Alleanza Lombarda STRUMENTIVERSIONE STAMPABILEI PIU' LETTIINVIA QUESTO ARTICOLO

Romano Prodi (Reuters)
ROMA - Il verdetto arriva in perfetto orario, alle 18. E fa sorridere Romano Prodi. La Cassazione ha stabilito che a vincere le elezioni politiche del 2006 è l'Unione. I giudici della Suprema Corte hanno ultimato i conteggi sulle quasi 5mila schede sott'accusa. I voti esatti attributi alla Camera alla coalizione guidata dal Professore sono stati 19.002.598. Per la Cdl 18.977.843. La differenza tra i due schieramenti è di 24.755 voti. Lo scarto secondo i dati diffusi dal Viminale era di 25.224 voti.

BOCCIATA L'ISTANZA DI CALDEROLI - Dal «palazzaccio» viene anche la parola fine al cosidetto nodo Calderoli. I 44.589 voti conseguiti nella circoscrizione Lombardia 2 dalla lista «Lega per Alleanza Lombarda», contestati dall'ex ministro leghista Roberto Calderoli, sono stati infatti conteggiati tra i voti attribuiti all'Unione. Nella motivazione, la Cassazione spiega che «ogni procedimento, e quindi anche il procedimento elettorale, deve intendersi assoggettato al principio di economia, per il quale ciascun atto è logicamente preordinato all'atto o alla serie di atti successivi, con la conseguenza che non è concepibile l'adozione di atti inutili rispetto alla fase successiva». Pertanto, i giudici della Suprema Corte spiegano, con riferimento al caso sollevato da Calderoli, che «è da escludere che il provvedimento contenente l'elenco dei collegamenti ammessi possa essere considerato inutile, come sarebbe nel caso in cui, ammessa prima delle elezioni la presentazione di una lista in una sola circoscrizione e il relativo collegamento in una coalizione, il voto espresso dagli elettori per quella lista e per quella coalizione venisse messo nel nulla in sede di somma delle cifre elettorali». La Cassazione fa riferimento ad un provvedimento della stessa Corte del 16 marzo scorso con il quale veniva ammessa l'Alleanza lombarda quale lista collegata alla coalizione di Romano Prodi.
LE REAZIONI - Soddisfazione in casa ulivista. All'annuncio della Cassazione, il coordinamento dell'Ulivo ha diffuso uan nota nella quale fra l'altro si legge: «Il teorema di Berlusconi si è rivelato fasullo: i sospetti di brogli ed i veleni, alimentati in questi giorni con toni inaccettabili per un paese democratico, sono stati spazzati via. Ora è tempo di voltare pagina».

19 aprile 2006

Corriere della Sera.

terça-feira, abril 18, 2006

Amabilidade do RAM.

"Embracing a literal translation of the Bible, the church members believe that God strikes down the wicked, chief among them gay men and lesbians and people who fail to strongly condemn homosexuality. God is killing soldiers, they say, because of America's unwillingness to condemn gay people and their lifestyles."
New York Times.

Ou seja: aparecem nos funerais dos soldados mortos no Iraque com cartazes demonstrando satisfação por Deus punir assim os EE.UU. pela sua complacência para com os homossexuais...

segunda-feira, abril 17, 2006

O Noise é impaciente! (E eu já falava de espelhos naquele tempo:)).

Amantes clandestinos ( IV )



Pois, os homens! Neles, as alterações do funcionamento sexual costumam ser progressivas, o que, idealmente, permite uma melhor adaptação às novas regras do jogo. A maioria dos estudos refere uma diminuição de actividade a partir dos cinquenta anos (ó Diabo!), que se torna mais abrupta a partir dos setenta. Mas vocês sabem como abomino estas generalizações, cada um de nós parece ter nascido para desmentir as estatísticas e ainda bem. Debrucemo-nos sobre os factos: o desejo pode diminuir de intensidade e frequência; a erecção torna-se mais difícil e dependente de maior estimulação física, as fantasias sexuais por si só não dão conta do recado; as contracções orgásmicas são mais fracas e o ejaculado em menor quantidade; o período refractário, ou seja, o tempo necessário para obter uma segunda erecção, aumenta, chegando a estender-se por dias; diminui a frequência das erecções matinais e dos sonhos eróticos. E no entanto alguns homens contam-nos que o passar dos anos lhes resolveu problemas de ejaculação prematura e muitos referem que o prazer aumentou, por serem capazes de uma erotização mais global do corpo e da relação.
Algumas doenças representam claros riscos para a função sexual, como a diabetes, a hipertensão, o alcoolismo, a esclerose múltipla ou a artrite (que pode simplesmente implicar o aconselhamento de outras posições ou a adaptação do horário da toma dos anti-inflamatórios). Certos procedimentos, como a cirurgia prostática ou a radioterapia, podem ter consequências indesejáveis. Quanto às medicações, é bom recordar que o envelhecimento, sobretudo o masculino, aumenta a probabilidade de verdadeiros “ramalhetes medicamentosos”. Salientaria algumas das drogas habitualmente receitadas para a hipertensão, bem como as anti-ulcerosas e as psiquiátricas. Ainda e sempre será arriscado tornar doença ou medicamento o único vilão da fita, a avaliação psicológica e do funcionamento do casal impõe-se em todos os casos. Infelizmente não é raro homens pagarem fortunas por baterias de análises, quando uma história clínica bem cuidada teria de imediato apontado para uma disfunção situacional (o palavrão significa que ele não funciona com um(a) parceiro(a) determinado(a), mas perfeitamente com outro(a)). Estranham os parênteses? É sempre útil lembrar que falamos das pessoas, independentemente da sua orientação sexual.
Com frequência, vemos os homens caírem numa esparrela sedutora: buscar, quase com desespero, uma actividade sexual equivalente ou mesmo superior à do passado. Não pelo prazer obtido, mas como forma de negar, perante si próprios e os outros, o envelhecimento. Ou uma depressão que lhes começa a tornar difícil o arranque matinal e assustadoramente fácil a lágrima ao canto do olho. Acontece. Sobretudo porque o bom macho latino aceita mal que um encontro erótico não termine (ou se inicie!) por uma penetração para a qual deve estar sempre pronto.
E o carrossel das hormonas, constitui duvidoso privilégio das mulheres? No homem, as alterações hormonais influenciam mais o desejo do que a erecção, pelo que nestes casos as terapias mais recentes para a impotência estão condenadas ao fracasso. Uma última palavra para conceito que faz correr rios de tinta: andropausa. Se por ela quisermos entender modificações hormonais sobreponíveis às encontradas nas mulheres aquando da menopausa, retiremo-la do nosso dicionário. Mas se, pelo contrário, a utilizamos para legenda de tempos de balanço sobre o que realizámos dos nossos sonhos e o que sonhamos para o caminho que nos resta, tudo regado com molho feito de alguma nostalgia e dúvidas sobre as nossas capacidades físicas e psicológicas, dir-vos-ei que a “andropausa” é frequente, talvez inevitável. E uso as aspas porque falo de ambos os sexos, afinal quem se pode gabar de não temer o veredicto de espelhos ferozes dentro de si?

domingo, abril 16, 2006

Esta loja nunca fecha, mesmo em dia santo:)))).

