segunda-feira, dezembro 31, 2007

Private investigations.

Examinou o bidé em busca de respostas. A primeira era evidente, mas não dissipava o nevoeiro - casa de putas sim, mas longe de França, país avesso à existência de lavatórios especializados para vergonhas prazenteiras. Acordara em prostíbulo nacional. Mas antes ou depois de? A relativa limpeza de tão útil acessório, que significava? Ainda nada acontecera de espasmósdico? Ou, findo o acto, a profissional – hipótese masculina era demasiado monstruosa! – deixara-o cozer a bebedeira, enquanto preparava o palco para o actor seguinte? O pêlo solitário que namorava a margem do ralo era seu, dela ou de transacção antiga? Associação de mau-gosto injectou-lhe na alma versos favoritos dos pais - despidos de grandeza; brejeirotes; heréticos: “e o bidé cala a desgraça, o bidé nada me diz…”.

domingo, dezembro 30, 2007

Ó Diabo:(.

A memória não acompanhara a ressurreição dos sentidos – o olfacto protestava em altos berros… -, impossível dizer como desaguara naquele hino à decadência, mas não seria a falta de compreensão a impedi-lo de se pirar. E rapidamente. Porque no meio de tanta decrepitude, junto à porta, reinava, qual pia baptismal…, um bidé! Escoltado por toalha de um branco razoável e sabonete virgem, indicando atendimento personalizado e esboço de serviço de quartos. Não, não sabia como ali chegara, mas apostava singelo contra dobrado que tal pocilga, embora caquética e merecendo reforma, fazia parte da indústria do sexo (expressão politicamente correcta que procurava incorporar no discurso falado, mas que com muita dificuldade lhe ocorria quando dava rédea solta ao do imaginário:().

sábado, dezembro 29, 2007

O tipo não está numa nice:(.

Olhou em volta. Devagar, devagarinho, pois o raiar da lucidez trazia consigo pedras intra-craneanas, cada movimento gerava um chocalho assassino. Rendeu-se à evidência - desancar o papel de parede era injusto, o resto do quarto pertencia ao mesmo filme de terror: a cadeira de três patas, num equilíbrio precário; o guarda-vestidos, porta de espelho sujo e presa de um só gonzo, lembrava saloon do velho oeste; a cama, de colcha suja e à sombra de Última Ceia cujos agravos às figuras dos discípulos sugeriam que se tinham antecipado ao Senhor no martírio; o sofá com numerosas feridas e respectivas hemorragias de espuma; o lustre, outonal, tantos os pingentes desaparecidos; a alcatifa, viúva de aspirador há uns bons anitos...

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Será um personagem que chega?

Foi o papel de parede a esfiar o denso nevoeiro que se lhe interpunha entre os neurónios e o mundo em redor. As listas brancas não eram chocantes, apenas sebentas. Mas as verdes…; as verdes exibiam ramagens de uma luxúria biliar, entrecortada por anjinhos nédios e róseos; verdadeiros leitões da Bairrada, humanizados por uma qualquer divindade grega, tão bebida como ele... A visão produziu um efeito explosivo, como se tivesse emborcado um shot quádruplo de guronsan, chá preto, speed e cafeína destinada a futebolistas pelintras sem acesso a doping mais sofisticado.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Era uma vez dois putos e a Avó fazendo castelos na areia.

Minha Mãe e meus filhos na praia do Molhe, há cerca de 25 anos. Quando todos nos abrigávamos nos braços dela...

segunda-feira, dezembro 24, 2007

24/12.

De regresso ao Porto para as festividades. Com alguma pena, quando saí de Cantelães o espectáculo era soberbo - sol a rodos e o campo teimosamente branco:). Resta a consolação da ponte de fim de ano.
Para todos vocês, um abraço fraterno, ups!, paternal (não quero ofender essa pletórica juventude...). O Murcon permanece parte importante da minha vida, e o tempo decorrido permite decretá-lo mais do que efémera paixoneta tecnológica. As zangas, abandonos, regressos e discussões provam que a tertúlia sobreviveu à idealização inicial e ao inevitável luto, sem o fazer ninguém constrói uma relação duradoura. Desejo o melhor a quem partiu, agradeço a quem ficou, sei que abriremos os braços a quem chegar.
Boas Festas, maralhal.

sábado, dezembro 22, 2007

Hora(s) de decisões.

Finalmente Cantelães! O trimestre foi alucinante e nas próximas duas semanas terei de decidir como será 2008: regressar à televisão após o fim do Serralves fora de Horas?; escrever?; abrandar? Não sei. Há coisas que ainda gostaria de fazer, sobretudo para sacudir o rótulo de sexólogo em full-time, afinal ensino com enorme gozo Sociologia Médica. Mas pensar a Medicina, com a ajuda de amigos mais competentes do que eu, será uma tarefa cansativa, mesmo no "colo" que Serralves se tornou para mim. Não sei. E não creio que o Pai Natal me ofereça uma decisão "pronta-a-vestir":).

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Notas breves.

Novo link, um dos amigos que tornou possível o Murcon entrou no ramo dos - abençoados... - primeiros socorros:).

Mão gentil fez-me chegar CD-ROM com algumas das intervenções de minha Mãe na televisão. Aquela voz... A timidez espreitando a cada frase. E a consciência social aprendida no quotidiano e não nos livros - "Sabe você, Herman, no país em que vivemos o meu filho é mais importante do que eu." Uma saudade imensa. A sensação que me acompanhará até à morte - a sua força sempre me assustou, mas foi também a inspiração para vencer as minhas próprias inibições em face de uma vida pública que nunca previra.

The Queen is not dead, who knows how long will live the future king?

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Vocês mandam!

A culpa afrodisíaca parece-me compatível com a frieza "não deliberada" que caracteriza a inocência, entendida como desconhecimento do amor. Também as crianças misturam culpa e crueldade na sua descoberta da vida...

domingo, dezembro 16, 2007

O amante.

Amou-a com a tenacidade do remorso, a volúpia da culpa, a frieza da inocência. Como seria de prever, acabou por a sufocar. Literalmente...

sábado, dezembro 15, 2007

Talvez peque por defeito...

Ninguém aqui leu uma crítica à equipa do Benfica quando perdeu com o Futebol Clube do Porto. Não seria justo, fizeram o que puderam e sabiam contra um adversário superior. Por isso não tenho qualquer rebuço ou dúvida em escolher o adjectivo para a exibição de hoje contra o Belenenses - vergonhosa.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Quase, quase em auto-piedade:).

A tristeza é, muitas vezes, um apeadeiro inevitável a caminho da lucidez. Acho que percebo a razão. Mas preferia que a paragem fosse menos demorada...

terça-feira, dezembro 11, 2007

Fim de ciclo.

Amanhã gravarei o último Serralves fora de Horas e, sem ofensa para nenhum dos convidados, não tenho dúvidas quanto ao momento mágico da série - o diálogo com Siza Vieira. Aos 58, cada vez mais me apetece ouvir e aprender. Intervindo, claro!, mas com a reconfortante sensação de os holofotes, por trás de mim, apontarem na mesma direcção que tomam as minhas perguntas e ouvidos:).

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Stress deprime o msistema imunitário (da Agência Lusa para os murcónicos).

Mas claro que ando stressado. Pois se até vos desejo as boas noites da Covilhã!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Finalmente no lugar adequado!

Um furúnculo traiçoeiro fez-me o ninho atrás da orelha. O Octávio, peremptório - "Só vai de antibiótico oral. E mesmo assim, não sei, talvez seja preciso abrir." Perante o meu desânimo - "Sebo!, tudo se junta" -, recorreu às virtudes terapêuticas de um bom Callabriga. O antibiótico vem fazendo o seu trabalho e, com cruel displicência, pelo caminho trucida-me a vesícula. Hoje, à entrada do Instituto, a pústula decidiu rastejar até à luz do dia pelo meu pescoço abaixo. Na portaria, a solução foi imediata - "Fala-se ao Professor Mário Sousa!" E lá fui eu chatear um antigo aluno... Diagnóstico reafirmado com evidente alívio - "Óptimo, abriu espontaneamente." Dez dias de antibiótico para prevenir eventuais complicações. Dez... Apeteceu-me ajoelhar e pedir-lhe um desconto, mas o bom do Mário já se angustiava, "como te faço o curativo, para dares a aula?" A hesitação, "importas-te de ir...?" Mas claro que não, é o destino e a sua renomada sageza! Lá fui. A colega, lutando bravamente contra a minha purulência - "quer ver, professor?" Nem pensar!, conheço a podridão de que sou capaz... Penso feito, o uivo doloroso de um cão emoldurou-me a saída grata e o sorriso gentil dela. Corredor fora, envergonhado pelo atraso e esbaforido por dois lanços de escada, compreendi o protesto e pedi em silêncio desculpa pela cunha que me permitira "roubar-lhe" a atenção da colega. E assim se passou a minha primeira consulta de medicina veterinária:))))))).

quarta-feira, dezembro 05, 2007

The bitch is back ( yet again!).

Ida e vinda ao Algarve em 24 horas pelas melhores razões, mas com o cansaço a fazer valer os seus direitos. Quando tentava sobreviver ao nevoeiro da A1, sms de um velho amigo a anunciar golo do Benfica. Desaguei em sua casa, grato pelo carinho que derramara sobre um arroz delicioso. E ficámos à conversa, cúmplices de tantos anos. Não me entendam mal, não se trata de machismo que transforma as mulheres em objectos que saltitam de mão em mão (masculinas) - à medida que lhe ouvia a ternura, pensava que não hesitaria em o "recomendar a viúva minha". E sendo eu ciumento - mesmo à posteriori! -, é este o maior elogio que lhe posso fazer:).

domingo, dezembro 02, 2007

Boa semana, que a minha vai ser alucinante:(.

"Mais do que um aristocrata, o burguês é muito sensível a estas tonalidades. Até à hora da morte, o burguês precisa de se afirmar. O aristocrata, logo ao nascer, já mostrou quanto vale. O burguês está condenado a acumular, ou a conservar."

Sándor Márai, A mulher certa.


Acabei o livro. Que é magnífico. Mas os personagens parecem-me, aqui e ali, soterrados pela análise histórica e sociológica. Em "As velas ardem até ao fim", na minha opinião, Márai atinge o mesmo objectivo sem lhes roubar a boca de cena. Na minha opinião? Já a formiga tem catarro:).

sábado, dezembro 01, 2007

Não compliquemos.

A vitória do Porto foi justíssima e ponto final. No campeonato:).

sexta-feira, novembro 30, 2007

O horror, a tragédia, a cabala, ARREPIANTE!!!!!!

Dei uma entrevista à Bola sobre o Benfica-Porto. E demonstrando tanto fervor clubístico que até afirmava "só não cantar o hino para não dar ao plantel razão para rescisão por justa causa:)" (a minha desafinação é lendária...). E o texto no jornal assim reza. Mas num dos títulos, algum dragão que me deseja a morte na primeira esquina pôs que eu não canto o hino... do dragão! Face à avalancha de protestos benfiquistas, solto um grito lancinante - leiam o texto antes de me crucificarem. Como diria o Pessa - e esta, hein??????:)))))).

quarta-feira, novembro 28, 2007

O adepto incorrigível.

Como sabem, tenho por hábito ser implacável nas apreciações ao "meu" Benfica. Por isso, é sem qualquer rebuço que digo ter ficado satisfeito com o desempenho desta noite. Bateram-se e honraram a camisola que envergam. Nunca lhes pedi mais.

Back home.

Lisboa tratou-me bem, como de costume. Avancei para a A1 cheio de um alívio culpado, "devia visitar os alfacinhas mais vezes:)". Mas confesso que é pela estrada de Cantelães que o motor do carro suspira...

No hotel comecei "A mulher certa", de Sándor Márai. A expectativa é muito alta, depois desse extraordinário "As velas ardem até ao fim". Um cheirinho:

"A mim educaram-me na ideia de que era preciso viver. A ele educaram-no na ideia de que, acima de tudo, era preciso viver de modo sofisticado e respeitoso, regular e uniformemente, e isso era o mais importante. Eram diferenças enormes. Mas, ao tempo, eu ainda não sabia."

sexta-feira, novembro 23, 2007

Voluntariamente...:).

Contrição


Que importa que todos me esqueçam
mesmo sem querer?

Que importa que a humanidade não exista
e apenas haja homens
embora vivendo, nascendo, morrendo, semelhantemente?

Se os homens são tantos que, procurando bem, sempre se encontram mais alguns;
se são tão frágeis que mal podem cair;
e se eu sou tão desgraçado, tão ímpar, tão mental,
que tenho de voluntariamente
desejar amá-los.


Jorge de Sena.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Último post - a minha escrita progride a olhos vistos:(.

Não importa, é importante...? Irra!

Não importa, é importante que não fique por dizer.

