segunda-feira, março 31, 2008

Tac-tac-tac...

Em Cantelães os pássaros bicam os vidros da casa. Narcisos alados ou namoradeiros enganados:)?

sexta-feira, março 28, 2008

Para os dinossauros!

Neil Young no TVC4:).

Para os dinossauros!

Neil Young no TVC4:).

Em resposta ao Nuno:).

O telefone toca, é o jornalista da Lusa. Desesperado no engarrafamento... Pede um depoimento sobre os dez anos do Viagra, eu respondo que apenas posso falar como psi e ele diz ser isso que pretende. Eu debito um par de banalidades e - como de costume! - divago. Saliento que sou contra a utilização desse tipo de medicamentos como placebos, têm indicações médicas precisas. Que não desejo menosprezar, claro! E lanço-me numa dissertação sobre a melhoria da qualidade de vida para homens e casais que antes não podíamos ajudar. Não li as declarações publicadas, mas daí a frase - coloquial, risonha, mas - sublinho! - não off record. Eu e a minha big mouth:). Uma vez o Independente citava a seguinte pérola: "Só Deus sabe como é difícil uma relação sexual a dois, quanto mais a três" (ou algo de muito semelhante...). Autor? O desbocado JMV! "Só Deus sabe..." Os meus neurónios, distraídos e de formatação católica, não resistem a divertir-se à minha custa:).

P.S. Acho que lembrei, era menos "libertária" - qualquer coisa do género, "Sabe Deus como é difícil a intimidade física, quanto mais a psicológica".

quarta-feira, março 26, 2008

Jantar.

A tribo reunida no Franganito. Devoro aquele bife há quase quarenta anos. Entretanto o senhor Manuel reformou-se e o Sebastião, seu filho, abriu outro restaurante. O bife definhou, mas eu não gosto de trair rituais, continuo a ir. E de repente o Sebastião apareceu e o je agarrou-se a ele como ao Redentor - "Sebastião, salve o bife do antigamente!". Ele sorriu. Foi à cozinha e regressou com o sorriso cúmplice que sempre me deliciou - "peço desculpa, mais dez minutos". Esperei, descarregando a fome de cão nos "moletes" e no Montevelho. E de repente - ó milagre! - bifes gémeos dos avós:). A algazarra, a ternura, os abraços de despedida que o não são, esta certeza que me conforta, empurra, mantém vivo - as amizades verdadeiras sobrevivem ao ritmo alucinante das nossas vidas, a telemóveis silenciosos, a promessas de encontros não cumpridas. Porque não albergam a dúvida que enferruja...

Edith.

Por mero acaso, tropecei no filme sobre Piaf quando me ia deitar. Fiz meia-volta, a sua voz é chave de baú atafulhado de recordações. "Je ne regrette rien" como cena final. Muitos o dizem, poucos o sentem. Mas não duvido que Edith se imolou pelo amor e nunca se arrependeu.

domingo, março 23, 2008

Páscoa.

Madalena, com surpresa envergonhada,
- Venceste a morte, Senhor, voltaste para junto de nós.
E Ele, sorrindo com doçura,
- Madalena, o Filho de Deus morreu na cruz por todos. Espero que tenha valido a pena, embora duvide, o futuro o dirá. É justo que o Filho do Homem viva o presente, até agora não lhe sobrou tempo para isso - voltei para junto de ti.
Nunca mais foram vistos, mas reza a lenda que não sentiram saudades da vida pública.

terça-feira, março 18, 2008

Ámen:(.

Um amigo chega e pede uma opinião, já tendo escolhido o que deseja ouvir. Um tipo sabe que não pode trair a amizade, mas fala com o entusiasmo de quem caminha para o cadafalso. As lágrimas em olhos que reflectem e acusam os nossos. E a oração cá dentro prostra-se frente a vários altares: "Deus, vida vivida, as outras escutadas, livros devorados, intuição errática, sorte caprichosa, fazei com que me tenha enganado e não sofra!".

quinta-feira, março 13, 2008

Cinema.

Vi o filme dos irmãos Cohen. Devo dizer que tendo ganho o óscar para melhor filme de 2007 faz-me pensar que a colheita não foi das melhores. O que não significa desilusão. Pela obra perpassa uma surpresa amedrontada e nostálgica em face do presente, corporizada num discurso idealizado sobre os "bons velhos tempos", em que os xerifes não usavam armas. (O que não deixa de ser divertido, se pensarmos no velho Oeste.) Tommy Lee Jones tem dois momentos magníficos, "à custa" do argumento: a extraordinária descrição de assassinos que matavam velhos casais para lhes receber as reformas, não sem os torturarem primeiro, "talvez a televisão estivesse avariada...", adianta ele, à laia de explicação:); e o sonho final, quando já reformado conta que viu o Pai, carregando uma luz e à sua espera. Diria que preferi de longe a interpretação dele à rigidez facial permanente do psicopata. Jones exibe uma perplexidade comovente, que desagua numa reforma que pressentimos já angustiada e que justifica a nostalgia da figura parental. (Coincidência curiosa - assinei hoje os papéis para a reforma, espero não me ficar pelo seu dilema: ando a cavalo ou arrumo a casa?:)).

terça-feira, março 11, 2008

Durmam bem.

