"O que costumava amar, já não amo; minto: amo, mas amo menos; ainda assim continuo a mentir: amo, mas mais envergonhadamente, mais tristemente; agora é que disse a verdade. De facto, é assim: amo, mas desejaria não amar o que amo, desejaria odiá-lo; amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto. E, mísero, em mim mesmo experimento aquele famosíssimo dito: Odiarei se puder; se não, amarei apesar de mim".
Em Vasco Graça Moura, As Rimas de Petrarca.
38 comentários:
...perdão: creio que será: "Odiarei se puder, e não, de"
abraço
perdão,
com de ou com se
que associação!
Lobices,
Claro!, eu e as minhas gralhas:))).
"De facto, é assim: amo, mas desejaria não amar o que amo, desejaria odiá-lo; amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto."
Quantas relações, quantos casamentos sobrevivem neste aparente paradoxo.
amar, assim como um rasgão ainda sem cicatriz... é a isto que Petrarca prefere odiar ... também um rasgão ainda sem cicatriz?
um ciclo de estupor e de ignorância sem sossego ... uma doença para que só há placebo.
Referência mitológica basilar da nossa Cultura, Camões e a exegese que lhe diz respeito parecem ilustrar exemplarmente o nosso propósito. O que dizemos em relação ao «platonismo» pode aplicar-se igualmente ao «petrarquismo» camoniano ou ao «erasmismo» de Gil Vicente, etc. Tomemos como exemplo o «petrarquismo». Como é possível distinguir o «petrarquismo» do «não-petrarquismo» na poesia camoniana? Naturalmente, tendo uma ideia, tanto quanto possível adequada do que seja «petrarquismo», o qual não é nenhuma "essência", mas tão-só os poemas de Petrarca. Em seguida, vendo na luz desses poemas os de Camões sem que isso signifique, aliás, que deles dependam directamente, pois pode acontecer que a influência se tenha feito sentir por intermediários, etc. Ora, qual dos nossos ilustres camonistas, até há bem pouco tempo e só parcialmente, se deu ao trabalho de comparar Petrarca e Camões? E compará-los, não com a ideia fixa que parece ser o pathos geral do projecto crítico, de «demonstrar» que são parecidos ou radicalmente diversos, que um é «superior» ao outro, mas apenas para ver, para que cada qual possa, enfim, saber em que consiste esse famoso petrarquismo de Camões.
É. Petrarca também sabia.:) Às vezes, apesar de, o amor permanece em alguns de nós mesmo depois de decididos já não amarmos mais quem.
Uma porra! é o que essa tristeza doendo de amor (às vezes...:))) )
é o que é... em seu tempo...:)
POEMA SOBRE A RECUSA
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda
Maria Tersa Horta
(Há quem não goste. Mas eu tenho orgulho em que a poesia erótica tenha um dos seus máximos expoentes numa mulher...
Este não é um dos seus poemas mais demonstrativos)
E para que não me rotulem de feminista, recordo um gay com poesia de erotismo inigualével: António Botto.)
Angie,
a rainha dos escritos pirosos.
"a idade ilumina
tira véus
eleva-me os seios:"
Isso só acontece agora pelos milagres da cirurgia. Antigamente era destino comum o "descai-me" ; )
"De facto, é assim: amo, mas desejaria não amar o que amo, desejaria odiá-lo; amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto."
Vejo aí panaceia machista. O macho que se deixa dominar, mas à força, sob a pressão esmagadora, coagida. Não esqueçamos as nossas trobairitz:
No posc mudar que contr'orgolh no gronda,
ja siatz vos, donzela, bel'e blonda.
Pauc d'ira.us notz e paucs jois vos aonda;
mas ges no n'etz primera ni segonda!
Et eu que tem d'est'ira que.m confonda,
que m'en lauzatz,
si.m tem perir, que.m traia plus vas l'onda?
Mal cut que.m chabelatz!
Pois é... pois é... ; )))
Viva Prof.!
Peço desculpa por esta interpelação que nada tem a ver com o seu post, mas como não tem mail no blog...
Gostaria que, se pudesse, deitasse uma olho ao post de 10Dez 2005 do blog http://pensamentosdiversos.blogspot.com intitulado "Sexo ou televisão?".
Passo a explicar: Eu comentei o post e fiz referência ao seu nome. Peço desde já desculpa pelo facto, não o fiz para validar a minha opinião (se bem que acho que foi assim que o autor do blog o entendeu...),na verdade, fugiu-me a palavra para o sentimento de admiração que tenho por si, mas enfim... Não é esse o principal motivo pelo qual lhe escrevo isto, mas sobretudo por considerar que a temática do post e alguns comentários sobre ele proferidos são ponto interessante para discussão e que a si também lhe interessariam. Pessoalmente, aquilo que me fez comentar o post foi mais um insurgimento contra a catalogação apressada "de absurda", por parte do autor do blog, de uma frase proferida por um paciente. Não estou aqui a assumir uma postura de "dona da verdade" (ingenuidade minha se fosse o caso, cada vez mais considero a Verdade relativa), mas achei "perigoso" o raciocínio tecido pelo autor, particularmente pela sua condição de médico.