Amantes clandestinos (III)



É habitual que as mulheres se refiram ao envelhecimento sugerido pelo espelho com voz mais amarga e saudosa. Poderia ser de outra forma? As barrigas de cerveja ou calvícies deles, embora preocupando-os mais do que antigamente, não assumem proporções tão ameaçadoras no “mercado erótico”. A beleza obrigatória (ou pelo menos desejável) permanece duvidoso privilégio feminino. Mas se as consequências estéticas do inexorável passar dos anos já pesam diferentemente sobre ambos os sexos, uma palavra espreita as mulheres em cada esquina: menopausa.
De acordo, a pouco e pouco a terrível equação entre fertilidade e feminilidade vai-se esbatendo, elas sacodem o fardo que lhes foi imposto e percebem que não se esgotam como pessoas nas salas de parto. Mas seria ingénuo admitir que a carga simbólica desapareceu por completo, continuo a escutar mil variações sobre a mesma melodia: “Dr., talvez seja burrice, mas é como se algo acabasse”. Em muitos casos o lamento chega cedo e inesperado, por menopausa relacionada com extracção de útero e/ou ovários ou devida a quimioterapia. Nestas ocasiões, em que a doença, cruel, apressa a Natureza, a melhor preparação dos técnicos de saúde é urgente, demasiadas mulheres juntam ao receio pela vida o de terem morrido para o sexo. Ouço-as em consulta, culpando a mesa de operações pelas queixas sexuais, “estou assim porque me tiraram tudo!”.
Não têm razão, mas importa sublinhar que os caprichos das hormonas – ou almôndegas, como dizia a incomparável cozinheira dos meus Avós! – podem acarretar sintomas bem concretos. A baixa de estrogénios provoca amiúde secura vaginal e aumenta as hipóteses de infecção. Em ambos os casos o coito torna-se doloroso o que, por arrastamento, diminui o desejo sexual. Estas e outras possíveis alterações, como a maior dificuldade em atingir o orgasmo, sublinham a importância de uma consulta médica para discutir a estratégia a seguir, tanto mais que outros problemas, como a osteoporose, são frequentes. Os efeitos colaterais das medicações em curso devem também ser avaliados. O exemplo dos anti-depressivos é clássico, por aumentarem muitas vezes o peso (o que compromete a auto-imagem) e diminuírem o desejo.
Mas a nível sexual, raramente as alterações se devem a causa solitária, importa salientar a dimensão relacional dos sintomas. Sentir menor desejo em corpo e espírito de quem se ama, perceber que o outro beija distraído antes de virar as costas e adormecer pode provocar mossa bem maior do que o envelhecimento das entranhas. E como reage o casal ao abrir de asas dos ganapos? Longe de mim negar as saudades que sofregamente se matam Domingo ao almoço quando visitam casa – e mesa! – dos Pais. Mas como ficou o ambiente depois da sua partida? Deixaram para trás duas pessoas que redescobrem o prazer de um namoro pacífico, cheio das pequenas cumplicidades que o tempo segrega, ou um silêncio pesado entre quem se habituou a só viver alegrias e tristezas provocadas pelo crescimento dos miúdos e já nada mais tem a partilhar? Não raras vezes o casal descobre que se deixou invadir por uma rotina feroz que espezinha tudo. Incluindo o sexo, empurrado para Sábado à noite porque apenas ao Domingo esta vida alucinante permite um acordar mais preguiçoso. E, subtilmente, peso e responsabilidade do quotidiano cinzento caem mais sobre as mulheres, tidas por garantes da “saúde afectiva” do agregado familiar. Ou que pensar das mulheres divorciadas ou viúvas em meios culturais que lhes exigem o “decoro” respeitável e assexuado? Por vezes assisto ao fim do princípio de amores plácidos, elas debitam murmúrios resignados, “os meus filhos são contra”. Tristes, aceitam o seu destino: foram mães de uns, esposas de outros, empregadas de terceiros e pouco - muito pouco! - amigas de si próprias.
Tanto por dizer. Terei coragem para me refugiar nos homens já para a semana?

sábado, abril 15, 2006

Bom Domingo de Páscoa, maralhal!

Amantes clandestinos (II)


Regressemos à relação entre sexo e envelhecimento. Antes de mais, para referir que o aconselhamento sexual nesta área é cada vez mais procurado. Seguramente porque as populações envelhecem, as estatísticas e as dores de cabeça governamentais não mentem. Mas também porque alguns mitos se resignaram a ser apenas isso – mitos.
Tomemos o exemplo de um inquérito levado a cabo pelo Conselho Nacional Americano para o Envelhecimento. Das mil pessoas de ambos os sexos entrevistadas, todas com mais de cinquenta anos, 60% estavam satisfeitas com as suas vidas sexuais. Cerca de 61% diziam ser o sexo tão bom ou melhor do que na juventude e 70% tinham relações pelo menos uma vez por semana. Não menos elucidativo, das que afirmavam ser o sexo raro ou inexistente, 34% responsabilizavam pelo facto doenças variadas, a perda do parceiro ou efeitos colaterais de medicações. As queixas sexuais referidas eram semelhantes às dos mais novos, embora a frequência de coito e masturbação fosse menor. Os indivíduos para quem a actividade erótica fora satisfatória no passado continuavam a destacar-lhe a importância, demonstrando como é falso o mito segundo o qual existiria o risco de nos “gastarmos sexualmente” enquanto jovens e depois, velhos falidos, servirmos apenas para mimar netos, vencer campeonatos de sueca ou tricotar junto à lareira.
Mas devemos ter cuidado quando falamos de “pessoas”. Porque em cultura celebrando o individualismo, mas que ao mesmo tempo procura tornar-nos igualmente cinzentos, apáticos e passivos consumidores, torna-se ainda mais necessário evitar generalizações perigosas. Há quem acolha o envelhecimento como uma oportunidade para se retirar de uma vida sexual unicamente encarada no âmbito da procriação ou geradora de conflitos e culpabilidades por diversas razões. Respeitar trajectos e escolhas individuais é obrigatório, sob pena de substituirmos o estereotipo do envelhecimento assexuado por um outro imperialismo, que decretaria anormal quem referisse menor apetência pelo sexo.
A enorme variação de atitudes e comportamentos justifica também uma constatação reconfortante, no passado exagerámos atrozmente a rigidez dos mais velhos, eles aceitam e utilizam as mudanças no mundo que os rodeia. A curiosidade pela Net é um bom exemplo. O sucesso de drogas como o Viagra é outro, bem como a exigência por parte de muitas mulheres de terapêuticas semelhantes para o sexo feminino (outro dia falarei dos riscos que a prescrição eufórica ou simplesmente desonesta de tais medicações comporta). Se conscientes dessa inesperada mas real abertura, os técnicos poderão estar a caminho de deliciosas surpresas. Dizia uma noiva americana de 76 anos ao seu médico: “A nível do sexo, nunca experimentei nada de muito original durante o meu primeiro casamento. Mas se o doutor o recomendar, estou pronta a fazê-lo agora”. O livro não diz que receita o colega lhe passou!
Mas se os mais velhos partilham interesses com os jovens, o mesmo se verifica, infelizmente, com as angústias. As alterações da função sexual relacionadas com o envelhecimento são-lhes desconhecidas e por isso mais assustadoras, não são apenas os adolescentes a precisarem de – pelo menos! – informação de boa qualidade. E imaginem ( os que por lá não passaram ) a angústia de quem fica sozinho e não acredita poder ainda despertar o desejo que fala através de um olhar maroto ou do convite hesitante para jantar. Há gente que sufoca sob uma solidão sofrida e não escolhida, simplesmente porque o espelho confirma os seus receios, “credo!, quem me pode achar piada?”. Os adolescentes dizem o mesmo, a insegurança não tem idade.
Para a semana falarei de problemas sexuais específicos e do seu diferente peso em cada um dos sexos. E começarei pelas mulheres, o caminho para a igualdade não é incompatível com as velhas regras de cortesia. Logo…, primeiro as senhoras!