O PSD parece empenhado em roubar aos portugueses uma alternativa credível ao PS, o que em Democracia é trágico. Esta caça às bruxas pífia, com Rui Rio e António Capucho na berlinda, desafia a imaginação. Em geral, o Governo perde as eleições e a oposição limita-se a colher os frutos, Menezes arrisca-se a inverter a tendência. Quanto ao PS, já ouvi a palavra "flexibilidade de posições" pronunciada por um responsável do Ministério da Educação. Sei o que tal eufemismo significa:))))))).

domingo, março 09, 2008

Breves.

Muito satisfeito com a vitória do PSOE. Vi os dois debates entre os líderes e achei que Rajoy destilava ressentimento e intolerância. Mas não foi apenas ele a perder, a Igreja Católica - desnecessariamente... - acompanha-o, de tal forma investiu no "mundo temporal".


Camacho fez o que devia. Quando um treinador diz após um jogo que não sabe o que se passa com a equipa e se declara incapaz de motivar os jogadores, fica-lhe bem assumir tal impotência. Alguns de vocês dirão que deixa o clube numa posição periclitante nas várias frentes. É verdade. Mas não creio que pudesse acrescentar algo aos desempenhos lamentáveis a que vimos assistindo.


A ideia do PS de reunir as hostes no Porto é infeliz, cheira a ridículo desagravo. O artigo de António Barreto no Público coloca bem a questão: não se trata de decretar que nada do que o Ministério fez tem valor, mas de salientar os erros e - diria eu... - sobretudo um estilo. A "febre explicativa" de que vem sofrendo a Ministra nos últimos dias não escamoteia um passado próximo de evidente arrogância.

quarta-feira, março 05, 2008

Breves.

No Algarve, para falar a colegas de Clínica Geral. Com enorme prazer:). Nesta época de super-especialização desenfreada, eles tornam-se cada vez mais a base da Medicina que acolhe de braços abertos cada nova descoberta tecnológica, mas para a aplicar à relação médico-doente, às narrativas de vida, à visão holística da pessoa que sofre, e não à Doença que habita - por capricho:) - aquela pessoa azarada.

É obsceno que se mantenham os preços das portagens da A1 com quilómetros e quilómetros em obras.

Gosto de Camacho, embora discordemos amiúde a respeito de tácticas e substituições. Também sei o que é pensar de manhã se o nosso Pai sobreviverá mais um dia. Não deve ter sido fácil estar no banco em Alvalade. Daqui lhe mando um abraço.

God forbid!

Tudo indica que Obama será o candidato dos Democratas em Novembro. E o psi balança entre a saliva e a preocupação: como resistirá este pregador brilhante da mudança aos corredores do poder, se for eleito? E se a chama se acinzentar, como reagirão os americanos que abraçaram um movimento de fé, mais do que um projecto político? Com toda a franqueza, achei Hillary mais sólida nos debates e creio que o género e as "dinastias" contaram mais do que a cor de pele. Mas como se resiste a um sonho de regeneração, desenhado sobre o pano de fundo de Kennedy e Luther King? Afinal, assisti a uma entrevista de uma senadora que apoiava Obama e não conseguia apontar uma só medida significativa lançada por ele! Ná, isto foi mais do que experiência vs. mudança; foi uma catarse colectiva, a nostalgia de um recomeço do sonho americano à revelia dos "jogos políticos", do Pentágono, dos lobbies. Que, todos o sabemos, irão sobreviver a esta eleição... Como lidará Obama com tal espartilho? Espero bem que não abane a cabeça, descoroçoado, e suspire - "That's life!". Palavra que o acuso de plágio:).

sábado, março 01, 2008

A propósito.

O PS depara-se com dois erros básicos a evitar: o primeiro, a tentação de se crispar, arrogante, muralhas adentro, decretando prenhas de segundas intenções críticas e queixas. Seria injusto e afastaria Partido e Governo do povo que servem. Erros de substância e forma aconteceram, é preciso admiti-los, corrigi-los e seguir adiante, sem manobras de esquiva para salvar a face, nada a enobrece tanto como olhar os outros de frente. O segundo, ceder a uma qualquer deriva eleitoralista, que tornaria inúteis os sacrifícios e mereceria aplausos momentâneos, mas nunca o respeito duradouro. Acontece que só o respeito dos eleitores, mesmo eivado de algum amuo, poderá levar o PS a uma vitória nas próximas eleições que não se baseie, melancólica - eu diria envergonhada! -, na falta de qualidade da alternativa. Paradoxalmente, bicéfala, e no entanto incapaz de nos brindar com ao menos uma ideia sólida de e para Portugal.

Na minha intervenção sobre a lei da paridade nas Novas Fronteiras, senti-me na obrigação de deixar este recado ao PS. No que à Educação diz respeito, com toda a franqueza, acho que é demasiado tarde para corrigir o primeiro erro. Esta Ministra, na sua timidez agressiva, foi longe de mais no autismo. Mesmo as propostas mais justificadas e a recente disponibilidade para o diálogo - forçado... - serão, creio, incapazes de pacificar a situação. Partir seria o melhor serviço que poderia prestar ao País.