A propósito de pássaros, noites, dias, vulnerabilidades e não só:
O teu lado frágil
Mostra-me o teu lado frágil e eu serei maternal. A um tempo, forte, serena, dócil.
O arco por onde passa a flecha e a chama A água que limpa e sacode a lama. A asa pronta a te fazer descolar A brisa que sopra junto ao mar. O teu campo de trigo dourado Um rouxinol inspirado.
Mostra-me o teu lado frágil e eu serei aquela que te acalma e te sossega a alma.
L.O.
Bea As tuas boas-noites de ontem foram vistas antes de cair para o lado:) What a week!
Andorinha Com o plane ticket já comprado, na Páscoa também voarei:) 2015 será um ano inesquecível. Sei:)
Bom fim de semana per tutti e um dia muito lilás:)
Vocês não me digam que ainda estão na praia?:))))))))) Não imaginam o tempo que aqui está: chuva forte, trovoada e ventos quase ciclónicos... Felizmente estou no casulo.
Bea,
Tu dizes "Viva a chuvinha!" e ela cai toda aqui. loooooooool
Eu acho o poema lindíssimo. No outro lado alguém diz que "isso é desejo, não tem nada a ver com amor"
Eu não te quero arreliar :), mas aqui esteve um dia tão lindo, que andei a caminhar, com um céu azul cheio de nuvens brancas, um sol ameno e um vento suave.
Quanto ao poema e às interpretações que referes do outro lado, pode haver desejo sem amor e até amor sem desejo, o que será mais raro. Mas não o do poema, que fala em amor urgente. Nisso concordo contigo.
Se bem que sobre o amor, para mim Eugénio de Andrade é mestre.
Retrato Ardente
Entre os teus lábios é que a loucura acode desce à garganta, invade a água.
No teu peito é que o pólen do fogo se junta à nascente, alastra na sombra.
Nos teus flancos é que a fonte começa a ser rio de abelhas, rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos é que a areia queima, o sol é secreto, cego o silêncio.
Deita-te comigo. Ilumina meus vidros. Entre lábios e lábios toda a música é minha.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"
Quase Nada
O amor é uma ave a tremer nas mãos de uma criança. Serve-se de palavras por ignorar que as manhãs mais limpas não têm voz.
Eugénio de Andrade, in 'Poesia e Prosa [1940-1980]'
Obrigada pelos poemas:)Sim, concordo que Eugénio de Andrade é mestre na arte de amar através das palavras. O resto é com ele. E mais os pares que teve. Mas isso não é o interessante.
Há-lhe na poesia uma claridade comovente que nos expõe a todos e habita tão no limiar da beleza que invadimos de gratidão. Triste, dramático, exultante...mas a beleza ressalta; como ele diz de alguém, " estás de pé na orla dos meus versos...", assim o belo lhe assiste
O que mais aprecio é a aura de beleza sagrada que dá a tudo; como se as palavras incensem os lugares por onde passam.
Pois é. Há muito desejo sem amor. Deve haver amor sem desejo - mas só porque há de tudo. O mais vulgar e até desejável é que amor e desejo se acompanhem. Mas não há dúvida que o passar dos anos nos retira a adolescência dos sentidos. Revi este fim de semana Amor em Tempos de Cólera que passou na TV. Em relação ao livro perde, inventa mal até. Mas é uma ternura ver aquela paixão antiga, um amor que manteve o desejo até ao fim. Mas também nos deixa pena. O desejo, como o amor, molda-se-nos à pele e à idade sim, por ser com elas que os vivemos. Mas um e outro são bonitos sempre.
Além do que, não creio que toda a gente tenha essa capacidade de sonho e desejo, mesmo que com as cores dos anos. Infelizmente, a vida - ou nós mesmos nela - retira a muita gente os altos e baixos, a amálgama; em seu lugar fica uma estradinha pequena por onde se caminha cada vez mais devagar.
Mas a ideia da vida - se é que há uma - parece-me ser que andemos todos na mesma estrada. Mesmo que uns mais devagar que outros. A parar de quando em quando.
