sábado, março 22, 2014

Boa noite, gente.

6 comentários:

bea disse...

Que desgraça de canção, professor. Mas pronto. Apresentam uma panóplia de estados de espírito. Está certo.

andorinha disse...


Bom dia, gente:)

Anfitrite disse...

Já que o professor, ontem, não se lembrou do seu amigo, repito o postal que ele pôs aqui ha Anos:

http://murcon.blogspot.pt/2011/03/dia-da-poesia.html

Anfitrite disse...

Vale a pena ouvir esta senhora para percebermos porque é que as pessoas já nem falam.

http://www.tvi.iol.pt/programa/politica-mesmo/4322/videos/164760/video/14111463/1

bea disse...

E a Anphy colocou este:); também muito bonito

Um Amor

Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.

Nuno Júdice, in "A Partilha dos Mitos"

Impio Blasfemo disse...

Em homenagem às nossas Mães que pela lei da vida já não nos acompanham


Mãe Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga, in 'Diário IV'