sexta-feira, abril 14, 2006

Velharia sobre o envelhecer:).

Os amantes clandestinos ( I )


Há dias fui abordado por gente simpática que tenciona introduzir o tema da Sexologia num portal da Internet. Pediram a minha opinião sobre os conteúdos propostos. “ Acrescentaria alguma coisa?”, perguntaram. Respondi que não vira nada sobre sexualidade e envelhecimento. Deram uma vista de olhos ao índice e concordaram, surpreendidos. Um pôs hipótese que reputo de verdadeira: “no fundo estamos sempre a pensar nos utilizadores jovens”. E ainda bem!, eles precisam de boa informação e espaços de conversa, lixo já existe de sobra. Mas o esquecimento é natural, vivemos em mundo obcecado pelos números que habitam o bilhete de identidade das pessoas; não ser jovem – ao menos de espírito! – começa a estar perigosamente fora de moda. No dia seguinte um certo mail desaguou no meu computador. Uma organização sem fins lucrativos – é bom salientar estes factos... – afirmava ter um projecto para familiarizar os idosos com a Net. Imaginem para que área desejavam a minha ajuda? Um tipo não deve ignorar sinais dos deuses disfarçados de coincidências. Respeitá-los-ei à vossa custa, preparem-se para duas ou três semanas de artigos sobre sexualidade e envelhecimento.
Comecemos pelas palavras. Não gosto muito das expressões que nós, os especialistas, vimos divulgando. “Terceira idade”, “Segunda metade da vida”, “Idosos”, quem traça os limites? Até eu já me encontro baralhado. Que estou na segunda metade da vida não tenho dúvidas, mas já vivi as duas primeiras idades? Idoso é um sinónimo caritativo de velho? Mas porquê, a palavra não traduziu sempre um estatuto honroso no passado? Prefiro não esquartejar o nosso caminho e manter pedaços de vida em gavetas fictícias, muitos de vocês já descobriram que alma e articulações não envelhecem de mãos dadas. E não utilizei este verbo por acaso, tudo se torna mais simples se nos pensarmos envelhecendo e não velhos súbitos a partir de um certo lusco-fusco. A vida é uma caminhada e, a menos que existam problemas de saúde física ou psicológica, a sexualidade mantém-se fiel até ao fim, está-nos em sangue e sonhos.
Passemos ao título da crónica. Amantes. Triste sociedade esta, de todos os significados presentes no dicionário, em geral apenas recorda o de “pessoa que mantém relações ilícitas com pessoa de outro sexo”. Ignorando outras que recordam paixões e namoros, dir-se-ia que aceitamos, resignados, que palavra orgulhosa de Abelardo e Heloísa, Romeu e Julieta ou Cyrano e Roxanne se veja exilada para o reino do mexerico, “sabes com quem anda fulano?”. Para não falar do “outro sexo”, até o ilícito é negado aos homossexuais!
Imagino leitor impaciente: “está bem, homem, leve a taça! Mas chamar-lhes clandestinos? Isso não é conversa do tempo da outra senhora?”. Há clandestinidades que não dependem da existência de polícias políticas, silêncio ou escárnio chegam. Já repararam que ninguém se escandaliza com uma eventual repressão da sexualidade dos mais velhos? E no entanto… Quando projecto um diapositivo com dois a beijarem-se, escuto risos abafados pelo anfiteatro. Se paro e indago a razão, um dos meus meninos arranja coragem para dizer: “ó Dr., acha natural com aquela idade?”. Por acaso acho, mas o mais grave é que os próprios interessados absorvem a mensagem. Ainda há pouco alguém me dizia que iniciara uma relação e hesitava na palavra para a definir. E eu arrisquei: “não será um namoro?”. Resposta clássica: “ se eu tivesse menos trinta anos seria, agora…”.
Não há maior clandestinidade do que a auto-imposta. Envergonhados, vivemos os afectos escondidos de nós próprios. Amargos, consideramos que chegou o tempo de reforma e saudade. Quando a palavra paixão nos aguilhoa, enviamo-la para o exílio ternurento dos filhos e netos à volta do almoço de Domingo. E contudo, nada obriga a que nos sentemos à mesa com o erotismo perdido nas brumas da memória.
Como tentarei demonstrar na próxima semana. Será que o JN me obriga a pôr bolinha no cimo da página?

quinta-feira, abril 13, 2006

Afinal...

Afinal Internet não é pecado
2006/04/13 | 20:55
Cardeal reformula declarações. «Foi má interpretação», defende-se

MAIS:
Você já está a pecar

O cardeal norte-americano Francis Stafford disse que as suas referências ao excesso de consumo de jornais, Internet e televisão não devem ser interpretadas como caracterizadoras de «novos pecados», conforme foi noticiado pela agência Ecclesia.

