sábado, novembro 25, 2006

Culturalmente "normal"...

Violência: namorar e apanhar

2006/11/25 14:10 Cláudia Lima da Costa

Número de vítimas até aos 24 anos foi o que mais cresceu, em 2006. O aumento é de 59 por cento. Agressões dentro do namoro ainda não são consideradas violência doméstica. Para muitos adolescentes bater «é normal»
O namoro está habitualmente associado a uma fase romântica da vida. No entanto, em Portugal, está também ligado, em muitos casos, à violência. O aumento nos casos e denúncias de violência doméstica, registados em 2006, teve maior expressão nas vítimas com idades até aos 24 anos. Este sábado é o Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres.
Os dados da PSP e da GNR dos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o primeiro semestre de 2005, revelam um aumento de 59 por cento de vítimas com idades até aos 24 anos. De 917 vítimas passamos para 1459. Apesar de não ser o escalão onde existem mais casos, é aquele que regista o maior aumento.
A maior parte das ocorrências de violência doméstica ocorre já na idade adulta, nomeadamente, a partir dos 25 anos. Neste escalão foram registadas 8,177 vítimas, no primeiro semestre deste ano, contra 6,119, no mesmo período do ano passado. Um aumento de 34 por cento, segundo os dados das forças de segurança.
«Há um aumento de casos. No entanto esperamos que com a entrada da nova lei esse aumento ainda seja maior», afirmou ao PortugalDiário Helena Sampaio, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. O crime entre namorados ainda não está tipificado como violência doméstica, pelo que, ainda não é crime público (pode ser denunciado por qualquer pessoa). «As agressões são registadas apenas quando há queixa da vítima e são tipificadas como crimes ¿normais¿», explicou.
O surgimento de mais relatos de violência entre jovens motivou já que a Estrutura de Missão contra a Violência Doméstica (EMCVD) lançasse um folheto para prevenir os jovens de que «a violência nas relações de intimidade não ocorre só entre pessoas casadas, não ocorre só entre parceiros que viveram ou vivem juntos».
«Alguns jovens acham que é normal haver violência, que bater é normal. O nosso dever é passar a mensagem de que isso não é a realidade», explicou fonte da EMCVD. O folheto de prevenção alerta ainda que «o ciúme excessivo não é um sinal de amor, mas de possessividade e controlo».

16 comentários:

alquimista disse...

Um dado interessante era conhecer as principais causas da violência entre namorados e compará-la com as dos casais já "estabelecidos".
O sentimento de posse será uma causa comum a ambos, mas deve haver outras bem distintas.

Su disse...

a violencia .......

a violencia sempre a par da falta de educação, formação, informação .............

pobres de espirito.............

doentes? mas agora tudo é doença?

é simplesmente animalll

jocas maradas

CêTê disse...

Boa tarde!

Se calhar a classe etária que denuncia é mais crítica, mais consciente do que são os direitos mais básicos a que todos têm direito, mais idependente e com uma prspectiva mais alargado do futuro... Gostei muito de ver um spot televisivo sobre a mesma temática.;]
»
bom café ;] \_/P

PIRATINHA disse...

Boa tarde, Professor!
Fui sua aluna nas Biomédicas, há 2 anos e gostava de saber o seu mail, no sentido de um professor meu lhe endereçar um convite para uma palestra!Será que mo podia fornecer? Muito obrigada.
anamarcosfigueiredo@gmail.com

PAH, nã sei! disse...

SU,
"a violencia sempre a par da falta de educação, formação, informação ..."

Nem sempre assim será...
Posso garantir-lhe que, pessoas que consideraria com um nível de formação ,informação, educação, ou seja lá o que achar que seja elemento causador, são capazes das mais absurdas e violentas agressões... lhe garanto... :(

PAH, nã sei! disse...

Desculpem, mas o assunto foi-me tão próximo que nem me expresso correctamente.

O que queria dizer é que, "pessoas" com nível de formação e cultural elevado são também capazes das mais violentas atitudes.

Cabe à "vítima" deixar de entoar a canção quanto mais me bates..., e passar à acção. Seja ela qual for, implique o que tiver que implicar...
E para falar de violência, não será necessário referir os extremos que, infelizmente, levam a hospitalizações até... basta a violência verbal, psíquica...

Lidando todos os dias com jovens, infelizmente, já tive que me colocar "no meio" de discussões entre jovens namorados. O que inicialmente começa por uma azeda troca de palavras, rapidamente atinge o insulto e, não raramente a agressão física. Com pena minha, vejo neles o reflexo dos seus pais ou outros familiares.

andorinha disse...

Claro que bater é normal, é apenas uma carícia feita com força a mais:)))
É lamentável que este estado de coisas se perpetue e que os mais novos sigam as pegadas dos mais velhos:(

alquimista disse...

andorinha, (4:47 AM)

4:47 AM ??? É um comment ou um sonho?

Se seguissem só as pegadas não seria mau, pior é quando seguem as palmadas... Este comentário remete-me para um anterior em que assinalava o papel importantíssimo dos educadores/professores e a sua luta DESIGUAL com alguns (des)educadores/pais. Mas, afinal é esta a nossa profissão, eu diria ... missão

alquimista disse...

pah : 1:10

Olhe pah, nã sei! se devemos ficar tão admirados quando este tipo de atitudes provêm de pessoas com um nível de instrução e de cultura tido como superior. Quando as razões da razão lhe são desconhecidas, por navegarem em águas turvas e muito profundas, todas as reacções são explicáveis embora muito poucas aceitáveis. O primeiro passo para o nosso próprio equilíbrio seria entender essas razões (não será um exercício fácil)no outro, de modo a baixar os nossos níveis de animosidade para com ele. Penso que só assim poderemos ficar verdadeiramente livres para seguir o nosso caminho e ao mesmo tempo inabalavelmente intransigentes.