De qualquer maneira, como o Prof. foi "indirectamente" ;) envolvido na questão, já agora agradecia que tecesse algum comentário sobre o assunto...
Os monólogos, feitos sem reservas, fazem de nós saudáveis esquizofrénicos. Pena que tantas vezes os/nos silenciemos!É que há verdades tão cruas que é preciso calar quando se avizinham da voz...
Bom fim de tarde (para todos desse lado)
Boa tarde.
Só para deixar um "olá" breve porque estou sobrecarregada de trabalho com a avaliação dos alunos.
Associação livre:excesso de trabalho - stress - cansaço - dores de cabeça.:))))))
Falando a sério, gostei da associação livre, de Pamina a Petrarca.:)
Gostei do texto e de toda a ambivalência que nele transparece.
"..amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto."
É, como já foi aqui referido, Petrarca sabia-a toda...
Noise (3.40)
Lá estás tu, miúdo, a levar a conversa para onde não deves.:))))))
Até mais logo, maralhal.:)
bonito ;)
Boa tarde:
Pois é! Se Laura se tivesse encantado por Petrarca, como ele queria, não tínhamos poemas destes!
Mais uma associação- livre:
mal de amores - boa poesia :):):)
Andorinha, força! Como eu a compreendo :):):)
Lena b
SÓ PARA CONTRIAR PETRARCA
(as mulheres não são sempre retratadas como "merciful"? Ou as dominadas porque-sim?!)
PORTRAIT OF A BEAUTIFUL LADY
WITHOUT MERCY
May i feel?- said he
i'll squeal said she.
Just once, said he
It's fun said she.
May i touch?- said he
How much said she.
A lot said he
Why not?- said she.
Let's go? said he
Not too far, said she
What's too far? said he
Where you are, said she.
May i stay?- said he
Which way? - said she
Like this, said he
If you kiss, said she
May i move?- said he
Is it love? said she
If you're willing, said he
But you're killing, said she
But it's life! said he
But your wife? said she
Now? said he
Ow! said she.
Tiptop, said he
Don't stop, said she
Oh no, said he
Go slow, said she
Come? said he
Ummm... said she.
You're divine! said he
You are Mine, said she.
ADENDA:
a)-"SÓ PARA CONTRARIAR PETRARCA", claro.
b)- E o poema era de Frank Dicksee
"Rebeca"???
Boa noite "família"!
Ai estamos numa de poesia?
Então aqui vai!
POEMA DE NATAL
PARA ISSO fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos _
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito a dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
S deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais, esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos imensamente.
Vinicius de Morais
Tenham uma noite de sonho(s)
"...amo, mas desejaria não amar o que amo, desejaria odiá-lo; amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto. E, mísero, em mim mesmo experimento aquele famosíssimo dito: Odiarei se puder; se não, amarei apesar de mim".
Amor é realmente algo que transcende o "eu".
Não o de homem/mulher (estou em crer que este não tem esse poder, só mesmo a platonia da Petrarca o elevou).
O amor platónico é absorvente e, porque não, viciante. Companheiro doentio porque criado á imagem adulada da nossa imaginação...
Mas há amores que a nossa imaginação não cria e são figuras que entram na nossa vida sem que tenhamos memória disso. Nascem e crescem em nós. Sem semente, dado que nos são inerentes. Tanto que, ainda que se transformem em tempestade, terramotos e outros desastres naturais, afectam a nossa sobrevivência, o nosso bem estar, o nosso psíquico… e mesmo assim "...amarei apesar de mim".
Estranho...
Tudo de bom para vocês
amor é muito mais que 2 pessoas só
É tudo e todo o mundo...
Boa noite,
São as contradições/efeitos deste sentimento, também expressas por Camões no "Amor é fogo..." e por Shakespeare no soneto que começa por "My love is like a fever...".
A Prof. Maria Helena Correia escreveu um texto muito interessante sobre o modo como a literatura Renascentista reflecte algumas concepções sobre, no seu dizer, "esta doença aparentada com a loucura".
Pedi ajuda ao Viktor para colocar aqui parte desse texto. Por favor leiam, pois, como disse, é interessantíssimo e ajuda-nos a compreender o pleno significado de poemas como o famoso soneto de Camões "Transforma-se o amador na cousa amada".
(Depois de carregar no link, maximizem a janela.)
Encontrar este "café" quase vazio faz-me acreditar nas estatísticas sobre a classe profisional que mais "vai ao sofá"!- Estamos muitos a dar "moedas"... Bom trabalho!
Gracias Pamina (and Viktor!)
Maralhal,
e se largassem o teclado por um bocadinho e fossem espreitar a lua que está linda!?
Temos noite de céu limpo, lua cheia e muito brrrrr.........
Aconcheguem-se e durmam bem.