A agência de informação católica tinha noticiado que o cardeal se tinha referido a «novos e velhos pecados» na homilia do Rito da Reconciliação, proferida na Basílica de São Pedro, em Roma, no âmbito das celebrações da Semana Santa, lembra a agência Lusa.

O cardeal tinha-se referido a actividades como ler jornais, ver televisão ou navegar na Internet, em contraposição à meditação e leitura das escrituras, o que provocou reacções a uma suposta classificação dessas actividades como «novos pecados», como veiculou a Ecclesia e, em seguida, vários meios de comunicação portugueses.

Citado pelo site www.tvnet.com.pt, James Francis Stafford afirmou que o apelo que fez aos católicos no Rito de Reconciliação da passada terça-feira foi no sentido de reflectirem sobre se dedicam mais atenção aos media ou às escrituras.

«O que eu pedi foi às pessoas para fazerem um exame de consciência: será que gasto uma quantidade desproporcional de tempo a ler jornais, vendo televisão e navegando na Internet em comparação com o tempo gasto lendo e meditando sobre as sagradas escrituras?», afirmou o cardeal à televisão açoriana que emite pela Internet.

Confrontado com a interpretação das suas palavras como sendo a declaração de «novos pecados», o Penitenciário-mor e cardeal do Vaticano afirmou ter sido «certamente uma má interpretação» da sua homilia.

O responsável da TV Net, André Rodrigues, disse em declarações à Agência Lusa que James Stafford se revelou «surpreendido» pela interpretação que as suas palavras tiveram nos media em Portugal.

Na notícia que a Agência Ecclesia apresentava na tarde de hoje no seu sítio na Internet, com o título "Pecados novos e antigos", em reacção às «grande onda de reacções e comentários» na sequência da homilia, relatava-se que durante a cerimónia foram apresentadas perguntas para responder em exame de consciência, «colocando em causa pecados velhos e novos».

Abandonai o Murcon e correi aos confessionários, ó desgraçados pecadores:)! Sub-título: da modernização da Igreja...

Igreja: tv e net já são pecado
2006/04/12 | 23:13
Vaticano considera que dedicar muito tempo aos media deve ser dito na confissão

MAIS:
Saiba como chegar a santo
Igreja, a instituição mais desprestigiada
Hospitais só para católicos

Passar demasiado tempo a ler jornais, a ver televisão ou a navegar na Internet são alguns dos «novos pecados» anunciados pela Igreja Católica, noticia a Agência Ecclesia. O anúncio de que estas actividades passaram a ser pecadoras foi feito ontem no Vaticano pelo Cardeal James Francis Stafford, Penitenciário-Mor, ao presidir ao Rito da Reconciliação, celebração que era tradicional em Roma até ao Renascimento.

O delegado do Papa para esta cerimónia apresentou um longo elenco de perguntas para responder, em exame de consciência, antes de aproximar-se ao sacramento da penitência. Entre essas perguntas estava uma relativa ao uso do tempo, comparando o investimento nos media com o que se faz para «meditar e ler a Sagrada Escritura».

Na homilia da celebração, o Cardeal Stafford recordou que, durante a Semana Santa, a Igreja «pede que se reze pelo perdão», embora muitas pessoas considerem, nos nossos dias, que o perdão «é algo muito difícil».

O Cardeal norte-americano reconheceu que muitas pessoas perguntam se é possível perdoar, sobretudo quando se trata de crimes como a violência contra as crianças ou os assassinatos em massa de inocentes. A sua resposta é que «a escuridão do pecado não poderá apagar nunca a luz da misericórdia divina».

quarta-feira, abril 12, 2006

Edificante...

Falta de quorum impede votações semanais
Por falta de quórum ficaram por realizar as votações semanais da Assembleia da República. O regulamento exige a comparência em plenário de mais de metade dos deputados. Mas esta quarta-feira, 52 por cento dos parlamentares não foi à Assembleia.

( 21:46 / 12 de Abril 06 )




A falta de quórum impediu, esta quarta-feira, as votações semanais na Assembleia da República. Feita a contagem das presenças, na sessão de hoje estava presentes apenas 111 dos 230 deputados quando estas votações exigem a presença de mais de metade do hemiciclo (116 deputados).

Perante o sucedido, Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, ordenou a assinatura do livro de presenças dos deputados presentes.

Conforme o estatuto dos deputados, é «dever» dos parlamentares «participar nas votações». O mesmo estatuto estabelece também que a cada falta não justificada corresponde o desconto de um vigésimo do vencimento dos deputados ausentes, uma medida que o presidente da AR promete fazer cumprir «taxativamente».

De acordo com a lei, o presidente deverá notificar os deputados faltosos e, caso as faltas sejam consideradas injustificadas, aplica-se a punição.

Nas bancadas à Esquerda, mais compostas, eram visíveis alguns sorrisos enquanto nas bancadas à Direita eram visíveis algumas clareiras entre os deputados.

Marques Guedes, líder parlamentar do PSD, lamentou a falta de quórum mas sem considerar a sua bancada responsável pela falta de quórum.

«O meu comentário é que enquanto o PSD foi maioria nesta assembleia isto nunca aconteceu. Acho lamentável que o partido da maioria não assegure o quórum principalmente quando estão em causa um conjunto de votações de iniciativas da parte do Governo», disse.

No entanto, esta afirmação não corresponde à verdade. A 13 de3 Maio de 2004, a votação final global da regulamentação do código do trabalho teve de ser adiada por falta de quórum.

Por parte do PS não foi feito qualquer comentário, uma vez que o líder parlamentar socialistas, Alberto Martins, ausentou-se do hemiciclo e do parlamento logo depois de terminados os trabalhos.

Entre as matérias que ficaram por votar estava um voto apresentado pelo CDS/PP, em protesto pelo encerramento das maternidades de Barcelos, Santo Tirso e Bragança, e oito propostas do Governo, entre elas, a transposição de uma directiva comunitária sobre indemnizações a vítimas de criminalidade e a extensão das zonas marítimas sobre soberania nacional.

Habitualmente as votações semanais decorrem à quinta-feira mas, em virtude da interrupção dos trabalhos parlamentaras até segunda-feira devido à Páscoa, as votações foram antecipadas para esta quarta-feira.

Está visto, não fui um bom pai de família:(.

Maus tratos: decisão do Supremo poderá ser anulada
2006/04/12 | 13:25
Associação quer recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos


MAIS:
Castigos corporais são aceitáveis

A Associação Portuguesa de Deficientes quer anular a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) no caso de uma responsável de um lar para crianças deficientes indiciada por maus tratos, recorrendo ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

«Esta é a única solução possível», disse à Agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), garantindo que vão «fazer tudo o que estiver ao alcance» para anular a decisão do STJ.