Maria José disse...

Bem, hoje não estou para grandes pensamentos nem dissertações pseudo-filosóficas.

Esta realidade [comum a todos e não restrita a este ou aquele "vizinho"] revolta-me quanto baste para me tolher a inteligência.

Sim, revolta-me. Revolta-me não só que aconteça, que jovens rapazes supostamente com educação cuidada [seja lá isso o que for...] tenham atitudes deste género para com quem, supostamente, gostam, mas revolta-me ainda mais que as visadas donzelas tantas e tantas vezes consintam nesta palhaça.

Não, não quero ser redutora nem ignorar os muitos constextos e pretextos e problemas e tudo mais que possam evocar neste momento.

Mas revolta-me.
Apenas isto.

Irene Ermida disse...

Todos/as nós já vivemos num momento qualquer uma experiência de violência, seja ela física ou psicológica, como autores ou como vítimas. Esta tendência a salientar a violência masculina contra as mulheres não acordará ainda o instinto agressivo, o poder de agir sobre elas? Não seria preferível falar da violência contra todos os que são indefesos, no geral? O que leva as pessoas a ultrapassar ou a assumir esse lado obscuro da violência contra o outro?! Até que ponto as relações humanas se exercem numa dicotomia de amor-ódio, como se fossem as duas faces da mesma moeda?! Para reflectir apenas... mas se houver respostas, melhor!

andorinha disse...

alquimista (3.24)
Não foi sonho, não, é mesmo um comment.
Cheguei de uma noitada e vim aqui matar o vício:)
Vi que ainda estava suficientemente lúcida para o fazer:))))))

Estou de acordo contigo quendo referes a luta desigual que travamos com alguns (des)educadores/pais.
E como dizes, é a nossa missão, colega:)

Su disse...

pah, não sei....

entendi e infelizmente sei bem ao que se refere....

mas violencia para mim é sempre básica, animal, estupida, pertence sempre ao inconpetente..entende?.

..mesmo com um grande nib, um dr, um nome, uma familia,.entendido))))))

psst há imensas coisas q não cabem à vitima mesmo......não sei como não sabe disso.........
..
enfimmmm eu sou contra a violencia seja ela qual for, mas na verdade se tivesse tido uma arma já teria disparado muita vez............animal eu..tb...

Su disse...

psst não faço erratas:)))))))))))

PAH, nã sei! disse...

MARAKOKA,

"psst há imensas coisas q não cabem à vitima mesmo......não sei como não sabe disso..."


Lhe garanto que sei.
Sei que, no dia em que me faltaram ao respeito, levantaram a mão (e, infelizmente deixaram cair, foi o dia em que usei a minha "arma":
O direito de acabar com um casamento!

E, concordamos que independentemente da origem do agressor (posses, estatuto, etc.), qualquer atitude dessas é meramente "animal" (permita-me as aspas, pois os outros animais não são para aqui chamados...:)


Já agora...
Pssst?
Penso que aqui, ou em qualquer outro lugar, qualquer opinião é válida (e desculpe-me se entendi esse pssst mal).

noiseformind disse...

Mmm,
Já aqui tinha referido aquele estudo de 2001 em que 74% das alunas do secundário nas escolas do concelho de Gondomar diziam ser "normal" a agressão física e que normalmente até a consideravam justa por terem feito alguma coisa para que ela acontecesse. Este caso n é dissemelhante, esta análise é concordante com isso. Temos aqui regularmente laudes cantadas em relação ao ciúme, que é sinal de interesse, de desejo. No entanto, chegada a hora da pancada, maldito ciúme, até só se apanha um ano ou coisa que o valha. Pra ser sincero nunca nenhuma mulher me bateu. Se o fizesse n levaria troco, se eu nem sequer a uma discussão dou azo a prosseguimentos! ; )))))))))

No fundo no fundo a malta apanhando tem desculpa para falar mal dos homens. Diz-se que "se me acontecesse..." mas depois lá se diz que aconteceu e tal e até se continuou. Apanhar parece algo muito black 'n' white mas depois entra em acção a diplomacia, o carro que se tem, a casa que se está a pagar, os filhos, sempre os filhos. Ou se eles n existem a ideia de que... de que se esperar mail um pouco... e depois a cândida e leda ideia de que hoje em dia a passividade feminina assenta em interesses passivo-agressivos de sustentação financeira. Quem se esconde no bolso do macho reclama depois com dor atroz sofrimento passado. O caso Talón é relevante: depois de anos de pancada psicológica ela veio a correr para as televisões com o seu sofrimento atroz de anos, olhos postos na divisão de bens do casal e nada que fazer até ao fim dos seus dias.

O problema acabam por ser as Marias deste Portugal oprimidas inconscientemente, que ainda tomam o direito de "mão pesada" como certo e n se põem em meditações sobre a sua situação. Para elas vai a minha compreensão. Para as diplomatas da pancada vai tb, mas n cegamente e fazendo deles bichos.