segunda-feira, dezembro 02, 2013

Um homem que sempre leio com prazer. E alívio... Uma boa semana, gente.




As perguntas do Papa Francisco. 2
por ANSELMO BORGES30 novembro 2013http://www.dn.pt/Common/Images/img_opiniao/icn_comentario.gif146 comentários
Embora sensível ao raciocínio de Vasco Pulido Valente, que, reflectindo, no "Público", sobre os caminhos que ficam para o Papa Francisco, concluía: "Apesar da sua imensa popularidade, e mesmo por causa dela, Francisco acabou numa velha armadilha, em que esbraceja em vão. O inquérito não o ajudará.", não creio que, desde que superemos a análise sociopolítica e nos coloquemos na perspectiva cristã, que é a sua, Francisco tenha caído numa armadilha.
Então, qual é o maior problema de Francisco? Ele é um cristão convicto. O que o move é o Evangelho enquanto notícia felicitante da parte de Deus para todos. Assim, o seu problema é que todos se convertam realmente ao Evangelho, começando pelos cardeais, continuando nos bispos e nos padres e acabando nos católicos, que devem converter-se a cristãos.
Neste sentido, não se trata de mudar o essencial da doutrina, mas de ir ao decisivo do Evangelho. Ora, o núcleo do Evangelho são as pessoas, dignas de respeito e atenção. É, pois, preciso continuar a anunciar o ideal do matrimónio cristão, mas, depois, atender às pessoas, às suas necessidades e feridas. Para isso, Francisco conta com a mediação da sensibilidade pastoral dos bispos e dos padres e dos cristãos em geral, que asseguram no concreto a aplicação do ideal.
Por outro lado, não se deve esquecer que Francisco tem uma dupla origem. Ele é ao mesmo tempo "franciscano", e, assim, humilde e próximo das pessoas, e jesuíta, portanto, com toda uma formação de procura da eficácia. Ele crê na "Igreja Povo de Deus", que é também a "santa Igreja hierárquica". Por isso, sabe consultar, no quadro de uma adelfocracia (governo de irmãos), mas também sabe que, em última instância, é a ele que compete decidir, com os outros bispos e em Igreja. Neste quadro, deixei aqui na semana passada o que me parece expectável como resultado deste inquérito, passando agora a algumas perspectivas de teor mais pessoal.
É claro que a família é uma instituição essencial, indispensável, enquanto espaço de comunhão, partilha de afectos, valorização e realização pessoal e educação das crianças. A família é a célula de base da sociedade. Mas também é claro que a pastoral familiar não pode continuar a centrar-se num catálogo de proibições e pecados, na proibição dos anticonceptivos e das relações sexuais pré-matrimoniais. O próprio Francisco já preveniu que não se pode viver obcecado com o rigorismo e o legalismo; de outro modo, "mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas". É evidente que não vale tudo, mas a Igreja tem de reconhecer que tem tido enorme dificuldade em falar pela positiva das questões ligadas à família e ao sexo. O seu discurso nestas matérias tem de centrar-se na dignidade, liberdade, respeito e responsabilidade. Isto também significa que a valorização que se faz da família cristã não tem de ser acompanhada de ataques a outros tipos de realização e vivência de família.
Se o Papa reconhece que há também a tendência homossexual, pergunta-se se não se deve caminhar no sentido do reconhecimento do direito de actividade sexual no mesmo quadro de exigências dos heterossexuais. A adopção é diferente, pois o debate continua, mesmo entre especialistas. Embora Francisco, quando arcebispo de Buenos Aires, tenha aprovado que um casal gay adoptasse uma criança, o que significa, mais uma vez, a dialéctica entre os princípios e as pessoas na sua situação concreta.
Quanto à paternidade e maternidade responsáveis, é urgente perceber que a moral é autónoma, pertencendo, portanto, as decisões neste domínio às pessoas e aos casais, dentro da liberdade na responsabilidade.
No caso dos divorciados que voltam a casar, é claro que se exige celeridade nos processos de declaração de nulidade no casamento. Mas pergunta-se se não será necessário ir mais longe e, atendendo à fragilidade humana, invocar, como a Igreja cristã ortodoxa, o princípio da misericórdia, dando a possibilidade de outra oportunidade. Seja como for, não se pode pedir aos divorciados recasados que continuem no seu empenhamento na Igreja, mas impedindo-os da comunhão.


DN.

38 comentários:

bea disse...

A igreja está a mudar. A partir de dentro, que é como se efectiva uma transformação. Gostei de ler. Pode que tenhamos a sorte de ainda ver alguma coisa. As mudanças sociais no âmbito da religião são lentas. E tão breve a vida...

Um Dia Bom a todos. Com um :) no rosto. A espreitar nos agasalhos:)

Unknown disse...

JotaN ja fizeste a Kapa e que o soeito pereira gomes diz bom dia a toda a gente

Unknown disse...