Humberto Santos falava após o jornal Público ter divulgado um acórdão d o STJ, que considera «lícitos» e «aceitáveis» castigos físicos - como palmadas e estaladas - aplicados por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças com deficiência.

A pessoa em causa foi indiciada por maus-tratos, nomeadamente por dar palmadas e estaladas às crianças e por fechá-las em quartos escuros quando se recusavam a comer.

Para o STJ, fechar crianças em quartos é um castigo normal de «um bom pai de família» e as estaladas e as palmadas, se não forem dadas, até podem configurar «negligência educacional», escreve o jornal.

O presidente da APD indicou que a associação foi hoje contactada por vários advogados que disponibilizaram os seus serviços para ajudar neste caso.

«Não podemos tomar a iniciativa de avançar para o Tribunal Europeu porque não fomos a entidade promotora da acção, mas podemos entrar em acordo com a parte interessada e disponibilizar os meios», explicou.

Garantindo que a APD «não quer nenhum protagonismo», Humberto Santos sublinhou que o importante é «não deixar que esta situação fique como está e que s e criem condições para que a decisão seja alterada pelos canais possíveis».

Para o responsável, é «preocupante e revoltante» que o Supremo Tribunal de Justiça defenda a «pedagogia da agressão» sobre crianças deficientes.

«É uma agressão inqualificável por parte de quem a pratica, mas é muito preocupante e profundamente revoltante quando é defendida, especialmente por um tribunal», disse à Agência Lusa.

terça-feira, abril 11, 2006

De tristeza em tristeza até ao desespero final:(.

Idoso matou a mulher a tiro e suicidou-se
Bruno Simões Castanheira

Casal vivia só mas recebia apoio diário de familiares e vizinhos


Telma Roque

Atormentado com a doença da mulher, que há anos definhava com Alzheimer, um homem decidiu ontem empunhar uma caçadeira e matar a companheira. Depois, foi para a rua e disparou sobre si próprio. Familiares e vizinhos do casal idoso ficaram em estado de choque. Garantem que nada fazia prever um desfecho tão trágico.

Tudo aconteceu cerca das 9 horas, numa vivenda situada na pacata localidade de Polima, em São Domingos de Rana, Cascais. No rés-do-chão da casa, a idosa, de 80 anos, repousava na sua cama, refém da doença. O marido deambulava pelas outras divisões do piso térreo da vivenda.

No andar de cima, uma nora e uma neta adolescente conversavam. A certa altura, o ruído de um disparo deixou-as aterradas. A nora correu para a janela e viu o sogro sair para o quintal com a caçadeira. Não teve tempo para evitar mais uma morte.

"Esta tragédia foi o culminar de dois longos anos de sofrimento", desabafou, abalado, ao JN um amigo da família. "O senhor deve ter pensado que aquilo não era vida para ele, nem vida para ela. Foi o desespero e o desgosto", reforçou uma vizinha.

Naquela manhã, um dos filhos do casal esteve na vivenda para saber se os pais estavam bem. O idoso, de 74 anos, não terá desabafado o que lhe ia na alma, apenas aguardou que o filho se fosse embora para, sozinho, acabar com a vida.

A mulher foi encontrada na cama, já sem vida com ferimentos na cabeça. O marido foi encontrado no quintal da vivenda. Primeiro sentou-se, prendeu a arma entre os joelhos, encostou os canos ao queixo e disparou.

No local, estiveram os bombeiros, a delegada de saúde, uma patrulha da GNR e elementos da Polícia Judiciária, a quem compete investigar crimes que envolvem armas de fogo. Os corpos foram retirados da casa cerca das 13 horas.

JN.

segunda-feira, abril 10, 2006

Talvez por estar a ver a RAI:).

Da tristeza normal


“Viver é a coisa menos frequente do mundo
A maior parte das pessoas existe e isso é tudo”.
Joaquim Pessoa.


Os jornais vêm partilhando títulos proféticos e apocalípticos: a depressão estará na moda como nunca em futuro próximo. Olho por cima do ombro. Quando me formei via os depressivos a preto e branco. Não por culpa de professores distraídos ou calhamaços mentirosos, fui posto em guarda - a depressão é mestre no disfarce, utiliza as cores de paleta rica em sintomas psicológicos. E até físicos, imaginem o desplante! Mas um tipo é jovem, estuda primeiro para o exame e só depois para ser médico; as chavetas são fáceis de reter e parecem organizar, para nosso alívio, o caos circundante a que chamamos vida. Armado de tal ingenuidade preguiçosa, dificilmente concedia o diagnóstico de depressão a quem não me presenteasse com determinadas queixas.
A tristeza encabeçava o cortejo. De preferência acompanhada de lágrimas a condizer (as alegres não visitam os psiquiatras!). Como dama de honor procurava a lentidão de espírito e corpo. A que o próprio sente e abomina, por o amarrar ao banco da paragem, incapaz do simples passo que o tornaria passageiro do autocarro da existência. Com ela a auto-imagem comprometida, o dedo acusador que se vira contra o dono, responsabilizando-o por ofensas, erros e azares, “a culpa é tua”. E farejava outros sintomas bem mais prosaicos: a insónia, a falta de apetite, o baixo desejo sexual.
A clínica ensinou-me a frustração e a humildade. Porque havia quem me afiançasse não conhecer tristeza ou lágrima derramada. Outros aceleravam ainda mais vidas já de si alucinantes, ao ouvi-los era eu a sentir-me lento! E o catálogo crescendo. Este comia alarvemente, aquele roncava doze horas por noite, o terceiro (ou terceira!, para ser politicamente correcto) já deitava orgasmos pelos olhos, de tanto os utilizar como medicamentos, não necessariamente depois de cada refeição. Uns pareciam ter sempre carregado aos ombros um peso que não permitia o riso aberto, outros só o tinham perdido na ressaca de um luto ou desgosto amoroso, talvez haja quem nasça para ser triste e quem veja o acaso empalidecer-lhe a alegria. Rendi-me. Esquecido o preto e branco, passei a tentar compreender pessoas tão diversas como as tonalidades de um arco-íris, dançando embora à volta do cinzento.
Nos últimos anos algo vem mudando, dir-se-ia que as gentes sofrem de um desencanto embrutecido. A tristeza era mais prometedora, o negro do túnel promete o céu azul se prosseguirmos o caminho; já o nevoeiro, sem vento amigo, não o conseguimos enxotar. As pessoas exibem – ou escondem? – uma tristeza “vulgarizada”. Que quero dizer? Talvez nada, a asneira é livre, mas parece-me que o desencanto reina sem levantamento popular à vista, considerado inevitável como o stress. Não se acredita verdadeiramente na hipótese de viver melhor, apenas de sobreviver. Amiúde atafulhados em sinais exteriores de riqueza e nem por isso pacificados. Mas não contem comigo para variações sobre o tema “o dinheiro não dá felicidade”. Oferece, pelo menos!, a abençoada possibilidade de lhe esquecer a ditadura mensal, não é coisa pouca. Mas numa sociedade em que o bem-estar depende, primordialmente, do que nos é exterior, seja a grande superfície ou o dealer, a confiança no talento próprio para obter a paz de espírito diminui (evitemos a megalómana palavra felicidade). E surge uma tristeza nova por “normal”, mas também a nostalgia de uma solução mágica, que pode jorrar em concurso televisivo ou nas cartas do astrólogo que nos intervalos promete o paraíso, servido numa bandeja por chamadas de valor acrescentado.
Estaremos condenados a eterno e cinzento nevoeiro? Talvez, a menos que enchamos coração e peito, inventando a brisa colorida que devolverá aos dias clássico diagnóstico – céu muito nublado com boas abertas.

