sábado, setembro 29, 2012

Triste polémica:(.


 COMUNICADO DO CNE da ORDEM DOS MÉDICOS

O perverso parecer do 64/CNECV/2012CNECV sobre racionamento em Saúde, encomendado pelo Ministério da Saúde, não contou com a participação e audição da Ordem dos Médicos.

A Ordem dos Médicos verifica que todo o parecer é uma tendenciosa construção que visa tentar justificar eticamente o racionamento em Saúde, sem limites definidos, o que é uma inultrapassável contradição ética.

Neste perigoso e desumano parecer é sempre deliberadamente utilizada a palavra racionamento e UMA ÚNICA VEZ a palavra racionalização. O que significa que os subscritores sabem bem a diferença entre racionamento e racionalização e optaram conscientemente pela palavra racionamento.

Este parecer deixa para os “órgãos governativos” a resolução “justa e legítima” do “desacordo moral”!!!... E a fase de decisão política, a última, é assegurada por responsáveis do Ministério que… “tomarão a decisão final.”…. Ou seja, os doentes ficariam submetidos à arbitrariedade economicista de qualquer Ministro da Saúde.

O texto introduz insidiosamente “a avaliação da permissibilidade de racionamento por idade”… Será que vamos assistir à exclusão dos mais idosos?!

O parecer fala em medicamentos de duvidosa eficácia, contrariando todas as regras em vigor para a aprovação científica e fármaco-económica de medicamentos, colocando em causa o próprio Infarmed e a Agência Europeia do Medicamento. Com que objetivos?!

O parecer sujeita as Normas de Orientação Clínica, elaboradas pela Direcção Geral da Saúde e pela Ordem dos Médicos, às decisões arbitrárias e prepotentes das “administrações hospitalares” que passariam a poder alterá-las, o que é inconcebível e incompreensível!

Finalmente, sublinhe-se como o cumprimento do Código Deontológico da Ordem dos Médicos já baliza todos os procedimentos e comportamentos do Médico em situações limite, pelo que tornaria absolutamente desnecessário este parecer se ele fosse inofensivo…

A Ordem dos Médicos nunca aceitará o conceito de “racionamento ético” nem que os doentes mais desprotegidos sejam obrigados a pagar a crise, quiçá com a própria vida.

Assumindo por inteiro a frontal rejeição do parecer e por considerar que este fere o Código Deontológico da Ordem dos Médicos e valores éticos intemporais, o Conselho Nacional Executivo decidiu solicitar a abertura de um processo de averiguação aos Médicos que assinaram o parecer do CNECV.

CNE, Lisboa, 28 de Setembro de 2012

 

Venho acompanhando a polémica, tristemente surpreendido. Ouvi  as explicações do Miguel Oliveira e Silva, companheiro de muitas lutas. E se quanto às intenções nada me permite duvidar, sobre a forma não modificarei a minha opinião – é infelicíssima. Porque, por mais voltas que lhe demos, a palavra “racionamento” está envenenada, como há  meses a Dra. Manuela Ferreira Leite sentiu na pele, e a – justificadíssima! - racionalização prima pela (quase) ausência; pela mistura de patologias, com diferentes consequências, prognósticos e imaginários; pelo exemplo dos “dois meses de vida”, que ouvi várias vezes e é humana e cientificamente inaceitável; pelo odor – e sou generoso… - a aceitação de discriminação dos mais idosos e desfavorecidos; pela rendição a decisores externos à relação médico-doente, em geral mais sensíveis a outros argumentos que não os resultantes do processo de decisão partilhada, característica do acto médico entre dois Sujeitos plenos, um especialista em Doença, outro na “sua” doença; por último, pelo alarme social que produziu, ao longo da A1 escutei a angústia escandalizada de muitos portugueses, doentes,  cuidadores, simples ouvintes. Como técnicos, precisamos recordar que as pessoas vivem de acordo com a realidade como a percepcionam e não como ela é(?). E por isso repito – estou disponível para ser convencido de eventual excessiva severidade quanto à substância, embora a tarefa se me afigure hercúlea. Mas não cedo quanto à forma – no mínimo, considero-a leviana. No mínimo…  

terça-feira, setembro 25, 2012

Volta Bush, estás perdoado:).


Romney indignado porque janelas dos aviões não abrem

por Ana Meireles

Mitt Romney mostrou este fim de semana o pouco que percebe de aeronáutica, quando deu largas à sua indignação pelo facto de as janelas dos aviões não abrirem em caso de emergência. Tudo por causa de um incêndio a bordo da aeronave que transportava a sua mulher e que teve de aterrar de emergência.


"Fiquei contente por ela estar no solo, a salvo. Acho que ela não sabe como ficámos preocupados. Quando há um incêndio num avião não existe nenhum outro lugar para onde ir", declarou o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos.

Para Mitt Romney o maior problema num avião numa situação de emergência deve-se ao facto de as janelas não abrirem. "Eu não sei porque é que elas não abrem. É um problema real e muito perigoso", disse.

"Não se consegue ir buscar oxigénio ao exterior porque as janelas não abrem", acrescentou Romney ao Times, sugerindo que se houvesse mais oxigénio na cabine o problema do incêndio no avião da mulher teria sido menor.


DN.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Monólogo da águia Vitória.

Xistrados fomos. Desastrados também. E eis-nos (já) atrasados:(.

quarta-feira, setembro 12, 2012

R.E.M. - Everybody Hurts (Video)


Até aos poetas...