O incrédulo


Diz-me que não estou enamorada,
às vezes apetece-me jurar-lhe
que esqueceria o sol entre os seus braços
ou quereria estar a beijar sempre
seus lábios ou que não me importa o tempo
ao olhar-me escuro, fixo, louco.
Porém de quê me serviria tanto?
Não acreditaria uma palavra.

Amalia Bautista.

segunda-feira, novembro 19, 2007

No sofá do corredor.

Enrosco-me no avesso de uma noitada. Todos dormem ainda. O prado, esse, acordou vestido de um branco sem piedade. (A não ser para a casinha de plástico dos meus netos, que parece enregelada pela ausência deles.) Imagino-os à janela nos dias de honesto calor estival, a imaginação ao poder de braço dado com a gula por uns euros - "Avô Júlio, queres comprar hamburguers?". Claro que sim, apoio sem reservas as micro-empresas e desconfio das corporações, abro os cordões à bolsa e ao coração em face do riso desavergonhado das crianças, mas fecho a cara à sedução plastificada dos adultos, "há coisas fantásticas, não há?". Há. A geada que se evapora diante dos meus olhos, enquanto os moinhos da Cabreira se espreguiçam e ensaiam um giro preguiçoso. Desligo o candeeiro da mesa do corredor. O espanta-espíritos tilinta surpreendido, quase escandalizado. Obediente, volto para a cama. Cantelães deseja acordar sem testemunhas.

sexta-feira, novembro 16, 2007

A diferença.

Cantelães. Três graus negativos. Lareira acesa. Um céu espantoso. Vejo Serralves fora de Horas. E tenho pena daquele pobre diabo, a gravar à Segunda de manhã e suspirando por Sexta ao fim da tarde:(. Vi-o abrir a porta da Casa do Vale a tiritar. E no entanto com um semblante bem mais descontraído do que o do ecrã, apesar da maquilhagem. Será a lua:)?

quinta-feira, novembro 15, 2007

Esses poetas...

Gilberto Gil falando de Vinicius, revejo o documentário no TVC4: "Ele trabalhava no cerne dos afectos." Bela frase, carago! Ainda por cima verdadeira:).

quarta-feira, novembro 14, 2007

That's what friends are for.

O João Gil pediu, está feito - link para a sua nova aventura:).



Frase e esperança do dia - "E talvez aquilo que sentia de quase agradável naquele momento fosse outra coisa para além ainda do apaziguamento de uma dúvida ou de uma dor: um prazer da inteligência."

Marcel Proust, Um amor de Swann.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Late night question.

A greve dos guionistas diz muito acerca desta sociedade - quantos de nós sobrevivem sem "telepontos"?

sexta-feira, novembro 09, 2007

Pois não, não...

"Era alegre, mas não tinha o sentido da ironia. Não é o mesmo."

Manuel Vázquez Montalbán, Galíndez.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Check-ups periódicos:).

Casamentos promovidos pela web duram menos

Os casamentos promovidos pela Internet duram menos que os tradicionais. É a conclusão de um estudo realizado nos Estados Unidos, onde sites de encontro já originaram em torno de 3 milhões de uniões.

Apesar de faltarem estatísticas mais precisas o estudo, citado pela agência Ansa, diz que "pode-se racionalmente julgar que os casamentos gerados pela Internet têm uma possibilidade maior de chegar ao divórcio em relação aos casamentos gerados por encontros tradicionais", baseando-se em opiniões de especialistas do setor.
Uma prova de que uniões começadas online funcionam menos do que as outras é o fato de sites que há dez anos promovem encontros via Internet, como o Mary.com e o eharmony.com, estarem usando novas estratégias para ter certeza de que os casamentos prometidos durem mais do que a simples lua-de-mel.

O site Mary.com, por exemplo, está se especializando em promover "a qualidade e a longevidade" das relações. Já o eharmony.com criou uma espécie de laboratório de relacionamentos: alguns casais são monitorados por pelo menos cinco anos. É uma maneira, segundo o estudo, de tentar prevenir os divórcios. Afinal, como diz o dono de um dos sites de relacionamento, "a química que funciona, mesmo, é aquela dos encontros ofline".

quarta-feira, novembro 07, 2007

O Amor é...

Porque alguns de vocês gostam de aparecer - e eu de os receber:) - já posso confirmar o lançamento de O Amor é... no Porto: Terça, 13, às 19, na Biblioteca de Serralves. Em Lisboa será a 26 na Bertrand do Centro Comercial junto à Expo (Atlântico?), mas ainda não tenho a certeza da hora.

P.S. Agora já tenho - 18.30.

terça-feira, novembro 06, 2007

Sem surpresas.

O Benfica abandona a Europa depois de melancólica derrota frente a um Celtic de uma mediocridade confrangedora. Logo, sai bem. Apenas duas notas: acho extraordinário que não alertem aquele esforçado rapaz para o risco de lesionar gravemente um colega de profissão, a jogar assim será apenas uma questão de tempo; pelas substituições efectuadas desconfio que Camacho, perante a segunda parte dos seus pupilos e fiel às suas prioridades..., já pensava no Boavista!

P.S. Verdade que não se pode ter tudo. Como prometera, Santana Lopes inaugurou um novo ciclo na política portuguesa, com a sua heróica metáfora das cinco balas face a trinta. Mesmo a abarrotar de munições, José Sócrates preferiu referir modestamente que tudo vai bem e a Assembleia da República não é o Parque Mayer. (Afirmação de resto, necessária, atendendo aos espectáculos que ali vamos presenciando.) Menezes falou de véspera, com o pretexto de encostar o Governo à parede tentou marcar homem a homem o seu fidelíssimo líder parlamentar. E falhou, claro.
Quem saboreia tais pitéus políticos não pode pedir mais. A menos que seja dragão:).

domingo, novembro 04, 2007

"Os sexólogos" não existem, toda a generalização se afasta da realidade:).

Os sexólogos
Paulo Moura - 20071104
Do outro mundo
Os sexólogos gostam de fazer afirmações categóricas e normativas, o que é, em si mesmo, uma prova da sua irrelevância. Afirmações categóricas e normativas asfixiam qualquer possibilidade de erotismo e lavariam portanto, se fossem levadas a sério, os sexólogos ao desemprego. Erotismo, acho eu, implica dramatização, ilusão, incursões no desconhecido. Quando nos dizem o que o sexo deve ser, já deixou de dever ser assim, porque já não nos apetece fazê-lo, e portanto já não é sexo.Quando um sexólogo determina o que é saudável e o que não é saudável está apenas a definir as fronteiras das novas perversões. Está a dar-nos ideias. Praticar sexo segundo os conselhos de um sexólogo é como compor um poema segundo o manual de escrita criativa. Ou como pôr o Vasco da Gama a descobrir a Índia com um folheto da agência Abreu. Sem aventura não há arte, nem amor, nem erotismo. Neste sentido, é bom que os sexólogos estejam calados, para se poder manter alguma normalidade na actividade sexual.Uma das afirmações categóricas e normativas que os sexólogos adoram fazer é a de que o ciúme é um sentimento doentio. Tem origem na insegurança, dizem eles. Na falta de auto-estima. O ciumento imagina coisas, acredita em hipóteses improváveis. E, de tanto acreditar, essas coisas que imagina acontecem mesmo, vaticinam ainda os sexólogos. Um amante saudável nunca tem ciúmes. Se há indícios de que o parceiro ou parceira o traiu ou vai trair, deve ignorá-los. São decerto fruto da sua imaginação doentia. Há com toda a certeza uma explicação razoável para esses indícios, por mais gritantes que lhe pareçam. É preciso haver confiança. Se a tivermos em doses adequadas, acreditamos sempre no companheiro ou companheira, mesmo que ele ou ela saia de casa à meia-noite com uma carteira de preservativos nos dentes. Sem dúvida que haverá uma explicação para esse comportamento, não vale a pena pensar muito nisso. O que é preciso é ter confiança. Como se a confiança devesse sempre ser dada, e não precisasse de ser conquistada. Como se não fosse um bem escasso. Os franceses são mais prudentes, ao usarem o verbo "fazer" - faire confiance - em vez de "ter". "Fazer" soa mais como um contrato, implica um comportamento mais activo e responsável. Faz-se confiança, como se faz uma aposta. Ganha-se ou perde-se e a culpa não é de mais ninguém senão nossa. O amor pode ser, na verdade, uma roleta russa e portanto o ciúme é um sentimento tão natural como a sua sede de amor. Há quem o tenha por doença, como também há quem sinta febre sem que isso corresponda a nenhuma infecção. Mas é raro. Na esmagadora maioria dos casos, quem tem ciúmes tem boas razões para os ter. De outra forma não se explicaria este mecanismo do ser humano, numa perspectiva evolucionista. Se acreditarmos que a nossa origem está em Adão e Eva, podemos considerar o ciúme um erro da Natureza, ou uma invenção do demónio, uma vez que não havia, à época da nossa criação, ninguém de quem o ter. Mas se quisermos ser científicos temos de olhar o ciúme com respeito. Quem ama teme perder o objecto do seu amor e tem ciúmes se pressentir que isso vai acontecer. E isso realmente acontece todos os dias. Basta ver a percentagem de casamentos que acaba em divórcio. Não, é melhor não ver. As estatísticas também matam o amor. Jornalista


P.S. Aceito que me considerem irrelevante, mas nunca fiz afirmações categóricas e normativas, excepto contra todas as formas de discriminação. Quanto ao ciúme, recordo alguns anos pós-25 de Abril, em que era considerados politicamente incorrecto. Alguns dos que o diziam, torciam mãos e almas no meu consultório... O ciúme decorre, justificado ou não, da insegurança. E essa, julgo eu, faz parte da nossa natureza. Mas talvez esteja a ser normativo:).

sexta-feira, novembro 02, 2007

A quinta do Vale.

Cantelães. Fogo na encosta, calor humano em casa. Amigos estiveram, amigos estão, amigos chegarão. A Quinta do Vale foi sonhada assim - um refúgio de portas escancaradas. A lareira dá os primeiros passos; a mesa agradece a invasão; os sofás acolhem gente que se divide entre a televisão e a sesta. Quando chego à porta da sala, invade-me um sentimento de gratidão, a tribo acompanhou-me na aventura da Cabreira. Talvez seja essa a fronteira - se gostamos, dizemos presente se alguém constrói um refúgio. Se não, aproveitamos o pretexto para nos afastarmos. Estou grato aos primeiros, não guardo rancor aos segundos, a cada um o seu caminho, sem hipocrisias.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Entradas de leão...

Portas já pediu a demissão da ministra
Estudantes voltam a poder chumbar por faltas
Num recuo inesperado o PS vai reabrir a discussão sobre o artigo 22º do Estatuto do Aluno, que previa a realização de uma prova para todos os que ultrapassassem o limite de faltas.
Pedro Chaveca
16:19 Quinta-feira, 1 de Nov de 2007
António Pedro Ferreira
O governo garante que não houve qualquer recuo
Foi apresentado ontem pelo Partido Socialista, durante a reunião da Comissão Parlamentar de Educação, uma proposta de alteração ao já aprovado Estatuto do Aluno e em particular ao artigo 22º que previa a realização de uma prova para todos os alunos do ensino básico e secundário que ultrapassassem o limite de faltas, independentemente de serem justificadas ou não.
Segundo o avançado pela TSF esta mudança deve-se a pressões feitas pelo governo, que a bancada socialista justificou com o facto de haver uma cortina de fumo para confundir a opinião pública.
A nova proposta apresentada ontem e que deve ser votada durante a próxima semana assegurará que os alunos com faltas a mais vão de facto chumbar o ano, caso o conselho pedagógico da escola assim o decida, sem passarem pela muito falada prova de recuperação.
Medidas "correctivas"
As novas medidas a que o PS chamou de "correctivas" sublinham que os alunos do ensino obrigatório vão poder ficar retidos no caso de ultrapassarem o limite de faltas. Para os do secundário a penalização poderá passar pela exclusão da frequência de algumas disciplinas, que em princípio serão aquelas a que o aluno chumbou por faltas.
Este "recuo" como foi qualificado pela oposição trouxe de volta a polémica à Assembleia da República. E da esquerda à direita os ataques à ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, não se fizerem esperar. "A ministra veio defender a solução da prova de recuperação como a melhor e, agora, o grupo parlamentar do PS vem pôr em causa aquilo que ela disse. É um claro recuo do PS e uma situação que gera incómodo entre o grupo parlamentar e a ministra", defendeu o deputado comunista António Oliveira.
Uma opinião corroborada por Ana Drago do Bloco de Esquerda que insistiu que apesar da rectificação do artigo 22º continua a existir um grave "erro": "Não há diferença entre faltas justificadas e injustificadas. Por muito que se confie no bom senso da escola [para o qual os socialistas remetem], isso não é compreensível".
O CDS sublinha que houve uma desautorização da governante e aponta o dedo às contradições dos socialistas: "O PS defendeu o fim da retenção e da exclusão, dizendo que a escola teria de ser inclusiva e agora apresenta uma proposta que prevê a retenção e a exclusão do aluno", lembrou José Paulo Carvalho da bancada centrista.
PS garante não ter havido recuo
Paulo portas foi mais longe e pediu a demissão da ministra que acusou de ter "três posições diferentes em três meses" e de fazer "propostas irresponsáveis."
O maior grupo parlamentar da oposição pediu o adiamento da votação e está a ponderar apresentar uma proposta própria. O PSD aponta o dedo aos socialistas que acusa de sacudirem as responsabilidades para "os conselhos pedagógicos das escolas, que terão de estar sistematicamente em reuniões para decidir se há prova de recuperação, se há retenção ou se há exclusão", e avisa as escolas de que esta nova proposta do governo é "um presente envenenado".
Do lado do executivo de José Sócrates respondeu, Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, que assegurou não ter havido qualquer recuo por parte do governo, sublinhando que a essência da proposta se mantém, contou apenas com melhoramentos por parte dos deputados.

terça-feira, outubro 30, 2007

Guerra civil no Murcon!:).