domingo, abril 09, 2006

A quem merece.

Um abraço a todos os benfiquistas que se deslocaram ao Estádio da Luz. Esfarraparam-se mais do que a maioria dos jogadores...

De vilão a discípulo favorito? Eu não perco às 21!

Achado é desvendado esta noite em emissão especial do canal por cabo National Geographic
Novo evangelho reabilita figura de Judas Iscariotes
09.04.2006 - 12h10 Rita Siza PÚBLICO Washington



Porque é que Judas Iscariotes traiu e denunciou Jesus de Nazaré aos romanos? A questão atormenta os católicos e alimenta o sentimento anti-semita desde os primórdios do Cristianismo. Agora, o reaparecimento de um manuscrito com mais de 1700 anos oferece uma nova luz sobre os acontecimentos que precipitaram a captura e posterior crucificação de Jesus.

O Evangelho de Judas, uma cópia em copta de um texto do século II atribuído a um grupo cristão gnóstico, apresenta uma versão radicalmente diferente da ligação entre Jesus e Judas, que é retratado como o discípulo preferido a quem é confiada a missão de salvação de Cristo. O texto apresentado em Washington na quinta-feira é desvendado esta noite, às 21h00, numa emissão do canal por cabo National Geographic, Especial Segredos da Bíblia: O Evangelho Proibido de Judas.

"Este é o relato secreto da revelação que Jesus confiou em segredo a Judas Iscariotes três dias antes da Paixão", principia o Evangelho de Judas, um documento do qual existiam apenas referências verbais que remontam a 180 d.C. O Evangelho de 13 páginas está contido num códice que foi desenterrado nos anos 70 das areias de El Minya, no Egipto, e que esteve fechado em cofres e até num frigorífico até ser confiado à Fundação Mecenas para a Arte Antiga da Suíça.

Um complexo e avultado processo de reconstituição patrocinado pela National Geographic Society confirmou a veracidade do documento, um genuíno exemplar da literatura apócrifa cristã do ano 300. Como repetiram os vários académicos convidados a analisar e comentar o Evangelho, a descoberta do texto não implicará qualquer reescrita da História - o relato confirma, como muitos outros documentos da antiguidade cristã, as acções do discípulo de Jesus. Mas abre a porta à reabilitação daquela que é uma das mais intrigantes e mal-amadas figuras do Cristianismo.

Discípulo favorito

"Aqui Judas não é o malvado, corrupto, perverso e quase demoníaco seguidor de Jesus que trai o seu mestre; é, pelo contrário, o mais íntimo e próximo amigo de Jesus, aquele que conhecia e compreendia Jesus melhor do que qualquer outro e que apenas denunciou Jesus às autoridades porque essas foram as suas instruções", sublinha Bart Ehrman, director do departamento de Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte.

"Tu excederás todos os outros. Pois tu sacrificarás o homem que me veste", escrevem os autores (desconhecidos) do Evangelho de Judas. O documento descreve conversas em que Jesus revela a Judas Iscariotes as verdades do mundo - o caos, o cosmo, os anjos, a criação da humanidade -, reforçando a ideia de que aquele era o discípulo predilecto e o único capaz de compreender o seu mestre. "Afasta-te dos outros e eu dir-te-ei todos os mistérios do reino. É possível alcançá-los, mas sofrerás muito", diz Jesus. O Evangelho aborda ainda o desprezo dos outros discípulos: "Numa visão, vi-me no meio dos doze discípulos, que me perseguiam e apedrejavam", descreve Judas. "Serás amaldiçoado pelas outras gerações -, mas acabarás por governar sobre elas", responde Jesus. Nenhum dos textos canónicos, nomeadamente os quatro evangelhos do Novo Testamento, oferece uma explicação consistente para a traição de Judas: Mateus, Marcos, Lucas e João interpretam de maneiras diferentes o mais enigmático episódio da Paixão de Cristo, apontando a ganância ou a influência do demónio como as razões que levaram Judas a denunciar Jesus às autoridades romanas. Agora, o Evangelho de Judas avança a predilecção de Jesus, e a devoção do seu discípulo, como os motivos que estão por trás da traição.

"A descoberta do Evangelho de Judas é um excitante avanço arqueológico que nos permite compreender melhor o mundo do início do Cristianismo", considera Donald Senior, professor de Estudos do Novo Testamento em Chicago. "Mas não rivaliza com os outros evangelhos e escritos canónicos nas suas considerações teológicas e históricas", acrescenta.

sábado, abril 08, 2006

Next!

"A administração de George W. Bush admite lançar bombardeamentos maciços contra o Irão, incluindo nucleares, para destruir uma instalação suspeita de fabricar armas atómicas, afirma a revista New Yorker.
Segundo a revista, Bush e outros responsáveis da Casa Branca consideram o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad como um Adolf Hitler em potencial.

«É o nome que eles utilizam», escreve o jornalista Seymour Hersh, autor do artigo, citando um antigo alto responsável dos serviços secretos norte-americanos.

Um conselheiro do Pentágono afirma por seu turno, sob anonimato, que «a Casa Branca considera que a única maneira de resolver o problema é alterar a estrutura do poder no Irão, e isso quer dizer a guerra».

O antigo responsável dos serviços de informações descreve os preparativos como «enormes», «febris» e «operacionais», precisa Seymour Hersh.

Um antigo responsável da Defesa indica que os preparativos militares são fundados na crença de que «bombardeamentos no Irão humilhariam a direcção religiosa e conduziriam a população a revoltar- se e derrubar o governo», escreve ainda o New Yorker.

