domingo, fevereiro 27, 2005

O contágio

Durante a minha adolescência, se alguém na televisão debitava um discurso ridículo, meu Pai sussurrava, condoído: "Não se importam de desligar? É penoso ver ao que as pessoas chegam". Nessa altura eu lidava mal com uma agressividade pressentida como perigosa e não me agradava reduzir ao silêncio a caixinha mágica e com ela um alvo fácil da ironia que drena a vesícula mais azeda:). Dei comigo a reviver tais momentos ao escutar Santana Lopes, disparando sobre quem no Partido, por falta de solidariedade para com o "menino guerreiro", teria sido responsável pela derrota. E com a ajuda não solicitada dos anos que já carrego entendi o meu Velho - o ridículo não se limita a matar quem habita; chegado a certo ponto diria que se torna contagioso... Com a extraordinária agravante de sermos nós a sentir vergonha!

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