Caro Professor,

O seu último post diz-me muito pois, ao contrario do autor do texto, eu "devorava" essas séries, especialmente o Espaço 1999, que me fazia "voar" para longe do meu planeta, não fosse eu uma fã incondicional de astronomia, astrofísica e de ficção científica.
No entanto, o autor ou autora do texto também comete uma gaffe no mínimo imperdoável:)) Não será sinal de decrepitude, mas talvez de falta de atenção ou paixão pelo tema. É que o Martin Landau era o comandante, não de uma nave espacial, mas da base lunar Alfa, situada na lua, que ao sair da órbita da terra começa a vaguear pelo espaço e a deparar-se com inúmeras aventuras espaciais. Aventuras essas que nada têm a ver com as cowboiadas do espaço dos filmes actuais de ficção científica.

Cumprimentos:)

Vocês não deixam passar um único sinal da minha decrepitude:).

Caro Júlio,

Estava há pouco a ouvir o programa de domingo e dei conta de uma gaffe no mínimo imperdoável... :)))))
William Shatner foi comandante da Enterprise no Star Trek, e não no Espaço 1999.
O comandante dessa nave era Martin Landau.
Eu nunca achei piada a nenhuma dessas séries, mas o Martin Landau sempre se safava muito melhor que o William Shatner....

:)))

segunda-feira, outubro 29, 2007

Aviso às tropas.

Um de vocês teve a gentileza de mailar, dizendo que o O Amor é... já se encontra na FNAC de Matosinhos. Em contrapartida, informou-me de algo que me pôs de queixo no chão - texto e disco repousam na secção... dos livros técnicos! Ó mistério insondável, será para me tornar mais respeitável?:).

domingo, outubro 28, 2007

A dívida.

Há um ano fiz uma conferência em Santiago. Comecei atrasado e sem possibilidades de me "esticar" um minuto que fosse. Para cúmulo, a tecnologia enlouqueceu, pois o power-point da apresentação era mais recente do que o local e perante os meu olhos aterrorizados as coisas mais estapafúrdias aconteciam no ecrã. Saí de lá passado, as palmadas nas costas cheiravam a cuidados paliativos, não a reconhecimento de que as minhas palavras podiam ter feito sentido para alguém na assistência. Filho adoptivo da Galiza, senti-me em dívida.
Sexta-Feira passada desejava muito pagá-la, mas com a voz em pantanas e a superstição no trono, o receio de a agravar espreguiçava-se cá dentro. Comecei de novo atrasado e houve um soluço de mau agoiro no The needle and the damage done de Neil Young que adicionara às imagens. Mas tudo foi diferente:). Embora me visse obrigado a um contra-relógio enrouquecido para recuperar tempo, tive a enorme satisfação de poder dialogar com o público, na sua esmagadora maioria galego, quase toda a "colónia portuguesa" já demandara a estrada. E tão saboroso naco de conversa, apenas interrompido para o (agradável) anúncio do próximo Congresso no Porto e a protocolar cerimónia de encerramento, pacificou-me. Deixei Santiago noite cerrada e exausto, mas com a esperança de o Santo ter retirado o meu nome da lista dos ingratos e devedores.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Estamos todos de parabéns, não é verdade?:).

Poligamia faz mal aos homens
Quanto mais poligâmica é uma espécie, mais rápido os machos envelhecem e morrem
Um estudo da Universidade de Cambridge, da Grã-Bretanha, publicado na última edição da revista «Proceedings of the Royal Society», sugere que quanto mais poligâmica é uma espécie, mais rápido os machos envelhecem e morrem


As companheiras, por sua vez, vivem durante mais tempo. Os investigadores Tim Clutton-Brock e Kavita Isvaran, que estudaram os padrões comportamentais de mais de 30 espécies, incluindo a humana, concluíram que isto acontece em função da intensa competição sexual.
Traçando uma comparação entre espécies monogâmicas (em que o macho tem uma única parceira) e poligâmicas (em que cada macho copula com várias fêmeas), os cientistas constatam que a competição por fêmeas tende, naturalmente, a ser mais instigada no segundo grupo.
Ou seja, os machos que mantêm uma única parceira vivem de forma mais descansada, enquanto os polígamos precisam de se esforçar nas sucessivas conquistas sexuais.

domingo, outubro 21, 2007

:))))).

SOBRE O QI DOS ESCARUMBAS

Ferreira Fernandesjornalistaferreira.fernandes@dn.pt

O cientista James D. Watson fez escândalo numa entrevista ao Sunday Times. Agora, lamenta: "Não compreendo como pude dizer aquilo que foi citado. Não há bases científicas para tal." E que disse ele na entrevista, publicada no domingo passado? Watson, de 79 anos, prémio Nobel de 1962 por pesquisas sobre o ADN, disse que África não se desenvolvia porque "todas as nossas políticas sociais são baseadas no facto de que a inteligência deles [dos africanos] é igual à nossa - ora as provas não dizem isso". E que provas? Ele diz: "Quem lida com empregados negros sabe que isso não é verdade [a igualdade da inteligência]."Quase concordo com James D. Watson. De facto, também a minha experiência em lidar com empregados quase sempre diz que sou mais inteligente que eles. Acontece, porém, que além da minha experiência de empregador (uma mulher-a-dias aqui, um canalizador ali) tenho uma experiência de empregado. E suspeito que nessa qualidade sou eu quem é quase sempre menos inteligente. Digo "suspeito" porque é o que sinto quando vejo, de cada vez que assino um contrato, o sorrisinho malandro do meu novo patrão. Donde, o que o dr. Watson devia ter dito é que os empregados são geralmente mais estúpidos que os patrões, e por isso não chegaram a patrões.Então, porque leva ele a questão para as diferenças entre brancos e negros? Comprei o último livro de Watson. É um livro para ser lido logo pelo título. Na edição americana, Avoid Boring Other People, o Other é impresso quase transparente, o que, sem esse "Outras", permite duas leituras: uma, "Evite Aborrecer as Pessoas", e outra, "Evite as Pessoas Aborrecidas". Watson gosta de ser irónico. Conta a sua vida, tirando lições no fim de cada capítulo. Lição (no capítulo "Como Fazer Livros Legíveis"), citando Oscar Wilde: "A mensagem do meu primeiro encontro com a aristocracia foi clara. Eu não voltaria a ser convidado se me portasse como ela." Quer dizer, Watson faz da provocação, do ser diferente, a sua divisa. Brincou com o fogo, com a história dos negros e dos brancos. No dia em que ouvi falar da polémica, estava em Nova Iorque e fui ouvir o Requiem, de Mozart, pela Orquestra Sinfónica de Londres. É perigosíssimo ouvir aquilo horas depois de ouvir um cientista falar sobre a superioridade dos brancos. Dois dias depois, na sexta, fui ao Lincoln Center, ouvir a orquestra de jazz dirigida por Wynton Marsalis (um negro) assinalando o centenário do compositor Benny Carter (um negro). E houve um momento em que o gordo e negro Sherman Irby se levantou e, com o seu saxofone alto, tocou Again and Again... Só não me convenci da superioridade negra porque ao seu lado estava Joe Temperley e Ted Nash, ambos brancos.

sábado, outubro 20, 2007

A Casa da Rádio.

A RDP inaugurou hoje a Casa da Rádio no Monte da Virgem. Gostava muito de lá ter ido. Porque durante os últimos anos as pessoas que corporizam a Instituição me trataram como amigo e não colaborador, até nos raros momentos de desacordo. Esta maldita asma não deixou, preciso de a controlar, sob pena de não estar em condições para o Congresso que me espera em Santiago de Compostela:(. Aqui fica um abraço apertado para o Luís Marinho, o Rui Pêgo, o Tiago Alves, o António Macedo, o Anacleto e todos os que sempre me fizeram sentir em casa... na Casa da Rádio!

quinta-feira, outubro 18, 2007

O verdadeiro método científico!

Antigo Prémio Nobel da Medicina
James Watson defende superioridade intelectual de brancos sobre negros
O vencedor do Prémio Nobel da Medicina em 1962, James Watson, declarou-se convicto de que os brancos são mais inteligentes que os negros

O também presidente do Conselho Científico da Fundação Champalimaud argumenta que essa é a explicação para a ineficácia das políticas do Ocidente em relação a África.
Por isso, Watson acredita que o pressuposto de que brancos e negros são igualmente inteligentes é errado.
James Watson notabilizou-se pela descoberta da estrutura do ADN, sendo que descobertas posteriores na mesma área desmentem as suas mais recentes declarações.
O Nobel diz que preferia que assim não fosse, mas justificou que «as pessoas que têm de lidar com empregados negros descobrem que isso não é verdade».
Declarações polémicas e tidas como «racistas» pela comunidade científica, depois de o investigador de 79 anos afirmar que, a confirmar-se durante a gestação que o feto seria homossexual, as grávidas deveriam poder abortar.
SOL com agências

P.S. Sem falsas modéstias, devo acrescentar que, com o mesmo rigor metodológico, concluí que também os habitantes de uma determinada aldeia do norte do país - não nomeada para manter em suspense a comunidade científica! - são menos inteligentes que os portugueses em geral, atendendo às dificuldades tidas para lidar com uma empregada de meus pais há quarenta anos. Quanto aos homossexuais, e porque o Dr. Watson alegou que todas as mulheres têm o direito de ser avós, subscrevo-lhe a proposta, mas dando-lhe um âmbito mais geral - quando se descobrir os genes responsáveis pela recuo de muitos heterossexuais perante a parentalidade, o edifício legal deve também prever a interrupção dessas gravidezes.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Este fosso que se agrava, é considerado um dos factores de risco para a saúde física e mental das populações de um determinado país.

Pobreza ameaça a classe média

Helena Norte

As famílias atingidas pelo desemprego e endividamento são os novos rostos dos dois milhões de pobres que existem em Portugal. A chamada classe média, esganada pelos créditos ou apanhada nas malhas do desemprego crescente, constitui uma nova forma de pobreza, que desafio os estereótipos associados a esse fenómeno. Hoje, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, milhares de pessoas levantam-se para lembrarAs estatísticas do Eurostat revelam que 20% da população portuguesa vive na pobreza. Dois milhões de pessoas, portanto. Na União Europeia, a taxa de pobreza situa-se nos 16%, o que coloca Portugal no top 10 dos estados-membros mais pobres.Os números não são novos. O padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, diz mesmo que há décadas anos que se fala nessa percentagem. "Com tantos milhões de euros em programas contra a pobreza, porque é que o número de pobres não diminuiu?", questiona.Para perceber, comecemos pela definição técnica de pobre. É considerado pobre quem ganha menos de 60% da mediana dos salários do seu país. Isto é, quem tem rendimentos inferiores a 60% do vencimento auferido por metade da população. No caso de Portugal, corresponde a 360 euros por mês, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística referentes a 2004. O conceito de pobre varia, portanto, de país para país. O que significa que os 68 milhões de pobres que existem na União Europeia têm níveis de vida muito diversos. Um pobre na Suécia viveria confortavelmente em Portugal ou na Lituânia.Ter emprego não significa estar acima do limiar de pobreza. O mito de que só quem não trabalha cai nas malhas da miséria é desmentido pelos números 14% dos portugueses que trabalham estão em risco de pobreza, de acordo com dados da Rede Europeia.Novos pobresO problema é que não ganham o suficiente para pagar as contas. Isabel Jonet, directora do Banco Alimentar (BA), diz mesmo que os novos pobres são aqueles que contraíram créditos ou assumiram responsabilidades financeiras que já não conseguem honrar, seja porque perderam o emprego ou porque o custo de vida está cada vez mais elevado. O BA recebe um número crescente de solicitações , que encaminha para instituições com quem tem protocolos, de pessoas que, vencendo o pudor, pedem ajuda.Estes novos fenómenos desafiam também as classificações tradicionais de classe média. "Se 20% dos portugueses concentram 80% da riqueza, já não há a chamada classe média", explica o padre Jardim Moreira. As desigualdades sociais, em Portugal, são ainda mais chocantes do que no resto da Europa. Segundo dados da Eurostat, referentes a 2004, o grupo com mais rendimentos ganha sete vezes mais do que a franja mais desfavorecida."O que tem sido feito é gerir a pobreza, não resolvê-la", critica o padre Jardim Moreira. Uma das formas de camuflar a real dimensão do problema é aumentar as transferências sociais (subsídios e outras prestações). Se fossem cancelados todos esses apoios, a taxa de pobreza, em Portugal, aumentaria para 38% e na Europa 40%, o que é revelador da "subsidiodependência".Os idosos que vivem sós e as famílias com dois ou mais dependentes apresentam um risco de pobreza substancialmente mais elevado (42%) do que a restante população, de acordo com dados do INE.Para quebrar o ciclo da pobreza, os especialistas são unânimes na necessidade de investir na educação. Neste parâmetro, o nosso país apresenta também indicadores desoladores a taxa de abandono escolar é de 39% (quando na Europa não ultrapassa os 15%).
JN.

terça-feira, outubro 16, 2007

Os alunos, perdão!, os discípulos:).