Nas últimas semanas, o presidente Bush iniciou discretamente uma série de discussões sobre planos para o Irão com senadores e membros da Câmara dos Representantes.

Uma das opções encaradas compreende a possível utilização de armas nucleares tácticas de destruição de arsenais como o B61-11, com o fim de destruir a principal unidade de produção nuclear iraniana situada em Natanz, acrescenta a revista.

Mas o antigo responsável dos serviços secretos afirma que a opção nuclear provocou discórdia nos meios militares e certos oficiais já falaram em demitir-se se a opção nuclear não for excluída.

«Existe nos militares um forte sentimento de oposição à utilização de armas nucleares contra outros países», acrescenta a New Yorker, que cita um conselheiro do Pentágono.

Este conselheiro considera que um bombardeamento do Irão poderia provocar uma «reacção em cadeia» de ataques contra os interesses e os cidadãos dos Estados Unidos no mundo e poderia reforçar o Hezbollah.

«Se o fizermos, a metade sul do Iraque inflamar-se-á», disse este conselheiro à New Yorker."

Diário Digital / Lusa

08-04-2006 12:00:132

sexta-feira, abril 07, 2006

Espero que os tenham para o pôr na rua!:).

Testículos segundo Berlusconi
2006/04/07 | 10:24
Primeiro-ministro italiano volta a causar polémica em Itália
O presidente do governo italiano e candidato a novo mandato, Silvio Berlusconi qualificou os eleitores de centro-esquerda como coglioni (calão italiano para a palavra testículos).
Em poucas horas as reacções proliferaram na internet e via sms. Anedotas e indignações apoderaram-se de boa parte dos italianos e um estudante de mestrado em comunicação política criou mesmo um espaço na net só dedicado ao tema e que pode ver aqui.
Os italianos exigem um pedido de desculpas e já estão convocadas manifestações públicas. A convocatória vai chegando via sms e o texto é o seguinte: «Os coglione reúnem-se em tal praça à meia noite».

PortugalDiário.

quinta-feira, abril 06, 2006

Irra!, nem o ciclo ovulatório?

O pai no sofá e a mãe a varrer
2006/04/06 | 11:42 || Tiago Craveiro
Professores sem base para leccionar educação sexual. Manuais passam ideias duvidosas. O leitor o que acha de falar de sexo na sala de aula?

Queremos saber o que pensa o leitor. Estaremos preparados para ensinar os alunos sobre as bases científicas do sexo? Concorda? Que temas acredita que deveriam ser esclarecidos na escola?

Os finalistas dos cursos do primeiro ciclo do ensino básico não têm preparação para leccionar educação sexual aos alunos, apesar da disciplina arrancar já no príximo ano.

A conclusão é de um estudo que recorreu a entrevistas a quase 150 futuros professores. Em declarações à TSF, uma das investigadoras revela que 80 por cento dos inquiridos revela não estar sequer à vontade para falar de sexo na sala de aula.

Os futuros docentes dizem-se informados sobre o tema, mas não de uma forma científica - por exemplo não sabem o ciclo ovulatório. Equívocos aos quais se juntam também aqueles que ainda figuram em manuais escolares.

Em declarações à mesma estação de rádio, Luisa Veiga, uma das investigadoras, alerta para o facto dos manuais passarem esteriotipos sociais: «A mãe a lavar e a varrer enquanto o pai está no sofá a ler o jornal ou a ver televisão».

Para esta investigadora não existe outro caminho que não seja a reformulação dos manuais. A falta de informação sobre o aparelho reprodutor, por exemplo, não será compatível com a formação científica pretendida.

Queremos saber o que pensa o leitor. Estaremos preparados para ensinar os alunos sobre as bases científicas do sexo? Concorda? Que temas acredita que deveriam ser esclarecidos na escola?

quarta-feira, abril 05, 2006

Epitáfio europeu, com pena mas sem dramas.

Caríssimos benfiquistas,
Atendendo à minha provecta idade e frágil saúde cardio-vascular não assisti ao jogo. Já li as análises e ouvi a opinião de gente em quem confio - foi justíssimo, ponto final. Como justíssimo, atendendo às exibições, é o terceiro lugar que ocupamos - e teremos de defender... - no campeonato, pura e simplesmente Porto e Sporting não deram as baldas que distribuíram no ano passado. Não é uma tragédia, a recuperação de um clube não se faz de um dia para o outro, embora pense que em Janeiro se cometeram erros evitáveis. Como alguém disse, tendo a gentileza de afirmar citar-me, para o ano há mais. E no seguinte. E no outro. Porque ser adepto de um clube é uma honrosa fatalidade que não vive à mercê dos resultados:). Fiquem bem.

Velharia em dia de jogo:).

Os barbudos e os outros (I)




Domingo. Abro um jornal desportivo em busca de sinais que indiciem a vitória do meu Benfica sobre o Boavista. O passado recente não me deixa alinhar na euforia que as televisões mostram, há dois anos a expectativa era semelhante e apanhámos três. Cheio de secreta esperança, tento abafá-la com a verdade: a equipa ainda apresenta enormes carências, sobretudo nas faixas laterais, para o ano é que é (mas se fosse agora chamava-lhe um figo!). Tropeço nas habituais opiniões dos “notáveis” e leio distraído, sei o que dizem, podíamos formar coral afinado - cautelas e caldos de galinha e vamos a eles. De súbito, uma resposta chama-me a atenção. Pergunta o jornal se o incidente entre dois jogadores do Benfica nos treinos pode afectar o bom ambiente que parece reinar na equipa. Se não estou em erro, o incidente consistiu em troca de mimos - vulgo cacetada! -, e subsequente recusa do aperto de mão reconciliador. Decreta o meu consócio: “É normalíssimo que essas coisas aconteçam. São homens de barba. Não são homossexuais. Reagiram e reagiram bem”. Que conclusões tirar de crença tão enraizada?
1) Os homossexuais não têm barba.
2) Os homossexuais não reagem.
3) Só os heterossexuais acertam nas canelas dos outros jogadores.
4) Quem nunca der pancada em treinos e jogos é suspeito.
5) Os cartões amarelos por violência podem servir de certificado de masculinidade.
Quando eu era miúdo contava-se uma anedota sobre o fulano que, assegurando não ser racista, afirmava, solene: “Tanto se me dá um branco como um filho da p… de um preto!”. Esta deliciosa e sinistra capacidade das palavras traírem o que verdadeiramente sentimos, às vezes ao arrepio do que juramos a pés juntos, não deve apenas servir de pretexto à indignação politicamente correcta. O que se passou? Simplesmente alguém traduziu um salto qualitativo no discurso da Ciência - e da Medicina em particular - no século XIX. Até aí, basicamente, cléricos e clínicos condenavam o acto sexual entre dois homens com argumentos que iam dos morais aos pseudo-científicos. Era o acto a ser julgado – e condenado! -, mas não se dera ainda o passo seguinte: partir de um comportamento sexual para a definição psicológica de todo um grupo de pessoas pelo simples facto de o praticarem. É o transpor desta fronteira que permite frases que começam por “os homossexuais são…”. Evidentemente, não se encontram rótulos simétricos para os heterossexuais, a salvo de tais generalizações por serem “homens normais” (ou barbudos!). O elogio à masculinidade dos jogadores do Benfica faz-se por comparação com todos os homossexuais, incapazes de reagirem como verdadeiros machos numa situação competitiva. A mesma “constatação científica” está na base da relutância das Forças Armadas Americanas em assumir a presença de homossexuais sem a protecção do anonimato, qual de nós confiaria a sua vida em teatro de guerra a um tipo que nem sequer é capaz de acertar uma boa trancada em colega ou adversário num relvado de futebol?
Imaginemos que a Ciência nos permitia, no futuro, o regresso ao passado. O meu consócio, eventualmente apaixonado pela Grécia Antiga e ansioso por uma boa batalha por ter visto O Gladiador, aterrava em refrega onde “actuasse” o Batalhão Sagrado de Tebas, formado apenas por pares unissexuais (para a semana explicarei por que a palavra homossexual não seria adequada neste contexto). E perante a heroicidade que lhes valeu muitas vitórias mas apenas uma derrota, primeira e última porque todos preferiram morrer a render-se, o viajante do século XX explicaria, didáctico: “vocês pensam que se sentem atraídos por homens mas estão enganados, só quem gosta de mulheres pode lutar assim!”. Presumo que a resposta dos pobres gregos fosse à moda de Astérix: “Estes tipos do século XX são loucos!”.
Doidos? Ná, apenas agressivamente ignorantes.