Andorinha
o desejo obra do demo?!....sem desejo o mundo não teria avançado. É ele que nos guia. É por desejo que fazes coisas, vês filmes novos, lês outros livros...a mim preocupa-me não desejar nada, é sintoma de doença ou de momentânea pausa palerma:)
E agora vou ouvir a música e deitar pés ao caminho de existir
não sei porquê mas o termo "desejo carnal" sempre me lembra bifes vermelhos e a escorrer, coisas de talho, grandes facalhões cortantes a laminar pedaços:).
Não sei se é a carne que apetece se é na carne que apetece.Vivemos confinados à matéria, a querer agarrar alguma coisa de imaterial que passa em nós e no outro.O que é contraditório, nada nos desarma tanto como o acto do amor. Há nele alguma coisa de abençoado naufrágio
Toca a afastar a melancolia, que a vida nos espera. Ou não nos espera, avança; imperturbada pelas nossas cenas.
As nódoas negras fazem parte do processo, andorinha. Vá lá que não criaste bolhas nas mãos:)
Hummm...o senhor professor também tem o seu copinho:) amanhã vou erguer o meu - irisado, pois - e não com água:). Fazer uma saúde.
10 comentários:
Bom dia com um Sol luminoso:)
A propósito de pássaros, noites, dias, vulnerabilidades e não só:
O teu lado frágil
Mostra-me o teu lado frágil
e eu serei maternal.
A um tempo, forte, serena, dócil.
O arco por onde passa a flecha e a chama
A água que limpa e sacode a lama.
A asa pronta a te fazer descolar
A brisa que sopra junto ao mar.
O teu campo de trigo dourado
Um rouxinol inspirado.
Mostra-me o teu lado frágil
e eu serei aquela que te acalma
e te sossega a alma.
L.O.
Bea
As tuas boas-noites de ontem foram vistas antes de cair para o lado:)
What a week!
Andorinha
Com o plane ticket já comprado, na Páscoa também voarei:)
2015 será um ano inesquecível. Sei:)
Bom fim de semana per tutti
e um dia muito lilás:)
https://www.youtube.com/watch?v=h7P95fcnGm8
Gostei do poema, L.O :)))
A Páscoa está quase aí ao virar da esquina...
Beijinho
O Chão é Cama para o Amor Urgente
O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a húmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama.
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Amor Natural'
Trouxe do outro lado. Porque me apaixonei!
É tão bom quando com a pressa, urgência, sofreguidão nem conseguimos chegar à cama...:)))))
Bom sábado
Boa tarde Pessoal:)
Rain
a primeira semana de trabalho a sério é estourante:) e a falta de ritmo contribui:).
Por aqui não há sol, mas estamos nos trópicos tal a humidade.
Andorinha
Carlos Drummond de Andrade é um bom poeta- Obrigada por teres trazido:)
O que acontece só acontece. E em amor há muito de acontecer.
Viva a chuvinha! Há quanto tempo a não víamos!
Boa tarde:)
Vocês não me digam que ainda estão na praia?:)))))))))
Não imaginam o tempo que aqui está: chuva forte, trovoada e ventos quase ciclónicos...
Felizmente estou no casulo.
Bea,
Tu dizes "Viva a chuvinha!" e ela cai toda aqui. loooooooool
Eu acho o poema lindíssimo. No outro lado alguém diz que "isso é desejo, não tem nada a ver com amor"
Pasmooooooooooooooo!
Mil vezes pasmoooooooooooo!
Desejo não tem a ver com amor?????
Enfim...
Bea
É mesmo, a primeira semana arrasa mesmo...
Andorinha
Eu não te quero arreliar :), mas aqui esteve um dia tão lindo, que andei a caminhar, com um céu azul cheio de nuvens brancas, um sol ameno e um vento suave.
Quanto ao poema e às interpretações que referes do outro lado, pode haver desejo sem amor e até amor sem desejo, o que será mais raro. Mas não o do poema, que fala em amor urgente.
Nisso concordo contigo.
Se bem que sobre o amor, para mim Eugénio de Andrade é mestre.
Retrato Ardente
Entre os teus lábios
é que a loucura acode
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"
Quase Nada
O amor
é uma ave a tremer
nas mãos de uma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz.
Eugénio de Andrade, in 'Poesia e Prosa [1940-1980]'
Bons sonhos e uma música:
https://www.youtube.com/watch?v=aMD5-Op-PrU
Tive razão em vir aqui antes da deita:)
Pelos belos poemas que deixaste, Rainbowzita:) e pela música.