Querido Professor,
que os anos lhe tragam a liberdade para conquistar, em cada dia, momentos felizes...
que hoje tenha muitos...

sábado, outubro 13, 2007

Há vida para além dos 58!:).

Pensioner pulled for sex while driving


A newlywed pensioner has been arrested for having sex with his bride while driving away from their wedding reception.
Traffic cops in Bergamo in northern Italy pulled the Fiat Punto over after watching it veer from side to side down a busy road.
Inside they found a partially naked 70-year-old man behind the wheel and his 59-year-old bride sitting astride him.
Ciampini was arrested for dangerous driving.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Uma boa semana.

Segunda, um antigo aluno foi-me dar um abraço no fim da aula. Hoje, um de vocês abraçou-me à saída de um restaurante. São momentos preciosos de ternura, que nenhuma boa audiência pode igualar:).

segunda-feira, outubro 08, 2007

Praga.

Praga continua bela, com tudo o que o adjectivo implica de meditação sobre as insuficiências de palavras como "bonita", "agradável" ou "deliciosa":). O teatro de marionetas nas águas-furtadas, com um D.Giovanni tão hilariante como firme na recusa do arrependimento; o horror dos desenhos das crianças destinadas às câmaras de gás; os concertos em tudo o que é teatro opulento ou igrejinha de esquina, solidários na duração coordenada de uma hora, para melhor seduzirem os turistas; o relógio que faz centenas de pessoas arriscarem um torcicolo na praça da Cidade Velha; o olhar denso e triste de Kafka; o outro, implacável, da loirinha que cobrava meio euro à porta dos lavabos no restaurante; o riso contagioso da recepcionista, que me enfiou dois beijos à despedida, sentinelas de um "good-bye and have a safe journey, mister mexeidu" tão afável que me odiarei se voltar e a trair com outro hotel; e...
E no entanto, como há anos atrás, a saudade que já aperta elege como símbolo primeiro o grupo de Dixieland cuja idade média era superior à minha. O balanço daqueles homens, a voz à la Joe Cocker, sangrando para um altifalante de lata, o meu telemóvel oferecendo-a ao João em Portugal, os pés obedientes ao compasso, a americana que dançava de olhos fechados e sorriso beatífico, certa da gratidão de todas as vítimas por "aquela invasão americana":). Por dez euros trouxe o disco, escrevo na sua moldura - "Some of these days"...
... are blessed, diria eu!

quinta-feira, outubro 04, 2007

A nossa eternidade é a memória dos outros.

Espero que a vida também! É inútil lutar contra a morte tal como é inútil lutar contra a vida. É inútil porque a morte é uma puta - desculpem o palavrão mas é a única palavra que encontro. Quando o meu pai morreu, o padre que foi rezar a missa disse que detestava aquilo porque nós não fomos feitos para a morte. De facto não fomos... Há pessoas de quem gostávamos e que já não podemos tocar e ver e cuja morte foi tão injusta. Ainda no sábado fui a enterrar um camarada da guerra que morreu num acidente de automóvel. Foi muito comovente ver aqueles homens duros, que fizeram a guerra, a chorar como crianças. Eu chorei também, gostava muito dele e agora quando nos reunirmos ele não vai lá estar. E não faz sentido que o Zé não esteja. Eu tenho que viver pelo meu pai, pelo Cardoso Pires, pelo Melo Antunes, estão dentro de mim até eu acabar.

António Lobo Antunes ao DN.

sábado, setembro 29, 2007

Deformação profissional.

Fez-me sorrir a unanimidade laudatória sobre a atitude de Santana Lopes na SIC-Notícias. Por duas razões: a tonalidade surpreendida de muitos dos comentários, como se Santana Lopes não tivesse o direito de assumir posições com que (quase) todos concordamos, pelo simples (?) facto de ter acumulado erros ao longo da sua vida política; e a escassez de comentários acerca da motivação narcísica do acto, por parte de alguém pouco habituado a ver-se "preterido" pelos holofotes da comunicação social em favor de outros.
Quanto ao resto...
1) A vitória de Menezes só surpreende os incautos. O povo laranjinha esteve-se nas tintas para as (quase clandestinas) opiniões dos calculistas barões. Mendes passou uma imagem de perdedor garantido em 2009 e Menezes prometeu o regresso ao Governo, a pacificação interna, a expansão a todo o país da felicidade vivida em Gaia, a reconciliação com Rio, o não recurso aos tribunais, mão de ferro para os índios amazónicos que falseariam a votação e - acima de tudo! - power to the orange people, saudoso dos privilégios que o PS distribui em nome da rosa.
2) As escutas publicadas pelo Sol gritam por um esclarecimento de Sócrates. E de Rui Pereira. E do "sobrinho Portas". E da Maçanoria. E...
Ora, Júlio, nunca mais aprendes:(.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Surprise, surprise...

Amantes na net eram casados um com o outro
2007/09/22 16:05

Apaixonaram-se na net e agora sentem-se traídos. Estão a divorciar-se
Um casal bósnio está a divorciar-se depois de descobrir que eram amantes um do outro na Internet. Segundo o Metro britânico, Sana, de 27 anos, e Adnan Klaric, de 32, encontraram-se numa sala chat utilizando os nicks «Sweetie» e «Prince of Joy».
Ambos achavam que tinham encontrado uma alma gémea com quem passariam o resto das vidas. O curioso é que ambos reclamavam dos mesmos problemas nos seus casamentos.
A verdade só foi descoberta quando combinaram um encontro. Agora, o casal está a divorciar-se e cada um acusa o outro de traição. «De repente, eu estava apaixonada. Era maravilhoso porque parecia que ambos estávamos presos ao mesmo tipo de casamento infeliz. Senti-me traída», disse Sana ao jornal. Para Adnan, «é difícil acreditar que Sweetie, que escreveu coisas tão maravilhosas, é, na verdade, a mesma mulher com quem me casei e que não me disse uma única palavra carinhosa durante anos».

terça-feira, setembro 25, 2007

Em desespero de causa.

Tive um dia longo e cansativo. Acresce que visualizei o primeiro programa de Serralves fora de Horas, estarrecido pelos avanços da calvície e da barbela. O dia de amanhã não será mais folgado. Preciso de um auto-afago para relaxar e dormir, mas onde encontrar um motivo de contentamento e alívio? Para grandes males, grandes remédios:( - Júlio, não vais precisar de votar nas eleições do PSD!

domingo, setembro 23, 2007

Manda a verdade reconhecê-lo.

A estranha e triste resignação do Benfica perante o empate - face a um Braga que terminou exausto... - começou em Camacho.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Aquilino.

A discussão sobre a ida de Aquilino para o Panteão trouxe-me velhas recordações. Ele foi casado com uma irmã de minha Avó paterna e gozava de sólida reputação de mau feitio na tribo. Aquando de uma sua vinda ao Ateneu Comercial, meu Pai decidiu que já era tempo de lhe apresentar o rebento. Que ele ignorou, olímpico, até o velho deixar escapar, melífluo, que este vosso humilde servo já lhe tinha posto o dente na prosa. Aquilino curvou-se para mim, num misto de surpresa e troça - "Com que então já me leste, menino? E que achaste?". Eu não devia ter mais de dez anos e contudo o talento para me enterrar até às orelhas por erro de boca já despontava, triunfalmente suicidário - "Gostei, mas o Tio usa palavras muito complicadas, não percebo tudo". Ele endireitou-se num ápice, trocando o estatuto de familiar caprichoso pelo de Padre Eterno furibundo - "Não percebes porque nunca deixaste a cidade, eu escrevo as palavras do povo". Embatuquei e só não desatei a chorar porque o meu Pai me pôs a mão pelos ombros e acalmou a zanga divina:). Aquilino teve uma noite triunfal e do reviralho no Ateneu! Alguns dias depois escrevia a minha Avó: "Querida Manuela, todas estas homenagens me soam a dobre a finados". Pouco tempo depois morria... Lembro-me do Eugénio de Andrade pegar no seu Malhadinhas, ler a primeira frase e decretar: "A melhor prosa portuguesa". E o Eugénio não tinha o elogio fácil!

terça-feira, setembro 18, 2007

Como psi nunca duvidei que o provariam...

Ciência: Solidão deixa uma impressão digital nos genes - estudo
13 de Setembro de 2007, 15:27
Lisboa, 13 Set (Lusa) - Pessoas que têm uma vivência de solidão crónica mostram padrões de expressão genética que diferem marcadamente dos apresentados por pessoas que não se sentem sozinhas, revela um estudo molecular apresentado na versão electrónica do jornal Genome Biology.
A descoberta sugere que os sentimentos de isolamento social estão ligados à actividade do sistema imunitário e resultam num aumento de sinais inflamatórios no corpo.
Já se sabe que o ambiente social de uma pessoa pode afectar a sua saúde, com aqueles que estão mais isolados a sofrerem mais causas de mortalidade, maiores taxas de cancros, infecções e doenças cardíacas.
Os investigadores estão agora a tentar determinar se estas consequências adversas na saúde resultam dos recursos sociais reduzidos dessas pessoas ou do impacto biológico do isolamento social na função do corpo humano.
O estudo agora divulgado, de uma equipa da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA, em inglês), é o primeiro a mostrar que um factor de risco social pode produzir uma alteração na actividade molecular dos genes, causando um maior risco de doenças, como as de coração, infecções e cancro.
"O que este estudo nos mostra é que o impacto biológico do isolamento social derruba alguns dos nossos processos internos mais básicos, como a actividade dos nossos genes"," disse o autor principal do estudo, Steven Cole.
No seu estudo, a equipa de Cole usou sequências de ADN para vigiar a actividade de todos os genes humanos conhecidos nos glóbulos brancos de 14 indivíduos, seis dos quais considerados como estando no topo de uma escala de solidão, enquanto os outros como pertencendo a um nível inferior.
Os investigadores descobriram que 209 proteínas de genes eram expressas de forma diferente entre os dois grupos, com 78 a serem exageradamente expressas e 131 a serem sub-expressas.
"Parece que nos indivíduos com solidão crónica os genes são remodelados", disse Cole, salientando que as diferenças verificadas "eram independentes de outros factores de riscos para doenças inflamatórias, como o estado de saúde, idade, peso e uso de medicamentos" dos participantes no estudo.
As alterações mostraram-se ainda independentes do tamanho da rede social da pessoa.
"O que conta, ao nível da expressão do gene, não é quantas pessoas se conhecem, mas de quantas nos sentimos realmente próximas nos tempos livres", realça.
Os genes que se apresentaram sobre-expressos nos indivíduos com elevados níveis de solidão incluem muitos dos que estão envolvidos na activação do sistema imunitário.
No entanto, muitos dos genes que estavam sub-expressos estavam relacionados com as respostas anti-virais do corpo.
No futuro, a impressão digital deixada pela solidão nos genes identificada por Cole poderá tornar-se útil como um 'marcador biológico' para monitorizar intervenções destinadas a reduzir o impacto da solidão na saúde.
RCS.
Lusa/Fim

segunda-feira, setembro 17, 2007

É a consagração!

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, elogiou hoje o «exemplo» que o primeiro-ministro, José Sócrates, deu ao mundo em termos de saúde, fazendo «jogging» matinal em Washington, sobretudo «quando já tem 50 anos».

sexta-feira, setembro 14, 2007

Última hora.

A chanceler alemã Angela Merkel demitiu-se, no seguimento de instruções do governo chinês, furibundo pela sua decisão de receber o Dalai Lama. Para o lugar foi indicado o Engenheiro José Sócrates. Fontes geralmente bem informadas afirmam que o desagrado das autoridades chinesas foi tal que decidiram substituir também o chefe da oposição germânica, razão pela qual o Dr. Luís Filipe Menezes será obrigado a faltar ao debate da próxima Terça-Feira na SIC-Notícias por neste momento se dedicar a tempo inteiro a um curso intensivo de alemão. O Dr. Marques Mendes, contactado pela imprensa, afirmou que tal escolha deve ter sido efectuada numa noite de nevoeiro...

quinta-feira, setembro 13, 2007

Solução consensual!

