segunda-feira, agosto 03, 2009

Para lá das fotografias.

Admito que haja no pensamento uma faceta perversa, mas reivindico a existência de outra, barrada a doçura - à medida que o tempo passa e afunila sinto-me a viver as futuras recordações de gente que amo. E percebo o extraordinário privilégio concedido a quem só acredita nesse tipo de imortalidade:).

22 comentários:

árvore disse...

Ternura, dia-a-dia, até nas lembranças...

Lídia Borges disse...

É nessa imortalidade que acredito!

Cumprimentos



L.B.

Tess disse...

Boa noite, Prof.

Como é delicioso ler e reler o que nos transmite. Obrigada

Su disse...

...e admite muito bem.....só podia:)


é um previligiado.
já lhe tinham dito? pois. é.´
(digo eu)

eu reivindico....
......o tempo passa.......afunila..

enquanto realizo filmes e termino spre com tudo o vento levou..............ops


jocas maradas

Bartolomeu disse...

Não acham que imortalidade tem a ver com incompletude?
Apesar de ser algo efémero :)))(não dura mais que uma ou duas gerações subsequentes, excepção aos casos históricos, e não todos, por exemplo: D. Afonso Henriques é um caso paradigmático de imortalidade, por dois factos principais, arreou na mãe e nos mouros, logo, não concluiu a sua missão).
Em contrapartida, onde é que está a memória de D. AfonsoII"O Gordo", filho de D.SanchoI e neto de D. Afonso Henriques?
Népia, o homem não arreou em ninguem, não curtia lutas e tal, portanto, não deixou missão incumprida.
Outro exemplo: O Zé do Telhado, o Robin Wood portugues, tornou-se imortal, por não ter completado a missão que os "olímpicos" lhe atribuíram: arrear nos ricos que "sacavam" os pobres e os tornavam mais pobres ainda. Diz-se que depois restituía o "guito" a quem tinha ficado sem ele... pode ser que sim, mas... em contrapartida, Aristides de Sousa Mendes, aquele que salvou milhares de Judeus, passando-lhes visto para Portugal, durante a segunda guerra mundial... repousa eternamente no quase anonimato (ou será mortalidade?). Porquê? Porque não andou à "trolha com ninguem", logo, cumpriu a missão.
Mais um exemplo: Viriato!
Imortal, pestáclaro, porque andou à porrada com os Romanos...
Hmmm?
Ah... é para acabar, que o comentário já vai longo!?
Ok!
Done!
;))

Eva Gonçalves disse...

É sem dúvida um privilégio... ter essa imortalidade "garantida", mas é também dupla responsabilidade,o nosso presente serem memórias de outrem...
Acrescento que tenho também o privilégio apenas a alguns concedido(ainda não percebi porquê...) de acreditar em outra imortalidade...
Sem querer entrar em "morbilidade",e encarada com a pacificidade da maturidade, já fez a sua bucket list prof? Inclua momentos "memoráveis"(mais uns...) com quem cá ficar... :)

Su disse...

bart...só quero saber nessa prespectiva és imortal....?
te cuida...eu sou:))))))))))))))eheh

lobices disse...

...Profe:
...permita-me subscrever na íntegra o seu post
...abraço

Bartolomeu disse...

Su... na minha prespectiva... sou (eu e uns mais) um objecto quântico... até ver...
tou me cuidando
;)))

Tangerina disse...

"(...) à medida que o tempo passa e afunila sinto-me a viver as futuras recordações de gente que amo."

Eu também e ainda não sinto o meu tempo a afunilar.

Acho que isso não é um privilégio "concedido a quem só acredita nesse tipo de imortalidade". Acho que é um privilégio concedido a quem, genuinamente, se preocupa com os outros e com o impacto da sua interacção com eles. Do futuro e de saber que qualquer coisinha, por mínima que seja, pode ter feitos/impactos enormes lá mais para a frente. Teoria do caos vista de forma positiva: um simples acenar em Portugal pode causar uma calorosa reunião familiar nos Andes. ;-))


T.

Tangerina disse...

Leia-se "efeitos/impactos" em vez de "feitos/impactos".

:-)

T,

andorinha disse...

"...sinto-me a viver as futuras recordações de gente que amo."

Isto é lindo, homem!:)

Embora também só acredite neste tipo de imortalidade, subsscrevo as palavras da Tangerina.
Penso que é mais por aí...:)


Bartolomeu,

Para ti só é imortal quem anda "à porrada"?????
:)

Bartolomeu disse...