E bobom dia sinhenhor? Efeito calvin! Quem vai atráz ouve yudo que vai a frebte.

Unknown disse...

Já Vi a Bea!

Unknown disse...

"Efeito Calvin"

ABRIL
OS

OLHOS

E

BRAVO

NO

NARIZ

(SOU FERRENHO DESDE PEQUENINO)

Unknown disse...

"o Efeito Youtube"

vENHO JÁMESMO

(MOISÉS DRESCRUZA AS PERNAS)

Unknown disse...

"a IDADE DO ESPELHO"

Unknown disse...

o EFEITO jONH nASCE

"VIES-TE DE RENAULT"

Unknown disse...

"o EFEITO jONH nASH"

cOM O GOOGLE NÃO SE BRINCA

(PRORIBIDO PORIBIR

Unknown disse...

o EFEITO DA BOLA

Impio Blasfemo disse...

Realço o que me parece essencial  “É claro que a família é uma instituição essencial, indispensável, enquanto espaço de comunhão, partilha de afectos, valorização e realização pessoal e educação das crianças. A família é a célula de base da sociedade. Mas também é claro que a pastoral familiar não pode continuar a centrar-se num catálogo de proibições e pecados, na proibição dos anticonceptivos e das relações sexuais pré-matrimoniais. O próprio Francisco já preveniu que não se pode viver obcecado com o rigorismo e o legalismo; de outro modo, "mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas". É evidente que não vale tudo, mas a Igreja tem de reconhecer que tem tido enorme dificuldade em falar pela positiva das questões ligadas à família e ao sexo. O seu discurso nestas matérias tem de centrar-se na dignidade, liberdade, respeito e responsabilidade. Isto também significa que a valorização que se faz da família cristã não tem de ser acompanhada de ataques a outros tipos de realização e vivência de família”
Sendo agnóstico partilho na totalidade deste pensamento. E quando um Papa já percebeu que não se pode “viver obcecado com o rigorismo e o legalismo….” É altura da multidão católica perceber isso também. Ou seja, uma igreja não vive apenas de quem a lidera ou a segue, e aqui falta, na minha modesta opinião, a uma parte dos seus seguidores, varrerem as teias-de-aranha dos seus sótãos. A favor, pois a favor estão os ventos que sopram do líder máximo da igreja católica; bons ventos aliás, diga-se a verdade, e a ver se os mesmos ventos permanecem pra lavagem dos ares.
Bem vindo Papa Francisco e que tenha forças e tempo para fazer aquilo que o coração e a cabeça lhe ditam.

Saravá
IMPIO

Unknown disse...

Nemo Vs Guerra das estrelas

bea disse...

Viste-me nada, João Pedro.

ah, agora estás na guerra das estrelas...

Ímpio

é esperar para ver. As teias de aranha não sei, não é bem como dar uma vassourada. Mas há coisas que os católicos já padronizaram nos seus hábitos e que a igreja condena. Como os anticoncepcionais, o que não faz sentido. Quando quase ninguém obedece, é bom que se pense sobre a ordem mais que sobre os desobedientes:))

Estão todos bem? ou o frio é por demais? ham...ham...

Impio Blasfemo disse...

Bea
Pois de acordo; quando todos ou a grande maioria desobedece, é bom que se pense na ordem canónica das sentenças que a igreja emana; sujeito, verbo, objectos (estava a pensar no sujeito católico, no verbo proibir e no objecto preservativo, tal como exemplificaste). Pois aguardemos, que a igreja leva tempo a tomar decisões contra os seus cânones consagrados.

Abraço
IMPIO

bea disse...

Lembrei-me de uma frase de Álvaro de Campos acerca de Pessoa:

"O próprio Fernando Pessoa seria um pagão se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro."

E estas

"Nunca vi triste o meu mestre Caeiro. Não sei se estava triste quando morreu (...) eu estava em Inglaterra. O próprio Ricardo Reis não estava em Lisboa; estava de volta ao Brasil. Estava o Fernando Pessoa, mas é como se não estivesse. O Fernando Pessoa sente as coisas, mas não se mexe, nem mesmo por dentro."

bea disse...

Ó intrincado Pessoa, que tanto bem nos faz agora o teu mal:)

Unknown disse...

Eu em Luanda. Era o primeiro! Porque será?

Unknown disse...

"Num viram o templo de diana"

andorinha disse...


Gostei. É bom ouvir/ler opiniões não crispadas . Achei interessantes várias partes do texto, mas de todas, sublinho esta:"Isto também significa que a valorização que se faz da família cristã não tem de ser acompanhada de ataques a outros tipos de realização e vivência de família." Esperemos que se evolua nesse sentido.


Comentei sem vos ler. Leio-vos sempre antes mas hoje resolvi fazer diferente.:)

andorinha disse...

"Com um :) no rosto. A espreitar nos agasalhos:)"


:), Beazita:)

"A partir de dentro, que é como se efectiva uma transformação."