O Governo português não recebe o Dalai Lama para defender os interesses nacionais, razão pela qual as pressões dos chineses são inúteis, o "super-ego económico/realista" do Executivo castra o dito sem foices externas. Mas... e se não fossem interesses económicos mas desportivos a estar em jogo? Passo a explicar: o Governo receberia o Dalai Lama para lhe pedir que assumisse o cargo de seleccionador ou, pelo menos!, ministrasse um curso intensivo de meditação ao actual. Não creio que o futebol da equipa piorasse porque neste momento é difícil. E após os jogos o ambiente seria muuuuuito mais civilizado...

quarta-feira, setembro 12, 2007

P.S.

Quanto à afirmação da Ana, segundo a qual Serralves nos abriria as portas pelo meu prestígio cá no burgo, é enternecedora na sua falta de isenção:). Serralves é um exemplo de abertura a todas as iniciativas que promovam a Cultura e a Cidade, tenho a certeza que foi o projecto a ser avaliado e considerado válido e não o meu nome.
Tenho escrito:)!.

Comunicado ao país murcónico.

O DN traz hoje uma amabilíssima nota sobre o meu regresso à TV. Acontece que a peça se baseia numa conversa telefónica e não num mail, atendendo aos prazos apertados. Daí o engano - e injustiça! - que me apresso a reparar: é verdade que considero a passagem do Sexualidades do primeiro para o segundo canal da RTP e de horas decentes para um horário de filme de terror uma forma encapotada de censura. Mas nunca por pressão do público em geral! Quando isso aconteceu, a RTP teve a honestidade de me enviar a chuva de cartas de protesto, incluindo algumas em nome de Conselhos Directivos, Associações de Pais e Alunos que se queixavam de assim ficarem privados do programa. As pressões vieram, ao que me foi dito, de grupos minoritários e de quem na própria RTP se opunha ao Sexualidades. Na realidade, lembro uma crítica que, quando o programa ganhou o Sete de Ouro, afirmava taxativamente que fora o público a "evitar" o fim puro e simples do mesmo. Arrisco o palpite que nem o público me teria salvo se não existisse já nessa altura uma alternativa televisiva, mais valia ter-me na prateleira do que na montra da concorrência:). Mas que sei eu? Sou um pobre psi!

terça-feira, setembro 11, 2007

Auto de fé:).

Bater a noite no próprio jogo.
O quarto escuro como (br)eu.
Caminho aberto a esse fogo,
Que me abençoa mas é só teu.

domingo, setembro 09, 2007

A dura realidade:(.

O Chefe de um departamento, sentindo que os subordinados não respeitavam a sua liderança, resolveu colocar uma placa na porta do gabinete onde se lia:
"Aqui quem manda sou eu!"
Entretanto, ao voltar de uma reunião, viu o seguinte bilhete afixado junto à
placa:
"A sua mulher ligou e pede para lhe devolver a placa".

sexta-feira, setembro 07, 2007

Perdeu-se tempo precioso:(.

Droga: 60 a 90 seringas distribuídas por ano e utilizador O programa troca de seringas entre os consumidores de droga distribui gratuitamente uma média de 60/90 seringas por ano por cada utilizador, o que os responsáveis da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida admitem ser manifestamente insuficiente.
«O nosso desafio é aumentar a cobertura. Não é possível para um utilizador ter apenas 60 a 90 seringas por ano, já que o que pretendemos é que cada utilizador tenha uma seringa por cada injecção», afirmou Carla Torre, responsável da Coordenação durante a apresentação pública do novo kit do programa de troca de seringas.
Portugal está atrás de países como a Finlândia (que fornece uma média de 110 seringas por utilizador/ano) e do Luxemburgo e Noruega, com médias de mais de 250 seringas por cada consumidor de drogas injectáveis.
No entanto, Carla Torre sublinhou que as 60 a 90 seringas distribuídas por ano e utilizador em Portugal apenas contemplam os utensílios distribuídos de forma gratuita e não aqueles que são vendidos nas farmácias.
Os novos kits do programa de troca de seringas vão passar a ter dois novos utensílios: recipientes e carteiras de ácido cítrico, que quando partilhados podem transmitir doenças como o VIH/sida ou a hepatite C.
Segundo a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida, até agora os kits eram compostos por duas seringas, dois toalhetes, desinfectantes com álcool, um preservativo, uma ampola de água bidestilada, um filtro e um folheto informativo.
Os novos componentes são introduzidos seguindo recomendações da Organização Mundial de Saúde e de um estudo piloto realizado em 2004 em Lisboa, Porto e Algarve, que considerou «indispensável» o seu fornecimento, uma vez que, quando partilhados, são utensílios que podem transmitir doenças infecciosas.
No programa de troca de seringas, criado em 1993, encontravam-se, em finais do ano passado, 1.341 farmácias e 35 entidades governamentais e não governamentais que levam para o terreno os kits aos utilizadores de droga.
Desde a sua criação até Dezembro de 2006, foram recolhidas mais de 38 milhões de seringas no âmbito do programa.
Uma estimativa realizada em 2002 pela Associação Nacional de Farmácias, diz que o programa de troca de seringas evita sete mil novos casos de sida por cada 10 mil utilizadores de drogas injectáveis, o que permite avaliar poupanças para o Estado entre 400 a 1.700 milhões de euros.
Diário Digital / Lusa

quinta-feira, setembro 06, 2007

6 de Setembro.

Aniversário do meu velho. Se estivesse fisicamente comigo, tentaria pela enésima vez encontrar-lhe um presente menos monocórdico, sem risco de lhe descortinar indiferença por detrás do genuíno "muito obrigado, querido filho". E falharia, como de costume... O olhar guloso para o eterno livro político, as mãos acariciando a capa, num gozo antecipado. O despertar do candeeiro favorito; a perna cruzada com elegância; a calça de vinco implacável; os óculos roubados a curto descanso. O velho imerso na leitura, a Oeste de mim nada de novo. O silêncio entre nós. Iluminado de quando em vez pelo sorriso dele, trazendo a reboque um "ora, ouça-me isto...", nunca desistia de me converter à religião de que o Avô Presidente era o Sumo-sacerdote. Sorrio. Hoje, não resistiria a brincar com coisas tristes. "O Pavarotti morreu". Ele pousaria o livro no regaço, sinceramente penalizado - "Já sei, a Senhora sua Mãe ficou inconsolável. Um homem notável, ao que parece". A deixa - "Ao que parece, Pai?". E o velho, com um encolher de ombros pacificado, deixaria cair o auto-diagnóstico que arrepiava a sua adorada Maria - "Meu querido filho, como alguém disse, a música é o ruído que menos me incomoda". E mergulharia de novo na leitura.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Precaução.

Escuta o corpo, ele não mente. Pelo menos enquanto o mantiveres a salvo das palavras...

segunda-feira, setembro 03, 2007

O preciso momento.

Entregou-lhe o corpo sem pudores mas com reservas, simulando celebração cúmplice para melhor tecer cortina de fumo. A coberto dela fugiu o espírito, com um suspiro de alívio disfarçado de gemido prazenteiro. E foi o princípio do fim da história deles...

sábado, setembro 01, 2007

O seu homem não a (o) acarinha? Os amigos parecem distantes? A família não lhe dá mimo? Porque espera?

Viagra torna o homem mais carinhosoO Viagra, além de melhorar o desempenho sexual de um homem, pode também torná-lo mais carinhoso, indicou um novo estudo da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, com base em experiências com ratos de laboratório. Durante as experiências com cobaias, os pesquisadores verificaram que o sildenafil, nome genérico para o Viagra, aumenta a libertação no cérebro da oxitocina, também chamado "hormona do amor".Os ratos tratados com sildenafil responderam a estímulos libertando três vezes mais oxitocina do que aqueles a quem não tinha sido administrada a substância.A oxitocina desempenha um papel importante na interacção social. Esta substância aparece durante a amamentação para criar a ligação especial entre a mãe e o filho, assim como nos casais apaixonados.Desta forma, o Viagra parece ter "efeitos físicos, além do de permitir um maior fluxo sanguíneo para os órgãos sexuais", referiu um dos investigadores.

P.S. Atendendo a que o efeito é cerebral, presumo que também se verificará nas mulheres. Logo: "A sua mulher não o (a) acarinha?, etc...:).

terça-feira, agosto 28, 2007

Continuando.

Em Antropologia Médica fala-se da intolerância à tristeza normal. E em Psiquiatria da dificuldade, por exemplo, em destrinçar o luto do luto patológico. Concordo que a cultura consumista empurra para as soluções miraculosas, "instantâneas" e vindas de fora para todo o tipo de mal-estar, psíquico ou somatizado. Os anti-depressivos têm o seu lugar e importante, mas receio que nos últimos anos se tenha passado com eles o que antes acontecera com as benzodiazepinas - uma banalização exagerada de prescrição, por vezes a longo termo, o que facilita a dependência psicológica. (Já vi pessoas tomarem um comprimido de anti-depressivo para combater um dia mau...)

segunda-feira, agosto 27, 2007

Ora aqui está uma discussão interessante.

Médicos diagnosticam infelicidade como depressão
Muitas pessoas são dignosticadas com depressão, quando na realidade estão simplesmente infelizes, conclui uma pesquisa realizada na Universidade de New South Wales, na Austrália.
De acordo com a BBC, o investigador Gordon Parker refere que a definição de depressão é difusa e, por isso, os médicos muitas vezes tratam estes estados emocionais como se fossem uma doença.
O estudo refere que um em cada cinco adultos é diagnosticado com depressão em algum momento da sua vida. Parker acompanhou 242 pessoas durante 15 anos e descobriu que mais de três quartos se encaixavam nos critérios utilizados actualmente para definir a doença.
O investigador explica que quase todos os participantes apresentaram sintomas como sentimentos de tristeza e pouca alegria, o que não significa que devessem ser considerados como casos de depressão clínica que requerem tratamento. Neste caso, explica, a prescrição de medicamentos pode aumentar falsas esperanças e não ser eficaz, uma vez que o paciente não tem nada de errado a nível biológico.
«Nos últimos 30 anos, as definições tradicionais para se definir depressão clínica expandiram-se para o território da depressão considerada normal e, com isso, há o risco de as depressões amenas, que são experiências comuns, acabarem por se tranformar em patológicas».
O trabalho foi publicado no “British Medical Journal”, onde um outro artigo, da autoria de Ian Hickie, contradiz a teoria de Parker. Hickie defende, por seu lado, que o diagnóstico e o tratamento da depressão reduziram o número de suicídios e acabaram com o velho estigma que sempre rondou esta doença mental. Para Hickie, se apenas os casos sérios fossem tratados, algumas pessoas acabariam por morrer desnecessariamente.
Sónia Santos Dias
27 de Agosto de 2007

quarta-feira, agosto 22, 2007

Hoje apetece-me falar-vos de electromagnetismo.

Electromagnetismo

No estudo da Física, o electromagnetismo é o nome da teoria unificada desenvolvida por James Maxwell para explicar a relação entre a electricidade e o magnetismo. Esta teoria baseia-se no conceito de campo electromagnético.
O campo magnético é resultado do movimento de cargas elétricas, ou seja, é resultado de corrente elétrica. O campo magnético pode resultar em uma força eletromagnética quando associada a ímãs.
A variação do fluxo magnético resulta em um campo elétrico (fenômeno conhecido por indução eletromagnética, mecanismo utilizado em geradores elétricos, motores e transformadores de tensão). Semelhantemente, a variação de um campo elétrico gera um campo magnético. Devido a essa interdependência entre campo elétrico e campo magnético, faz sentido sentido falar em uma única entidade chamada campo electromagnético.
Esta unificação foi terminada por James Clerk Maxwell, e escrita em fórmulas por Oliver Heaviside,no que foi uma das grandes descobertas da Física no século XIX. Essa descoberta posteriormente levou a um melhor entendimento da natureza da luz, ou seja, pôde-se entender que a luz é uma propagação de uma perturbação eletromagnética, ou melhor dizendo, a luz é uma onda eletromagnética. As diferentes freqüências de oscilação estão associadas a diferentes tipos de radiação. Por exemplo, ondas de rádio tem freqüências menores, a luz visível tem frequências intermediárias e a radiação gama tem as maiores freqüências.
A teoria do eletromagnetismo foi o que permitiu o desenvolvimento da teoria da relatividade especial por Albert Einstein em 1905.

Autor: Júlio Machado Vaz.

Nota: Se algum visitante, por óbvia deselegância!, duvidar dos meus conhecimentos sobre a matéria e invocar - malevolamente... - a semelhança destas linhas com as que constam na Wilkipédia, respondo-lhe que os meus direitos cívicos não são em nada inferiores aos do assessor do Dr.Luís Filipe Menezes que vela pelo seu blog. Por isso, repudio em absoluto a acusação de plágio! Trata-se de um lapso e todos vocês entendem que não fui eu a escrever o texto.

terça-feira, agosto 21, 2007

Au naturel.