Os amantes sem dinheiro

 

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro.
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto
que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

Eugénio de Andrade.

 

Maria,

Os poetas, esses magníficos e preciosos loucos, estão inocentes. Afinal, encontram palavras que comovem espelhos e os fazem reflectir sonhos antigos e não a realidade pura e dura. Nos dois últimos anos, fizeram-me uma pergunta vezes sem conta – pode a crise enferrujar o amor? (Antes também, claro, o pesadelo do fim do mês já atormentava as noites de muita gente quando a Bolsa ainda parecia a árvore das patacas!). Não basta citar Neil Young e dizer que a ferrugem nunca dorme, querida, explico a pessoas assustadas e surpreendidas que “pão, amor e uma cabana” é frase de quem nunca fitou mãos calejadas ou revirou bolsos em busca de uma derradeira moeda.

O amor pode resistir a tudo, mas não indemne ou mesmo escarninho.  Se me pedisses frase popular que descreva as histórias ouvidas,  dar-te-ia o velho “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. As pessoas sofrem, aguentam, receiam e o amor não vive em neurónios à prova de angústia. De acordo, muitas vezes as agruras da vida juntam mais o casal. De acordo, uma relação que já exibia – ou escondia… - fissuras é mais frágil. Mas negar a influência do torno cruel que espreme o quotidiano das gentes sobre os afectos seria ingénuo.

A visão do amor como algo de etéreo, imune às rasteiras do mundo, pertence ao discurso de uma minoria social privilegiada. (E digo discurso porque a vejo também na prática tropeçar, a conta no banco nada pode contra determinadas catástrofes bem pouco naturais. Mas se o dinheiro não dá felicidade, pelo menos evita preocupações básicas…). Sim, a crise facilita que a ferrugem namore muitos amores. E as pessoas murmuram que dói. É verdade. De uma forma ou de outra, mais dia menos dia, com crise ou sem ela, acontece a todos.

Até aos poetas!

 

terça-feira, setembro 11, 2012

Resta uma dificuldade - está o Dr. Passos Coelho disposto a cessar a dieta e a deixar crescer o cabelo?


Vocês não lhes dão valor...:(


Governo cria linguagem para justificar medidas de austeridade

Em quatro folhas A4, constam os ensinamentos dirigidos aos gabinetes ministeriais. São normas para responder às perguntas, da imprensa sobretudo, sobre as medidas de austeridade anunciadas.

Ana Sofia Santos (www.expresso.pt)
13:40 Segunda feira, 10 de setembro de 2012

 


(clique na imagem para ver o documento em formato PDF)

O documento, que ensina os ministérios a justificarem medidas de austeridade, foi enviado logo na sexta-feira, dia do anúncio pelo primeiro-ministro, e dá instruções aos assessores de como lidar com a pergunta "é um novo aumento de impostos?".

A encabeçar a lista de argumentos que os ministérios devem reproduzir para justificar as mexidas na Taxa Social Única, o Governo privilegia "o combate" ao desemprego. Fruto da melhoria das condições de tesouraria das empresas.

Além disso, os responsáveis pelo 'passa a palavra' devem também salientar o facto do aumento da TSU para os trabalhadores "reequilibra as contas para a Segurança Social, preservando o futuro, pensões, reformas, acesso aos mais desprotegidos da sociedade, e reforço de verbas para o desemprego".

Apesar de não apresentar contas sobre o verdadeiro impacto das medidas, o Governo mostra trabalho de casa ao comparar vários países no que toca às contribuições para a segurança social por parte dos patrões.

"As empresas deixam de ter a seu cargo a maior fatia das contribuições da segurança social", à semelhança do que se passa na Alemanha.

Se a questão incidir sobre a "insensibilidade social" das medidas, deve ser dito que "os trabalhadores do sector privado e do sector publico de menores rendimentos serão protegidos por um crédito fiscal em sede de IRS, por intermédio do qual terão ou uma redução do imposto a pagar, ou uma devolução maior" e que "os parceiros sociais terão um contributo muito importante a dar na definição do esquema mais adequado".

E há a instrução para recusar a medida como um novo aumento de impostos. O que deve ser dito é que "as contribuições dos trabalhadores sobem, mas as contribuições das empresas descem. Como um todo, a economia não fica mais sobrecarregada com impostos/contribuições. Isso é que é importante salvaguardar".

 

Expresso online.

 

Alguns de vocês, línguas viperinas e preconceituosas, dirão que se trata de uma espécie de catecismo. Nada mais falso! A isto chama-se homogeneização do discurso para facilitar a sua compreensão pelas massas menos esclarecidas. De resto, fontes geralmente bem informadas, revelaram-me que o esforço dos membros do Governo para trabalharem em conjunto de modo afinado não se fica por aqui. Até em Conselho de Ministros ensaiam para empolgar a Nação. Querem ver?




quinta-feira, setembro 06, 2012

terça-feira, setembro 04, 2012

Os "diferentes".

Uma palavra - atrasada... - de admiração para os nossos atletas e os Jogos Paralímpicos em geral, que, segundo leio, se têm revestido de um brilho inusitado. Um psi sabe melhor do que ninguém que é impossível prever a reacção das gentes perante a adversidade, mas sempre tive uma fantasia deprimente a meu respeito, vejo-me entregue à auto-piedade e ao isolamento. Também por isso lhes rendo a minha homenagem. Com ou sem medalhas...

sábado, setembro 01, 2012