Também penso assim, mas penso que todas as possíveis transformações neste caso, são impulsionadas de fora. A sociedade modificou-se de tal maneira que a Igreja tem que evoluir para não estiolar. Se não fosse isso, penso que manteriam a mesma doutrina.


Agora li o Impio que pensa exactamente o contrário. Caraças!:)
Os católicos têm teias de aranha? os beatos e beatas, sim, mas penso que muitos católicos têm hoje uma visão mais liberta e não castradora.
Que do lider máximo da Igreja sopram bons ventos não há quaisquer dúvidas.
Aliás, eu adoro o homem:)
Sinto uma grande admiração e ternura por ele.

bea disse...

Também gosto deste papa. É isso mesmo andorinha,tenho-lhe admiração e ternura.

Mas o Ímpio tem razão na conversa das teias de aranha. Só que elas não são apenas dos católicos, nem, sobretudo, de se ser católico. A religião, tal como outros fenómenos humanos, sofre hoje de relativização, não lhe há interesse genuíno; falta a força de acreditar. Contudo, ao longo da história, foi despótica e grande dano causou.

Unknown disse...

O SONO
HE A MELHOR
DROGA
POR
ISSO
SE CANSOU
PARA
NÃO DIZER
OUTRA COISA
COPCON

Unknown disse...

ANDORINHA

FUP
FUP

Unknown disse...

SEMPRE

Unknown disse...

O FUMO DOS OUTROS

andorinha disse...


Bea,

Não contesto nada do que dizes. Dou-te razão.
Espero não me estar a contradizer em relação ao que disse acima. Acho que não. Está bastante frio mas acho que os neurónios ainda não congelaram:))))


"Só que elas não são apenas dos católicos, nem, sobretudo, de se ser católico."

Totalmente de acordo. Teias de aranha não têm necessariamente a ver com religião.

Impio Blasfemo disse...

Andorinha

As teias-de-aranha não estão apenas nos católicos. Abrangem todas as religiões e não-religiões pois não ter nenhuma religião pode ser visto como uma religião, ou profissão de fé; a fé de que nenhuma religião deve ser seguida, e esta posição pode também ser considerada como dogmática e como tal "englobada" no "clube" dos que "tem teias-de-aranha", ou seja, para eles, ter uma religião pode ser um "pecado mortal". E continuando a "lenga-lenga da religião" ou da "não-religião", talvez o melhor seja o uso sistemático do contraditório, ou se quiseres, tese, antítese, conclusão. Interrogarmo-nos é sempre um bom exercício, pois se no final nada concluirmos, no limite, o exercício dos neurónios é-nos benéfico. Pensar é sempre bom!
Mas voltando ao catolicismo e ao Papa Francisco, admito que quando alguém, sentado no topo da hierarquia de uma estrutura como a católica faz a pergunta "What if", pois está no excelente caminho, e a partir daqui só podemos louvar.

Abração
IMPIO

bea disse...

Tenho de hibernar, peço desculpa.

Portem-se mal.

Unknown disse...

dE DIA É QUE ISTO É LINDO

http://www.wook.pt/ficha/puta-de-prisao/a/id/71731

andorinha disse...

Concordo contigo, meu Impio preferido:)
É isso. E pensar é sempre bom, concordo mais uma vez.

Abração


Bea,

Também vou hibernar...

Anne Murray - You needed me

www.youtube.com/watch?v=e6nfpxZ2Nz4

Para mim uma das mais belas canções de sempre. Com um significado muito especial pois era a "nossa" canção. Melhor, é...pois há sentimentos que são eternos. E amar é também deixar o outro livre para amar/estar com quem quiser.

Fiquem bem:)

bea disse...

Bom Dia:)

bea disse...

desta vez, andorinha, fico eu sem palavras, tá bem?

vou começar a medir o comprido do dia.

um beijinho

andorinha disse...


Bea,

:)

Beijinho

andorinha disse...


expresso.sapo.pt/os-imberbes-fanaticos-de-passos-coelho=f844130

Daniel Oliveira...sempre.

Fiquem bem:)

bea disse...

Ah:)) desta vez li antes do teu aviso.
bigada, viu?

andorinha disse...


djináda:)))

Unknown disse...

Bem, o Professor tem uns fãs mesmo intensos, apesar de serem só 5.

Ou um João Pedro Barbosa mais 4, que ele fala pelos cotovelos, apesar de apenas falar esquizofrenês e eu não ter percebido nada do que ele disse. É o que dá não ter nenhuma doença mental ihihihihihihih

Queria dar-lhe os meus parabéns pela sua carreira e acima de tudo por este espaço, que leio sem nunca comentar porque é usado como chat pelos seus fãs e em equipa que ganha não se mexe.

Continue assim por muitos anos!

(aos fãs, as minhas desculpas por me ter intrometido)

Unknown disse...

Bea. Já! Foi?

"Excomungada"