Em Santorini havia uma multidão empilhada em meia-dúzia de metros quadrados para ver o pôr do sol. Oficialmente o mais belo do mundo, versão confirmada pelo taxista de Atenas, que conhecia o Benfica e o Karagounis. O mais belo do mundo... Estas declarações bombásticas fazem-me sorrir. Quais são os critérios? A recolha da amostra foi exaustiva? Não importa, o espectáculo revelou-se deslumbrante, não preciso de lhe dar pontos como os membros dos júris dos concursos de patinagem artística - "e agora a nota técnica...". Quando o sol desapareceu, centenas de pessoas irromperam numa alegre salva de palmas. Nem tudo está perdido, se a Natureza ainda faz sucesso - sem maquilhagem, brinquedos tecnológicos a tiracolo, meninas da PT a ronronarem "há coisas fantásticas, não há?" às cavalitas de sorrisos plastificados. Há. Incluindo os camarões grelhados de Oia. Já não permitirei que se diga o mesmo do branco lá do sítio...

segunda-feira, agosto 20, 2007

Circular.

Maralhal,
O patraozinho tencionava escrever sobre política nacional, nomeadamente a dissertação de Alberto João Jardim acerca das iniciativas debochadas do Governo da República, mas depois da imediata e decisiva influência do seu post nos acontecimentos ocorridos no seio da família benfiquista, decidiu guardar silêncio, com receio de provocar uma crise do regime. Cá para mim, é megaleuforia..., megalomaria..., mecalofaria..., bom..., mania das grandezas dele. Mas mesmo que tenha esse poder todo sobre o que acontece à nossa volta, não me importo - eu tenho o Quaresma! (eh, eh, eh).
Souzá, chauffeur et surtout... dragon:).

sábado, agosto 18, 2007

Home, sweet home:).

Cantelães igual, a Minda igual, a ganapada igual (uf!, que saúde cansativa...). Ah, sim!, e o Benfica igual:(. Setenta e cinco minutos de avanço dados, golo conseguido, golo consentido nos descontos por falta de concentração. Mas sejamos justos - um treinador que precisa dos mesmos setenta e cinco minutos para perceber que tinha de mudar um sistema até aí penosamente ineficaz, só confirma o que escrevi no fim da época passada: nunca virá dele o golpe de asa que modificará o rumo dos acontecimentos. Um abraço ao Leixões, clube pelo qual sempre tive uma simpatia especial. E parabéns aos seus jogadores, por uma óptima primeira parte e pela entrega (durante noventa minutos...), que justificaram amplamente o empate.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Para adultos!

Eu a sair das ondas, qual Apolo michelinesco, e duas gregas a acenarem-me, frenéticas. O ego recomposto, mas lúcido - mulheres inteligentes, que não concedem favores apenas ao físico, há que não as desiludir e recitar uns versos da Ilíada! Os dedos apontando, o meu sorriso grato, o Tiago desconfiado - "quéquequerem, Avô Júlio?" Como se diz a um neto de quatro anos que em meia-dúzia de minutos enlouquecemos as banhistas? "São amigas do Avô" e para elas me dirigi, pronto a gabar a hospitalidade, o gosto refinado, a iniciativa que caracteriza o belo sexo liberto; o convite. As vozes, numa excitação enternecedora - "be careful, jelly-fish behind you!". A verdade humilhante; o medo sobrevivente; a anémona ameaçadora; a fuga. "Thank you kindly". Nem amigas eram:(. Mas a sua solidariedade turística evitou uma visita ao posto de primeiros socorros. Na minha provecta idade, a ausência de sofrimento já é uma experiência erótica:).

quarta-feira, agosto 08, 2007

Diário verborreico II

Comer risotto é uma forma de saudade, resolvida por via gastronómica. Trata-se do meu querido e tão luso arroz, e bem saboroso, embora não impeça o suspiro que emoldura uma alucinação do de forno:(.
Na Grécia sê grego, receio que a condução dos Machado Vaz venha deixando muito a desejar no que a traços contínuos diz respeito.
Leio a notícia de mais uma morte numa discoteca do meu Porto. Vejo hipóteses de gangs, invejas, negócios de segurança... Fica apenas uma certeza - triste estatística caracteriza ultimamente a noite portuense.
As televisões britânicas crucificam a Judiciária pelo atraso na investigação algarvia. Ou muito me engano ou este caso vai misturar media, políticos, investigadores, suspeitos não culpados, culpados insuspeitos, etc... E um cadáver de criança:(.
O Mediterrâneo é azul e tépido, mas a areia da praia de hoje tem um nome na minha terra - calhaus!
Se descubro o facínora que colocou pilhas Duracell nos meus netos obrigo-o a voar na TAP juntamente com o FCP:).

segunda-feira, agosto 06, 2007

Diário verborreico.

Não gostei de Atenas.
Gostei da Acrópole.
Adorei os taxistas gregos, que pensavam ser o nosso salário mínimo superior ao "helénico":).
O aeroporto de Atenas fez-me suspirar pelo avião, só para fugir a tal confusão terrena.
A piscina do hotel de Mykonos dá para o mar na Net e para uma estrada e um poste eléctrico na realidade.
O Chardonnay chileno é honestíssimo.
O Benfica ganhou o torneio do Guadiana e ainda só tem meia-dúzia de lesionados, incluindo Nuno Gomes, cujo tempo de paragem era 10 dias há vários meses atrás. Fui solidário pela Net, mas o tempo acabou a três minutos do fim do jogo e tive de resolver a minha angústia à força de sms para Portugal.
Carolina Salgado vai escrever segundo livro. A julgar pelas declarações da irmã, o título deve ser O Império contra-ataca...
Cavaco Silva, segundo um jornalista, derrubou o templo do estado de graça de Sócrates com um comentário sobre a demissão da Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, adequadamente Dalila de seu nome. Não o sabia tão incisivo...
O Professor Jesualdo Ferreira não está preparado para perder mais jogadores. É a versão ex-benfiquista/actual dragão furioso dos pesadelos de Fernando Santos sobre a saída de Simão.
O BCP encena hoje a sua versão do célebre filme OK Corral. Joe Berardo já ensaiou o V de vitória para os jornalistas, mas por enquanto aposta no consenso.
Em contrapartida, Marques Mendes não parece muito entusiasmado com a hipótese de duelos televisivos com Luís Filipe Menezes. Não admira, este ameaçou comparecer com 130.000 apoiantes.
A aterragem em Mykonos fez o ameriacno sentado a meu lado explodir num visceral "shit", mas eu dei-me por satisfeito, o avião parou a vinte metros do fim da pista.
Desconfio que 15 dias de Cantelães não vão chegar para recuperar destas férias...

quarta-feira, agosto 01, 2007

Ovídio, Parte III



Posso apenas prometer-vos, sem receio de qualquer espécie, que se trata da obra mais pindérica até hoje realizada pelas producoesmurcon. Então o chapelinho faz de mim o rei da piroseira:).

segunda-feira, julho 30, 2007

Jantar.

Maria,
Os Machado Vaz na Petisqueira do Godinho. O Gaspar declarou que será arquitecto e me construirá uma casa onde brincarei com os meus bisnetos! (Um optimista como a Mãe...)
O Tiago manteve-se ocupadíssimo a fazer asneiras, os meus óculos voaram para o chão perante sorrisos amarelos. O Guilherme saiu disparado para o estirador, o João para a guitarra, a Cati para o adormecer das feras, depois de um dia exaustivo no hotel (as mulheres continuam a ter duas profissões...). O Senhor João não retirou o lugar posto a meu lado. Enquanto os Machado Vaz se reunirem, por maior que seja a alegre confusão, será sempre assim - a cadeira vazia e os talheres reluzentes por virgens mostrarão que a tua ausência impede o jantar perfeito.

domingo, julho 29, 2007

Com as minhas desculpas.

É curioso como interiorizei o estatuto de "Diário da República pessoal" do Murcon:). Acabo de verificar que o meu regresso à televisão é já do conhecimento da imprensa escrita. Preferiria que tivesse acontecido apenas no início de Setembro, mas compreendo que noticiazinha é noticiazinha - eu e a Ana sabemos a distância que nos separa de antigos concorrentes do Big Brother... -, eu teria feito o mesmo. Assim, passo a informar:
1 - Em meados de Setembro começaremos a gravar Serralves Fora de Horas para a Sic-Mulher.
2 - O programa será gravado em Serralves à Segunda-Feira, fora dos horários de visita, facto que me sugeriu o título, miseravelmente copiado de um filme famoso:).
3 - Serralves foi o trunfo que tornou impossível a minha recusa, é um espaço que adoro e não visito como merece, proporciona mil pretextos para a associação livre em qualquer área do conhecimento ou fantasia.
4 - O programa abrigará duas partes: na primeira, eu e a Ana entrevistaremos especialistas em Sexologia ou gente que permite chegar a ela por veredas mais ou menos tortuosas; na segunda prolongaremos esses "triálogos" a partir das "dicas" de Serralves, ou seja, vamos vampirizar exposições, jardins, bosques, casa de chá, etc... Num registo bem disposto, mas não semelhante ao O Amor é... diário.
5 - Este programa é uma surpresa para mim. Atendendo a que nos últimos dois anos tenho recusado todos os amáveis convites que me fizeram por não desejar gravar fora do Porto, pensei sinceramente que não voltaria ao pequeno ecrã. Regressar com Serralves como pano de fundo e boca de cena é um prazer e uma enorme responsabilidade. Espero sinceramente estar à altura do desafio, mas não nego que tenho dúvidas.
A bem da Nação murcónica,
Eu.

quinta-feira, julho 26, 2007

Sei que não sou isento, mas o maroto continua fino como um alho, perdão!, coral:).

"Perdeu-se o hábito das contas à moda do Porto"





Helena Teixeira da Silva



O desafio era convencer Sobrinho Simões, 59 anos, a despender tempo com um pingue-pongue pouco académico. Mas o investigador do IPATIMUP - dos maiores do mundo em cancro - aceitou-o com a generosidade habitual. E com rigor científico seis dias depois, como prometeu, eis as respostas , com direito a bónus: uma pergunta para Rui Rio.



Se tem um conflito com o correio electrónico, por que optou por responder por mail?

Não gosto de entrevistas telefónicas - não se vê a cara do outro e não se tem tempo suficiente para pensar - e tive medo que não percebesse a minha letra, se lhe mandasse um fax.



É obcecado pela voragem do tempo. Não consegue retirar prazer das coisas inúteis?

Gosto mais de pessoas do que de coisas. E das coisas, gosto sobretudo das que duram livros, casas, pratos de louça, bicicletas, discos. (Não gosto de roupa nova, prefiro cinema ao teatro...)



A sua paixão pelo cinema inclui o nacional?

Sou um apreciador de alguns Oliveiras (mais dos primeiros) e da maioria dos filmes de João César Monteiro e de Fonseca e Costa.



Numa família de médicos, é possível conversar sobre banalidades à hora da refeição?

Desde o tempo dos meus bisavós que as refeições são momentos de conversa, cacarejo e ternura.



Leva trabalho para casa?

Sempre, demasiado, despertando enorme irritação doméstica.



No Porto, as pessoas da sua geração evocam sempre uma tribo à qual pertencem. Às vezes, parece que o denominador comum é só o estrato social. É mais do que isto?

É. É sentido de pertença, cumplicidade, falta de mobilidade social, alguma homogeneidade profissional, ética republicana, primado da acção sobre o discurso, ironia e humor q.b., boas contas. É mau ter-se perdido o hábito das contas à moda do Porto.



Consegue fazer um diagnóstico breve da cidade?

Um diagnóstico morfológico do Porto, de que gosto muito, com certeza cidade marítima, granítica, cinzenta, enevoada, sólida, segura. Como na Medicina, o problema está mais no prognóstico do que no diagnóstico, mas esse depende de todos nós.



Tem em comum com o arquitecto Souto Moura o Prémio Pessoa. Também partilha o gosto pelos Aliados?

A Avenida dos Aliados merecia ser mais bem aproveitada. Não tem sido, mais por culpa dos comerciantes e das gentes do Porto do que dos suspeitos-do-costume.



De quanto tempo precisa para se sentir em férias?

Costumo sentir-me desligado do trabalho durante a terceira semana - cheguei até a ter uma teoria que apontava para um clique no décimo oitavo dia de férias.



Já lhe aconteceu, em Moledo, cruzar-se com Durão Barroso, onde ambos possuem casa. Falam do país ou cingem-se ao cumprimento?

Não me lembro de ter conversado alguma vez com o doutor Durão Barroso em Moledo.



Não exercendo prática clínica, acontece-lhe receber telefonemas de doentes que esperam de si uma solução?

