Não gosto de dias de..., tresandam a dias sem... Não é o caso de hoje, que se espraia por toda a minha vida. O Dia da Mãe - com todo o respeito pelo de Maio - e de Nossa Senhora da Conceição. Que era o nome dela. Obviamente, não se tratava de uma coincidência, se nascera a 5 de Outubro, natural seria que a Igreja Católica se juntasse à República para a homenagear! Mas a saudade, essa, vivo-a sem qualquer apoio institucional...
21 comentários:
Texto tão denso, Júlio, tão densamente doce na sua agreste reflexão.
“Palavras para a Minha Mãe
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.”
José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"
Saravá
IMPIO
<3 bOM dia da MÃE, Júlio* <3
abracinho,
Maria
Abraço.
Gosto quando partilha aqui primeiro coisa que são mais "in"- mas isso é apenas "opinião de taxista". (Apesar de preferir outras plataformas.)
Bom restinho de fds para todos ;*
Ah! e gostei muito do que postou Ímpio.
:)
Abração.
Partilho a opinião da Cêtê a 200%:) em relação à partilha. Mas isso já sabe:)
Quanto a plataformas continuo a preferir esta...sempre...de longe.
Aqui toma-se café e conversa-se.
Lá é uma correria ao balcão...lol
Impio,
Belíssimo o poema de José Luís Peixoto. Obrigada por o trazeres aqui:)
Ce_Te e Andorinha
O poema também me tocou. Entre filhos e pais muitas vezes ficam coisas por dizer, embora ambos saibamos que elas estão lá, nas nossas cabeças, nos nossos corações. Mas a verdade é que chegada a hora de serem ditas, hoje por isto, amanhã por aquilo, ficam sempre por dizer. Até que um dia,pela lei da vida, deixa de existir essa oportunidade.
Abraços
IMPIO
De manhã preparavas-me: lavavas-me melhor, passeavas-me um meticuloso de pente no sem fim dos cabelos, o vigor das linhas pretas em remate das tranças, põe aqui um dedo enquanto os teus olhos me espiavam peúgas, sapatos e regressavam ao cabelo, a desviá-lo dos olhos, tenho de te cortar a franja. Eu, toda nervos a acotovelarem, a declamar em voz alta e a começar a enganar-me. E tu como se não conhecesses desfecho, vai ler mais um bocadinho, vá. De seguida, íamos para a missa e seguia no meio dos outros garotos, sem ouvir, sem ver, abandonada à consumição de nervos. Eu de mim para mim, não me lembro como é que começa a poesia. Agoniava, suava frio, esquecia os sapatos apertados. E de repente, no que me parecia logo a seguir mas era o fim da missa, a professora punha-nos a mão no ombro a guiar-nos para um círculo de gente. Onde tu estavas. E enquanto os garotos recitavam sem engano, dentro de mim a interrogação, digo o quê? E depois a mão da mestra puxava-me para o centro, alguém me pegava ao colo. E eu sobre a cadeira, muitas caras de mulher à espera da minha voz. Cabeças que via sempre no alto, próximas. Tão perto de mim que lhes via a penugem do buço, as borbulhas, o direito da risca no cabelo. Então, num esforço, vinha-me o título “Invocação”. Repetia-o. Toda a gente suspensa. De mente vazia, a minha boca selava. cá dentro soava um alarme, tirem-me daqui. Então, desatava a chorar e os teus braços mudos saiam do anonimato e estendiam-se para mim. Atirava-me neles, com a cara contra a tua roupa, a soluçar desculpas, esqueci-me outra vez.
Nunca te dei a alegria de ler ou te dizer um poema em público. E tanto queria que te orgulhasses de mim.
Hoje, como então, desculpa Mãe
Boa noite:)
Que sorte, o senhor professor ter mãe com nome de Nossa Senhora. E ainda mais sorte por gostar dela no exacto de o ser.
Mas também ela é sortuda em ser amada tal qual. Vá, não seja modesto
Ímpio
como o Zé Luís diz bem o que a gente sente!
Obrigada
Impio,
É isso.
Esse poema podia eu ter escrito para meu pai.
Bea,
A tua mãe já te "desculpou" há muito, de certeza...
:)
Vou dormir...fiquem bem.
Andorinha:))
a mãe desculpava-me na altura; ela sabia sem palavras e antes de acontecer. Mas o meu lamento é incólume.
A seguir, depois do pranto, dava-lhe o postal que tinha feito e onde, apesar da letra domingueira e esforçada, havia sempre algum engano ou borrão; o texto encimado por um desenho único de uma Nª Senhora com as pernas a alargar em baixo(não compreendi ainda a razão de pôr tão augusta senhora quase de minisaia) e uma auréola toda torta, cujas faziam rir o meu pai em gargalhadas de boa vontade e a desábito, o que até era engraçado; além disso, só então eu reparava no pormenor das pernas - a auréola, suja e rasurada de tanta emenda,apontava-me a inépcia do traço.
Porém, a minha mãe, atenta a pormenores só dela, guardava o cartão como se uma rosa caída do regaço da rainha santa. E eu descansada de tudo.
Bea,
:)))
Não. Podia! Ser mais?
"Verdade"
A Tribute to Paul Walker
http://www.youtube.com/watch?v=o8UCI7r1Aqw
Desconhecia tal actor, mas é bonito o tributo. Alguns de nós chegam mais cedo à casa de todos. Onde nos esperam.
Estamos. Iguais! ?
(Texto tão denso, Júlio, tão densamente doce na sua agreste reflexão.)
Bea? O vazio! Preenche-me.
Combinadérrimo. Gazosas / Sardinhas & Cohiba! Para vocês? Nós. Ficamos com o Eondoic! Podem levar a Via Verde?
Impio Baslfemo & Catarina Gomes
(GPS)
Gato escaldado? De água fria! Tem medo.
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