Por aqui também a Lua está deslumbrante. E espelhada no mar é fabulosa.
Imagino hoje o espectáculo que não estará na superficie da Lagoa do Fogo
E já que falam de Camões não esqueçam, sobre este assunto, a Écloga VII. E os comentários do abade Manuel Faria e Sousa
O que você queria como presente de Natal era uma boa queca! Um bom par de mamas, uma Jayne Mansfield, e esvaziar os sacos!
Nostalgia de uma boa queca, doutor?
Mas amar e odiar são dois lados da mesma moeda. Ambos dão elevado protagonismo e associação emotiva a um indivíduo. E aliás, é facílimo saltar de um para outro.
Ainda gostava de saber o k é ódio.... Quem sabe não preciso?! Um sentimento de revolta já experimentei, mas nunca ao ponto de querer mal a alguém do ponto de vista físico ou outro, como falam ser o ódio.
E adoro cafézinho... :)Buondi de preferencia :o)
Há certas reminiscências quando escuto sons perdidos dentro de mim e fora de mim.
Pratico estranhos ritos ferozes de sensibilidades.
Sobre e por entre este ruído estabeleço pontes.
No centro dos sons acerco-me do meu passado.
Só há aqui uma impossibilidade: amar coagido! Tal é impossível. Sem discussão
Mulheres querem eleger Cavaco Silva para sacudir o desalento do País e encarar o futuro com orgulho
Um grupo de mulheres portuguesas vai promover, no próximo dia 16 de Dezembro, no Centro de Congressos de Lisboa, um jantar de apoio à Candidatura do Prof. Aníbal Cavaco Silva à Presidência da Republica.
A iniciativa partiu de conhecidas apoiantes de Cavaco Silva ou antigas colaboradoras dos seus governos e, entre elas contam-se, Leonor Beleza, Agustina Bessa-Luís, Manuela Ferreira Leite, Isabel Corte Real, Isabel Mota, Isabel Amaral, Maria Amélia Oliveira, Maria José Nogueira Pinto.
Todas subscrevem um manifesto de apoio à Candidatura de Cavaco Silva e "vêem na sua eleição a oportunidade de garantir o envolvimento de todos na construção do Portugal maior que ambicionamos".
Viram o Noisito???
Terá desistido das bandas largas e optado pela banda gástrica?
∞♥∞
”A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos. Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização. Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia. Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades. Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade. Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica. Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável. Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã. Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas. Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português. A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o /Rock in Rio/ ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária). Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos. Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari. Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de /condottiere/ implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa. Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a-terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais. Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo. E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país. Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.
Vasco Graça Moura”
"Por culpa de intelectualóides parvalhões como este gajo é que o país não avança. Senão vejamos:
O fim do serviço militar obrigatório colocou Portugal na linha da frente dos países que consideram que o homem não deve nascer soldado. Se alguma coisa se aprendia no felizmente extinto S. M. O. era a roubar, a obedecer cegamente a ordens estúpidas, a abusar da autoridade e, sobretudo, a meter a cunha para livrar da tropa ou para passar à frente dos outros nas promoções. Quem por lá passou há-de concordar comigo, palpita-me que este palerma não sabe do que está a falar.
Se dermos uma voltinha pelos países europeus veremos que em todos eles os adolescentes têm uma vida similar à dos portugueses, com a diferença de terem mais euros no bolso e de já estarem fora da alçada dos pais. Acho que V. G. M. tem saudades do tempo em que só os meninos bem tinham possibilidades de viver assim, os outros começavam a trabalhar aos doze anos; ou então inveja por não ter feito essa vida quando era jovem porque ninguém estava para o aturar, e não a poder fazer agora porque já mija para os chinelos.
E não, doutor por extenso, já não existe “instrução primária”: desde a primeira reforma no ensino depois do 25 de Abril que o Professor deixou de ministrar instrução e passou a ser educador, para grande tristeza sua, suponho. É que acabando a primária o vulgar cidadão era logo promovido a operário, enquanto que betinhos como o doutor seguiam ao colo por esses liceus e por essas faculdades fora.
Não entendo muito de futebol, mas estes ataques a Mourinho e a Scolari soam--me a dor de cotovelo de um intelectual frustrado que passa a vida a sonhar com “rabinhos” de adolescentes.
Muito mais tinha para dizer, mas não me quero tornar chato (a coisa pega-se). Só quero salientar que, para não variar, a culpa acaba sempre por ser dos Professores, o que só revela que V. G. M. afina pelo diapasão socrático (político, não filosófico), tanto quanto me parece numa tentativa de namorar o poder e voltar a derreter o seu sebo por esses jet sets televisionáveis.
Para responder ao fecho da crónica, é da competência da Igreja Católica e não da Escola preparar os jovens para a Quarta-feira de Cinzas, se é que é a esse dia que V. G. M. se está a referir (deve ser, as suas vistas curtas continuam a não ter cura).
Ermesinde, 14 de Março de 2007
Jorge Seabra"
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