Mais cartas e mails - protejo-me das abordagens telefónicas. Mesmo sem ser capaz de resolver os problemas, sinto-me na obrigação de ajudar. Não há pior para quem está doente do que a solidão e o desamparo.



Quando está doente, sente-se mais confortável com médicos homens ou mulheres?

Procuro escolher os meus médicos pela competência, não pelo sexo. Começaram por ser antigos professores, depois colegas de curso e agora já são muitas vezes antigos alunos. É mais difícil lidar com a diferença de idade do que com a diferença de sexo.



Vê o dr. House. É mais parecido com ele na eficiência dos diagnósticos ou no mau feitio?

Nem uma coisa nem outra, mas não tenho a certeza quanto ao mau feitio. Aprecio nele a inteligência operacional que o leva a fazer as perguntas certas. Saber perguntar é muito mais difícil do que saber responder, por mais que a cultura portuguesa nos empurre no sentido contrário.



Já disse que em Portugal ninguém tem capacidade para fazer perguntas. Que questão lançaria a Rui Rio?

Não me recordo de ter dito isso de forma tão abrutalhada mas, se calhar, disse. As perguntas-chave a Rui Rio andariam à volta do seguinte O que fazer para aproximar o Porto de Barcelona?

terça-feira, julho 24, 2007

Conselho aos opositores a Chávez, se perderem a votação destinada a legalizar a eternização de um presidente - qual? - no poder!

“Como é legal não me preocupa.”

Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto, sobre o patrocínio de bebidas alcoólicas no futebol.
Público, 23/07/2007

segunda-feira, julho 23, 2007

Mas não se perde a guerra em todo o planeta da mesma forma:(.

O mundo está a perder a guerra contra o HIV, diz conselheiro de Bush
Anthony Fauci, o principal conselheiro de Bush no campo do HIV, afirmou ontem, numa conferência em Sydney, que o mundo está a perder a batalha contra o vírus


Segundo avança a BBC, Dr. Fauci admite que muitos progressos neste campo foram feitos, mas as estatísticas indicam que mais pessoas são infectadas do que aquelas que são tratadas.

«Por cada pessoa que se coloca em terapia, seis ficam infectadas. Estamos a perder o jogo, o jogo dos números», disse Fauci na conferência que reúne os maiores especialistas mundiais em HIV.

O acesso a medicamentos anti-retrovirais é um factor a considerar. Os números têm vindo a subir (há três anos apenas 300 mil pessoas tinham acesso, no ano assado já tinham 2,2 milhões), mas as novas infecções continuam a ultrapassar o esforço de tratamento.

«Apesar de estarmos a fazer grandes progressos no acesso aos medicamentos, é claramente na prevenção que devemos apostar», disse Fauci, também director do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas, dos EUA.

Contudo, a área da prevenção fica afectada pela ineficácia de acções de distribuição de métodos contraceptivos. Em países sub-desenvolvidos, apenas 15 por cento da população tem acesso a este tipo de produtos, segundo informa a BBC.

Os participantes da conferência assinaram uma declaração, cujo objectivo é aumentar a investigação na área, propondo Programas de HIV que impõem 10 por cento de investimento em pesquisa.

A mensagem central da Declaração de Sydney é assim alertar os governos para a necessidade de investir na pesquisa na área do HIV.

SOL com agências

sábado, julho 21, 2007

Por cá é assim tão diferente?

Debate em torno da exposição do corpo
Sensualidade na publicidade gera nova polémica em Itália
A exploração do corpo feminino em publicidade e nos mais variados programas de televisão transformou-se em debate nacional em Itália, onde críticos vêem no fenómeno um sinal de derrota das conquistas feministas



«A Itália é o país das mulheres nuas» e «Onde as mulheres são apenas objectos» foram os títulos dos dois principais jornais italianos esta semana.

Os artigos faziam referência às jovens bonitas, com pouco ou nenhum talento, que aparecem de biquínis, e roupa interior minúscula ou mini-saias em quase todos os programas televisivos e peças publicitárias do país.

O assunto veio à tona depois do jornal inglês Financial Times ter publicado um artigo de quatro páginas no qual criticava o tratamento reservado às mulheres em Itália: «o uso de bailarinas em todos os géneros de programas televisivos, as peças publicitárias dominadas por alusões sexuais, a mulher como objecto, destinada a excitar os órgãos genitais dos homens em vez do cérebro».

Adrian Michaels, autor do texto, diz que o mais surpreendente é a ausência de protestos. De acordo com ele, «aparentemente, as mulheres não vêem nada de mal em terem os seus corpos expostos inutilmente para divulgar qualquer produto».

No centro da polémica, está a campanha publicitária da rede de telemóveis TIM, com cartazes e outdoors, espalhados por todos os cantos do país, com a imagem de uma famosa ex-apresentadora de televisão com apenas um biquíni vermelho.

Um representante da TIM, que não se quis identificar, disse à BBC que o nível de erotismo na publicidade e na televisão italiana reflecte a cultura do país.

De acordo com ele, quem inventa as campanhas são os publicitários. «Eles fazem pesquisas de mercado e detectam o que pode melhorar as vendas. Se o retorno é positivo, quer dizer que a maioria dos italianos está satisfeita».

«Não acredito que a televisão e a publicidade em Itália sejam melhores ou piores do que em Inglaterra, ou nos Estados Unidos. Apenas mostra como é a realidade cultural italiana».

Emma Bonino, ministra italiana e protagonista de muitas lutas feministas nos anos 70, diz ter a sensação de que o feminismo já não existe no país.

A ministra lembra que em 1976, 11 por cento do parlamento eram mulheres. Passaram três décadas e o número é o mesmo.

SOL com agências

quinta-feira, julho 19, 2007

Quando a política "invade" áreas técnicas, o resultado é este, previ-o há anos e avisei no JN:(.

Porto: CDU pede diálogo entre autarquia e Governo sobre o tratamento de toxicodependentes


18:54 | quinta-feira, 19 JUL 07






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Porto, 19 Jul (Lusa) - A CDU pediu hoje à Câmara do Porto e ao Governo que tentem entender-se sobre o tratamento e a reinserção dos toxicodependentes na cidade, não transformando a questão em "arma de arremesso político".
A posição dos comunistas, expressa em comunicado, surge um dia depois de o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio (PSD), ter anunciado o fim do programa Porto Feliz, fundamentalmente vocacionado para reinserção social de arrumadores toxicodependentes.
Rui Rio disse quarta-feira que o PS e o Governo "mataram" um projecto de "reconhecido sucesso" e os vereadores socialistas do Porto acusaram-no de enveredar por uma estratégia de vitimação, "atribuindo a outros a responsabilidade por uma decisão que é apenas, e só, sua".
"É fundamental construir uma linha de diálogo entre a Câmara do Porto e o Governo, através do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT)", afirma agora CDU, considerando que as partes "tem de se entender para combater problemas sociais da cidade".
A CDU afirma que o tratamento e a integração social dos toxicodependentes da cidade "são questões demasiado importantes para serem transformadas em arma de arremesso político nas tramas partidárias entre PSD e PS".
No seu comunicado, os comunistas exigem à coligação PSD/CDS, maioritária na Câmara do Porto, que apresente um "balanço exaustivo" dos custos e benefícios do programa Porto Feliz.
O único vereador comunista na Câmara do Porto, sugeriu terça-feira, em sessão do executivo, uma reunião dos autarcas e de responsáveis do IDT "para debater as diferenças metodológicas existentes".
A CDU anuncia também que vai pedir uma reunião com o IDT para conhecer "possibilidades" de novos programas para combate a toxicodependência no Porto.
O protocolo que regia o Porto Feliz foi denunciado pelo IDT em Julho de 2006, com efeitos a partir de 15 de Novembro, tendo desde então decorrido negociações que levaram a autarquia a abandonar o projecto.
JGJ.
Lusa/fim

terça-feira, julho 17, 2007

A Medicina usa-a há milhares de anos.

Cannabis: IDT aceita legalização para tratamento

O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, João Goulão, afirmou à agência Lusa não ter «qualquer objecção de princípio» à legalização da marijuana para fins medicinais, «desde que devidamente comprovados».
O responsável acrescentou que desconhece a existência de «investigações médicas em curso» para validar as potencialidades terapêuticas da 'cannabis' ou marijuana, que em Portugal não está legalizada para nenhum fim.

João Goulão assinalou, no entanto, os efeitos nocivos associados ao consumo não controlado: «O sintoma mais comum é a desmotivação mas também há registo das chamadas psicoses canábicas, doenças mentais que, embora tendo uma associação estatística com o consumo, não possuem uma relação de causa-efeito confirmada».

Por seu lado, o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) destacou que «o desenvolvimento de um novo medicamento contendo como substância activa uma substância considerada estupefaciente não depende da legalização do seu uso para aplicações não clínicas».

«A substância tem apenas que provar que é eficaz e com uma relação benefício/risco adequada à indicação terapêutica a que se destina», sublinhou fonte do Infarmed, indicando que há, em Portugal, «medicamentos contendo derivados do ópio, embora a sua utilização para outras finalidades não seja legal».

O Infarmed, que regula a comercialização dos fármacos de acordo com a lei, aprovando os medicamentos após os testes laboratoriais e fazendo a sua vigilância e acompanhamento, revelou à Lusa que «os estudos sobre o uso, quer da planta quer do tetrahidrocanabinol [substância psico-activa da "cannabis"], para fins terapêuticos tem acontecido ao longo dos últimos anos, em diversos laboratórios de investigação».

Questionado pela Lusa sobre se tinha recebido um pedido de regulação de um medicamento com base na «cannabis», o Infarmed assegurou não lhe ter chegado nenhum.

Em relação ao Marinol, fármaco com Dronabinol (a versão sintética do tetrahidrocanabinol) destinado ao tratamento dos vómitos, o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento indica na sua página de Internet que teve autorização de introdução no mercado a 23 de Dezembro de 1999 e foi revogado a 28 de Abril de 2005.

«O Marinol obteve efectivamente a autorização de introdução no mercado mas, como sucede com outros medicamentos, nunca chegou a ser comercializado em Portugal», garantiu o Infarmed.

De acordo com o livro «Marijuana - A medicina proibida», da autoria dos professores Lester Grinspoon e James B. Bakalar, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, a 'cannabis' tem um uso médico corrente no alívio dos sintomas do tratamento por quimioterapia, glaucoma, epilepsia, paraplegia e quadriplegia, SIDA, dor crónica, enxaqueca, doenças reumáticas, sintomas pré-menstruais e dores de parto, depressões e outras doenças mentais.

Menos vulgar mas também referido pelos dois docentes é a utilização em casos de asma, insónia, esquizofrenia, doença de Cronh (uma doença do intestino), esclerose sistémica e síndrome do stress pós-traumático, entre outras doenças.

Publicada recentemente pela editora Esfera dos Livros, a obra - que está recheada de testemunhos de doentes que recorreram à droga com êxito - faz uma história da 'cannabis', pesa os riscos da sua aplicação, mesmo que com intuitos terapêuticos, e declara-a um medicamento «com passado e futuro».

Diário Digital / Lusa

17-07-2007 10:31:00

segunda-feira, julho 16, 2007

Que ingénuos:).

Família: Estudo revela que mulheres dominam no seio familiar


Washington, 06 Jul (Lusa) - As mulheres têm mais influência no seio familiar do que os homens, segundo um estudo realizado por uma equipa de investigadores da universidade do Estado do Iowa, publicado esta semana.
A investigação observou o comportamento de 72 casais com idade média de 33 anos e casados há sete anos.
As conclusões ilustram que as mulheres demonstram um comportamento mais dominante do que os seus maridos no momento de resolver problemas e exercem mais poder no que respeita a tomada de decisões.
"As mulheres assumem a responsabilidade de velar pela relação, assegurando que tudo funciona bem e que toda a gente está contente" explica Megan Murphy, membro da equipa de pesquisa da Universidade do Estado do Iowa.
Os cônjuges que participaram no estudo tinham de preencher individualmente um questionário sobre o nível de satisfação geral no seio do casal.
Cada um tinha também de identificar um problema que não podia ser resolvido sem a cooperação do outro. Os casais eram depois reunidos para falarem durante dez minutos sobre os problemas abordados.
"As mulheres não só tomavam mais vezes a palavra como chegavam mesmo a troçar dos argumentos apresentados pelos maridos. É isto que é particularmente interessante", explica David Vogel, professor de psicologia da Universidade do Estado do Iowa.
Estes resultados contradizem a intuição inicial dos investigadores que pesavam que o marido era predominante no seio do casal.
ALF.

domingo, julho 15, 2007

Os tiques partidários.

Eu gosto de António Costa e teria votado nele se fosse lisboeta. Acredito que fará um bom trabalho, apesar dos equilibrismos inesperados (?) que tem pela frente (permitindo daqui a dois anos uma vitimização que poderá render votos...). Mas não pude evitar um sorriso ao ouvi-lo agradecer a confiança... de "independentes socialistas" de Cabeceiras de Basto, idos de camioneta! Vizinhos meus, carago!, estarei com eles no próximo fim-de-semana. Quando abandonarão os partidos estes funcionamentos arcaicos?

sexta-feira, julho 13, 2007

Também não aprecio o discurso "com elas o mundo era um paraíso porque são todas maternais e pacifistas".