terça-feira, abril 04, 2006

Então a culpa não é da educação sexual e da gentalha que a promove?

Sexo nos media influencia a prática
direitos reservados

"Instinto fatal" é um dos filmes conhecidos pelas suas cenas eróticas


Michael Conlon *




Músicas, revistas, programas de televisão e filmes com uma grande carga sexual levam os jovens a iniciar sua vida sexual mais cedo, revelou um estudo divulgado ontem. E a explicação deve-se ao facto de estes comunicarem que todas as pessoas estão a ter relações sexuais.

"Esta é a primeira vez que mostramos que, quanto maior a exposição das crianças ao sexo nos meios de comunicação, mais cedo vão praticar sexo", disse Jane Brown, da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e principal autora do relatório.

Pesquisas anteriores limitaram-se à televisão, lê-se no estudo que avaliou 1.017 adolescentes entre 12 e 14 anos, que foram analisados na evolução de dois anos. A pesquisa teve em conta 264 itens - filmes - "Instinto fatal" é um dos conhecidos pela carga erótica -, televisão, espectáculos, músicas e revistas.

Uma das conclusões revela que quanto maior é o nível de exposição, maior é o nível de actividade sexual.Entre os negros, o efeito não foi tão pronunciado. Mas isso terá sucedido, provavelmente, afirma o estudo, porque os negros que foram alvo do estudo eram sexualmente mais experientes do que os brancos, o que diminuiu o poder de influência dos meios de comunicação.

A taxa de adolescentes grávidas nos EUA é três a dez vezes maior do que noutros países desenvolvidos, fazendo desse fenómeno e da exposição a doenças sexualmente transmissíveis uma grande preocupação do país.

Simultaneamente, os pais tendem a não falar com seus filhos sobre sexo de forma sincera e no momento certo, deixando um vazio que leva os media a tornarem-se poderosos educadores sexuais, fornecendo "a imagem frequente de que o sexo é divertido e não representa riscos".

O estudo foi publicado na edição de Abril da revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria. A pesquisa foi realizada em várias escolas.

* agência Reuters

segunda-feira, abril 03, 2006

E ainda culpam o excesso de velocidade:).

Se conduzir, não faça sexo
2006/03/28 | 00:25
Reformado de 70 anos foi preso por estar a ter relações sexuais com a noiva enquanto conduzia.
Um reformado recém-casado foi preso por estar a ter relações sexuais com a noiva enquanto conduzia, depois de ter saído do copo-de-água.
A polícia de trânsito de Bergamo, no norte da Itália, ordenou aos noivos, que seguiam num Fiat Punto, que encostassem, depois de ver o carro a fazer ziguezagues numa estrada movimentada, noticia o site Ananova.
Quando os agentes olharam para dentro do carro, qual não foi a surpresa: o noivo, um reformado de 70 anos, estava meio despido e a sua noiva, de 59 anos, também desnuda, sentada em cima dele.
O noivo passou a noite de núpcias na prisão, por condução perigosa.

domingo, abril 02, 2006

Ontem ainda pensavam que era mentira!

Posso, finalmente e a pedido de "várias famílias", confirmar as datas dos lançamentos no "Porto" e em Lisboa de O Tempo dos Espelhos: 21 de Abril às 18.30 na Biblioteca de Matosinhos e 27 de Abril às 18.30 na FNAC do Colombo. Qualquer murcónico será, por definição!, bem-vindo:).

sábado, abril 01, 2006

Vi no Expresso...

É o retrato de um país aplicado ao futebol.
Tem tudo o que é preciso, só perde por ser mole.
Toca a acordar, pessoal!
Queremos mais garra,
deixar de ficar felizes quando a bola vai à barra.
Vamos com tudo, meter o pé, chutar primeiro,
Que o último a chegar é ...
Ter medo deles? Isso era dantes!
Vamos embora encher de orgulho os emigrantes.
Sem esquecer que nas grandes emoções
quando grita um português, gritam logo 15 milhões.

Heróis de Berlim, nobre povo…
Não tinha graça cantar um hino novo?
Escrito pelo pé de artistas
que vão alargar as vistas à nação verde e vermelha.
Ficar em segundo? Nem morto!
Ganhar ou perder é desporto? 'Tá bem abelha!
Venha a Alemanha, o Brasil ou a Argentina
com cabelos de menina e cara de lobo mau,
se calham a apanhar-nos pela frente e viram as costas à gente… TAU!

Excerto da letra do hino da GalpEnergia para o Mundial de Futebol (www.galpenergia.com).

Esclarecimento da GalpEnergia: "A GalpEnergia lamenta que o teor da letra possa ter suscitado interpretações diferentes daquele que era e continua a ser o objectivo da campanha - apoiar, de forma positiva, a Selecção."

Bom, não se exigiria um novo Camões, mas não se pôde ao menos evitar um registo assim tão pífio?