Queres outros exemplos, Andorinha!?
;))

Cê_Tê ;) disse...

Apesar de entender doçura da mensagem didáctica.... ;P
A ("nossa") imortalidade não serão os outros que a decretá-la por nós? Ainda que sejam as vivências (registadas ou não) que pela qualidade que a determinam de forma indiscutível?

(O meu ego fotográfico esta amuado. ;P)

beijocas

Muiiiiiitos momentos felizes ;)))

Cê_Tê ;) disse...

Apesar de entender doçura da mensagem didáctica.... ;P
A ("nossa") imortalidade não serão os outros que a decretá-la por nós? Ainda que sejam as vivências (registadas ou não) que pela qualidade que a determinam de forma indiscutível?

(O meu ego fotográfico esta amuado. ;P)

beijocas

Muiiiiiitos momentos felizes ;)))

Cê_Tê ;) disse...

Apesar de entender doçura da mensagem didáctica.... ;P
A ("nossa") imortalidade não serão os outros que a decretá-la por nós? Ainda que sejam as vivências (registadas ou não) que pela qualidade que a determinam de forma indiscutível?

(O meu ego fotográfico esta amuado. ;P)

beijocas

Muiiiiiitos momentos felizes ;)))

Caidê disse...

Em papel de fotografia, memórias radiosas, plenas de criação, de individualidade, de construção, de carinho, de prospectiva. Sem desencantos. Apenas remar, remar, capitanear mais a barlavento ou sotavento, planar, energizar, rumar.
E se ribombando a era digital se afunila (após) o tempo por tanto termos que debitar (?)?
Que bom é regressar… respirar…deixar acontecer o que já foi tão docemente provado!
Um regresso às origens tem magia, por certo! Falta, contudo, o elogio da renovação da aventura. Para que se continue a escrever a história, para que a água do rio venha banhar-nos o corpo, sendo já outra água noutro corpo. O que já se conhece, o que já se rotinizou, não tem potencial para nos re-nascer e de pouco serve, afinal, imortalizar o já imortalizado – ou não fosse ter-se já espontaneamente escrito na memória individual, ter perdurado, ter deixado baixos relevos, tanto mais profundos quanto se eternizou, por ter estatuado como divinizado, de indescritivelmente belo e real.
Anoitece. Amanhece. Outra vez.

PILAR disse...

Boa noite!

Por aqui reivindicação aceite...
Existimos enquanto houver um coração que nos abrigue e uma memória que nos alcance.

Se construímos laços no caminho,vai naturalmente haver quem!

Anónimo disse...

“No remoinho que é sempre um novo romance, acontece algo de estranho: pensamos que nos estamos a apaixonar por uma pessoa, mas, muitas vezes, o que nos seduz é o próprio remoinho. É uma ideia maravilhosa pensar que depois de todas as relações falhadas, falsos despertares e fins dolorosos, o destino decide finalmente parar de rir na nossa cara e nos diz: Vá lá, aqui tens a felicidade eterna …Vive-se um romance com o próprio romance, não com um ser humano.” Mark Barrowcliffe disse tudo, só não disse que, desde que nunca se diga tudo, ficam sempre recordações barradas a doçura e, consequentemente, imortais. Durma com os anjos! Esta música é um bálsamo.

Francisco Caleia disse...

“Para lá das fotografias”. Bem poderia ser uma radiografia que nos diz, tudo está bem quando se é compreendido.

Cinha disse...

Imortalidade tem prazo?

Possuo muitas fotografias; no futuro após reciclagem, poderão ser suporte das minhas ruminações que espero escrever, e deixar aos que farão minha "imortalidade" parecer uma realidade.

No entanto, meus escritos num século poderão já não existir...e lá se esvaem as recordações doces do meu "ser".


Professor:
Uns escritos que alguem me enviou atribuindo-os como sendo seus: " Oração das Mulheres Resolvidas"...são mesmo seus?

Seu blog é singelo, doce como a sua personalidade.Se me permite:
( li numa entrevista): Não é mesmo seduzido???
HUMMMMMM!!!! Narizinhoooooo
eheheheheh
Graça

Eva Gonçalves disse...

Este post toma nestes dias, contornos totalmente diferentes Prof. Queira aceitar os meus sinceros sentimentos pela morte de sua mãe.