Estudo:Uso diferente do poder pelas mulheres está por provar

O próximo executivo camarário, com a Lei da Paridade aplicada pela primeira vez, será mais representativo da sociedade, mas está por provar que as mulheres façam um uso diferente do poder dos homens.
O politólogo André Freire, o antropólogo Miguel Vale de Almeida e o professor de Filosofia Viriato Soromenho Marques, ouvidos pela Lusa, convergem na análise de que não existe evidência científica quanto a um comportamento distinto das mulheres no exercício do poder.
Os académicos sublinham, contudo, que o facto de a sociedade portuguesa, em que as mulheres são mais de metade da população, estar melhor representado num órgão autárquico é desde logo um aspecto positivo da aplicação da Lei da Paridade, que impõe a presença de pelo menos 33,3 por cento de candidatos de cada género nas listas para as eleições.
«Será um executivo mais parecido com a distribuição de género ao nível da população portuguesa e isso é um dado positivo em si mesmo», considera André Freire.
O politólogo sublinha que «ainda não há evidência empírica de que as mulheres tenham um comportamento diferente dos homens, no seio da mesma família ideológica,».
Terão «preocupações específicas que têm que ver com o seu papel», como a maternidade, avança o investigador.
Segundo o antropólogo Miguel Vale de Almeida, «não existe evidência científica porque a variável é errada à partida, pensando-se que há uma natureza distinta entre homens e mulheres».
«Isso é só uma forma de reproduzir estereótipos em relação aos géneros», afirma Vale de Almeida.
Para o antropólogo, na Lei da Paridade «estamos perante uma daquelas coisas em que o meio é a mensagem», ou seja, «a mensagem igualitária entre homens e mulheres que passa é que é importante».
«É uma medida transitória. O efeito a médio prazo será o de mais de 50 por cento da população, as mulheres, não excluírem à partida a hipótese de uma carreira política», defende.
Nesse sentido, Miguel Vale de Almeida, vê a lei como «uma forma de inclusão política».
Também o professor de Filosofia da Universidade de Lisboa Viriato Soromenho Marques sublinha o carácter transitório de uma lei que é «um artifício, uma criação da engenharia política».
«Os instrumentos da paridade são transitórios e visam criar condições mais favoráveis para que a sociedade possa contar com a participação das mulheres», afirma.
Viriato Soromenho Marques considera que «as mulheres não irão precisar que se trata de uma lei de ouro, constitucional, duradoura».
«Se se falar com qualquer mulher eleita para um cargo público ela será a primeira a torcer o nariz à paridade», reconhece o professor de Filosofia, que defende, contudo, que a lei é positiva.
Segundo Soromenho Marques, mulheres e homens têm «visões do mundo diferentes», com elas a manifestarem uma «inteligência mais afectiva» e eles a possuírem uma «visão mais geométrica».
O académico também afirma, contudo, que está por provar como essas diferenças se manifestarão no exercício do poder.
«As mulheres que estão na política são mulheres que jogam um jogo essencialmente masculino, porque estão em minoria. Daqui por algum tempo, com uma maior participação feminina é natural que as coisas se alterem», concluiu.
A Lei da Paridade impõe a presença de pelo menos 33,3 por cento de candidatos de cada género nas listas para eleições autárquicas, legislativas e europeias, que «não podem conter mais de dois candidatos do mesmo sexo colocados consecutivamente».
O diploma foi aprovado pelo Parlamento no ano passado, com os votos a favor do PS, a abstenção do BE e os votos contra da restante oposição, após uma primeira versão ter sido vetada pelo Presidente da República, Cavaco Silva, que previa a exclusão das listas eleitorais que não cumprissem a quota estabelecida.
Diário Digital / Lusa

quinta-feira, julho 12, 2007

Desinibe-te, Júlio!!!!!!!!

Extrovertidos são menos susceptíveis a ter doenças cardíacas

Timidez pode aumentar risco de problema cardíaco, diz estudo Uma pessoa extrovertida pode ver reduzidas as possibilidades de ter um problema cardíaco ou derrame, revela uma investigação da Universidade Northwestern de Chicago.
A investigação, realizada ao longo de 30 anos, sugere que homens tímidos ou anti-sociais têm uma probabilidade 50% mais elevada de morrer devido aqueles problemas se comparados com homens extrovertidos.

O estudo, publicado na revista Annals of Epidemiology, vem corroborar outros trabalhos que sugerem uma ligação entre personalidade e saúde.

Os pesquisadores analisaram a saúde de mais de 2 mil homens de meia-idade durante três décadas, até que 60% dos analisados morreram.

Os atestados de óbito combinavam com os questionários psicológicos preenchidos no início do estudo para revelar o tipo de personalidade de cada homem.

Quando outras informações relativas ao estilo de vida dos homens foram analisadas, nenhuma ligação entre outros fatores de risco conhecidos - como fumo, bebida ou obesidade - foi revelada. Este facto aparentemente descartou a teoria de que homens tímidos ou anti-sociais poderiam ter morrido devido a comportamentos pouco saudáveis.

Os pesquisadores sugeriram que ou os homens tímidos são mais stressados por situações novas, ou que o padrão do seu tipo de personalidade é, de alguma forma, ligado à parte do cérebro que controla a operação mais estável do coração.

Décadas de pesquisa sugerem que existe apenas um tipo de personalidade que não está ligado a um aumento do risco de doenças graves.

Pessoas mais tranquilas - as chamadas personalidades tipo «B» - parecem ser as mais saudáveis.

As personalidades do tipo «A» - viciados em trabalho, com tendências ao stress ou à raiva - têm mais probabilidade de sofrer de tensão alta e doenças cardíacas.

As pessoas com personalidade do tipo «C», que reprimem os sentimentos, foram ligadas ao aumento do risco de cancro.

Outras investigações ligaram pessoas do tipo «D», pessimistas com pouca auto-confiança, a ataques cardíacos ou derrames.

12-07-2007 11:40:19

terça-feira, julho 10, 2007

Carregar os telemóveis...

Menores têm sexo virtual a troco de carregamentos de telemóvel


ISABEL LUCAS
ANDRÉ CARRILHO (imagem)



"Olá a todos. Faço sexophone apenas com uma câmara de telemóvel, mas só se me carregarem o telemóvel." Não foi omitida nenhuma vogal e todas as palavras estão devidamente acentuadas, ao contrário do que aconteceu no original. O anúncio podia estar nas páginas de classificados de um jornal, mas foi expressa online numa sala de chat portuguesa, aberta a quem quiser entrar. A autora da frase tem 14 anos e responde pelo nickname de Dina. "Va gajux gaja 14 anos torres novas; atao rapaxex? gajux bonx teclam??" Agora é Karol quem assina. A mesma idade, mas uma linguagem descodificável apenas para os habituais nas salas de chat, ou chat rooms.

Dina, Karol, mas também Pipa, Gatolindo ou Damadamuxgueira são protagonistas e autores de um argumento que conta uma história de encontros virtuais com perigos escondidos. São narradores na primeira pessoa de um livro com centenas de diálogos e alguns monólogos que estará nas livrarias dentro de duas semanas. Chama-se O Abominável Mundo dos Cibernautas (Gradiva) e pretende, segundo os autores, ser um alerta.

Tal como Dina, "há raparigas com 14 anos a fazerem sessões de strip e masturbação perante as câmeras web em troca de carregamentos de dez euros no telemóvel, para pessoas que não sabem quem são", escreve Renato Montalvo, um dos autores, no prefácio do livro. "Há que alertar as pessoas para esta realidade. Qualquer jovem tem acesso livre a páginas de conteúdo pornográfico", declarou ao DN, atirando um número: durante os dias 9 e 14 de Março deste ano, 78 por cento dos visitantes de chats que se identificaram ao longo das conversas eram estudantes.

Renato Montalvo e Conceição Monteiro, um ex-jornalista e uma professora de Filosofia do ensino secundário, passaram mais de 70 dias de olhos postos nas chat rooms, numa média de quatro horas diárias, e publicam agora uma selecção das conversas a que tiveram acesso. "Somos uns compiladores apenas," apresenta-se Renato Montalvo, que remete para "os especialistas em educação, sociologia, psicologia" a análise do conteúdo. "Mais do que respostas, a intenção foi levantar questões", acrescentou.

Elegeram como objecto de estudo as salas de chat do AEIOU (a Blá-Blá, a Cupido, a Kamasutra) e usaram o Windows Live Messenger, mais conhecido por MSN. Motivo da escolha: "o AEIOU é dos sites mais moderados e dos que apresentam mais nuances e oportunidades para um observador". Um e outro foram espectadores que reservaram a si a selecção de textos. "São textos de adultos e de adolescentes que dão o ambiente que se vive em cada sala." Essa selecção, garantem, passou pelo filtro da moderação. Ainda assim, afirma Renato Montalvo, "o que aqui está é chocante."

E pode ser confundido com puro voyeurismo. Por isso, ponderaram editar ou não, sobretudo depois de receberem uma carta de um psicólogo a recomendar-lhes contenção. "Qual era a alternativa? Não falar?", interroga-se o autor. Ele mesmo responde. "Não dizer nada era uma opção. Pensámos escolher os textos menos agressivos, mas ser mais brando é como os caldos de galinha. Decidimos mostrar a realidade sem cortes nem censuras. A nossa participação foi coligir textos e somos responsabilizados pela escolha." Foram publicados cerca de dois por cento dos diálogos que poderiam aparecer no livro. E, garante Montalvo, "não foram os mais hard."

O medo da chantagem

Grátis, de acesso fácil, o erotismo está virtualmente ao alcance de todos. Adultos ou menores. "O problema reside na anarquia que permite a crianças a livre utilização de páginas, de programas e de conteúdos, que deveriam ser estritamente para adultos", denuncia o autor do livro. Mas fará sentido proibir? A resposta é invulgarmente "não". As coordenadas para navegar na Internet são as mesmas para estar na vida.

Só que, sob a capa do anonimato, o grau de desinibição aumenta ou, como refere o sociólogo José Machado Pais, "em cada janela [virtual] é possível assumir distintas identidades, embora simultâneas." Há uma "estética de jogo de fantasia"que se aproxima do romantismo, acrescenta, onde o sentir predomina sobre o pensar. Como no amor e nas paixões fora das janelas virtuais. A diferença é que estes relacionamentos se podem apagar com o clicar de uma tecla: escape.

Outra diferença entre virtual e real é a ilusão, a falsa ideia de que, por ser virtual, o sexo na Internet não traz riscos, é "asséptico" porque os corpos estão ausentes. A advertência, sarcástica, vem curiosamente de alguém com o nick "Pirilau". Está na sala Blá Blá e dirige-se a outro alguém cuja identidade não é revelada: "Linda menina... já aprendeste a ver a diferença entre realidade e virtual. a seguir é a aula da ilusao-desilusao" (sic).

Será isso que terá de aprender "Urgência", outra adolescente que surge mais tarde na mesma sala: "oii, sou nina, alguém me carrega o telemóvel?? mando fotos nua, e das partes mais privadas, mostro-me na web a alguém???" (sic).

O anonimato dos chats garante "maior fluidez de comunicação, desprendida de comprometimentos", afirma José Machado Pais. "Na vida real, os mecanismos emocionais da vergonha e do ridículo dificultam as aproximações amorosas, desencadeando mecanismos de medo. Este medo é contornado quando, sempre sob anonimato, se buscam ligações ciberespaciais." É a circunstância comunicacional a fazer a diferença e a funcionar como garante de "salvação de face", mas apenas "até certo ponto", adverte ainda o sociólogo no livro Nos Rastos da Solidão (Ambar).

Gabriela Moita, psicóloga clínica, diz ter conhecimento de casos como estes. Jovens numa rede [Net] da qual não sabem como sair. Espécie de adição raramente confessada e cheia de possibilidades, muitas delas com riscos escondidos. "Nunca me foi apresentada como problema, mas apercebo-me dessa realidade na sequência de conversas." É o medo que as revela. Ou melhor, o medo da chantagem que inicialmente as cala, acaba por ser o mesmo que o psicólogo detecta. Gabriela Moita diz que nunca lhe apareceu no consultório nenhum pai com este tipo de preocupações. "Tanto quanto me parece, quando ocorrem, eles não têm conhecimento", justifica. A especialista acrescenta: "Normalmente têm a noção de que controlam; de que se forem ver o histórico dos sites consultados na Internet conseguem saber o que os filhos estão a fazer."

Fica a pergunta de Ricardo Montalvo: Saberiam os pais de M..., de 12 anos, que ela estava numa sala de chat às quatro da madrugada?|

* Os diálogos foram reproduzidos tal como estão no original