Até te perdoo o teres tentado arreliar-me:)))))
Eu sei que pode haver amor sem desejo e todas as variantes possíveis e imaginárias.
Agora dizer que desejo e amor são incompatíveis! "Balha-nos" Deus!
O desejo é obra do demo e o amor é obra de Deus, deve ser...:)))))
Beijinho. Boa semana.
Bom Dia!!!
Ora bem...
Obrigada pelos poemas:)Sim, concordo que Eugénio de Andrade é mestre na arte de amar através das palavras. O resto é com ele. E mais os pares que teve. Mas isso não é o interessante.
Há-lhe na poesia uma claridade comovente que nos expõe a todos e habita tão no limiar da beleza que invadimos de gratidão. Triste, dramático, exultante...mas a beleza ressalta; como ele diz de alguém, " estás de pé na orla dos meus versos...", assim o belo lhe assiste
O que mais aprecio é a aura de beleza sagrada que dá a tudo; como se as palavras incensem os lugares por onde passam.
Pois é. Há muito desejo sem amor. Deve haver amor sem desejo - mas só porque há de tudo. O mais vulgar e até desejável é que amor e desejo se acompanhem. Mas não há dúvida que o passar dos anos nos retira a adolescência dos sentidos. Revi este fim de semana Amor em Tempos de Cólera que passou na TV. Em relação ao livro perde, inventa mal até. Mas é uma ternura ver aquela paixão antiga, um amor que manteve o desejo até ao fim. Mas também nos deixa pena. O desejo, como o amor, molda-se-nos à pele e à idade sim, por ser com elas que os vivemos. Mas um e outro são bonitos sempre.
Além do que, não creio que toda a gente tenha essa capacidade de sonho e desejo, mesmo que com as cores dos anos. Infelizmente, a vida - ou nós mesmos nela - retira a muita gente os altos e baixos, a amálgama; em seu lugar fica uma estradinha pequena por onde se caminha cada vez mais devagar.
Mas a ideia da vida - se é que há uma - parece-me ser que andemos todos na mesma estrada. Mesmo que uns mais devagar que outros. A parar de quando em quando.
Andorinha
o desejo obra do demo?!....sem desejo o mundo não teria avançado. É ele que nos guia. É por desejo que fazes coisas, vês filmes novos, lês outros livros...a mim preocupa-me não desejar nada, é sintoma de doença ou de momentânea pausa palerma:)
E agora vou ouvir a música e deitar pés ao caminho de existir
Beazita:)
Escrevi "o desejo é obra do demo" ironicamente. Não me conheces, ainda? Ai...ai...ai:)
E estou a falar do desejo carnal; claro que há todos os outros.
E quando não se deseja ou não se sonha, estamos mortos.
E agora vou caminhar um pouco para desanuviar a cuca.
A bike vai indo...já com umas nódoas negras nas pernas:) lol
Inté...
Bom Dia, pessoal:)
Então...
Andorinha
não sei porquê mas o termo "desejo carnal" sempre me lembra bifes vermelhos e a escorrer, coisas de talho, grandes facalhões cortantes a laminar pedaços:).
Não sei se é a carne que apetece se é na carne que apetece.Vivemos confinados à matéria, a querer agarrar alguma coisa de imaterial que passa em nós e no outro.O que é contraditório, nada nos desarma tanto como o acto do amor. Há nele alguma coisa de abençoado naufrágio
Toca a afastar a melancolia, que a vida nos espera. Ou não nos espera, avança; imperturbada pelas nossas cenas.
As nódoas negras fazem parte do processo, andorinha. Vá lá que não criaste bolhas nas mãos:)
Hummm...o senhor professor também tem o seu copinho:) amanhã vou erguer o meu - irisado, pois - e não com água:). Fazer uma saúde.
Um Bom Dia a todos
Oh, bifes...e toda essa parafernália de um talho. Há anos que não entro num:)
És de todo, Bea:)))
"Naufrágio abençoado" parece-me bem, é muito isso. Quero muitos desses :) lol
Brinda, sim. Lá pelas 18.30/19.30.
O "Era uma vez um professor..." e o seu autor merecem-no.
Actividade posterior: comprar o livro.
:)
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